Never Love escrita por Colin Cassidy Mills


Capítulo 10
Capítulo 9 - Cortejo Fúnebre


Notas iniciais do capítulo

"cortejo fúnebre: Ação/Cerimônia de acompanhar um defunto até o túmulo ou até a cremação."
E aí pessoal? Não comentaram o capítulo anterior... ¬¬' mas perdoamos vocês, porque amamos vocês.
Boa leitura!
Link da música: https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=QTYuD2kFc5c



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“Segure-se em mim, amor
Você sabe que não posso ficar muito tempo
Você pode me ouvir?
Você pode me sentir em seus braços?
Segurando meu último suspiro
A salvo dentro de mim
Estão todos os meus pensamentos sobre você
Doce luz raptada
Isso termina aqui esta noite..."

(My Last Breath - Evanescence)

— Irmãos! – Convocou à todos, Peter. Puxando Ananda para seu lado. – Esta noite, o sonho da Terra do Nunca se concretiza. Esta noite, o Coração da Eterna Felicidade irá cumprir seu destino, e com ele, o destino de todos que permanecem nessa ilha. Esta noite, Ananda, – Ele hesitou em continuar. Virando o rosto para a garota, que permanecia, de olhar abaixado à seu lado. Como se quisesse se entorpecer do que acontecia ao seu redor. - o tempo irá parar. Para sempre!

Ao final da exclamação, todos os Perdidos celebravam aos gritos. Ananda fechou os olhos diante daquilo, tudo que se agitava dentro de si corria o risco de desabar agora. Tinha de se controlar. Agora mais do que nunca. Tudo estava para terminar. Não podia se permitir chorar, ou gritar, se descontrolar e trazer uma catástrofe não ajudaria. Fugir agora não faria mais sentido, Ananda estava comprometendo voluntariamente a própria vida em troca da vida de Henry. Não se arrependia disso. Mas óbvio, morrer nunca foi sua ambição.

— Por aqui. – Disse Peter apontando um caminho pela mata. E desaparecendo entre as árvores logo em seguida.

Sem cogitar olhar para Henry, uma última vez, Ananda o seguiu. Não queria guardar o semblante desolado de Henry, quando percebeu que ela não ia mais voltar. Pelo menos não viva. Não conseguiu evitar esse pensamento.

As árvores pareciam mais afastadas umas das outras, dando mais espaço para andar. Peter estava muitos passos à frente, o chão inclinado ajudou a andar mais rápido até estar não mais que três passos atrás dele.

Apesar da proximidade, ele parecia distante, absorto em qualquer pensamento que o mantinha calado e indiferente.

Em certo ponto as árvores ficaram ainda mais espaçadas, até que não tivesse mais nenhuma. A terra escura deu lugar a areia fina e o som alternado das ondas junto com o familiar cheiro de sal lhe invadiram.

Apenas alguns metros de areia separavam as árvores da águas. Havia um pequeno barco, preso na areia.

— Sente na ponta. - Disse ele indicando o fundo do barco, enquanto desatava a corda que prendia o barco.

Ananda, praticamente caiu sentada, o barco começando a balançar ao ser empurrado para a água. Pan entrou no barco logo em seguida, apanhando os remos. O barco balançou no começo, mas se acalmou conforme adentrava a mar aberto.

Nenhum dos dois se atrevia a quebrar o silêncio. De repente, Peter parecia extremamente interessado no movimento das ondas ao redor dos remos. O que não passava de uma maneira de evitar os olhos escuros dela, agora a poucos momentos antes de se fecharem. Eternamente.

As ondas calmas e regulares, eram como ser embalada em um sono. Ananda estava quase fechando os olhos cedendo aos embalos, quando um som agudo ecoou a cima.

— O que é isso? – Perguntou espantada, varrendo o céu com os olhos.

— Pássaro do Nunca. – Respondeu Peter, olhando para o pássaro, do que seria o tamanho de uma águia, a ave tinha um tom vermelho vivo, como se pegasse fogo ao voar.

— É lindo. – Ananda olhava para cima. Vendo tudo aquilo, maravilhada.

A ave voou círculos acima, e gritou. Ainda mais alto.

— São. – Corrigiu Peter. Quando outro pássaro se juntou à ele. Dessa vez tinha um tom como o céu de dias claros. Porém no céu escuro, salpicado de estrelas, o azul claro ficava ainda mais intenso e parecia iluminar ainda mais o céu.

Ele baixou o olhar dos pássaros, até Ananda. E o que viu, foi completamente inesperado. Ela sorria. Naquele momento inexplicavelmente, para Peter, era mais encantador o sorriso dela que os pássaros acima deles.

O pássaro azul também gritou, porém mais baixo que o vermelho e parou no ar por alguns instantes. E o vermelho o rodeou mais algumas vezes. O azul gritou de novo, dessa vez tão alto quanto o outro pássaro. Este parou diante do azul, como se o contemplasse, e gritou de novo. Mas dessa vez o gritou soou como uma nota de alguma canção. E o pássaro azul pareceu agradecer o som. E os dois desapareceram voando, lado a lado.

Mas assim, como os pássaros logo passaram. Também aquele momento passou. E novamente, estavam de volta a realidade. Ananda prestes à morrer, e Peter prestes à matá-la. Assim que chegassem À Ilha da Caveira.

E, infelizmente, chegar a Ilha não demorou tanto quanto esperavam. E logo se aproximaram da Ilha de rochas. As pedras enormes, escuras deixavam o lugar escuro e mal iluminado com um aspecto aterrorizante.

E logo o barco parou na areia, na entrada da Caveira. Peter desceu primeiro, e prendeu o barco à uma pedra. Ananda cambaleou, com o balanço do barco, ao tentar sair sozinha.

— Aqui, - Disse estendendo lhe a mão. – eu te ajudo. – Ananda hesitou, mas aceitou, se firmando na mão dele, para sair.

— Sua mão é fria. – Observou Peter, dando um risinho contido.

— Logo não será apenas minhas mãos. – Disse, suspirando com frieza.

A frieza com que ela rebateu, cortou o riso e murchou qualquer alegria em seu olhar.

— Vamos logo. – Disse Peter diante de uma escada, que devia levar ao resto da Caveira.

E puxando Ananda para o seu lado. Apanhou um graveto no chão e desenhou uma linha. E uma cortina transparente se ergueu por cima da linha na areia.

— Por aqui. - Tentou puxá-la escada a cima.

— Pra quê o feitiço de proteção? – Indagou.

— Apenas, para garantir. – Mentiu Peter. Apesar de Ananda ter percebido a mentira, deixou passar.

— Vamos logo, não temos muito tempo. – Apressou Peter escada acima.

A escada de pedra terminava num grande espaço acima. 

— Fazia muito tempo que eu não pisava aqui. – Ele disse olhando ao redor.

— Bela decoração. – Disse com uma pontada da sua comum ironia.

O lugar repleto de outras rochas. A pouca luz vinha de pequenas lanternas, em cima das pedras, em formatos de outras caveiras.

— Pra quê a ampulheta? – Perguntou, assim que a notou ali. Era enorme, jazia em cima de crânios de pedra mais clara que a das paredes. E areia dourada corria entre o pequeno vão entre a parte de cima e a parte de baixo.

— Ela mostra o tempo até o feitiço do tempo terminar. – Respondeu Pan, em tom de desesperança.

— Está quase vazia. – Comtemplou a ampulheta uma última vez e virou-se para Peter.

Ela deu dois passos na direção dele, enquanto ele se aproximava. Até estarem frente à frente.

— O que está esperando? À essa altura da situação sabe, muito bem, que não posso voltar atrás. – Sibilou entredentes.

— Você irá morrer como uma heroína, sabia? – Era difícil olhá-la nos olhos agora. Mas Peter se forçou a erguer os olhos.

Os olhos dela pareciam frios. Distantes e inalcançáveis. Embora estava sendo mais do que difícil manter-se entorpecida naquele momento. Olhando fixamente aqueles olhos verdes.

— Eu não dou a mínima para essa besteira de quem são os heróis e quem são os vilões. Eu estou nisso apenas por Henry. Não fui a melhor irmã do mundo para ele, mas não posso deixar que ele morra pelas mãos de alguém como você, tão egocêntrico, manipulador e cínico. – O ódio em suas palavras, apesar de verdadeiro parecia dito sem sentido. Como se não quisesse dizer aquilo.

Respirou fundo antes de continuar:

— Toda magia tem um preço, não ligo do preço da minha ser minha própria vida. Sinceramente, é um preço de muito pouco valor.

— Está se subestimando, meu anjo. Você arrisca sua vida por um garoto, que nem seu irmão é, – Ele ergueu uma sobrancelha, diante da expressão pasma da garota. – sim, eu sei mais do que você imagina.

— Como sabe disso? – Interrogou Ananda.

— A Rainha Má adotou uma criança, um garoto de poucas semanas. E na semana seguinte ela retorna ao orfanato, com outro pedido de adoção... – Ele estreitou os olhos ao falar da volta de Regina ao orfanato para busca-la.

Ananda não sabia como reagir. Como ele descobrira tanto sobre ela, se ela nunca falara sobre isso.

—...E a única garota que nenhuma família tolerava, – Pan fez uma pausa nos olhos agora assustados de Ananda. Percebendo novamente a garota assustada que se escondia de baixo de suas ironias, sua frieza. – encontra um lar.

Pan sempre teve ouvidos no Mundo Sem Magia, especialmente no que se tratava de crianças abandonadas. Que pudessem vir a ter alguma serventia à seu propósito.

— É uma bela história, de fato. É o que torna essa troca da vida de Henry pela sua algo de extremo valor. É sacrifício. Um belo fim para a história.

“Ele está me testando. Eu não posso... perder o controle, agora!” Amparou-se Ananda. Lembrar o passado, tornou extremamente difícil se manter o mais fria possível. Ananda fechou os olhos, lutava com suas lágrimas, e todos os sentimentos contidos em seu coração, tornavam a se debater incansavelmente. Suas mãos tremiam.

E Peter percebeu a reação dela. Viu o que ela estava conseguindo controlar, se desfazer diante de seus olhos. Ela prestes a quebrar. Ceder ao que sentia, e se agitava em seu peito. Os olhos frios e distantes, em questão de segundos, mudaram para agonia. Medo de não conseguir se controlar logo naquele momento.

— Eu sinto muito pelo que fiz você passar e tudo que fiz à você. – Disse levando a mão a ferida recém-fechada no pescoço de Ananda.

— Nada do que você sinta vai mudar isso agora. O que aconteceu, nada vai mudar. O que você fez comigo não foram apenas cicatrizes, dores e hematomas. Feridas superficiais fecham, e um dia não lembramos mais delas. Mas tudo o que me fez passar... – Colocando a mão trêmula sobre a dele em seu pescoço. – Por mais que você diga que sente muito, não sei se posso perdoar. Nunca vou esquecer.

— Eu vou sentir sua falta, meu anjo. – Disse puxando-a, até que encostassem as testas.

Todos os momentos desde a primeira vez que a vira, protegendo Henry dele naquela clareira passaram em flashes em sua memória. O corpo leve e adormecido dela em seus braços. Os olhos escuros, capazes até de distorcer a luz para que ele a visse em si mesmo. Sua audácia em desafiá-lo diante de todos. A força que ela demonstrava sempre que conseguia se manter fria, até quando feriu a si mesma para fazê-lo. O cheiro doce em sua pele. O gosto de seus lábios. Tudo aquilo não seria facilmente apagado de sua mente. Não queria esquecê-la depois de tudo. A queria de volta em seus braços.

Lutando muito para não perder o controle em seus últimos momentos, Ananda envolveu a mão de Pan, a colocou sobre seu lado esquerdo. Esperou a própria morte.

A mão afundou na caixa torácica, como se não passasse de um vazio sem existência de carne e ossos, até o coração. Ananda ao sentir o coração envolto, contorceu o rosto em dor. Mas não gritou.

Pan hesitou por um momento. Alguma coisa dentro dele gritava, ele precisava daquela garota para viver, mas... matá-la não era um jeito de viver? Porque parecia errado? “Não há como descobrir agora.” Pensou. E num movimento rápido. Puxou para si o coração em sua mão.

O Coração da Eterna Felicidade não mais jazia dentro do peito de Ananda. Mas nas mãos de Pan.


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Notas finais do capítulo

tan, tan, taaan... O.O
Não podem deixar ESSE capítulo sem comentários, né?! POR FAVOR!
Próximo capítulo, em breve!
Besos :*



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