APOCALIPSE escrita por Thaís Carolayne


Capítulo 6
Floresta da Morte




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Don segurava Agustina nos braços consternado. Kann empurrou Catelyn para trás de si sacando uma de suas espadas. Os cavalos relinchavam nervosos batendo as patas no chão e Genin rosnava com a cabeça baixa.

Em torno deles saíram manues parecidos com Genin, todos rosnando baixo e os encarando fixamente. O tom de pelo deles variavam de roxo avermelhado para roxo azulado, todos com chifres projetando por trás das orelhas. Um maior de pêlo mais escuro foi se aproximando do grupo e Genin pulou na frente dele rosnando. O outro era ainda maior que Genin. O animal não se deixou intimidar e partiu pra cima dele. Os dois começaram a trocar mordidas e arranhadas. Os outros animais esperavam respeitosamente a luta de seu chefe.

Don com medo de seu amigo ser ferido deitou com cuidado Agustina no chão e puxou a espada Apocalipse de sua bainha. Um brilho negro foi emitido por ela, os animais ganiram e afastaram. O líder que lutava com Genin parou e se afastou. Eles observaram por um tempo, rodeando o grupo com cautela, então partiram sumindo mais uma vez dentro da floresta cinza.

Don correu até Genin.

— Você está bem? - Genin abaixou a cabeça lambendo o dono com doçura. A luta não havia durado muito, não teve mais do que alguns ferimentos.

— Nunca imaginei que pudessem ter tantos. - Disse Kann. - Temos sorte de ter a sua espada.

— Sim. - Concordou Don. Ele pegou Agustina no colo e subiu com ela nas costas de Genin. - Certo, amigão. Nos guie pra fora daqui.

Catelyn observava o cuidado que Don tinha com Agustina em silêncio. Ela sabia que ele faria o mesmo por ela, ele se preocupava muito com ela, mas duvidava que os sentimentos que ele tem seria naquela intensidade.

Kann e Catelyn subiram em seus cavalos. Kann puxava o de Agustina. Eles seguiram em fila, com Genin na frente, Catelyn no meio e Kann atrás. Agustina estava acordada, mas fraca. Seguia sem falar muito.

Depois de andar por algum tempo Don fez sinal para Genin parar. Genin começou a rosnar.

— O que foi? - Perguntou Catelyn atrás dele.

— Genin, vamos virar para a esquerda. - O animal não obedeceu ficando tenso. - Vamos, Genin! - O animal se sacudiu negando o pedido do dono. - Certo, eu vou a pé. - Don saltou das costas dele deixando Agustina apoiada nele.

— Houve alguma coisa, Don? - Perguntou Kann.

— Acho que estou escutando alguma coisa.

Kann percebeu que seu cavalo também não queria tomar o caminho de Don, então ele saltou do cavalo e foi atrás dele.

— Acho que estou escutando alguma coisa.

— Meninos! Não podem nos deixar assim! - Gritou Catelyn.

Agustina os observava em silêncio.

— Genin, vá atrás deles, por favor. - Pediu Agustina. O animal pareceu chateado, mas então se virou e começou a andar. - Vamos, Catelyn. Deixe seu cavalo.

Catelyn a obedeceu.

De acordo com que iam andando ia escutando o som mais alto. Era uma voz fina e melódica. Ao andar um pouco se depararam com um grande lago. As árvores estavam secas ao redor, mas no reflexo delas na água estava tudo verde e deslumbrante.

— Don, volte pra trás! - Disse Agustina.

Don e Kann pareceram não ouvir. Continuaram rumo ao lago. Agora viam sobre pedras na margem do lago sereias. Haviam três delas. A parte humana delas eram lindas. Elas cantavam com alegria.

— Que lindas! - Exclamou Catelyn.

— Elas são mortais! - Disse Agustina saltando de Genin. - Temos que pará-los.

Agustina correu e segurou o braço de Don, enquanto Catelyn ainda sem entender muito bem o que estava acontecendo segurou Kann pela cintura, mas foi inútil, eles continuavam andando em direção ao lago puxando as meninas junto. Genin latia desesperado atrás deles. Eles entraram na água. As sereias saltaram na água animadas e vinham em direção a eles. Agustina ficou na margem e mandou Catelyn voltar.

— Seus imbecis! Não podem ver um rabo de saia? - Agustina enfiou as mãos na água e conjurou um feitiço de eletricidade. O choque fez os rapazes gritar de dor, as sereias guincharam, fizeram um salto enorme e mergulharam na água.

Agustina que já estava fraca por usar muita magia caiu de lado ofegante, se esforçando pra se manter consciente. Catelyn correu até ela.

— Agustina!

— Estou bem. Só estou cansada.

Don e Kann que estavam hipnotizados olharam um para o outro. Só perceberam agora que estavam na água.

— O que estamos fazendo aqui? - Perguntou Don.

— Saiam logo da água! É perigoso! - Gritou Catelyn.

Depois de todo o ocorrido eles continuaram o seu caminho. Agora Agustina que estava mais fraca, dormia nos braços de Don. O sol já estava baixando. Não dava para ver o sol no horizonte devido a floresta, mas perceberam como o ambiente ia ficando mais escuro.

Escutaram sons vindo das árvores. Pararam.

— O que será agora? - Choramingou Catelyn.

Nos galhos das árvores viram uma figura feminina. Era uma mulher de pele castanha com traços vermelhos. O cabelo branco como neve, seus pés pareciam de animal, com as juntas viradas para trás e grandes garras no lugar dos dedos. Na cabeça um par de chifres.

— Vocês chegaram longe. - Disse a criatura. - Mas não podem passar daqui.

Apareceram várias outras nas árvores ao redor. Todas muito parecidas. Agora percebiam que o cabelo delas se movimentava por vontade própria.

— Não queremos causar mal nenhum. Só queremos seguir viagem. - Pediu Don.

— Passar pela floresta da morte é proibido. Quem entra não deve mais voltar. Ela saltou perto de Don, na frente de Genin sem demonstrar nenhum medo. Genin não reagia diante dela. Ela acariciou o focinho dele. - É a primeira vez que um homem doma um Manue. Eles são guardiões dessa floresta. Ela o observou mais de perto e viu Agustina nos braços de Don.

— Essa é Agustina?

— Você a conhece?

— Sim, ela é a mandada pelos espíritos.

— Ela usou muita magia para nos trazer aqui e agora está fraca.

A criatura pensou por alguns instantes, se virou para suas companheiras nas árvores e disse alguma coisa em outra língua. As outras sumiram no meio da mata da mesma forma que tinham aparecido.

— Eu preciso falar com Agustina antes de tomar uma decisão em relação a vocês. Me sigam. Lhes darei abrigo e comida essa noite.

A mulher saltou numa árvore e com grande agilidade saltou pra outra. Então Don e seus amigos tiveram que a seguir quase correndo dentro da mata.

Já era noite quando chegaram em uma grande clareira. Nesse lugar a floresta era viva e verde. Haviam construções perto e nas árvores, formando casas e ornamentos. Tochas iluminavam o local e várias das mesmas criaturas perambulavam ali.

Eles foram guiados até um grande salão. Tão misturado entre as árvores que não dava para discernir onde era árvore e onde era a construção. A porta era larga e puderam entrar com os seus animais.

— Lea! Leve os cavalos. Dê comida a eles. - Gritou ela para uma das que passava.

Kann e Catelyn desceram de suas montarias e deixaram ela levar os animais.

Perto da parede oposta do salão havia uma grande mesa com várias cadeiras ao redor. Haviam outras mesas menores espalhadas por ali também.

No fundo do salão havia uma porta. Eles pararam de frente a ela.

— O manue deve ficar aqui. Ele não passa pela porta. Mandarei que tragam água e comida para ele.

Don concordou, desceu com Agustina e entraram pela porta. Do outro lado perceberam que era uma grande cozinha. Com fogões feito de pedras e barro. Também havia muitas vasilhas grandes e madeira estocada. Mais a frente havia outra porta que dava para um corredor com várias portas por toda sua extensão.

A criatura abriu uma delas revelando um quarto bem aconchegante, com uma cama, duas cadeiras feita de troncos de árvores com estofado no assento e uma janela que dava para ver a floresta pelo lado de fora.

— Podem deixar Agustina descansar aqui. Mandarei que uma curandeira venha olhá-la, para termos certeza que não há mais nada de mal com ela.

Don agradeceu e deitou Agustina, a cobrindo em seguida.

Ela os guiou novamente para o salão e se sentaram a mesa principal.

— Me desculpem eu não ter me apresentado. Eu sou Nagara, líder da minha tribo.

— Eu sou Don, essa é Catelyn e aquele é Kann. - Eles acenaram para ela.

— Me desculpe perguntar. - Disse Catelyn. - Mas o que é você? Eu nunca vi... alguém como você.

— É claro que não. Vocês estão do lado protegido da fronteira. Vocês estão protegidos de toda a magia do mundo. Eu sou uma calla, uma criatura mágica. Nascemos aqui nessa floresta com o único intuito de não deixar ninguém atravessar a fronteira.

— Como assim protegidos do mundo? - Perguntou Kann.

— Há muito tempo o mundo foi amaldiçoado pela ganância do homem. Trazendo criaturas mágicas e maldições por toda a terra. Um mago poderoso então criou o Vale Mallakai, salvando o máximo de pessoas que conseguira e fez a Floresta da Morte, junto com todos os seus guardiões para que a magia má jamais a atravessasse. Por isso não existe magia onde viveram, nem criaturas mágicas.

— Então foi isso que aconteceu com os antigos? - Perguntou Catelyn surpresa.

— Foi isso. Os homens descobriram o poder dos espíritos, e começaram a aprisioná-los em armas para conseguir poder. Os espíritos revoltados, soltaram toda sua escuridão sobre a terra.

— Meu pai já passou pela fronteira. Nós não éramos do Vale Mallakai. - Disse Don. - Nós somos forasteiros.

Nagara o olhou com interesse.

— Foi permitido a passagem de alguns, Don. Pelos espíritos. Como foi permitida a passagem de Agustina.

— Por quê alguns?

Nagara sorriu.

— Porque os espíritos quiseram. E eu não sei quais são os planos dos espíritos.

— Meu pai passou por aqui um tempo atrás. Você deve ter visto.

— Seu pai deve ser Ronaldo Walles.

— Sim.

— Você se parece com ele. Ronaldo tem permissão para ir e vir.

— Por quê?

— Eu não sei. - Disse Nagara. Mas seus olhos pareciam dizer o contrário.

Outras callas entraram trazendo pratos de comida com carnes assadas, frutas e grãos. Elas puseram sobre a mesa.

— Comam. Descansem por hoje. Amanhã se Agustina acordar bem eu os guiarei para fora da floresta. A família Walles tem permissão para atravessar.


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