Katniss e Peeta - Reaproximação escrita por pce19


Capítulo 25
Capítulo 25




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Logo estamos realmente faxinando, ajudo Haymitch a limpar a sala, a cozinha e os quartos. Está tudo imundo e com um cheiro insuportável, mas aos poucos a casa vai deixando de ser um chiqueiro e se transformando num lar aconchegante e limpo. Estou na parte superior, limpando o corredor, quando escuto vozes, elas são abafadas pelo som dos gansos. Quando desço as escadas para ver quem era, um vulto loiro fecha a porta. Peeta.

– Quer pão? - Haymitch aparece de repente com uma cesta em mãos, eu me assusto – o que foi? Admirando a vista?

– Não enche – volto a subir as escadas

– Não vai tomar café comigo?

– Perdi a fome.

Decido não estraçalhar meu cérebro tentando entender porque Peeta se comporta de forma tão estranha. Termino o corredor da casa de Haymitch, pego um dos pães de queijo – não consigo resistir a eles – e vou para a minha casa, tomo meu remédio e sigo para a floresta.

O dia se passa sem alterações. Caço, ligo para minha mãe, cuido das primroses, faço mais anotações no livro e peço a Greasy que dê o recado a Hazelle. Não sei se Gale ainda está com ela, mas não quero correr o risco de vê-lo novamente.

Uma semana se passa. Os pesadelos das noites se tornam cada vez mais tenebrosos sem Peeta comigo. Mas a raiva que sinto por ele é maior do que a saudade. O que mais me irrita é o fato dele não me explicar o que aconteceu. Ele voltou a mandar os pães por Greasy, eu só o vejo chegando da reforma da padaria – que está ficando linda, e ás vezes sei que ele me notou observando-o, mas ele apenas desvia os olhos. As palavras do Dr Aurelius, de que Peeta e eu agora somos outras pessoas não poderiam ser mais verdadeiras. Talvez nós nunca mais nos falemos de novo, ou isso irá acontecer depois de 6 meses – como foi quando voltamos de nossos Primeiros Jogos – mas o fato é que por mais que eu tente dizer não a mim mesma, meu peito clama pela falta dele. Porém, meu orgulho grita ainda mais alto. Ele é quem me deve explicações, ou não. De qualquer forma, decido não procura-lo.

Reservo o dia de primavera para cuidar da minha casa. Encontro um canal na televisão onde toca as músicas mais conhecidas de cada distrito, e dedico-me à limpeza.

“toc, toc”

“Deve ser Greasy”, penso.

Mas para minha felicidade, é uma surpresa agradável.

– Olá, meu tributo – ela é tão cheia de cores e sorrisos, que meu impulso é abraçá-la

– Effie! - seu cabelo atrapalha um pouco, nos soltamos.

– É tão bom te ver – ela passa as mãos em meu rosto

– Vem! Entra

Ela carrega uma bolsa enorme.

– Você me parece melhor do que da última vez que nos vimos!

– Você também, parece que recuperou suas cores.

– Roxo é a cor do momento – ela toca em seu cabelo que brilha como uma uva madura em meus olhos

Nos sentamos na cozinha, e eu começo a prepara-lhe um chá.

– Então Katniss – ela mais uma vez passa as mãos nos cabelos, me pergunto se ela nunca se cansa – Quais as novidades?

– Novidades? Bom – nada me ocorre – voltei a caçar.

– Hum – ela faz uma expressão de nojo misturada com medo, e eu me seguro para não rir

– E você?

– Ah! - ela emite um pequeno grito - fui contratada por uma revista super reconhecida, Stylo's Panem , conhece?

– Ah ... não

– Enfim - ela continua como se não ouvisse minha resposta - Eu fui chamada para ser colunista. E tenho uma matéria sobre o estilo de roupas de cada distrito. E optei começar pelo Doze, porque assim veria vocês, meu tordinho - ela beberica o chá

– Já viu Haymitch e Peeta?

– Peeta ainda não. Haymitch sim, a casa dele agora está cheias de animais, além dele mesmo - ela ri

– Quando você volta pra Capital?

– Amanhã cedo, estou procurando algo que pareça com um hotel por aqui e ...

– Effie, não precisa – a interrompo – você pode dormir aqui, tem quarto de visitas la em cima. Você é bem vinda.

– Ah querida! Obrigada!

– Eu aviso a Greasy para deixar tudo ajeitado la em cima. Vai ser bom ter sua companhia - tento eu mesma acreditar no que disse.

– Sera maravilhoso e divertido! Uma noite das meninas - ela pisca, enquanto se retira da mesa.

Eu concordo, mesmo sem entender o que ela quer dizer com "noite das meninas". A única menina com quem eu dormia era Prim. E não havia nada fora do comum. Minhas amigas eram Madge - agora morta - e Johanna, que não fazia bem o perfil de amiga normal.

Effie se vai para realizar suas pesquisas da moda, e eu caço nosso jantar: dois coelhos novos.

Enquanto ela não chega, me arrisco em tentar preparar a refeição. Nunca manejei muito bem a arte culinária, mas consegui ate enfeitar o prato.

Effie chega com um pacote em mãos:

– Croissants de queijo com tomate seco! Para acompanhar nosso jantar - ela coloco sobre a mesa

– Peeta que mandou?

– Sim - ela sorri, já se servindo - o cheiro esta maravilhoso.

– Ele já abriu a Padaria? - ignoro o comentário

– O que? Não! Eu apenas passei la, para ver como vão as coisas. E ele me deu.

– Ah - me sirvo e começamos a comer.

Effie não para de falar um instante sobre suas observações do Doze, e de suas ideias para colocar na tal revista. Eu compartilho de sua alegria, e me envolvo no assunto - com muito esforço. É o minimo que posso fazer por minha visita. Encerramos o jantar, e eu me dirija para lavar os pratos.

– Katniss?

– Sim

– O que esta havendo? Entre você e Peeta?

– O que? Eu e Peeta? - disfarço – nada.

– Querida - ela sorri – você já parou pra pensar que eu sou a única pessoa sóbria que realmente conhece vocês dois? Venha cá - ela me chama de volta a mesa - Eu falo muito, mas sei ser um bom ouvido também.

– Por que está falando isso?

– Porque eu percebo que quando cito o nome dele, sua expressão muda. E com ele não foi diferente.

– Ele disse algo sobre mim?- me interesso

– Não - ela pausa - Peeta sempre foi mais fácil de lidar para conversar do que você, mas depois que ele ficou - ela quase faz um gesto de "louco" com os dedos, mas recua - afetado, afetado pela tortura em relação a você, eu não achei inteligente perguntar nada. Mas eu vejo que algo acontece. Como no inicio da nossa turnê.

– Effie - eu suspiro - nos voltamos a ser amigos – não acredito que estou falando disso com ela - depois de alguns meses, desde que ele voltou da Capital, a gente se ajuda. Ficamos internados no Quatro quase que no mesmo período. E estava tudo bem. Mas ai, em um dia ele agiu de modo frio, áspero comigo, e foi pra casa dele..Depois disso, não nos falamos mais.

– E porque ele agiu assim? - ela parece curiosa

– Eu não sei - ergo minhas mãos - ele não me disse.

– Você foi atras dele? Perguntar o que houve?

– Não - digo imperativamente

– Katniss - meu nome soa quase cantado de sua boca – você sabe , melhor do que ninguém, que quando a gente quer manter um relacionamento com...

– Relacionamento? - me espanto

– Me deixa terminar - ela da-me um tapinha de leve nas mãos - relacionamento de pais, irmãos, amigos ou algo mais exigem sacrifícios. Deixar o orgulho de lado, sabe?

– Você quer que eu vá atras dele? - ela só pode estar de brincadeira

– Quantas vezes Peeta não veio atras de você para conversar? Esclarecer algo? Ou apenas manter a amizade? E quantas vezes você fez o mesmo?Pese os dois lados, minha garota em chamas.

– Ele não é mais o mesmo, Effie – relembro-a

– Ninguém é. E por mais que seja difícil, a mudança é benéfica em algum ponto, nos revigora - ela toca em minha trança – como por exemplo, mudar a cor do cabelo – sorri

– Não mesmo! - me afasto rindo.

– Ah! - ela suspira - eu bem que tentei. Você ficaria magnifica com um tom azul - ela bate as mãos

– Nunca Effie! - ainda rio

– Tudo bem, tudo bem. Mas - ela se põe de pé - trouxe algo para você - seus olhos brilham - venha comigo.


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