Eu saí da casa da casa de Catarina mais ou menos umas 16:00 da tarde. Adorei ter soltado o Mike, o furão mal-criado dela, e ter destruído seus lençóis importados e suas roupas de grife (risada do mal). Eu estava com o diário dela, talvez eu conseguia descobrir algumas coisas sobre minha cara colega, Catarina.

Me joguei na minha cama e estudei o caderno roubado. Era cinza e tinha um cadeado do tamanho da minhão mão. Revirei o diário, desejando que a chave estivesse lá, mas claro que não estava. Peguei um grampo, e fiquei mexendo no cadeado, como se eu fosse abrir, tipo aqueles negócios de filme. Claro que não abriu, minha vida é uma novela, não filmes do Tom Cruise. Fiquei jogando o caderno na parede, querendo saber os segredos mais íntimos de Catarina. Peguei meu alicate do meu material de unha e fiquei tentando abrir feito uma louca.

Já estava tão cansada de tentar abrir o cadeado, mas ele era... Anti-Monalisas e intrometidas. Alguém bateu na porta.

—Querida?—era minha mãe— Está tudo bem?

—Sim! Eu... Só estou fazendo uma coisa.

Meu pai tinha uma maleta de ferramentas, e nele tinha um alicate de verdade. Abri a despensa de casa e tirei a maleta e peguei o alicate. Com muito esforço, eu consegui abrir aquela porcaria. Deitei-me e respirei, relaxada. Abri o diário, olhei para o cadeado e cuspi naquele treco. Comecei a ler o diário, e logo dizia:

"Eu vi ele pela primeira vez e meu coração martelou no meu peito, como nunca antes. Seus olhos azuis me encantaram, seus cabelos encaracolados fez meu coração se derreter de paixão. O que estava acontecendo comigo? Nunca senti nada assim, nunca desejei proteger tanto esse garoto. E eu juro, quem se aproximar dele, com segundas intenções, eu farei a vida dela um inferno. Não interessa quem é, pode ser minha melhor amiga, não importa."

Gelei. Folheei algumas páginas e fui para o ano passado. E pelo o que eu estava lendo, ela ficou seguindo Leo por vários colégios dês de seus 10 anos.

"Eu e Leo trocamos o nosso primeiro beijo. Admito, eu levei ele num bar e fiz ele beber até cair. Leo precisava de um banho de realidade,ele estava carente, por querer se lembrar de alguma garota ruiva que nunca existiu. Nos beijamos a noite inteira, até pensei que ele iria me levar para o quarto, o que eu desejava muito, mas apenas estava com lances de mãos bobas. Eu admito, eu estava adorando isso tudo. Leo podia me tocar a noite inteira que eu não ligaria..."

Não aguentei mais ler. Pensei em queimar aquele diário, mas tinha que devolvê-lo, mesmo não querendo. Acho que eles... transaram. Senti um nó na garganta e quis gritar, mas apenas lancei o diário na parede e me cobri por inteira por debaixo dos lençóis. Não queria pensar no que eu li, não queria nem imaginar.

No dia seguinte, eu estava péssima. Catarina estava com a calça inteiramente remendada, chegava até ser engraçado, mas não parava de pensar no caso que eles tiveram. Precisava falar com Leo, eu exigia.

Eu o achei. Corria atrás dele, mas Leo apressou o passo.

—Leo!— gritava

—O que você quer?!— respondia, sem olhar para mim

—Você sabe que a sua atitude é idiota não é?!

—Idiota...?!

Ele finalmente me encarou, com aqueles olhos azuis enfurecidos. Leo estava fedendo à álcool.

—Precisamos conversar.— olhei para trás— à sós.

Fomos para o terraço. Isso tudo era ciúmes de mim? Eu quis rir, mas fiquei quieta. Ajeitei meus cabelos ruivos e suspirei, sentei no batente e Leo sentou ao meu lado.

—Você e Catarina... Já tiveram um caso?— perguntei

—Do que importa pra você?— debochou

—O que aconteceu com você?! Leo, você era a pessoa mais dócil que conheci!

—Eu tenho...— ele ficou vermelho— Ciúmes de você.

—Eu também tenho de você com a Catarina.

Nos levantamos na mesma hora, nos olhamos por um tempo. Era simplesmente assim: um casal, que não era um casal, que tinham ciúmes dos dois. Confuso, mas era a realidade. Leo se aproximou de mim. Seu rosto quente estava tão próximo do meu... Até que nossos lábios se selaram. Eu me sentia tão leve, tão feliz. Foi... Quente e molhado. Uma coisa que eu não queria que acabasse nunca. Até que senti Leo mais frio. Ele se afastou de mim e disse:

—Você tem namorado.

—Eu não tenho...— murmurei

—Não minta mais pra mim! Eu tento te entender, droga! Eu juro que tento!— ele me deu as costas

—Leo, espera.

Ele olhou para trás, esperando uma resposta, mas eu não dei nenhuma. Estava tão... encantada com aquele beijo. Abaixei a cabeça, sem jeito, Leo foi embora. Aquele beijo... Foi o meu primeiro beijo. Eu sei que Kaio havia me beijado, mas esse foi de verdade.

Ia sair quando dei de cara com a maluca da Catarina. Ela tinha um olhar castanho perverso. De longe, ela parecia muito dócil e meiga, mas era mais terrível do que um ogro de mil anos. Ela deixou um papel na minha mão escrito: "Eu sei que esteve na minha casa ontem, que soltou meu furão e que mexeu no meu computador." Gelei. "Aquele casaco azul-marinho com uma mancha de molho de tomate não engana ninguém.". No mesmo minuto, olhei para o meu casaco, e sim, ele tinha uma mancha de molho de tomate. "Você sabe que pode ir para cadeia por isso não sabe? Por invadir meu quarto privado, mexer no meu computador e roubar meu diário. Sim, eu percebo tudo.". Aquela menina era uma ninja ou coisa do tipo?! "Mas o pior de tudo foi ter soltado o Mike. Ele rasgou todas as minhas roupas, e acho que você deve estar rindo de tudo isso. Mas não por muito tempo. Eu não seria enganada por um vídeo da Beyonce em mais um show dela. Eu preciso mostrar a todos o belíssimo vídeo que fiz de você." Morri. "Até mais ver..."

Fiquei tonta. Tonta mesmo! Caí da escada e parei no corredor mais movimentado do colégio, e todos riram da minha cara. Quis morrer. Levantei-me e fui a procura de Lúcia, minha confidente mais fiel, e acho que e única pessoa em que realmente posso confiar.