Meu primeiro dia de aula começou com chuva, Marius disse que eu deveria me acostumar com isso naquela cidade, eu permaneci a noite toda deitada no quarto olhando para o teto pensando no rastro que havia encontrado no meu primeiro dia na cidade, depois eu havia voltado para procurar mas não encontrei nada, a chuva apagara tudo, tentei me concentrar nos detalhes do quarto para me distrair, ele era pequeno, o chão feito de madeira com a janela que dava para frente da casa, preferi ficar com uma cama de solteiro, havia uma cômoda e um armário embutido, nada de muito ostentoso, Marius seguiu meu pedido, meu amigo passeava de um lado para o outro arrumando o meu material escolar, se prendendo a mínimos detalhes como a cor da mochila, a organização dos cadernos... por mim eu levava meu notebook e gravava as aulas ou digitava algo, como se eu realmente precisasse disso... minha boa memória me permitia ser mais inteligente que qualquer professor, porem segundo meu guardião eles davam pontos por um caderno apresentável, assim como também tiravam por você não possuir um. Meu ego não me permitia tirar notas ruins por conta de bobagens. A claridade trazida pelo sol encoberto por nuvens me fez despertar para o horário, meu primeiro dia de colégio...

Achei que chamaria muito a atenção se fosse correndo para o colégio então peguei o automóvel mais simples da garagem, um jipe, não era apropriado para o momento mas os outros com certeza iriam falar se eu surgisse ali com um carro de mais de 1 milhão de dólares...

-Já esta na hora Senhorita Marie, não vai querer se atrasar no seu primeiro dia.

Marius parecia estranhamente excitado com tudo aquilo, fui ate ele e peguei minha mochila que estava na sua mão esquerda, em seguida sai pela porta.

-Se quiser posso leva-lá.

Nem me preocupei em responder.  Andei ate a garagem que Marius construiu nos fundos da casa com as chaves do jipe, antes de subir olhei para o vampiro que me seguia.

-Teremos de comprar um carro menos chamativo, algo comum para cidades pequenas.

-Veremos isso princesa.

Entrei no carro e sai, não havia necessidade de correr, mas eu não conseguia evitar que o velocímetro a mais 150... O caminho para o colégio não era difícil uma vez que corri por ele nos dias anteriores, na verdade estava a procura de algum rastro de outros vampiros, mas não encontrei mais nenhum.

O colégio não parecia ser nada de mais, era um conjunto de casas antigas que acabavam de ser repintadas, mas ainda tinham aparência de velhas, o estacionamento estava meio cheio, todos os carros eram velhos e pouco desenvolvidos, menos dois que pareciam ser novos e bem caros, mas não chamativos, eu não reconheci a marca (eu odiava carros, gostava de correr) mas não pareciam ser baratos, um era negro com vidros escurecidos, o outro era vermelho sangue, bonitos, mas não eram bons o suficiente para prender minha atenção, fui andando para os portões de entrada, onde passava todos me encaravam, é tão fácil deslumbrar os humanos!

Segundo o horário que Marius havia me mostrado minha primeira aula seria de Matemática, hoje por ser primeiro dia de aula para todos provavelmente não teriam matéria, seriam as famosas apresentações entre alunos (pelo menos foi o que li em livros de adolescentes), droga, o tempo demoraria mais a passar...

Quando encontrei a sala quase todos os alunos já haviam escolhido seus lugares, faltavam apenas 6 assentos vazios, considerando que todos ali se sentavam em duplas, escolhi por me sentar no fundo, perto da janela, nas carteiras vazias, mas ainda restavam 4 lugares duas fileiras a minha frente.

Os alunos já pareciam conhecer tudo, porque provavelmente nunca devem ter conhecido outra escola na curta vida, um deles ligou o ventilador e o ar primeiro soprou em minha direção, o aroma de sangue quente ardeu, mas já estava acostumada, o ventilador girou de um lado a outro da sala, e quando voltou a meu lado o cheiro doce me fez enrijecer, o cheiros de outros vampiros.

Três deles entraram na sala juntos, primeiro uma vampira baixinha de cabelo espetado, parecia uma pequena fada, logo atrás vinham um casal de vampiros, a fêmea tinha cabelos longos cor de chocolate, o outro tinha o cabelo levantado cor de bronze, todos se vestiam bem, todos eram pálidos com enormes olheiras arroxeadas e olhos dourados, que espécie de vampiros eram aqueles? Mais atrás vinha uma outra menina, uma hibrida, como eu.

O vampiro macho pareceu ser o primeiro a me notar, focalizou seus olhos em mim, primeiro senti raiva neles, estava preparada para sair da sala afim de não me revelar na frente dos humanos mas depois os olhos se amenizaram, quando olhei para os outros a pequena fada segurava o ombro do vampiro, enquanto a outra estava parada na frente da hibrida, como se estivesse protegendo-a. A vampira baixinha olhava para mim com um estranho sorriso.

Todos eles se sentaram nas carteiras da frente, pareciam me vigiar mas tratei de olhar pela janela para não encara-los. Não me senti ameaçada por eles. O professor entrou na sala e deu inicio a sua apresentação, passei a aula toda prestando atenção aos detalhes das nuvens de chuva, os vampiros na minha frente se moviam com cautela, mas percebi que se comunicava por um papel que era passado entre eles, mas a voz sussurrante de uma delas, provavelmente da fada, falou comigo. Falou baixo o bastante para que apenas eu escutasse.

-Não se preocupe, não iremos lhe fazer mal. Ela disse.

Eu ri, ate parece que alguns deles seria capaz de me ferir, seriam transformados em pó antes que pudessem se aproximar, mas, se eram pacíficos, então talvez valesse a pena conversar com eles, já que eu nunca pude interagir com outros da minha espécie alem de Marius.

O vampiro de cabelo cor de bronze pareceu um pouco nervoso, mas a baixinha o tranqüilizava de novo.

 A aula se arrastou pelo resto do período, fiquei feliz em ouvir o sinal para o intervalo, poderia sair e correr um pouco, e se me desse vontade, não voltaria mais, porem os meus ´´colegas´´ de sala me faziam permanecer lá, quando sai da sala a baixinha veio atrás de mim e se postou a meu lado.

-Ola Marie, eu sou Alice Cullen.

Como ela poderia saber meu nome? 

-Esses são meus irmãos Edward, Bella e minha sobrinha Renesmee.

Olhei para os outros que nos seguiam Edward e Bella me cumprimentaram educadamente, mas apenas Renesmee sorriu para mim. Suas covinhas eram lindas e seu rosto angelical, parecia um anjo, eu não resisti e sorri para ela também, porem senti uma chegada ameaçadora e próxima demais, por instinto me virei com a mão estendida, pronta para atacar, mas Alice segurou meu braço.

-Tudo bem Jasper, ela não ira fazer nada, ela não é perigosa.

O vampiro a minha frente tinha o corpo coberto de cicatrizes, elas pareciam se estender principalmente em seu pescoço, era difícil acreditar que ele sobrevivera a todas elas. Logo atrás dele havia um outro vampiro grandalhão ao lado de uma loira que pareceram entender melhor o recado da pequena pois tinham posses normais.

-Tudo bem Jasper, ela não é perigosa.

Eu ri, eu poderia não querer ataca-los, mas isso não queria dizer que não era perigosa.

O vampiro relaxou e eu também, apesar de não entender o porque, meu consciente me dizia para ficar alerta mas meu corpo estava totalmente, estranhamente relaxado.

Edward disse para irmos ao refeitório, andamos juntos, eles pegaram lanches que provavelmente nenhum de nós iria comer e nos sentamos na mesa mais afastada, o loiro coberto de cicatrizes não parou de me monitorar, Alice e Renesmee pareciam a vontade.

-Então Marie, gostando da escola?

Me lembrei do fato de Alice saber meu nome, sendo que eu nunca mencionei.

-Ela pode ver futuro, ela viu você se apresentando.

Edward podia ver o futuro também para saber minha pergunta?

-Não, eu leio mentes.

Fiquei irritada. Jasper rosnou.

-Calma Jasper, ela não fará nada.

Como Alice poderia ter certeza? Ah claro! Ela via o futuro.

Pelo menos tinha um grupo interessante naquele fim de mundo, vampiros que se misturavam com humanos, liam mentes e previam o futuro, talvez o colégio não fosse ser tão chato.

Eu via a forma como cada um daqueles seres se comportavam a mesa, respiravam regularmente, se moviam sem necessidade, a mais loura que Alice apresentou como Rosalie mexia no cabelo enquanto o companheiro Emmett parecia se divertir com uma discussão entre dois garotos sobre futebol, todos pareciam a vontade, todos se misturavam, encenavam, pareciam humanos de verdade.

-Você mora sozinha Marie?

Era a primeira vez que Renesmee falava comigo. A forma como suas covinhas se formavam, seu cabelo se movia era bela e graciosa, aquela criatura era divina.

-Não, moro com meu amigo Marius.

            -E por que ele não esta aqui? Perguntou Emmett.

            -Ele é meio velho para freqüentar o colégio. Respondi

            -Acho que todos somos, se for ver bem.

            A observação de Emmett me fez rir.

            -E vocês? Tem mais de vocês? Perguntei.

            -Nossos pais, Carlisle e Esme.

            Pais? Aquilo soou estranho, principalmente para mim. Que perdera os meus.

            -Você poderia vir com a gente depois da aula, para conhece-los!

Alice pareceu empolgada com a idéia de Renesmee, Jasper que antes só me encarava agora estava visivelmente tenso, é eu não poderia culpa-lo, vampiros não são confiáveis, mas eu sabia que podia confiar neles.

-Talvez eu deva ir direto para casa hoje, mas quem sabe um outro dia.

O sinal tocou no momento certo, impedindo Alice de insistir, eu me levantei e fui para minha próxima aula, Química, nenhum deles me acompanhou, suas aulas agora eram outras.

O resto da aula foi extremamente chato, mas encontrar os estranhos vampiros me deu alguns assuntos em que pensar para matar tempo, acho que posso confiar neles, mas contar a Marius sobre isso seria complicado, ele iria pirar, ele não desejava nenhum tipo de contato com outros de nossa espécie, eu não poderia entender os motivos, mas não gostava de brigar com ele.

O sinal tocou e fui para o estacionamento, não vi os outros de minha espécie ali, então decidi ir para casa conversar com Marius sobre isso.

Na volta tentei não correr muito, o velocímetro marcava 112 apenas, mas isso não me impediu de chegar em casa ainda afoita pelo meu encontro, estacionei o jipe na frente da casa, nem me preocupei em tranca-lo, quando entrei Marius estava sentado na mesa da cozinha, me esperando.

-Então senhorita, como foi?

Tentei parecer distraída.

-Um tédio, humanos são chatos.

Ele não se contentou com a resposta, ficou m olhando enquanto eu jogava minha mochila sobre o sofá.

-Conheceu alguém interessante?

Ele tinha que perguntar...

-Talvez... respondi.

Ele ainda não e se contentou. Tentei ter primeiro algumas respostas.

-Você conhece a família Cullen?

Ele pareceu confuso com a pergunta.

-Cullen? Não? Quem são? Alguém da cidade? Não conheço ninguém aqui, ainda.

Eu teria de contar.

-São vampiros.

Ele pareceu ainda mais confuso e preocupado.

-Vampiros?

-Conheci a Alice Cullen hoje. Deveria começar com apenas um deles, depois passaria para os outros.

A expressão de Marius ficou indecifrável, ele abaixou a cabeça para que eu não pudesse ver seu rosto, em um instante estava de costas para mim com as mãos sobre a bancada da pia.

-Teremos de ir ainda hoje, acho que podemos ficar em um hotel, encontrarei uma casa pela manhã, bem longe daqui, podemos ir pra algum lugar que neva, ai não haverá muito sol...

Ele começou a fazer mil planos de fuga, de todas as suas reações eu nunca pensei em algo assim, Marius quer fugir dos Cullens?

-Como assim Marius, por quê?

Ele pareceu não me ouvir, continuava encostado na bancada de costas para mim, fui ate ele e segurei seus braços obrigando-o a me olhar, seus olhos serenos agora eram inquietos, preocupados e temerosos. Coloquei as mãos sobre seu rosto, sua expressão se suavizou, ele segurou minhas mãos parecia gostar delas ali, ele moveu o rosto fazendo a ponta do nariz tocar próximo ao meu pulso, parecia se deliciar com meu aroma, aquilo me pegou com surpresa, por instinto me aproximei dele absorvi seu aroma também, seu olhar se tornou intenso, devorador.

-Qual o problema? Perguntei.

Minhas palavras pareceram tira-lo do transe, ele se afastou, me impediu de toca-lo.

-Não é seguro ficar próximo a vampiros, eles não são confiáveis.

Tentei segurar sua mão mas novamente ele recuou, andou para o outro lado da mesa, como se fugisse, a forma como balançou a cabeça mostrou que ele deveria estar tentando se concentrar.

-Mas eles me pareceram bons. Argumentei.

Ele se virou novamente para mim, zangado talvez.

-´´Eles´´? Tem mais?

Falei demais.

-Sim, são um clã, tem o Edward, a Bella, Jasper, Emmett, Rosalie, Renesmee e seus pais. Eles vivem como humanos, se misturam a eles, eles também vão a escola!

Não consegui entender sua expressão.

-Vampiros não vivem como humanos. Isso é impossível, não é natural, nunca vi ninguém se comportar assim depois de...

-Depois de o que? Perguntei.

Ele pareceu despertar das considerações.

-Temos que ir embora princesa, entenda por favor.

-Não temos não, Marius, confie em mim, não precisamos disso, podemos conhece-los, ver como se comportam, você verá Marius, eles não representam perigo para nós.

Ele hesitou, me aproveitei.

-Vamos conhece-los. Renesmee me chamou para ir a casa deles, podemos ir e conhece-los, se não gostar vamos embora.

Ele pensou um pouco antes de responder, no fim, se abaixou para tocar meu rosto, como fazia quando era criança.

-Esta bem querida, iremos conhece-los, mas se eles representarem algum risco vamos embora daqui, esta bem?

-Obrigada!

Não consegui reprimir minha alegria, pulei em seus braços e o abracei com ímpeto. Primeiro ele ficou rígido como pedra, mas no fim relaxou e me abraçou também.

-Não há nada que eu não faça por você, minha pequena Marie.