Katniss e Peeta - Reaproximação escrita por pce19


Capítulo 27
Capítulo 27




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Um garoto franzino, aparentando uns 12 anos, se aproxima de nós antes que possamos inciar qualquer conversa, enquanto observamos Effie ir embora.

– Senhorita Everdeen? - ele toca meu braço

– Sim

– Chegou essa encomenda para a senhora.

– Ah sim, obrigada – eu pego o envelope, e lhe dou uma moeda.

O garoto sai pulando.

– Recebeu carta de alguém de fora? Do Dois, talvez? - Peeta fala com tom seco, olhando para o trem que some no horizonte

– Não, é uma foto do bebê – me dou conta de sua pergunta – Espera você perguntou do Dois?

– Do bebê do Finnick? - ele abre um enorme sorriso – posso ver?

– Claro – respondo analisando-o, abro o envelope e então qualquer coisa que se passava sobre minha cabeça desaparece



Lá está ele. Ainda chupando o dedo, mas sorrindo com seus olhos verdes-mar. Ele veste apenas uma fralda, e possui dobrinhas por todo o corpo. Perfeito em cada detalhe, como uma pintura. Na parte de trás está marcado a data de seu nascimento, e uma assinatura de Annie, seguida de seu número de telefone. Peeta toma a foto das minhas mãos, e ficamos próximos observando-o. Não me canso de olhá-lo.



– Ele nem parece real, de tão lindo – seus olhos estão úmidos

– Que gosto será que tem esse dedo? - nós rimos, e por um momento somos amigos de novo.

– Sr Mellark – um rapaz robusto, negro e alto grita do fundo da estação correndo em nossa direção – Sr Mellark, precisamos do senhor na padaria.

– Estou indo – ele me entrega a foto, já com o mesmo semblante sério de minutos atrás – boa caça – e segue sem olhar para atrás.



Passei o dia todo na floresta. Cacei alguns esquilos e coelhos, admirei tordos e até nadei. Havia levado comida, incluindo os croissants de Peeta, o que me fez lembrar dele. A floresta era um lugar só meu e de meu pai, mais tarde se tornou meu e de Gale, mas apesar disso, aqui a beira do lago é do meu pai que me lembro. Ele sempre foi mais do que uma figura paterna, era meu amigo, meu instrutor e me preparou para uma vida dura. Ele foi o primeiro que acreditou em mim. Não sei se ele teria orgulho dos meus feitos, ou me repreenderia pelas trágicas consequências. Eu preferiria ter sua reprovação, do que não tê-lo. Algumas amoras-cadeados me chamam a atenção, a voz do meu pai dizendo que nunca deveria come-las ainda ressoa na minha cabeça. E toda a história da rebelião, que iniciou-se com essa pequena fruta vem a minha memória, se meu pai não tivesse me ensinado sobre elas, hoje Peeta e eu provavelmente estaríamos mortos, Cato venceria os Jogos, e tudo seria como antes. Os Jogos prosseguiriam, mais 24 crianças mortas em todos os anos, a aflição do dia da Colheita continuaria a imperar no Doze, e Prim ainda poderia ser escolhida. No fim das contas, eu vejo que os resultados das minha ações não foram de todo ruim. As amoras ainda me chama a atenção, recolho algumas delas, sinto seu odor. E minha mente pensa nele, mais uma vez.



Não, não vou deixar”

Peeta e eu estamos de volta a Arena. Cato já está morto, e as mutações retornaram seu caminho.

Confie em mim”

Seguramos as amoras-cadeados.

No três?”

Um beijo.

No três.”

Mostre-as. Quero que todos vejam”

Um”

Dois”

Três!”

E a voz de Claudius berra, para que não façamos isso.

E somos declarados vencedores.



Ele não só me jogou aquele pão, ou tentou me salvar dos Carreiristas, ele estava disposto a morrer comigo. Ele me amou desde sempre. Nunca precisou forçar um romance, porque tenho certeza que já idealizava isso desde quando me viu cantando a canção do vale no primeiro dia de aula. Salvou minha vida debaixo daquela chuva, em um dos meus piores dias no Doze, e eu sempre o pegava me olhando. Eu nunca havia tido coragem para agradecer, assim como ele nunca tivera para falar comigo, antes da má – ou não – sorte de estarmos no trem para a Capital. Cada pequeno detalhe de Peeta, me fazia admira-lo. Saber falar exatamente o que é preciso em situações tensas, seu jeito dócil, seu dom com as palavras, seus braços capazes de me confortar e aqueles olhos que me faziam perder a concentração, tudo nele, cada pedaço dele eu amava. Amava. Ele não era mais o mesmo, e nunca voltaria ser, e isso era um fato, mas apesar disso, eu sentia sua falta. E precisava dele comigo. Eu deveria perguntar a ele o que estava havendo, mas precisava discernir isso por mim mesma.

Nós não havíamos brigados, pelo contrário, depois que voltamos do Quatro, nossa amizade se fortaleceu ainda mais. Eu caçava novamente, ele assava, dormíamos juntos. Nada de diferente. Até que naquela noite ele simplesmente foi embora. Forço minha mente. Greasy trouxera o jantar, e fora embora cedo, falando sobre visitas de homens da Capital.

“Parece que o Doze está cheio de visitas hoje” a voz dele estava fria.

Visitas? Visitas? Aquele dia tinha sido tão complexo pra mim, emoções sobre Gale estava a flor da pele. Gale! Gale!

– Gale! - eu grito sozinha

Era isso!

“Recebeu carta de alguém de fora? Do Dois talvez”. Ele sabia que Gale estava lá, nós o víamos pela televisão. Por isso a referência ao Dois, ele estava com … com … ciúmes? Não, não é possível.



“Isso é o modo que ele odeia você. Isso é tão … familiar. Eu costumava sentir isso” a voz de Gale surge em minha cabeça, e estou de volta ao Treze, depois de uma baita discussão com Peeta na primeira vez que ele esteve conosco – Finnick, Annie, Delly e Johanna também estavam na mesa, - e ele me provoca, deixando claro pelos modos, como me odiava “Quando eu assistia você beijando-o na tela”.

Depois que eu e Gale nos retiramos, ele me disse tais palavras. E eu sabia o que ele queria dizer: ciúmes. Peeta agia daquela maneira, por sentir o mesmo que ele havia sentido quando eu e ele éramos os amantes desafortunados. Na época minha mente estava atordoada com tanta coisa que não me atentei as palavras dele. Mas será que era verdade? Peeta não sentia mais nada por mim, além de ódio àquela altura. Eu sei que agora ele não me odeia – ou odeia por estar ignorando-me – mas deveria haver uma razão para aquilo. Ele deve ter me visto com Gale, ou alguém lhe falou algo. Mas não havia nada entre nós, na verdade ver meu melhor amigo havia sido tão chocante que me fizera passar mal, e eu não queria manter vínculo com ele. Não seria capaz de fazer isso e ficar emocionalmente estruturada. Mas será que Peeta sabia disso?


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