Quando achei Lúcia, ela estava sentada lendo um livro. Parecia concentrada, mas precisava falar com ela. Sentei ao seu lado e suspirei.

—Oi Monalisa!— cumprimentou ela

—Oi Lúcia...

—O que foi? Foi aquela Barata Cascuda?!— Lúcia se levantou

—É. Foi sim.

Eu estava triste e feliz ao mesmo tempo, já que eu havia sido humilhada até dizer chega, e havia ganhado um beijo do garoto dos meus sonhos, mesmo ele ter sido um cavalo comigo esses dias, foi maravilhoso.

Catarina andava pelos corredores como se nada tivesse acontecido, como se nada estivesse acontecendo.

O grêmio me chamou para ajudar na decoração da festa dos anos 60, que parecia estar andando muito bem. Só faltava dois dias para a festa, o que deixou a escola toda agitada. Vi Carol colocando algumas mesas e lençóis brancos por cima, estava com uma prancheta na mão e óculos de grau no rosto, que escorregava em seu nariz pontudo. Os garotos arrumavam o palco com fitas brilhantes, globos de luzes e uma pista de dança colorida. O garoto de óculos grandes colocou o telão na quadra, e atrás dele, Leo, ajeitando o palco, o que me surpreendeu. Tantos dias sem aparecer no grêmio, ele reaparece para ajudar na festa.

Ótimo. Eu fiquei até feliz. Caminhei até Carol, observando a quadra, que estava realmente bem bonita.

—Então, em que posso ajudar?— perguntei

—Pode receber o caminhão de salgadinhos e refrigerantes, que vai chegar daqui...— ela olhou para o relógio de pulso— à cinco minutos.

Definitivamente, Carol era a pessoa mais pontual, mais organizada que conheço. Fui para o lado de fora da escola e esperei o caminhão. Certinho, em cinco minutos. Peguei três caixas de uma vez e fui levando.

O dia passou bem rápido, e eu estava ansiosa para a festa. Mas claro que eu não podia esquecer do vídeo que Catarina iria mostrar para a escola. Tinha que fazer alguma coisa. A polícia talvez? Acho que não iriam se importar muito com o caso de adolescentes em uma briga.

Eu havia me esquecido que tinha que levar um acompanhante. Corri até Leo, mas Catarina já estava com ele. Acho que com o mesmo objetivo que o meu. Observei e ela deu um abraço nele rindo. Leo aceitou o pedido

dela... Quer saber? Eu tenho outros garotos! Tipo o Kaio! Peguei meu telefone irritada e liguei para o Kaio

—Kaio?— atendi

—Monalisa? Oi.

—Você quer ir comigo para a festa?

—UAU!— ele riu— Bom... Vou. Vou sim.

—Ok, tchau.

Eu desliguei. Até que fiquei feliz por ele ter aceitado, e ri feito uma boba e senti olhos azuis ciumentos olhando para mim. Acho que posso ter o Leo de volta, fazê-lo lembrar da sua infância, e isso era algo que eu nunca irei desistir!

No dia seguinte, Lúcia foi comigo até a casa da tia Agnes. Kaio estava fumando, para variar, e bebendo também. Como uma pessoa consegue beber sabendo que pode te matar?! Lúcia tapou o nariz e olhou para mim um pouco constrangida.

—Meninas! O que devo a honra da presença de vocês?— cumprimentou, com um bafo terrível

—Eu quero saber com que— tossi— roupa você vai?

—É uma festa dos anos 60! Não pode ir com qual quer roupa!— falou Lúcia

—Hm... Uma calça e uma regata não servem?

Olhei para Lúcia, um pouco impaciente. Como um garoto não fazia ideia da roupa que iria, para uma festa daqui à dois dias?! Eu já vi uns negócios no Facebook que os homens não ligam muito para aparências, ou o tipo de roupa que vestem. Mito? Não sei.

Lúcia e eu fomos para o shopping e levamos Kaio, porque sinceramente... Entramos em uma loja e escolhemos alguns paletós para a criatura experimentar. E admitindo, ele fica muito bem de paletó, parece até um menino direito. Eu ri sozinha com essa minha anotação mental.

Você sabe o que é 15? Isso mesmo. O número que vem depois do 14 e que vem antes do 16, mas também foi o número de paletós que Kaio vestiu só nessa ida ao shopping. Estou morta! Andamos juntos no shopping, e me deparei com a minha melhor amiga, minha companheira de todas as hora, amiga fiel, Catarina! Ela estava de risinhos com outro garoto, o que eu estranhei um pouco, já que ela era a ciumenta mor. Lúcia engasgou.

—Aquele ali é o...

—David.— completou Kaio

—O que tem ele?— perguntei

—Ele é mito! É um dos bully do nosso colégio! Dizem que ele foi expulso de sete colégios, e agora está no nosso!— explicou Lúcia

E o que exatamente ele estava fazendo com Catarina?! Sei que os dois são o par perfeito: dois malucos. Mas isso é muito suspeito. Decidi deixá-los em paz, porque eu não podia fazer nada. Queria chutar a mesa que eles estavam, estrangular a Catarina ou coisa do tipo. Pode me chamar de revoltada, ou pode me apoiar em razão, porque eu sei que estou coberta dela.

Eu estava delirando, ou Kaio e Lúcia estavam... Num clima romântico? Acho que é o sol que não está me fazendo bem. Eles se olhavam e sorriam, e depois faziam isso 500 vezes. Acho que estava segurando vela ou coisa do tipo.

—É... Eu acho que vou indo.— falei— tenho que fazer uns reparos no meu vestido.

—Certo. Nos vemos amanhã...— falou Lúcia

—Ok, até amanhã.

Na verdade, eu não fui não. Fiquei espionando Os dois, e como eu imaginei, eles estavam namorando escondido. Trocaram um beijo, e que beijo hein. Levantei as sobrancelhas e decidi ir embora, já que eu não queria ser a plateia dos dois. Fiquei tão sem jeito em levar o "ficante" da minha melhor amiga pra festa. Acho que ia desmarcar com ele... Ou não. Já que eu adoraria ver a cara da Catarina que... Acho que não ligaria muito se eu fosse com Kaio, mas tudo bem.

Eu estou ansiosa para essa festa. Que vai ser depois de amanhã...

Minha mãe estava lavando a louça e meu pai estava no escritório fazendo mais um relatório. Eu sempre achei meu pai muito quieto, ou muito calado, o que me preocupava. Eu temo muito o divórcio, como os pais de Leo. Subi para o meu quarto e ajeitei meu vestido, que na minha opinião, estava lindo mesmo.