Katniss e Peeta - Reaproximação escrita por pce19


Capítulo 28
Capítulo 28




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Observo que está escurecendo, apanho minhas coisas e pego o caminho de casa. Decido seguir o conselho de Effie e fazer um sacrifício, para recuperar minha amizade com Peeta. Vou explicar para ele sobre Gale, e deixar claro que entre nós não há nada. Ao entrar na Aldeia, vejo Haymitch alimentar os gansos – enquanto grita – e aceno. Vou em direção à casa de Peeta, quando estou prestes a bater em sua porta, escuto risos, risos em uma voz feminina.

“Estranho. Será que Effie voltou?” penso.

Me dirijo a janela. E o que eu vejo me faz queimar como uma brasa. Tremo e lágrimas se formam em meus olhos antes que eu possa controlar.



Ele está se abraçando: com Delly.



Corro para minha casa.

“Estúpida” penso. “Achou que ele esperaria você a vida toda? Ele nem mais o mesmo”



Apanho a pérola que ele me deu no Massacre e entro dentro da banheira, aos prantos, sem ao menos esperar a água esquentar. Não quero chorar - a verdade é que nunca quero – mas dói de mais.

Ela é perfeita! Perfeita pra ele. Nunca vai desencadear flashbacks, nem más lembranças - as lágrimas escorrem, eu me sento e abraço meus joelhos - Nunca o rejeitou, foi a única ajuda pra ele no Treze, é adoravelmente dócil, e linda. Aposto que Delly não tem o corpo todo remendado como o meu - os soluços soam altos - Haymitch sempre teve razão, eu nunca o mereceria. No dia em que finalmente entendo meus sentimentos em relação a Peeta, percebo também o quão imperfeita sou pra ele. Nunca fui digna de seu amor, nunca retribui quando tive chance. E agora que realmente sei que o amo, ele é quem me rejeita. Provei de meu próprio veneno.



Saio do banho, ainda com a pérola nas mãos, coloco uma camisola leve e então o telefone toca.

– Alô?

– Oi querida

– Oi mãe.

– Como tem passado seus dias?

– Normais e os seus? - não quero conversar

– Cheios – ela ri levemente – estou estudando bastante no curso que havia lhe falado, além de estar trabalhando muito. Tem tomado seus remédios?

– Todos os dias.

– Alguma crise?

– Não.

– Hum, que bom – silêncio – tem caçado?

– Praticamente todos os dias. Effie esteve aqui.

– E como foi a estadia dela?

– Divertida – eu quase rio

– Hazelle está bem? E as crianças?

– Não os vi mais, mas creio que sim. Ela voltou a trabalhar para Haymitch.

– Ah sim.

– E ele como está?

– Menos bêbado do que o normal, acho que isso é bom.

Ela ri, pausa, e fala com todo cuidado.

– E Peeta? Continua a lhe fazer companhia?

– Ele anda meio ocupado.

– Claro - ela entende que não quero falar dele - Tenho uma boa notícia para lhe dar

– Qual?

– Visitarei você em duas semanas.

– Sério? - a notícia invade meu coração com alegria – isso é ótimo mãe – meus olhos enchem de água. Ela é minha única família, não posso me dar o luxo de perde-la também apenas por orgulho ou mágoa do passado – tem certeza que ficará bem? Vindo aqui.

– Eu vou ter você. É claro que vou estar bem.

– Ah mãe – me emociono, e começo a chorar – sinto tanto sua falta

– Eu também, meu amor – escuto ela fungando do outro lado – logo nos veremos.

– Ok

– Preciso desligar tudo bem? Amo você.

– Eu também te amo - desligo



Eu sei que minha relação com minha mãe, nunca havia sido das melhores. Após a morte de meu pai, ela deveria ter tomado as rédeas e não eu. Mas Peeta estava certo, nós éramos parecidas na dor. Após pensar que havia perdido ele para a Capital, eu surtei como ela, e depois da morte de Prim, foi pior ainda. Eu havia considerado um insulto, mas era a mais pura verdade. A dor era o que nos ligava. Mas o desejo de superar e enfrentar a depressão estava no sangue dela, e passara para o meu. Eu não poderia deixá-la. Não poderia perder mais uma pessoa importante pra mim.



A fome não me atinge. Não posso dizer o mesmo de Buttercup que vem miando ao roçar minhas pernas. Eu lhe dou leite, e então ele sossega. Nos deitamos juntos e ainda aliso a pérola, e mais uma vez me entrego ao choro por ser tão cega e estúpida, e enfim adormeço.



Eu estou no meu antigo quarto de preparamento da Capital. Está tudo escuro, eu só vejo a janela que mostra que é noite. Não escuto qualquer som, ou ruído. Eu sei que algo está por vir. Minha respiração acelera, seguindo o ritmo do meu coração, sinto minhas mãos trêmulas.

Tem alguém aí? - grito

Silêncio.

– Alguém? - berro mais alto.

Então gritos surgem, eu tampo meus ouvidos e me agacho. São extremamente altos. E penso que estão saindo da minha boca, mas ela permanece fechada.

– Não! Não! - e mais berros

A voz aumenta cada vez mais, uma voz familiar.



Abro meus olhos e os gritos continuam, ainda sonolenta tento identificar o que acontece. Eles vêm da casa de Peeta, não era um pesadelo. Era real.


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