Você não entende... escrita por Yue Togyuu


Capítulo 6
Capítulo 6: Lorena.


Notas iniciais do capítulo

Olá, agora postando na data combinada, obrigada mais uma vez por acompanharem/lerem a história e espero que gostem dessa capítulo revelador, ah, e espero que estejam gostando do rumo dessa história! Boa leitura!



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Ontem minha madrinha disse que eu posso continuar na escola que eu estou e que o Rodrigo vai me levar e buscar, ainda bem. Pegar ônibus é uma merda.

Hoje acordo com algo arranhando meu rosto, pego e seguro em cima de mim e é a maldita bola de pelos me encarando com seus olhos de cores diferentes, que gata rancorosa, eca.

Arrumo-me e tomo café da manhã junto de Bia, que não disse uma palavra e está com uma cara horrível.

Parece eu quando menor. Lembro da minha mãe novamente e balanço minha cabeça pra espantar meus pensamentos.

– Espantando o sono? - pergunta Rodrigo de terno e óculos escuros, todos gostam de usar óculos escuros nessa casa?!

Concordo com a cabeça.

– Ok, vamos? Se demorarmos vocês vão se atrasar.

– Me leva para o carro nas costas? - ela pergunta.

– Tá bom, princesinha, mas não vá se acostumando, hein?

– Eba!

Ele pega a mochila dela e a carrega nas costas, eu apenas o sigo com a minha mochila. Quando chegamos à garagem ele abre a porta de um carro preto e aparentemente caro.

– Vocês são ricos ou o quê? - pergunto arqueando as sobrancelhas.

– A segunda opção, eu acho - ele diz sorrindo.

~.~

Chego na escola vinte minutos antes do sinal bater e vejo que não tem quase ninguém, exceto Lorena. Pensei em ir zoar com ela um pouco e quando chego perto, percebo que ela tá chorando, ela tem sentimentos!

Ela se vira pra cá e me olha, ficando vermelha.

– O que você tá fazendo aqui, seu inútil?!

– Sabe, eu tô esperando o sinal bater pra ir pra sala, se você é tão lerda pra entender isso.

– Calado.

Ela sai dali ainda chorando, eu fui um babaca?

A aula começa e Camila acena sorrindo pra mim enquanto tenta animar a amiga deprimida, fala sério. O professor Humberto olha pra Lorena.

– Amada, vai beber uma água ou lavar o rosto e se acalma, não gosto de ver belas jovens chorando - que pedófilo!

– Estou bem assim, me deixa em paz - ela o encara com a pior cara possível e ele apenas continua copiando a matéria no quadro, eu quero rir mas também não quero ser suspenso, cacete.

A aula passa mais rápido que o normal e já estamos no intervalo. Vou na coordenação resolver minhas faltas e lá está Lorena, com aquele cara que vi quando fui a casa dela.

Fico espiando para ver se ouço alguma coisa, por que diabos estou fazendo isso? Lorena está sentada numa cadeira com o rosto inchado de chorar enquanto aquele homem está atrás dela com a mão em seu ombro, esfregando-o. Do nada eu fico com uma raiva do caralho.

– Espionar é feio, J.

Eu pulo com o susto e vejo que é o corno do Murilo.

– Vai se ferrar, cara.

Ele olha pra dentro da sala da coordenação e torce o nariz, fazendo cara de nojo.

– Esse cara não.

– Que que tem esse cara?

– Ele é o padrasto dela.

– E daí? Desembucha.

– Não posso te contar.

– Murilo, lembra do "eu faço tudo que você quiser", - ele me encara - conte-me.

Ele suspira fundo e faz um gesto para eu seguí-lo. Estamos a sós na quadra de basquete.

– Por que teve que me trazer aqui?

– Isso é um dos segredos da Lorena, seria arriscado contar num lugar onde qualquer um poderia ouvir.

– Ok, - digo cruzando os braços - conta logo.

– O pai dela morreu faz sete anos e faz três anos que a mãe dela namora aquele cara lá, Augusto.

– E daí? – ele bufa.

– Daí que quando a mãe dela viaja a negócios, aquele cara faz o que quiser com ela - eu arregalo os olhos e o ódio e o nojo me consomem.

– MAS QUE FILHO DA PUTA!

– Concordo, e o pior é que ela se recusa a contar pra mãe.

– POR QUÊ?!

– Não sei... Você deve estar pensando em ir lá agora e arranjar um barraco, mas não vá, eu te peço isso.

– Eu vou lá agora - ele segura meu braço.

– Não seria inteligente da sua parte. Eu realmente não queria que você descobrisse por mim e nessa situação.

– Por que você sabe disso? - olho pra ele furioso.

– Não posso te dizer, desculpa.
– Puta merda.

~.~

Quando o intervalo acaba, vejo a carteira onde fica Lorena vazia e involuntariamente a imagino chegando em casa com aquele cara e ele tirando a sua roupa, beijando ela... E eles na cama juntos... E ela chorando...

– Aaaah! - eu grito no meio da aula.

– Johnny, se você está passando mal apenas saia de sala, isso adianta as coisas - a professora Elsa diz com um sorriso forçado nos lábios.

Vou ao banheiro e vomito, que porra. Se tiver uma coisa que eu odeio com todas as minhas forças, essa coisa é vomitar.

Vou a coordenação novamente e resolvo minha situação com a Tilde, como mostrei meu atestado médico pra ela, ela acredita que estou passando mal e me libera, pelo menos um pouco de sorte.

~.~

Passo por uma praça perto de casa e Murilo está sentado numa mesa olhando pra quadra e fumando... Não sabia que ele fumava. Lembro de nossa conversa durante o intervalo e me vem os mesmos pensamentos que tive durante a aula, merda.

Sacudo a cabeça pra espantar meus pensamentos, e vejo que ele percebe minha presença e vira o rosto, eu fiz algo de errado?

Lembro do dia que desmaiei e me vi jogado no chão e que é graças a ele que eu estou vivo aqui, logo ele? E o pior é que estou devendo minha vida pra esse tarado desgraçado. Parando pra pensar eu nem agradeci a ele.

Espera aí... Nós somos amigos? Credo.

Ele volta a olhar pra mim e acena dando aquele sorriso nojento e eu franzo a testa, continuo a andar.

Quando viro a esquina, sinto um braço em meus ombros.

– E aí, J?

– Vira esse bafo de cigarro pra lá - digo tirando o braço dele.

– Não gosta?

– Odeio, principalmente quem fuma.

– Sou uma exceção?

– Ninguém é. Culpe meu pai por isso.

– Você está indo pra casa da Lorena, certo?

– Que merda! - grito arregalando os olhos.

– O quê? - ele diz assustado.

– Esqueci que me mudei - bato minha mão em minha testa e ouço Murilo cair na gargalhada, me sobe uma raiva e eu soco o braço dele.

– Ah, qual foi? Eu não posso rir?

– Se quiser ser socado, sim.

Volto pra frente da escola e ligo pro Rodrigo com o celular novo que minha madrinha me deu, ainda não sei mexer nessa merda direito, odeio celulares. Ele me atende dizendo que vai chegar em alguns minutos, eu podia já estar em casa essa hora, que bosta. Eu fico batendo em minha testa como punição por ser lerdo.

– Cara, você é masoquista? - pergunta Murilo.

– Diz o cara que acaba com os próprios pulmões e ainda paga por isso - reviro os olhos.

Ele apenas fica quieto do meu lado e resolvo finalmente agradecer.

– Olha, obrigado por me socorrer aquele dia e tal.

– Ora, ora, finalmente agradeceu o seu herói? - ele sorri ironicamente. - Não precisa me agradecer, amigos são pra essas coisas.

– E quem disse que sou seu amigo, doentão?

– Ainda isso? - ele bufa.

Um carro para em nossa frente, e é Rodrigo, ele sai de lá e percebo que ele usa as mesmas roupas e óculos que usava de manhã, tenso. Vejo também outro mamífero sair do carro, Bia. Ela pula no meu colo como sempre e dessa vez eu estava firme no chão.

– Chatonildo! - ela diz.

– Pestinha.

Ela olha pro Murilo e ele sorri pra ela que cora na hora.

– Vamos sair de perto desse tarado, Bia - digo andando em direção ao carro com Bia ainda no colo.

– Quantas vezes eu vou ter que te dizer que não sou tarado!? - grita ele furioso.

– Que bela amizade, isso me lembrou o Beto e eu - diz Rodrigo rindo. - Não vai convidar seu amigo pra ir lá em casa?

– Ele não é meu amigo, é apenas um demônio tarado do primeiro ano - digo pondo minha prima no chão e Murilo grita um "cala a boca" atrás de mim.

– Eu hein - Bia diz e olha de novo pra Murilo, sai correndo para o carro.

– De qualquer forma, eu não poderia ir, - diz Murilo - hoje eu tenho compromisso.

– Ok então.

Despedimo-nos de Murilo entrando no carro e Bia acena pra ele da janela. Quando chegamos em casa, Bia me chama no canto e sussurra:

– Ei, Johnny.

– Que é pirralha? - pergunto cruzando os braços.

– Fala mais baixo, bobão! Posso contar um segredo pra você?

– Tá, conta - reviro os olhos.

– Eu gosto do teu amigo - ela diz batendo um dedo no outro, igual àquela personagem fofinha de Naruto... Hum.. Hinata? Ai meu Deus.

– Tá me zoando?! Uma garota de nove anos com um de dezesseis? - eu rio.

Ela me chuta e realmente dói.

– Eu vou crescer, bobão!

– Claro, claro.

Ela me diz pra eu não contar pra ninguém e ajudá-la e eu apenas concordo. Aliás, nem o doente do Murilo ia ser tão louco assim.


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Notas finais do capítulo

Então é isso aí! Quem não se interessar pelo gênero do capítulo extra, aconselho a não ler, mas acho que não tem nada demais nele, não é? ;)
Por favor, qualquer erro e/ou sugestão comentem ou entrem em contato comigo, isso me ajuda muito!



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