Marius aceitou minha proposta de ir a casa dos Cullens, mas pedi a ele mais um dia para poder avisa-los, combinei que ele me encontraria no colégio após a aula e iríamos juntos direto de lá, agora eu teria de falar com eles.
     No segundo dia de aula cheguei cedo, queria estar lá quando eles chegassem para pega-los direto no estacionamento, não demorou muito ate poder avistar o carro vermelho reluzente virando no estacionamento, naquele vinham Rosalie com Emmett na frente e Alice com Jasper atrás, no carro negro vinha Edward, Bella e Renesmee.
     Alice pulou do carro e veio ate mim, cantarolando feliz.
-Quem bom que vocês iram nos visitar hoje!
     Eu devia prever que ela já sabia que iríamos.
     Edward pareceu preocupado com algo, me olhava como se quisesse dizer algo, e ele queria.
     -Eu apenas desejo alerta-lá de uma coisa.
     Esperei ele continuar.
     -Não há apenas vampiros em nossa casa.
     Fiquei tensa. Havia algo perigoso lá também?
     -Não se preocupe, não é nada com a qual tenha de se preocupar, apenas aviso porque nem todos estão acostumados a ter as mesmas companhias que as nossas.
     O que eles são afinal?
     -São transmorfos, mas preferem ser chamados de lobisomens.
     Transmorfos? Pensei que isso só existissem nas lendas antigas.
     Ele não respondeu, deixou que eu me acostumasse com a idéia, para mim isso não seria problema, o que me preocupava era Marius, ao contrario de mim ele não era muito perceptível a novos amigos.
     Alice puxou meu braço, me tirando de meus desvaneios.
     -Vamos a aula já vai começar e sua primeira aula é a mesma que a nossa.
     Eu não estava acostumada a tanta excitação quanto a de Alice, ela conseguia ser pior que Marius.
     Tentei perguntar baixo para Bella.
     -Ela é sempre assim?
     Bella riu, mas foi Edward quem respondeu.
     -Ela é bem pior, você não a viu organizando festas ainda...
     -Um terror. Completou Bella.
     Durante toda a aula o clima pareceu se amenizar, descontraído, ate mesmo feliz. No intervalo eu fiz questão de perguntar coisas a eles.
     -Por que seus olhos são assim? Nessa cor?
     -Por causa de nossa dieta, nós nos alimentamos apenas de animais.
     Fiquei sem fala com isso. Eles riram, ate Jasper que era o mais serio riu.
     -Como conseguem? Perguntei.
     -Não é sem esforço. Comentou Jasper.
     O restante do intervalo foram baseados em perguntas, tanto minhas quanto deles... Perguntei-me o que Marius acharia de tudo.
Os Cullens pareciam interessados na minha existência, em como sou e minha historia, mas não contei muito a eles, também prestei muita atenção no que pensava, ficar perto de um leitor de mente era muito incomodo, talvez eu devesse ter alertado Marius sobre isso.
     As outras aulas passaram vagarosamente, os professores falavam sobre assuntos que eu já conhecia de cor, fiquei tentando imaginar como seriam os pais dos estranhos vampiros...
     Quando o ultimo sinal soou peguei minhas coisas rapidamente Alice já me esperava na porta, parecia quicar de empolgação.
     -Vamos, vamos! Marius já esta esperando lá fora, os outros estão dentro dos carros já!
     Ela praticamente me arrastou colégio afora...
     Quando saímos vi Marius encostado na pilastra proxima a porta, parecia encarar o carro onde os Cullens estavam mas quando sai ele se virou para mim e sorriu.
     -Ola senhorita, pronta para ir?
     Havia mais naquelas palavras talvez ´´quer ir a casa deles mesmo?´´, Marius apenas olhou para Alice segurando meu braço e agarrou minha mão para me puxar para o carro, as pessoas estavam me puxando demais hoje...
     Alice não insistiu em me segurar, apenas piscou para mim e foi para o carro preto do outro lado, Marius abriu a porta do passageiro para que eu entrasse e foi para o banco do motorista.
     -Então princesa, deseja mesmo ir?
     Tentei parecer animada, não foi difícil.
     -Claro, mas... antes quero lhe pedir uma coisa.
     Ele pareceu não estar prestando atenção enquanto ligava o carro, quando fitei o painel percebi que aquele não era o meu carro, ele havia trazido o Audi Q7? Eu deveria ficar brava com isso, mas já estava exigindo coisas demais dele...
     -Diga, o que quer?
     Ele ainda parecia distante.
     -Eu não quero que me chame de senhorita nem princesa hoje, ou melhor, me chame apenas de Marie... sempre...
     Ele olhou para mim enquanto arrancava com o carro, os Cullens já estavam a frente quase saindo do estacionamento.
     -Qual o problema com ser educado?
     -É chato, desnecessário e estranho, vivemos juntos a mais de 500 anos e você sempre me chama assim, acho que com tanto tempo de convivência já poderíamos ter um pouco mais de intimidade!
     Ele pareceu pensar um pouco. Pensei que ele iria contestar mas voltou a olhar para frente.
     -Tanto faz.
     Marius estava estranho hoje. Mas lembrei de que teria de alerta-lo.
     -Tem mais uma coisa.... Cuidado com o que pensa, o garoto de cabelo dourado, Edward, ele pode ler mentes.
     Meu amigo ficou rígido e pareceu também ficar mais branco, suas mãos apertaram o volante.
     -Por que não mencionou isso antes?
     Achei que teria de acalma-lo, queria ter o dom do Jasper...
     -Eu me esqueci de mencionar antes.
     Ele tentava manter a calma.
     -Algo mais que eu deva saber?
     -Sim, a baixinha empolgada, Alice pode ver o futuro, e o loiro cheio de cicatrizes pode controlar as emoções a sua volta...
     Ele ficou quieto, não parecia querer dizer nada, não insisti, olhei para frente onde o carro vermelho estava uns 200m a frente, o resto da viajem foi silenciosa.
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Alguns quilometros após a saída da cidade seguimos por uma estrada de pedra, a casa que se revelara a nós em meio a floresta era graciosa, era toda em madeira cuidadosamente colocada, Alice estava com Jasper e Edward nos esperando próximos a porta os carros estacionados atrás da casa.
Quando nosso carro parou Marius olhou para mim, tentei incentiva-lo colocando a mão na maçaneta para abrir minha porta mas quando me movi ele já estava com minha porta aberta e estendendo a mão para me ajudar a descer. Olhei para seu rosto e por um instante pensei ter visto um sorriso.
-Tudo bem para você Marius? Perguntei.
Ele pareceu pensa um pouco e olhou em meus olhos para responder.
-Se você estiver feliz, para mim tudo estará bem.
Eu sorri e me aproximei dele, não sabia o que faria depois da aproximação mas não precisei pensar uma vez que Alice nos interrompera saltitando em nossa direção.
-Vamos!
Ela era irritante demais.
Alice foi na nossa frente, Jasper atrás de nós, isso deixou Marius tenso, Edward seguia com ele.
A casa por dentro era mais graciosa que por fora, tudo aberto e muito claro, a sala era relativamente grande, todos os Cullens pareciam estar ali, Emmett sentado no sofá olhando a TV, Rosalie ao seu lado, parecia desligada enquanto brincava com uma mecha dos próprios cabelos na mão, Bella estava sentada na escada com Renesmee e um outro garoto ao seu lado, Edward se juntara a eles ficando próximo a Bella, Alice segurava minha mão e me levava em direção a um casal, um vampiro loiro e uma fêmea com o rosto em forma de coração, a vampira me fez lembrar de historias infantis que a muito tempo Marius me contava, já o vampiro me fez lembrar de meus pais, seus olhos transbordavam paciência e bondade, tamanha que só poderia ser adquirida com séculos de experiência.
-Marie, Marius, esses são Carlisle e Esme.
Eles nos cumprimentaram cordialmente, Carlisle apertou a mão de Marius enquanto Esme me dava um abraço, imaginei que personagem ela me fazia lembrar, a Bela de ´´A Bela e a Fera´´ ou talvez A Branca de Neve, não importava quem eles fossem, só o que importava era o poder que aquela família exercia sobre mim e enchia minha mente de uma esperança que eu pensei que nunca mais sentiria.
Tudo parecia que iria ficar bem, ate um cheiro estranho chegar a meu nariz, minha garganta queimou e meu corpo foi puxado para o cheiro, mesmo eu me mantendo parada, olhei para de onde vinha o delicioso aroma e vi o garoto estranho de pele morena e cabelo preto, ele parecia querer respirar o menos possível na sala, enquanto eu permiti meu corpo se encher com a amargura do cheiro e quando percebi meu peito era esmagado por um abraço de ferro, minhas mãos estavam presas ao abraço também e a família estava parada a minha frente, eu não notei antes em como estava perto da escada mas ao mesmo tempo que perto minha passagem era bloqueada, Carlisle e Emmett estavam a minha frente com Jasper e o resto deles estava logo atrás, Bella segurando Renesmee nos braços e Rosalie na frente delas ombro a ombro com um enorme lobo avermelhado com dentes expostos, mirei nele mas Edward e Alice taparam minha visão direta da criatura.
-Tire Renesmee daqui. Pediu Carlisle calmamente.
Só agora notei que era Marius quem me segurava, sua boca roçando em minha orelha, ele dizia ´´tenha calma Marie´´.
-Não é Renesmee que ela quer. Falou Alice.
-É Jacob. Terminou Edward.
Todos olharam interrogativamente para os irmãos, pareciam achar loucura, mas a brasa em minha garganta poderia provar que não, eu estava prestes a atacar o garoto, que finalmente reconheci como sendo o lobo avermelhado, Jacob.
-Melhor sair Jake. Pediu Bella.
Renesmee tocou o pelo do lobo e juntos saíram da sala, ela o segurava como se fosse dela, agarrava-se a ele com urgência, se não fosse os braços da mãe, a meia vampira já estaria em cima do lobo, isso me deixou com raiva fazendo um rosnado sair de minha garganta em direção a eles, mas quando notei o cheiro se fora me dando a possibilidade de pensar com clareza, balancei a cabeça tentando tirar o restando do odor que me atraia da mente, tudo ficara mais claro, o cheiro havia me atraído de forma tão intensa que nem notei quando me posicionei para ataca-lo, todos perceberam minha reação e agiram, Marius me segurou, os outros ficaram entre nós para me impedir caso fosse necessário. Pensei ate onde seriam capazes de ir...
-Desculpe. Falei.
Eles pareceram não ouvir, apenas olhavam para Edward que parecia explicar algo, aproveitei a oportunidade para pedir que Marius me soltasse.
-Ela não se importou muito com o cheiro de Nessie, foi o odor de Jacob que a atraiu e a fez agir daquela forma, o corpo apenas fez o que esta acostumado a fazer.
A família olhou para mim, cada um com uma expressão diferente que iam da curiosidade até deboche, Emmett riu alto e voltou para o sofá, Rosalie o seguiu mas antes me olhou por cima do ombro com nojo. Carlisle se aproximou com as mãos levantadas indicando para que eu ficasse calma, o vampiro me avaliava.
-Nunca vi nenhum vampiro ou meio vampiro que agisse assim a eles, pergunto-me o motivo disso, talvez seja algo nela que a influencie diferente.
Marius se irritou tanto quanto eu com o mistério.
-Do que estão falando? Ele perguntou.
-Jacob é um lobisomem, ou melhor, um transmorfo. Falou Jasper.
Era dele então que Alice me falara mais cedo...
-Como assim? Perguntou Marius.
-Ele é nativo de uma aldeia que há aqui perto, lá os garotos se transformam em lobos quando há perigo, eles são nossos amigos, mas o cheiro deles nos repele. Falou Esme.
-É um cheiro horrível. Completou Alice.
Não demorou para minha mente montar o restante.
-Mas é estranho porque para mim o cheiro dele é... bom?
Esme riu com a analogia.
-Sim querida, isso é algo que nunca vimos. Esme era doce em tudo que dizia.
Virei para Marius e ele tinha o mesmo olhar curioso que o de Carlisle.
-O cheiro dele para você é...? Perguntei a meu amigo.
Marius franziu o nariz, não precisava dizer mais nada, tentei não parecer preocupada com isso, ri de leve e todos olharam para mim questionando minha sanidade.
-Acho que no fim, eu sou uma criatura estranha mesmo... sibilei.
Carlisle riu também mas depois se aproximou e colocou a mão no meu ombro.
-Não é isso, é só que, nunca vimos algo assim, mas acho que nessa família é normal surgirem surpresas.
O vampiro era sincero em tudo que dizia, eu também deveria concordar uma vez que naquela família havia um leitor de mentes, uma vampira que podia ver o futuro e um vampiro capaz de controlar emoções.
O clima ficou leve e Carlisle no chamou para se sentar na sala e conversar, Marius não se sentou, apenas ficou em pé atrás de do lugar onde eu estava sentada, ele abria a boca de vez em quando e respondia quando lhe perguntavam algo mas a maior parte do tempo ficou parado feito pedra.
Não notei as horas passando, era interessante conversar com os vampiros diferentes, Carlisle ficou fascinado com minha reação ao sangue dos lobos e também ficou curioso com minha historia, apesar de Marius se limitar a contar bem pouco dela, Esme era sempre gentil em tudo, imaginei que estar ali em meio a aqueles dois seria como estar com meus pais hoje em dia se eles ainda existissem.

LEMBRANÇA
Marie esta sentada na sala, sua mãe esta com um enorme livro nas mãos parecendo distraída, seu pai esta parado em frente a janela, ele parece prestar atenção em algo lá fora.
-Logo eles viram. O pai fala.
A mãe olha preocupada para o marido e em seguida para filha, ela coloca o livro de lado e da um beijo na testa da criança.
-Marie querida, vá brincar no seu quarto sim.
Marie não quer deixar os pais.
-Mas... ela contesta.
-Vá minha querida, eu e seu pai vamos conversar, Marius.
O vampiro surgi na porta.
-Leve Marie para brincar sim.
Marius obedece e segura a mão de Marie levando a criança para o quarto.
FIM LEMBRANÇA

Percebi que já estava na hora de ir quando Marius tocou meu braço e acenou para a janela, já havia anoitecido.
-É temos que ir. Falei tentando esconder o desanimo.
-Por que? Podem ficar aqui, não precisam ir. Falou Esme.
Me levantei, a proposta era tentadora, mas Marius precisava relaxar.
-Agradeço muito Esme, mas temos que ir.
Marius colocou a mão em meus cabelos.
-Amanhã ela tem escola e tem que dormir.
Todos riram, olhei brava para Marius que já recolheu a mão por preocupação de perde-lá.
-Você também dorme? Perguntou Renesmee que já estava sonolenta nos braços de Bella.
-Não muito, não preciso dormir todas as noites, eu durmo 2 vezes por semana mais ou menos. Respondi.
-Mas você nasceu vampira, digo, você não foi transformada. Falou Carlisle.
-Mas não ouso seu coração bater, e não há sangue em suas veias. Completou Jasper.
Eu não sabia como falar, mas Marius resolveu.
-O coração dela batia e havia sangue em suas veias, porem, com o tempo ela foi se transformando mais em vampira. É complicado.
-Meu lado humana morreu. Falei.
Minha resposta curta deixou o clima tenso, estava na hora de irmos mesmo.
-Nos vemos amanhã, não é? Perguntei na base da escadaria que levava a porta da frente.
-Claro! No colégio! Respondeu Alice.
-Que bom!
Corri para o carro já ligado com Marius no banco do motorista.
A viagem de volta fora silenciosa, eu tentava entender o que se passava pela mente de Marius, o que ele achou dos Cullens, mas mesmo minha curiosidade sendo grande, não tinha coragem de perguntar.