Sansa, eu me apaixonei por Olívio Wood! escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 9
Não é só um diário


Notas iniciais do capítulo

Esse, pessoalmente, é o meu capítulo preferido. Girei a cadeira várias vezes ao escrevê-lo, na duvida de: acontece ou não? Passei por meus medos e aí está. Espero que do fundo do heart, vocês gostem tanto quanto eu :)
Penúltimo capítulo da temporada ;)



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É noite ainda quando estou sentada em um banco extenso do refeitório na mesa da Sonserina. Minha mente não me deixou retornar o quarto e depois de tudo, fiquei por lá um bom tempo. Ninguém pareceu se preocupar, até porque ninguém tinha o porquê.

O tempo lá fora parecia estar bom, o que não colaborava com meu dia. Queria que o dia chorasse comigo, porque, a única coisa, o único objeto que restou de minha mãe agora estava com a Minerva. Destrancado. A única forma em que me sentia totalmente ao seu lado novamente, agora estava sendo lido. Não sei definir o quão destruída estou por esse fato.

A porta do refeitório se abriu e me dei o trabalho de virar o rosto e encontrar a pessoa mais provável. Filch me encarou com uma expressão desgostosa. Sua gata nojenta vinha ao seu lado, lhe acompanhando enquanto se aproximavam.

— Preciso que saia daqui, sua insolente. Vou chamar o Snape.

— Chame até Dumbledore se quiser — retruquei, abraçando minhas pernas. Eu não sairia dali tão cedo. — Eu não vou voltar pra aquele inferno.

Filch pareceu não se importar, deu de ombros.

— Vou chamá-lo, se é assim.

— Isso vai lá, aborto de bruxo.

Filch pareceu não ouvir minhas últimas palavras.

Minha mãe tinha morrido quando ainda era bem jovem, uma pequena criança. Aos dez anos já estava entrando no trauma do que era não ter a pessoa que gostamos ao nosso lado. Com onze anos, pouco tempo depois, meu pai já tinha arrumado outra mulher. Nariz empinado – sério, eu queria quebrá-lo, às vezes —, e nós não se dávamos bem a qualquer custo.

Como nos típicos filmes trouxas, o homem tinha que escolher entre as duas mulheres. E bom, meu pai ainda está casado com ela. E finge fechar os olhos para as besteiras que ela faz, assim, finjo que não é meu pai.

Um dia, ainda, irei ter minha vingança contra ela. E bom, falando em vingança... Sansa estava com Minerva, se conseguisse me infiltrar em sua sala e pegá-la seria uma bela de uma maravilha. Mas para isso, eu precisaria de ajuda... Talvez Draco pudesse me ajudar...

A porta do refeitório foi aberta novamente. Não gastei forças para olhar para trás e encarar o rosto rugoso de Filch.

— Não falei pra você ir embora? — eu disse, encarando meus pés.

— Pessoalmente, acredito que não quer que eu vá embora.

A voz grossa e totalmente reconhecível dos anos que estive aqui, disse-me, fazendo-me virar para encarar a feição preocupada e surpresa de Dumbledore. Usando vestes usuais, e seus óculos meia-lua, Dumbledore estava à minha frente.

— Olá, Emma. Será que poderíamos ter uma conversa?

— Claro — eu disse envergonhada. — Do que quer falar?

— Sobre você — ele sentou-se ao meu lado. Encarou-me com curiosidade. Desviei o rosto. — Filch me disse que não quer sair daqui, teria algum motivo pessoal?

Balancei a cabeça negativamente. Dumbledore não disse nada. Era óbvio que havia um motivo do por que estava ali. Voltar para o quarto? Humilhação total.

— Tem certeza? — ele pressionou.

— Depois do que aconteceu em Transfiguração, não sei se quero mais ver meus colegas de classe.

Dumbledore, por incrível que pareça, riu. Encarei-o nervosa e com raiva. Eu achava que Dumbledore fosse fazer tudo, acariciar minha mão, dando-me força. Tudo. Menos é claro, rir, como fizera.

— O que é engraçado?

Ele afastou-se alguns centímetros.

— Achei que entre todos os alunos, você fosse mais forte do que isso.

— É só que...

— É muita humilhação ter que voltar com o rabo entre as pernas? Não é não. Isso demonstra que você tem a coragem de voltar. De assumir. Não fugir. Fugir é o que deveria te envergonhar.

Continuei calada, esperando-o continuar.

— Você é saudável, estuda em uma boa escola, tem um bom cabelo. Você tem tudo de bom, tudo de melhor. Não há do que reclamar. Não há do que se envergonhar, entendeu?

Assenti.

— Agora, preciso que você volte para o seu quarto — Dumbledore ocupou-se a sorrir. — Espero que saiba que na vida há muito mais do que humilhações.

Consenti e levantei-me do banco, finalmente destinada a caminhar para o meu quarto e dormir até o sol raiar. Dumbledore, em passos lentos, acompanhou-me até a porta do refeitório, depois nós fomos para caminhos diferentes. Ele era corajoso ao confiar que eu voltaria para o quarto, e foi isso que, realmente, me fez caminhar em direção ao dormitório.

Perto da sala comunal da Sonserina, ouvi o barulho de botas apressadas caminhando atrás de mim.

— Ei, garotinha — ouvi a voz de Minerva. Voltei-me para ele, prestes a entrar pela Sala Comunal. — Aonde pensa que está indo com o diário, han?

Dei dois passos para trás, atônita.

— Como assim? — senti meu nervosismo através da voz. — O diário está com você, pegou de mim hoje na sua aula, não se lembra?

— É claro que me lembro — ela parecia impaciente. — E você o pegou hoje à noite. Cadê?

— Eu não peguei nada não.

— E aonde é que está, então?

— Pera aí — falei —, você está falando que perdeu o meu diário? Aberto?

— Você o pegou, então não o perdi coisa nenhuma. Agradeceria se me devolvesse até a amanhã, caso contrário, seu quarto e suas coisas serão revistados a procurado do objeto.

Então Minerva deu-me as costas, dando passos curtos e apressados. Ao virar-me para entrar na sala comunal, a única coisa que mantinha em minha cabeça era: aonde estava o meu diário, então? Aonde estava Sansa? E pior, quem estaria lendo Sansa?

Troquei de roupa, vestindo o meu pijama. Minhas colegas do quarto já estavam dormindo e isso era muito bom. Arrumei a cama para deitar-me e assim o fiz. Não demorou muito para Arya terminar de comer sua ração ao lado de minha cama e pular em minhas pernas, pronta para dormir também. Afaguei seus pelos e ela ronronou. Pouco tempo depois, nós duas travamos uma batalha para ver quem conseguia dormir primeiro.

Arya com certeza venceu essa. Não consegui dormir naquela noite. Não consegui porque a única coisa que me restava da minha mãe, tinha uma grande conexão comigo, e sinto, bem no fundo, que ela estava em mãos que não deveria. E sentia-a sendo exposta. Lida-a, naquele momento.

***

Mas acabou que de um jeito ou de outro, meus olhos se fecharam quando estava pensando em como vou achá-la, e descanso algumas horas. Não é preciso o despertador para acordar-me na manhã seguinte.

Ao contrário do que imaginava acordei disposta. Claro, pare recuperá-la. Juntei meu uniforme e corri para o banheiro feminino, tomei um banho rápido, lavando-me e visti o uniforme limpo. O cabelo deixei-o amarrado em um rabo-de-cavalo firme. Com a varinha escondida sob o casaco, voltei-me para o quarto e deixei meus pertences por lá.

Somente depois, finalmente parti para encontrar Sansa.

Os corredores pareciam maiores em todos os que passei, não sei aonde estava indo e isso é preocupante. Mas continuei fazendo a mesma coisa, como se no fundo, soubesse que rondar corredores fosse me ajudar a encontrá-la.

Meia hora depois, perto do café da manhã, é quando realmente desisto de rondar corredores e encontrá-la, ou melhor, ir perguntar sobre ela. Ameaçando as pessoas, como faço melhor. Caminhei em direção ao refeitório com algo borbulhando dentro de minha barriga, fazendo-me sentir um medo e uma adrenalina irracional.

Quem bateu em minha frente assim que entrei no refeitório é Olívio. Ele parece estar soando frio. Empurrei-o para o lado para que eu pudesse passar, mas ele puxou minha mão e arrastou-me para o corredor em que estava há poucos.

— O que você quer?

Como se não temesse a morte, Olívio tirou de dentro do casaco Sansa. Fui obrigada a dar um pulo em sua mão para alcançá-la, mas Olívio era bem maior e levantou o braço.

— Devolva-me. Agora!

Ele deu dois passos para trás, como se não estivesse destinado a fazer aquilo.

— Eu vou te devolver.

Cruzei os braços, esperando.

— Então devolva.

— Só se você pedir “por favor, ó grande Olívio, o Bonitão”.

Fui obrigada a dar uma risada de descrença.

— Eu não vou falar isso.

— Então não te devolvo.

— Minerva sabe que foi você quem pegou?

— Ainda não. Mas ela vai achar o bilhete em cima da mesa.

— Ela está me acusando.

— Ela tem os motivos dela.

— Não me importo, ela não tem provas.

Olívio deu de ombros e apoiou-se na parede.

— E então, nem um por favorzinho? Minha mão está cansando aqui em cima — ele balançou o diário.

Rendi-me, então.

— Por favor.

Ele pareceu satisfeito com o resultado, abaixando o diário e entregando-o em minhas mãos. O alivio de ter Sansa em minhas mãos era algo perto do inimaginável.

— Por que você a pegou? — perguntei, de repente.

Olívio não pareceu surpreso com a pergunta.

— Eu não gosto de ver garotas chorando — disse ele e já sentia meu rosto avermelhando-se —, mesmo quando elas mereçam.

Desviei o olhar e dei de ombros. Estou prestes a caminhar para o meu quarto quando ouço a voz de Olívio:

— Nem um “obrigada”?

— Eu ia pegá-la de qualquer jeito.

Quando cheguei ao meu quarto, sentei-me na cama, abrindo Sansa que em poucas horas, fora tão exposta. Olívio confessaria para Minerva que teria pegado e talvez eu não precisasse entregar para ela.

Acariciei a capa dura e amarelada, sem nada escrito na frente ou atrás. Dentro do diário havia uma pequena fita vermelha que marcava a página. Abri na página que estava marcada.

Para minha infelicidade, havia um recado:

“Então você fala muito mal de mim aqui, mas também me acha bonitinho? Isso é preocupante, porque, eu não sou só bonitinho. E obrigado, Emma por todos esses belos pensamentos dedicados à minha pessoa.”.

Meu sangue esquentou de uma maneira que achava que não fosse possível. Olívio era muito audacioso – (quem aí curte divergente? ;) — ao pegar o meu diário, MINHA SANSA, para ler? Ele tinha que pagar por isso.

Fechei Sansa com o feitiço usual e guardei-a em um lugar seguro. Minhas mãos tremiam furiosas. Eu sentia o peso da varinha sob o meu casaco, ansiando para usá-la. Comecei a andar até Olívio, aonde quer que ele estivesse. Eu nunca tinha o chamado de “bonitinho”. Ou havia? De qualquer jeito, ele tinha violado minha privacidade. Ele tinha lido meus pensamentos, sabido sobre minha casa. Isso era demais. Demais até para mim.

Encontrei-o no mesmo corredor de antes, só que dessa vez ele conversava com uma grifinória. Com o nervosismo que me corria por dentro junto à raiva, fiz coisas um pouco “demais”.

Sério.

Bom, eu empurrei a garota para trás e talvez ela tenha caído. Mas eu não me importava com ela, qual é. Só sei que minhas mãos foram parar no peito de Olívio e eu estava-o empurrando muito enfurecida, enquanto dizia:

— Quem você pensa que é? — e o empurrei para trás. — Resolve dar uma de salvador da pátria e ler o meu diário? Vai contar para quantas pessoas? — e mais um empurrãozinho. Só que Olívio não ia mais para trás, ele estava estático e surpreso. Ele não ia para trás porque Olívio treinava Quadribol. Olívio fazia exercícios, e tinha força para manter-se parado.

E eu, a única coisa de exercício que fazia era levantar-me para ir ao banheiro e comer. Mas enfim, Olívio não mover-se me deixou ainda mais com raiva.

— Do que você está falando? — ele agarrou minhas mãos que acabavam de lhe dar um soco.

— Você leu o meu diário, porque fez isso? — falei, respirando com calma, tentando acalmar os nervos. — Você leu e deixou um recadinho para deixar bem claro que havia feito aquilo?!

Mas respirar calmo não adiantou muita coisa porque, mesmo com Olívio prendendo meus braços com as suas mãos, eu tentava bater nele.

— Ei, ei, calma aí!

O sangue ferve quando pedem pra ficarmos calma.

— Calma? — desvencilhei meus braços de suas mãos e empurrei-o de novo, dessa vez com mais força, fazendo-o cambalear. — Não me peça para ficar calma! Você não tem o direito de pedir uma coisa dessas quando leu o meu diário. Você não sabe nada, repito, NADA sobre mim.

Olívio deu dois passos para frente e conseguiu pegar meus braços raivosos novamente.

— Não você está errada — ele disse. — Eu sei algumas coisas sobre você.

— Não me faça rir — eu estava seriamente nervosa.

— Primeiro: você não sabe o quão bonita é — e estando prestes a retrucar Olívio, ele continuou: — Segundo: sei é que aconteceu algo ruim com você quando era menor, e você se agarrou a magoa desse acontecimento e isso te fez ficar rancorosa e descontar isso nas pessoas. Terceiro: você tem um diário e o chama de Sansa. E sabe o porquê?

— Por que o quê?

— Por que você tem um diário? Porque você não tem pra quem contar o que está acontecendo no seu dia-a-dia. As coisas boas e ruins.

Afastei-me de Olívio com uma velocidade impressionante.

A varinha em meu bolso fora parar em minha mão.

— UOU!

Eu podia perceber que Olívio também segurava a dele.

ESTUPEFAÇA! — eu gritei, apontando a varinha em sua direção.

Olívio levantou sua varinha também, ao dizer:

PROTEGO!

Ele deu dois passos em minha direção e algo dentro de sua cabeça parecia estar errado, porque ele continuava se aproximando. Sua expressão sempre confusa e indecisa.

— ESTUPEFAÇA!

— PROTEGO!

Olívio estava me deixando confusa porque ele não me atingia, somente se defendia. A cada “Estupefaça” que gritava em sua direção, com a varinha tremendo, ele defendia com um “Protego”. Dois passos de chegar em minha direção e uma eu prestes a mudar o feitiço para algo pior.

Olívio agarrou minha varinha e jogou-a no chão.

— O que você pensa que está fazendo?!

E então ele me beijou.

Sério, ele fez isso. E bom, eu estava surpresa, então consenti né? Acho que foi por isso. E enquanto Olívio me beijava eu não sei o que estava pensando. Porque ele sabia fazer o que estava fazendo.

Eu só sentia meu corpo ficando mais calmo e tudo parecia um estilo de sonho – ou pesadelo, depende do dia e como estou.

E quando meu estado de “o que você está fazendo, sua doente” ativou, mais conhecido como lucidez, fui obrigada a jogar Olívio para trás.

Agarrei minha varinha ao lado de meus pés.

— O que foi isso? Você está louco? Perdeu o juízo?

Olívio parecia furioso também, não sei dizer se comigo ou com si mesmo.

— Isso — ele disse, nervoso e avermelhado, dando alguns passos para trás — foi um beijo. E eu não sei se você não o que é.

Eu ri desacreditada.

— Eu sei o que é um beijo, idiota! E esse foi o pior da minha vida!

Olívio também riu.

— É bem gratificante saber que compartilhamos da mesma opinião em algo.

Olívio deu-me as costas, balançando a cabeça, destinado a ir embora. Mas eu não tinha terminado de falar.

— Ei! — gritei, chamando sua atenção. Ele virou-se, impaciente. — Você não me disse o porquê de ter lido o meu diário!

— Isso é realmente importante pra você? É só um diário. Um diário com nome, mas um diário. Papel. Não vai mudar sua vida eu ter lido e você deveria se preocupar com o que Minerva pode ter lido ali. — Ele pareceu realmente bem perturbado. — É melhor você correr e esconder o seu diariozinho em algum lugar que ela não ache. E agora que o colégio todo sabe que você tem um diário, é melhor ir machucar algumas pessoas para que sua reputação de “menininha” vá embora.

Meus olhos estavam cheios d’água de raiva.

Olívio podia falar o mal quanto quisesse de mim. Mas não de Sansa.

— Ah, é? Bom conselho! Pega essa então.

Despreparado, Olívio não ergueu sua varinha a tempo de combater o meu feitiço.

SECTUMSEMPRA!


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Notas finais do capítulo

Aí está para quem estava esperando o finalmente "beijo" entre os dois. Espero que tenham gostado. Digam o que acharam, e até.
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