Rebel Heirs - Interativa escrita por Carol Chase Lovegood, Bia Valdez


Capítulo 9
The Rabbit Hole


Notas iniciais do capítulo

Oieeee! Mil desculpas pela demora, mas eu entrei numa baita semana de provas e a Carol e testes... Ai ficou meio difícil :/
Mas estamos de volta!
Espero que vocês gostem desse cap, ele veio um tanto maior pra recompensar nossa demora XP
Beijoooos!
Bia Valdez



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Fazia muito tempo desde que Leon visitara o castelo da Rainha Branca de Neve pela última vez. Acontece que ele só era “convidado” ao palácio quando alguma tragédia épica acontecia. Nessas ocasiões, a Rainha gostava de estar na companhia de seu melhor caçador.

Mesmo assim, era a primeira vez que ele visitava o castelo duas vezes em um único dia.

As botas do jovem faziam um inquietante barulho toda vez que pisavam sobre o chão de mármore do Saguão Real, de forma tão característica que era possível reconhece-lo apenas pelo som de suas constantes passadas.

Chegando próximo a Sala de Reuniões, onde geralmente ele fazia seus relatórios de campo à Branca, Leon ouviu diversas vozes vindas de dentro do cômodo.

Aquilo não podia ser bom sinal.

Mais vozes significavam mais rainhas; mais rainhas significavam Conselho.

Respirando fundo, o caçador esperou enquanto os dos guardas abriam as pesadas portas de carvalho.

O Conselho dos Contos era um conselho formado por cinco das mais poderosas rainhas do Reino Encantado. A mais importante e mais influente era, de longe, Branca de Neve, e era exatamente a quem Leon se dirigiu assim que entrou no Salão.

– Vossa Majestade. – o jovem fez uma longa reverência tentando evitar se preocupar com os quatro outros pares de olhos – Trouxe–lhe novidades.

– Novidades? Que novidades? – a Rainha Cinderela, de pé ao lado de Branca, exclamou. A mulher parecia que ia desmaiar a qualquer segundo.

A rainha, conhecida por sua bondade e por sua perseverança, era, em ocasiões normais, a mais justa e equilibrada dos membros do Conselho. Vê-la naquele estado de nervos só provava como a situação estava feia. Os cabelos loiros presos em um coque alto escondiam alguns fiapos brancos, seu vestido verde-água marcava sua barriga de grávida – seis meses! – e, de tanto falar com roedores, gansos e gatos malvados, a voz da mulher se tornara fina como um guincho estridente.

Leon parou alguns segundos ao notar que havia um pequeno furo na barra da saia da Rainha, o qual estava sendo costurado por um rato que parecia tão frenético quanto Cinderela.

– Fique calma, Cindy. – disse a Rainha Rapunzel, fazendo a companheira sentar-se numa pilha de almofadas – Esse seu estresse não é bom para o bebê. Vou lhe fazer uma trança, sim?

Rapunzel, para a surpresa dos menos informados, tinha cabelos castanhos extremamente curtos que combinavam com o rosto redondo e os olhos verdes. Ela usava um vestido de estampa floral e trazia uma frigideira sob o braço direito. A rainha era a única que conseguia entrar pacificamente nas “áreas negras” do Mundo dos Contos e por isso acabava por ser muito adorada pelo povo, o que fez com que conquistasse seu lugar naquela reunião.

Enquanto observava lentamente as rainhas, Leon fazia algumas anotações mentais, como sempre. Era possível ver, pouco mais no canto, de forma distraída e cômica, a Rainha Ariel cantarolando uma canção sobre ostras enquanto tentava enrolar uma mecha de seu cabelo ruivo com um garfo, por exemplo. Incrivelmente, essa não era uma cena incomum.

– Encontrei, como prometido, o exército de copas.

– Isso é maravilhoso! – exclamou a Rainha Branca de Neve subitamente mais animada – Acredito eu que os soldados já estejam retornando para o País das Maravilhas!

– Na verdade, minha rainha, – Leon fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas para a notícia. Entretanto, não havia nenhuma – O Valete está esperando sua permissão para juntar–se a nossa reunião. Ele está nos portões e não está muito entusiasmado com a companhia dos guardas.

Com um grito sufocado, Cinderela finalmente desmaiou nos braços de Rapunzel.

– Perdoe–me, Hunter, – Branca chamou Leon pelo sobrenome para dar ênfase na gravidade da situação – mas você faria o favor de repetir QUEM está AONDE?

O caçador engoliu em seco antes de prosseguir.

– O General Valete de Copas está nos portões. Ao que parece, a Princesa de Copas desapareceu e há uma forte suspeita de que alguém da superfície a tenha sequestrado. Eles vieram em missão de paz.

– Mentiras! – exclamou a Rainha Elsa entrando na conversa, socando uma das paredes e fazendo com que seu gelo se espalhasse por toda a superfície – Lorotas! Nunca confie em objetos vivos, era o que minha mãe dizia!

– Se a Bela não tivesse confiado na mobília encantada do Rei Adam, talvez ainda estivesse presa no castelo da temível fera. – retrucou a Rainha Ariel, deixando seu garfo de lado – Suponho que o general não aceitará um não como resposta.

– E além do mais, Elsa, ele é só um garoto! – Rapunzel riu abertamente enquanto abanava uma Cinderela desacordada – Talvez seja ele o seu escolhido…

– Rapunzel, eu sou casada! – Elsa escondeu o rosto com as mãos. Não era muito novidade que a prima gostasse de atazanar seu juízo, mas a Rainha do Gelo não pode evitar ficar um pouco irritada.

– Leon, você tem certeza de que as cartas não estão aqui para nos destruir? – perguntou Branca, ignorando a discussão das duas companheiras. Leon concordou – Sendo assim, pode ir. Questões diplomáticas não devem ser ouvidas por qualquer um, apesar de eu confiar cegamente em você.

O jovem caçador fez uma profunda reverência antes de se virar para sair. Porém, a Rainha o chamou uma última vez:

– Ahmmm... Só uma última coisa… – Branca de Neve hesitou um pouco antes de perguntar – Há alguém que você conheça que possa estar ajudando a esconder a princesa?

Leon, no mesmo instante, sentiu seu sangue ferver. Os punhos se fecharam com tanta força que todo seu braço tremia de raiva. Sim, havia alguém que poderia estar ajudando no sequestro da princesa. Ele se virou para sua soberana, tentando esconder que entendera perfeitamente o que ela queria dizer.

– Creio que eu não conheça ninguém, Majestade.

E saiu da sala com passos ligeiros, esperando que não fosse interrompido dessa vez.

O que, obviamente não aconteceu.

Ao passar pelo Valete, o general o parou.

– E quanto a minha conversa com a Rainha, jovem caçador?

– Você terá o prazer de falar com cinco delas. – explicou Leon, sem olhar a carta nos olhos – Agora tenho que encontrar alguém.

– E quem seria tão importante? Quero dizer, para você faltar a uma reunião dessas deve ser alguém realmente importante. – o Valete abriu um sorriso malicioso, com a intenção clara de provocar o Hunter.

– E é. – afirmou Leon com um suspiro, sem muita paciência para lidar com a carta – Preciso achar meu irmão.

***

Seguindo pela Floresta Encantada, Leon se convencia cada vez mais de que seu irmão estava envolvido no suposto sequestro. Era comum que o caçador mais novo estivesse na floresta numa hora daquelas. Porém, o silêncio incômodo que rondava as árvores deixava claro que aquele não era o caso.

Por fim, Leon decidiu por procurar no lugar menos provável: a casa dos dois.

Tudo bem que para a maior parte das pessoas, a casa da família Hunter seria o primeiro lugar a se procurar, mas o jovem conhecia o irmão bem demais para isso. Encontrar John em casa era uma situação que, quando acontecia, era só durante a noite, quando o garoto ou ficava isolado no quarto ou no jardim, escrevendo em seu pequeno caderno, ou estava dormindo. Portanto, a ideia nem passara pela cabeça do mais velho.

Leon ainda não aceitava os planos do irmão caçula. Era obrigação dos dois se tornarem caçadores, porém John vivia discutindo abertamente com o pai. Afirmava que seria escritor.

Escritor! Era realmente difícil acreditar no que se ouvia durante as brigas familiares. John querendo se tornar escritor!

Apertando o passo, Leon ficava cada vez mais preocupado. Não havia uma única alma viva na Floresta. Nem mesmo os animais estavam por perto. Era como se uma aura maligna tivesse tomado conta do lugar e o jovem não estava nada à vontade com isso.

Ao se aproximar do muro que circundava a Vila Secundária, antes abrir o portão secreto em meio aos tijolos vermelhos do muro, Leon notou o primeiro indício de que algo estava errado: montinhos de neve espalhados pelo chão.

A princípio, imaginou que os guardas da Rainha Elsa estivessem patrulhando a área. Porém, vozes desconhecidas vindas do outro lado do muro o fizeram dispensar a ideia.

Eu já disse que não foi minha culpa! Eu caí em cima dele por pura…

– Pera! Eu acho que ele está acordando!

– Graças a Merlin!

Curioso, Leon removeu um tijolo solto com cuidado e observou a cena pela fresta aberta.

Seus olhos mal acreditaram no que viram.

Havia um grupo de adolescentes amontoados em volta de seu irmão, sendo que alguns o caçador reconhecia e outros não. Sophia Snow, por exemplo. com quem se encontrara algumas vezes no Castelo Real, esfregava freneticamente as mãos e se encontrava alguns passos mais afastada do que os outros. Nina Golddeal parecia um tanto aérea com a situação, assim como uma ruiva com uma cartola bizarra e, mais atrás, seu grande prêmio: Uma ruiva com vestido branco e preto rodado, cheio de bordados em forma de corações.

Sem dúvidas, a princesa de copas.

– Ah, oi Scar. Você está ótima.

Ao ouvir a voz do irmão, Leon quase caiu para trás. Checou mais uma vez os herdeiros a sua frente até focalizar uma terceira cabeleira ruiva.

Pelo visto, nem mesmo na própria protagonista de sua história ele poderia confiar.

Sentindo seu sangue ferver de raiva e decepção, Leon colou mais o rosto à fenda, prestando atenção a cada detalhe. Ele assistiu toda a conversa de longe, sentindo seus pulsos tremerem de frustração.

O garoto só voltou a se mexer minutos depois, quando os herdeiros começaram a se retirar. Mal eles sabiam que Leon sabia exatamente para aonde.

Assim, com a determinação renovada, o herdeiro do Caçador tomou um atalho rumo à Toca do Coelho.

***

Demoraram mais duas longas horas antes que qualquer acontecimento de destaque acontecesse. Foi somente pouco depois de Nina ter expressado sua preocupação com o pôr–do–sol (“Se a gente não conseguir fazer o feitiço a tempo, a gente vai ter que esperar até amanhã!”) que Sophia finalmente avistou algo que não fosse os rostos de seus companheiros de empreitada ou as paredes do túnel.

Uma placa.

De primeira, a filha da Rainha de Gelo achou que se tratava de algo destinado ao turismo, mas logo desistiu da ideia ao lembrar onde estava. Tratava–se de um pedaço de madeira retangular que estava coberto com desenhos caprichosos em cores pastel. Prestando mais atenção, era possível enxergar um enorme castelo ao fundo, junto com alguns barcos, e no primeiro plano havia uma canoa – canoa não, gôndola – onde um casal dava as mãos de modo apaixonado.

A garota, à direita de Sophia, tinha os cabelos loiros trançados e adornados por flores e o garoto, à esquerda, usava roupas simples, com um colete azul e o cabelo longo demais. Foi só então que, como um estalo, a Princesa de Gelo voltou os olhos para a parte superior da placa. Em letras um pouco apagadas, mas ainda reconhecíveis, estava escrito:

“SEJA BEM–VINDO À CORONA”

– Mas...? – murmurou a loira, um tanto confusa – Corona fica do outro lado do Mundo dos Contos!

– É, fica mesmo. – Sophia tomou um susto ao notar que John estava ao seu lado – As distâncias são meio estranhas por aqui. – o filho do Caçador deu de ombros, com um sorriso – Já estamos chegando, só precisamos virar mais algumas curvas – e assim, o garoto se afastou, deixando Sophia um pouco descrente. O que ele queria dizer com “são meio estranhas por aqui”?

Claro, obviamente, eu, como narrador, poderia até lhe contar o real segredo da misteriosa Toca do Coelho, mas desse modo todo o mistério iria embora, não é mesmo?

A filha da Rainha do Gelo ficou um bom tempo parada no lugar, ainda encarando a estranha placa, procurando alguma pista de algo que jamais encontraria. Ela só voltou a se mover quando vislumbrou, pelo canto dos olhos, uma sombra se movendo alguns metros atrás, pois, como uma pessoa inteligente, Sophia sabia que não era uma boa ideia ficar para trás em um túnel escuro como aquele.

***

– É aqui. – indicou Johnatan quando, por fim, o grupo chegou a um túnel sem saída – Só preciso encontrar o interruptor para sair daqui – apressando o passo, o garoto começou a tatear as paredes agilmente, sem prestar atenção duas vezes no mesmo lugar.

– É sério isso? – Piper comentou, um pouco incrédula – Um túnel sem saída com um interruptor? Tinha como ser mais clichê?

– Deixa de ser chata, Pipes. – Nina riu, correndo para ir ajudar John – É uma aventura! Se vamos fugir de nossos destinos, faz todo o sentido que, pelo menos, nós tentemos fazer alguma coisa com no mínimo um pingo de adrenalina.

– Adrenalina? – Kain soltou uma risada seca, encarando as paredes – Não vejo o que tatear paredes tem haver com adrenalina.

– Eu ouvi isso, sabia? – John revirou os olhos, porém antes que pudesse abrir a boca novamente, foi interrompido por um grito de triunfo:

– ACHEI! – todos se viraram quando Fanny, que ninguém notara que estivera procurando o interruptor, soltou uma exclamação enquanto pisava em uma determinada pedra no chão, que lentamente afundava com um leve chiado

– Olhem! – Alexia, que se postava a alguns metros da filha do Chapeleiro, abriu um sorriso de orelha a orelha quando, como em um passe de mágica, a parede contrária a aonde ela estava se abriu, enchendo o corredor antes escuro com o brilho vivo da luz do Sol.

– Venham. – Johnatan passou pela passagem recém–aberta, desaparecendo na iluminação que vinha de fora – É seguro, mas não façam muito barulho. Os guardas podem estar por perto.


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Notas finais do capítulo

Gente, sei que a gente tá demorando um pouco mais para fazer o pessoal sair do MdCdF do que na outra versão, mas temos uma boa razão para isso. Estamos procurando apresentar cada personagem com calma para que ninguém fique meio "jogado" na história, por isso, para as pessoas as quais os personagens ainda não apareceram, não se preocupem! Eles já estão à caminho!
Outra coisa, eu vou viajar nessa sexta, portanto TALVEZ eu fique fora de órbita por um tempo. Mas isso não é muito problema.
Eu tô vendo com a Carol se a gente programa o próximo cap pra semana que vem antes que eu viaje :D
Espero que tenham gostado!
Beijooooooos!
Bia Valdez