Kagami estava com a bicicleta atrás de uma arvore, um pouco afastado do grande movimento de pessoas que andavam pela feira noturna que estava tendo naquela pequena cidade do interior. O ruivo prestava a atenção em cada movimento que o outro fazia.

Aomine estava caminhando em direção a uma barraca de basteis que estava bem movimentada. Dava para ver que várias sacolas de pasteis estavam ali jogadas em cima dos balcões e os funcionários chegavam e chamavam o número da senha de cada cliente, entregando o pedido. Aqueles pasteis em cima do balcão, o moreno tentaria chegar perto para pegar algumas sacolas, o suficiente para encher a barriga durante a noite e quem sabe pro dia seguinte, também.

–Vamos, Aomine... –Dizia Baixinho ruivo que apenas esperava.

O plano era, quando Aomine pegasse os pasteis e saísse correndo, Kagami apareceria com a bicicleta e os dois fugissem pedalando dali, indo em direção a próxima cidade.

O moreno finalmente chega na barraca e fica de frente pro balcão, primeiro iria distrair os funcionários fingindo ser um cliente.

–Moço! –Chamou Aomine.

–Oi, posso ajudar? –Falou o rapaz que estava de uniforme.

–Me vê... Três pasteis de queijo, um especial e dois de calabresa... E um refrigerante. –Fez um pedido grande para que o mesmo ficasse um tempo cupado.

–Qual refrigerante?

–Aquele dali. –Apontou.

–Ok, espere um minuto.

O rapaz se vira de costas mas não sai de perto, ele começa a gritar os pedidos. Nesse pequeno período, Aomine aproveita e pega duas sacolas com pacotes de pasteis e sai dali correndo. O funcionário se vira e vê que o moreno havia fugido segurando duas sacolas.

–EI, EI, VOLTA AQUI!!! –Gritou o funcionário.

Kagami vê que Aomine começou a correr e o mesmo segurava duas sacolinhas. O ruivo então sobe na bicicleta e começa a pedalar rápido em direção ao mesmo. Ele dá uma breve parada para que Aomine suba na parte de trás da bicicleta, assim os dois saem dali pedalando rapidamente.

Ainda bem que tudo deu certo.

–Conseguimos! –Gritou vitorioso, segurando as sacolas.

–Eu não gostei de fazer isso. –Disse Kagami, continuando a pedalar, se distanciando da feira.

–Você reclama demais, sabia? –Bufou o moreno.

Kagami pedala até chegar numa parte residencial da cidade. Tinha casinhas simples que pareciam ser aconchegantes. Os dois vão até um beco sem saída e lá ficam.

–Ei, vamos ver quais são os pasteis que tem aí. –Disse Kagami, se sentando no chão. –Estou com fome.

–Vamos ver... Bauru... Especial e queijo. –Falou Aomine. –O especial é meu.

–Nem ferrando! Por que você tem que ficar com o maior?

–Ué. Quem pedala todos os dias carregando as bagagens nas costas e ainda por cima levando um certo alguém que não é nada leve? Eim?

–Ora seu... Deveríamos revezar então!

–Tarde de mais Kagami, tarde de mais. Eu estou com mais fome e eu gasto mais energia. Fique com esses dois aqui ó, de qualquer maneira eles equivalem um desse especial, aqui. –Aomine morde o pastel. –Hmm, delicioso.

–Tsc, maldito. –Resmunga Kagami. –O ruivo começa a comer o pastel, o devorando.

Alguns minutos mais tarde, ambos já haviam terminado de comer os pasteis e agora estavam de barriga cheia, ainda bem. Aomine estava encostado no muro quase dormindo, e Kagami estava arrumando as coisas para qualquer coisa saírem dali correndo se acaso precisar. Nunca se sabe.

–Aomine, não acha que deveríamos procurar outro lugar pra dormir? –Perguntou Kagami, meio preocupado.

–Hm, não precisa. Vamos ficar aqui mesmo. –Disse sonolento.

–Sei lá, não gostei muito dessa rua...

–Você não gosta de nada, Bakagami.

–Ahomine, é sério!

–Quer saber? Para de reclamar e estica suas pernas, quero dormir...

–Esticar minhas pernas?

–Uhum... Vou deitar nelas.

–O-oe... –Kagami estica suas pernas um pouco e Aomine se inclina deitando nas mesmas.

–Hm, suas pernas são boas de dormir... –Falou sonolento. –Se soubesse disso teria feito mais vezes lá no orfanato.

–Pare de falar essas coisas constrangedoras. –Disse meio envergonhado, virando um pouco o rosto.

Não demorou muito, aos poucos a respiração de Aomine vai ficando mais pesada e Kagami percebe que o mesmo já estava dormindo. O ruivo passa os dedos nos cabelos bagunçados de Aomine, vendo-o ressonar com o toque. Acaba sorrindo com aquele contando um tanto fofo que estava tendo com o moreno.

A rua estava calma, não estava fazendo frio, o ambiente estava bom. As luzes que haviam nos postes iluminavam aquela rua silenciosa com casas aconchegantes de simples. Aquela cidadezinha realmente era boa de se morar.

O ruivo já iria pegar no sono também se não fosse sons de paços vindo em sua direção. Aomine não acordou mas Kagami levantou seu rosto e olhou para cima, vendo um rapaz com um sorriso normal, não sabendo distinguir se era um sorriso meigo ou perverso.

–O que vocês estão fazendo dormindo na rua? Cadê seus pais?

Kagami o encarava meio desconfiado. Desde que partiu nessa viagem junto a Aomine, o ruivo sempre desconfiava das pessoas. E agora, desconfiava muito daquele estranho que apareceu de repente...

–Não é seguro dormir aqui fora... Quer vir para minha casa? Você e seu amigo?