Fairy Tail, que esse lugar me traga boas lembranças...

Não demorou muito para que Caprico me deixasse no aeroporto, o homem forte de cabelos grisalhos sempre foi como um pai para mim, desde que meus pais começaram a não se importar com minha pessoa. No caminho havíamos trocados poucas palavras, ele nunca concordara com a ideia de eu ir para a antiga escola de minha mãe.

Mesmo eu lhe explicando várias e várias vezes meu motivo para ir, precisava encontrar lugares e pessoas novas, eu realmente não me sentia em casa, não mais... Desde o acontecido, senti que a realidade de futuramente assumir uma empresa não me agradava, não queria ser alguém como meu pai.

Caprico queria me proteger, ele sempre esteve comigo, cuidou das crises de minha mãe e nunca deixou que eu sentisse o peso do que estava acontecendo quando era menor. Ou pelo menos sempre tentou.

Chegamos até o aeroporto, ele me ajudou a colocar as malas em um dos carrinhos e seguimos caminhando até a plataforma, ele usava seus famosos óculos escuros, talvez não quisesse que eu visse sua expressão, mas imaginava que não era a melhor.

Faltavam poucos metros para que chegássemos até a fila de embarque e Caprico parou, andei poucos metros até perceber que ele não estava mais me seguindo. Dei meia volta para poder ir ao seu encontro, cheguei perto e pude notar sua cabeça baixa, então disse:

–Algum problema Caprico?

–Senhorita Lucy... Tens certeza do que estais a fazer nesse momento? – ele perguntou com um tom de voz baixo e calmo.

–Seu jeito de falar não mudará nunca, não é mesmo Caprico ?– sorri por alguns segundos antes de responder sua pergunta – Sim senhor... É o que desejo, sinto que preciso de outro lugar.

–Sinto que estou te perdendo aos poucos senhorita Lucy... Cresceste tanto... Tão rápido...

–Ora Caprico, você sabe que é como um pai para mim, e eu não estou partindo para sempre, vou voltar para visitar a todos, a você, sempre que puder, e você sabe disso, nunca te abandonaria, jamais deixaria de voltar. – eu disse colocando a mão sobre seu peito.

Num ato que eu não esperava ele me abraçou, Caprico nunca demonstrava muito seu carinho fisicamente, e por um momento não tive reação, mas logo em seguida retribuí o abraço que ele havia me dado. Depois de alguns segundos ele me soltou, olhou para mim e colocou as mãos atrás de se pescoço, e assim, retirando uma pequena corrente com um cristal em seu pingente, e me disse:

–Um dia a muito tempo, sua mãe me pediu para que um dia te entregasse isso, quando estivesse preparada para recebê-lo, por algum motivo ela sabia que não estaria mais aqui e o colocou em meu pescoço, desde então, o guardo para te entregar no dia certo.

Ele não havia usado seu famoso jeito formal de falar, e eu estava emocionada, ele colocou o colar em meu pescoço, uma joia tão pequena que havia me proporcionado um mar de lembranças, boas lembranças. O abracei novamente e enfim disse:

–Obrigado Caprico... – foi tudo o que no momento consegui dizer. Ouvi a chamada de meu voo e tive que ir andando, me despedi dele, e fui em direção a plataforma. Minhas malas haviam ficado para o embarque.

Entrei no avião, havia pego uma cadeira na janela, e lá me sentei, seriam poucas horas até chegar a cidade onde o Colégio Fairy Tail ficava, fechei os olhos e logo adormeci, nunca fui de ficar acordada em viagens.

...

O avião estava pousando, uma certa impaciência invadiu minha mente, talvez agora eu tivesse notado que uma vida nova estava por começar, um nervosismo me invadiu e eu ainda não havia colocado meus pés no chão, me acalmei por um instante e fechei os olhos, quando percebi, todos já estavam saindo do avião.

Dirigi-me para a pequena porta, e respirei fundo, lá estava eu, em Magnólia, uma cidade de porte médio, em busca de novos ares, em busca de Fairy Tail.

...

Logo cheguei a meu novo apartamento, uma pequena pousada, mas muito confortável, troquei algumas palavras sobre o aluguel com a Dona, e subi.

Quando abri a porta, senti um cheiro de lar, não sei, um sentimento doce e bom, algo que era apenas meu, meus móveis estavam lá, todos arrumados, deveria ser obra de Tia Ellie, era algo incrível.

Coloquei as malas para dentro, mas decidi não arrumar nada, e fui diretamente para a cama.

...

Era a quinta vez que meu despertador tocava pela manhã, e eu com certeza não tinha a mínima vontade de me levantar para o primeiro dia de aula. A viagem havia me cansado, e a preguiça me dominado facilmente.

Quando o despertador tocou pela décima vez eu o peguei e o joguei no chão, com certeza estava atrasada. Decidi olhar as horas em meu celular, eram oito horas, eu tinha meia hora para me arrumar e chegar ao colégio, que felizmente não era muito longe de minha casa.

Levantei, tomei uma ducha rápida e saí procurando meu uniforme, tinha certeza que estavam na mala pequena, junto com a bolsa e matérias simples que havia deixado separado enquanto fazia minhas malas. Peguei a bolsa, celular, e saí correndo pelas escadas da hospedaria.

Eram apenas alguns quarteirões, então decidi deixar meu carro em casa (carro que havia vindo comigo na mudança), poucos minutos depois eu estava perto do portão da escola.

Vi alguém o fechando, então corri para poder entrar, antes que eu chegasse alguém parou a minha frente o abriu, provavelmente outro aluno atrasado, corri mais um pouco e gritei:

–Espera!- o garoto virou-se para trás, reparei seu cabelo, tinha um estranho tom rosado, me lembrava... Não, eu devia estar enganada, isso não era uma coisa comum, ele usava uma jaqueta de couro, e em seu rosto mantinha tinha uma feição despreocupada.

– Hum, mais uma atrasada.

– Sim- disse copiando seu tom de voz calmo.

–Vamos entrar.

Ele disse abrindo o portão, entrei e agradeci ,o garoto veio logo atrás, mas seguimos caminhos diferentes, entrei pela porta da secretaria, pedi informações e fui até a sala do diretor, sentei no grande sofá de espera.

Fui chamada para entrar por uma mulher alta com longos cabelos pretos, seu nome é Ultear, vi pelo crachá que ela usava, entrei e vi uma cadeira enorme, mas não vi ninguém na sala.

Fiquei parada na porta até ouvir uma voz me chamando.

–Você é Lucy Heartfilia, não é? Pode se sentar. - a cadeira virou e um pequeno homem de cabelos e um imenso bigode brancos se encontrava sentado.

– Só Lucy, por favor. - pedi educadamente.

–Certo... Senhorita Lucy, você está começando o segundo colegial hoje, estou certo?

–Sim... Senhor?- perguntei, não havia me preocupado em saber o nome do diretor antes de me matricular.

–Makarov. –ele respondeu- Bom, aqui está o seu horário, você pode ir até a sala sozinha? É só seguir o corredor.

– Sim... eu acho que consigo... Muito obrigado Senhor Makarov.

– Pode me chamar de Mestre... E Lucy, antes de você ir, quero te pedir uma coisa.

– Sim Mestre, pode dizer- aquilo me soou um pouco estranho, primeiro, por que Mestre? Segundo... Diretores não costumam ser tão... "legais", apesar de não termos tido uma longa conversa, ele havia sido muito educado, e estava sorrindo, mas decidi ouvir seu pedido.

– Gostaria que soubesse que em nosso colégio muitas coisas acontecem, mas todos os nossos alunos funcionam como uma família, e vai ser muito bom você entrar nela. Digo-te que não será difícil encontrar amigos. Então te peço, tente criar raízes aqui, Layla ficaria feliz com isso- ao dizer o nome de minha mãe, um calafrio me percorreu a espinha, mais lembranças vieram.

– Obrigado Mestre... E vou me esforçar... - Não consegui dizer mais nada, além disso.

– Claro, e mais uma coisa!

– Sim?

– Bem vinda a Fairy Tail.

– Obrigado... - sorri

Virei as costas a mesa gigante, encarei meu horário... 2-C, no final do corredor à esquerda, é não deve ser tão difícil, pensei, mas não pude negar para mim mesma, estava nervosa.