Você não entende... escrita por Yue Togyuu


Capítulo 5
Capítulo 5: Mudança.


Notas iniciais do capítulo

Olá, estou postando a tempo? Se não, desculpem-me novamente. Espero que gostem do capítulo, obrigada por lerem/acompanharem essa minha história que tanto gosto, estou fazendo o meu melhor nela. Me sinto feliz em apenas saber que tem gente lendo ela!
Enfim, boa leitura.



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Eu pisco e me vejo no chão, sendo sacudido por Murilo. Mas o quê? Aquele sou eu mesmo? Vejo ele pegar o celular e ligar pra alguém, cinco minutos depois chega uma ambulância e eles me levam para o hospital.

Por que diabos eu tô me vendo nessa merda? Que porra é essa, eu tô sonhando? Acorda, acorda...

Eu fecho os olhos e fico assim por alguns minutos, os abro de novo vejo uma sombra de alguém me olhando na frente da luz.

– Johnny, - a pessoa me abraça - você tá bem!

– Quem é?

– É sua prima favorita, seu boboca!

– Você é minha única prima, pequena idiota - digo revirando os olhos.

– Por isso mesmo, bobão - ela me dá língua e sai correndo do quarto, peste.

Tento me levantar e uma mão me impede.

– Descansa aí, J.

– O que aconteceu?!

– Você desmaiou.

– Por quê?

– Vários problemas, cara, você não se cuida? Pelo amor de Deus...

– Dá pra me explicar?

– A tua madrinha te explicará melhor, tenho que ir, até mais.

Ele sai da sala e minha madrinha entra logo em seguida, segurando a mão de Bia.

– Tá melhor afilhado?

– Mais ou menos...

– Pode falar que não.

– Bom, pelo menos parou aquela dor de cabeça do... - percebo que vou soltar um palavrão e paro.

– Do...? - minha madrinha diz cruzando os braços.

– Do inferno...

– Você ia xingar que eu sei - diz minha prima pondo a mão na boca e balançando a cabeça.

– Bianca, vai lá fora brincar que eu preciso falar com seu primo.

– Não vou inter...

– Eu não pedi, eu mandei.

Bia finalmente obedece, até eu tenho medo dela. Essa mulher...

– Seu pai é mesmo um inútil.

– Eu não estou nem aí para aquele bêbado.

– Você desmaiou de fraqueza, faz quantos dias que você não come um arroz e feijão?

– Não interessa.

– Claro que interessa, eu sou sua madrinha.

– Não tô nem aí.

– Olha, você querendo ou não vai ir pra minha casa amanhã, então arrume suas coisas até sábado. Eu já falei com o pai e ele concordou.

Fico calado, não adianta eu questionar mesmo.

Meu pai é alcoólatra e gasta quase todo o dinheiro do salário nos bares do bairro. Ele sempre bebeu, mas depois da morte da minha mãe piorou drasticamente, meu pai sai de casa pra trabalhar na segunda e só volta aos domingos, não entendo como aquele idiota não foi demitido, tenho que me virar com o pouco de comida e dinheiro que ele deixa em casa, mas eu não ligo muito pra isso, já que tenho preguiça de ir trabalhar.

Eu ainda não entendi porque minha mãe amava esse babaca, ela morreu por conta da diabetes, ela não sabia que tinha, até adoecer, não gosto muito dessas lembranças.

Minha madrinha sempre me pediu para eu morar com ela, mas eu realmente estava gostando de não ter que obedecer ninguém, não tem mais jeito. Só espero que ela não me tire da Doranford.

~.~

O sábado chega, e eu meu pai não veio se despedir de mim. Eu não tinha muita fé nisso, já que ele me odeia mesmo.

As coisas que eu vou levar já estão todas nas malas que minha madrinha emprestou e no chão no lado de fora, já passou alguns minutos da hora que ela disse, ela nunca foi pontual. Ouço alguém me chamar, Camila.

– Você vai mesmo se mudar? - ela pergunta com uma cara triste.

– Infelizmente, minha madrinha diz que vai ser bom pra mim conviver com pessoas por mais tempo, já que ela me acha meio solitário... E também porque eu não estou bom de saúde, ela disse que estou com o açúcar um pouco alto pra idade.

– Ela é médica, né?

– É, ela fez questão de me socorrer.

– O Murilo tinha contado pra mim e pra Lorena que você estava no hospital, eu fiquei preocupada com você.

– Vocês se conhecem? E a Lorena voltou a ser sua amiga?

– Bom, eu via vocês sempre juntos então perguntei pra ele, e sim, a Lorena me pediu perdão no meu aniversário.

– Aniversário? Quando foi?!

– Ontem...

– Desculpa... Eu não sabia.

– Tudo bem - ela olha para os pés, procuro em volta e vejo um chaveiro da minha banda preferida pendurado no meu cinto.

– Aqui, - dei pra ela o chaveiro - não sei se você curte rock, mas feliz aniversário atrasado.

– O-Obrigada - ela diz vermelha olhando o chaveiro enquanto um carro para em nossa frente, Susana.

Bia sai de dentro correndo e pula em cima de mim, eu quase caio.

– Ei, cê quer morrer?

– E você quer apanhar? - ela dá um puxão no meu cabelo e eu puxo o dela de volta. Ela olha Camila, que só observa a cena, fico meio constrangido - Quem é essa? - Bia pergunta e eu a boto no chão.

– Não te interessa, pirralha.

– É sua namorada, né?

– Nós não namoramos - eu e Camila dizemos em uníssono e Bia sai correndo pra mãe cantarolando.

– Mamãe sabia que o Johnny tem uma namorada?

– Namorada? - pergunta minha madrinha tirando os óculos de Sol, cara nem tá calor pra isso.

– Nós não namoramos!
Minha tia chega perto de mim e diz em sussurro perto do meu ouvido:

– Sabe Johnny, é feio deixar uma garota na friendzone.

– CALA A BOCA!

Ela e Bia riem enquanto Camila boia, coitada.

Eu e Camila nos despedimos enquanto eu boto as malas no carro, que carro grande é esse?!

Cara, vai ser uma merda.

~.~

A casa não é tão longe, tecnicamente no bairro vizinho, Bia me perturba o caminho inteiro, ela ama isso, não ama?

– Eu sempre quis um irmão mais velho - diz Bia.

– Eu nunca quis uma irmã mais nova - ela faz bico e cruza os braços.

– Chato.

Quando chegamos, vejo que é uma casa mil vezes maior que a minha, meu tio está na porta nos esperando, ela estaciona o carro e saímos.

– E aí Johnny, como você cresceu.

– Oi tio.

– Caraca, tá maior que eu, tomou chá de bambu?

– Quem sabe?

– Johnny vai pegar as malas, querido ajuda ele a levar e achar seu quarto.

– Tá bom, amor.

Ela entra e nós carregamos as malas até o segundo andar. Por que diabos tem que ser tão longe?

Fico lá dentro escutando uma boa música enquanto arrumo minhas coisas, no quarto já havia um armário, uma cama com uma cabeceira ao lado e o mais importante: um computador. Graças a Deus.

Vou ao banheiro e demoro um ano pra achá-lo. Pra quê tanto cômodo pra três pessoas? Puta merda.

Quando volto ao meu quarto vejo Bia agarrada com uma bola de pelos, um gato? Que merda.

Bia o estende pra mim.

– Tem medo da Pon?

– Claro que não, eu só odeio gatos.

– Como você pode odiar um bichinho tão fofo e amável quanto esse, não é Ponzinha? - ela diz apertando o pobre animal gordo.

– Gatos são animais egocêntricos e mal agradecidos - digo revirando os olhos - te seduzem com sua fofura e te fazem de escravo.

Quatro olhos de três cores diferentes me encaram.

– A Pon não é assim, seu idiotão!

– Cães são tão melhores... Fiéis e amam seus donos acima de tudo.

– Dane-se!

– Não gosta da realidade, jovem?

– Isso é mentira, vamos sair daqui Pon - ela diz se virando e na mesma hora alguém grita lá de baixo.

– Johnny! Bianca! O jantar está na mesa.

– Eba, o Drigo fez o jantar! - ela diz botando aquele animal no chão que continua me encarando e sai correndo, credo.

Quando chego na cozinha, todos já estão sentados à mesa, me esperando.

– Seu lerdo-do! - diz Bianca.

– Finalmente chegou, venha, estávamos esperando para fazer a oração - diz Susana.

Damos as mãos em volta da mesa e eles agradecem a Deus por mais um dia e pela a minha melhora e fazem uma oração, eu só abaixo a cabeça.

Quando termino de fazer meu prato, eu olho em volta e lembro de como eu e meus pais éramos antes de minha mãe morrer, todo domingo almoçávamos juntos à mesa e brindávamos, eu amava o domingo por causa disso.

Depois da morte de minha mãe, os problemas do meu pai pioraram e como ele vinha para casa aos domingos, pensei que poderia ser igual a antes, mas, ele sempre estava bêbado. Sempre brigávamos ou ele vomitava em algum cômodo, assim passei a odiar o domingo.

Meus olhos ardem e eu sinto as lágrimas começarem a descer, não, não. Eu não estou conseguindo me controlar, porra! Vejo-as caindo em cima da minha comida.

– O que houve afilhado?

– Nada, só lembrei de minha mãe.

Todos ficam em silêncio e eu apenas digo pra continuarem, eles conversam sobre seu dia e eu resolvo apenas ficar quieto e observar, sem comentários sarcásticos por hoje.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, obrigada novamente e até o próximo capítulo que postarei no final de semana, provavelmente no domingo, se não houver nenhum imprevisto.
O próximo capítulo virá com um extra escrito pela a minha amiga que me ajuda e que me incentiva a escrever(uma das que incentivam :P), ele será tipo um spin-off, vou tentar mais detalhes nas notas dele, até lá!
Por favor, qualquer erro e/ou sugestão comentem ou entrem em contato comigo, isso me ajuda muito, obrigada e feliz ano novo a todos(as)!



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