APOCALIPSE escrita por Thaís Carolayne


Capítulo 2
Promessa




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Don não tivera exatamente uma boa noite de sono. Ficar sozinho em casa com uma garota o deixava nervoso. Mesmo tendo a colocado no quarto de seu pai, que estava vazio há um bom tempo. Sonhara a noite inteira com a mulher de cabelos negros. Não conseguia se lembrar o que tinha sonhado exatamente, apenas se lembrava da elegante forma feminina. Já a menina de cabelo laranja não parecia se importar e parecia ter dormido muito bem. Preparava o café da manhã sem a menor preocupação no rosto. Don se aproximou devagar. Sentou-se à mesa cautelosamente. Agustina foi até ele e de surpresa enfiou uma colher em sua boca com ovos mexidos.

— Ficou bom? — Sorriu Agustina.

— S- Sim... Ficou. — Disse Don agora mais desajeitado do que nunca. — Não precisava se preocupar com isso.

— Você me deu lugar para dormir, é o mínimo que posso fazer.

— O que você vai fazer agora?

— Eu estou sem informação nenhuma, então vou continuar por aqui por enquanto. — Ela se curvou sobre a mesa. — Por favor, me deixe ficar aqui.

Don engasgou com a porção que tinha posto na boca e a encarou não acreditando no que ouvia.

— Sério?

— Sério.

De alguma forma Don se simpatizava com ela. Os gestos da bruxa o deixava extremamente desajeitado... E era reconfortante ter uma forasteira com ele.

— T- Tudo bem. Pode ficar por enquanto. — Don empurrou seu prato agradecendo pela comida. — Estou indo.

— Onde?

— Treinar. Todos os dias eu vou treinar com o meu mestre no castelo Choujirou.

— Então eu vou com você. Não vou encontrar nada se ficar parada aqui.

Os dois seguiram para a vila montados em Genin. Agustina se acostumou muito bem aos movimentos do animal e alcançaram a cidade rapidamente. Naquele dia a cidade que se chamava Geiger estava lotada de pessoas de todo o vale Mallakai para o festival anual de verão. Barracas de bugigangas, especiarias e comida se abriam, bordéis ficavam lotados e todos os guerreiros do vale disputavam pelo título de melhor. Aquela era a única época do ano em que os forasteiros eram bem vindos e até Don era mais bem tratado. Quando passavam pelas ruas da cidade todos pararam para olhá-los, querendo saber quem era a garota que estava montada na garupa de Genin. Ele teria muito mais problemas se Agustina resolvesse ficar, mas mesmo tendo problemas à vista, aquilo parecia animá-lo.

— Ei Don! Quem é a garota? — Perguntou o dono de uma barraca de espetinhos.

— Oi Marco! — Don acenou de volta.

— Eu sou Agustina Peters. Prazer em conhecê-lo.

O homem acenou pra ela entusiasmado, mas Don não parou para conversar e seguiram viajem. Agustina percebeu que enquanto caminhavam pela rua as pessoas cortavam voltam. Antes que dissesse algo Don falou, como se pudesse ler seus pensamentos.

— Todos tem medo do Genin.

— É de se esperar. Manues são animais extremamente selvagens. É a primeira vez que vejo um domesticado.

— Manue? Então é esse o nome do Genin?

— Você nunca viu um?

— Nunca houve um como ele no vale antes. Pra mim era apenas um cachorro grande.

— Não é normal cachorros terem chifres! — Riu Agustina.

Entraram no castelo quando conseguiram permissão dos guardas. Lá dentro foram para o pátio em que Don treinava com Zero. Ele já estava a sua espera.

— Demorou Don! — Gritou Zero quando o viu chegando ao longe.

— Desculpe. — Don desceu e depois ajudou Agustina a descer. — Eu tive um contratempo.

Zero a observou curioso.

— Quem é você, garota?

— Eu sou Agustina Peters. É um prazer conhecê-lo. — Ela se curvou formalmente.

— Eu sou Zero Shimizu. Zaraki do lorde Andalusian.

Obviamente Agustina não sabia o que zaraki significava, já que esse título era conhecido apenas no vale Mallakai.

— Você não é daqui, é?

— Eu sou de muito longe. Sou de uma pequena aldeia a beira mar chamada Pharrel.

— E o que faz por aqui?

— Estou à procura de um artefato valioso.

— Então você é uma caçadora de artefatos. Lamento te dizer, mas artefatos quase não existem em Mallakai. E os que têm não são de muito valor.

— Pode ser, mas não posso desistir da minha busca.

Zero sorriu pra ela. Simpatizara com a meiga menina.

— Boa sorte então. — Zero se virou para Don. — Vamos começar garoto.

 

 

Catelyn queria ver logo Don. O seu amigo de infância. A cada dia que passava eles tinham menos tempo para se ver. Era irritante. Deu um jeito de fugir de suas empregadas e correu até onde Don sempre treinava com o zaraki Zero. O avistou de longe e sentiu uma alegria inundar lhe o peito. O amigo trocava golpes de espada com seu mestre.

Andou sorrateiramente até alcançar a borda do pátio.

— DOOON! — Gritou, fazendo todos sobressaltarem de susto.

— Catelyn? O que está fazendo aqui?

— Eu só queria saber o que vocês estavam fazendo. — Catelyn percebeu que um pouco mais atrás tinha uma moça de cabelo longo e laranja usando roupas verdes. — Quem é essa?

— Ela é uma viajante. Agustina Peters. Agustina, essa é a princesa desse castelo, Catelyn Andalusian.

Os olhos de Agustina brilharam, se curvou formalmente.

— É uma honra conhecê-la, majestade.

— Não precisa ser tão formal. — Catelyn sorriu nervosamente. Sentiu seu coração se apertar dentro de si. Não queria assumir, mas o ciúme a cortou por dentro. — Eu não sou uma princesa como Don diz, sou apenas filha do lorde.

— Da no mesmo. — Murmurou Don.

Evitando ficar naquela situação constrangedora Catelyn se virou para Don.

— Eu tenho que ir. Espero encontrar você no festival esse ano Don.

— Eu não perderia.

— Até. Foi um prazer conhecê-la Agustina. — Catelyn se curvou.

— O mesmo.

— Tchau Zero!

Zero acenou e ficou vendo a delicada garota se afastar. Não sabia se Don realmente não percebia ou fingia não perceber, mas os sentimentos da loira eram claros e trespassavam em seus doces olhos cor de esmeralda.

Depois de duas horas de treino Agustina e Don caminhavam para fora do castelo. Agustina contava sobre alguns acontecimentos de sua jornada quando Gereth, o irmão de Catelyn o chamou.

— Don.

— Oi! Gereth!

— Onde está indo?

— Procurar um lugar pra almoçar.

— Fique aqui e almoce conosco. Eu quero conversar com você.

— Tudo bem.

Gereth ergueu uma sobrancelha quando viu a garota parada atrás de Don.

— Ela é?

— Ah. Essa é Agustina Peters. Ela está morando lá em casa por enquanto.

Agustina o cumprimentou balançando a cabeça.

— Desde quando você está namorando?

— Ela não é minha namorada! É apenas uma inquilina. Ela não tinha lugar pra ficar.

— Eu sou Gereth Andalusian. Segundo filho do lorde Andalusian. — Gereth interrompeu Don para se apresentar a Agustina.

— Você se parece muito com a sua irmã. — Sorriu a bruxa.

— Verá que todos nós somos parecidos. Meu pai tem um sangue forte.

Don deixou que Genin fosse passear e seguiu Gereth de volta para o castelo. Foram para o quarto de Gereth que era quase maior que a própria casa de Don. O almoço ainda não estava pronto, então levaram algumas frutas cortadas para eles.

— Você parece sério, Gereth. — Disse Don sem parar de comer. — O que está te incomodando?

— Agora que você tem uma namorada eu não sei se adianta te falar.

— O que esta querendo dizer? Desculpa, mas eu gosto só de mulheres.

— Não seja idiota!

Agustina riu.

— É sobre Catelyn. Ela vai se casar.

Don engasgou com a comida que tinha na boca. Tossiu e fitou o amigo.

— Com quem?

— Com o filho do lorde do leste. Já faz um bom tempo que eles são noivos.

— Desde quando eles são noivos?

— Já faz cinco anos que meu pai decidiu junto com lorde Cristiano.

— Catelyn nunca me disse nada.

Don e Catelyn eram os melhores amigos, desde sempre, desde que Don se lembrava de sua existência, Catelyn sempre estava ali. Não havia nada que ela não soubesse dele e nada que ele não soubesse dela. Pelo menos era o que ele pensava.

— Provavelmente Catelyn não queria preocupar você.

Era possível. Catelyn sabia o quanto Don era perseguido e por isso nunca o incomodava com os seus problemas, mas por conhecê-la bem Don sempre via quando ela precisava ser consolada. Como poderia não ter notado algo tão importante como um casamento? Isso não devia a estar incomodando, porque Catelyn não era boa em guardar segredos.

— O que vai fazer? — Perguntou Gereth.

— O que fazer? Eu não vou fazer nada. Se estiver tudo bem para a Catelyn então não há nada que eu possa fazer.

Gereth ergueu uma sobrancelha em desconfiança.

— Eu achei que você gostava dela.

— Eu gosto! Crescemos juntos. Faria qualquer coisa por ela, mas não posso impedir que ela se case e siga o caminho dela. — Don coçou a cabeça como que se aquele assunto tivesse deixando-o nervoso. — Vamos almoçar. Seu pai deve estar esperando. — No começo não entendia de onde vinha tanta irritação, depois entendeu que estava bravo por ela não ter contado algo tão importante, ter mantido em segredo por tanto tempo. Tentava se controlar e ser compreensivo. Catelyn devia ter os motivos dela, e mais tarde tentaria descobrir quais.

Parecendo entender a confusão que Don sofria no momento, Gereth não voltou a falar sobre o assunto. Seguiram para o salão de festas. No caminho Catelyn apareceu.

— Ah! Vocês ainda estão aqui. — Riu Catelyn. — Agustina, o que acha de ir comigo a cidade comprar algumas coisas?

— Claro!

— E o almoço, Catelyn? — Advertiu Gereth.

— Podemos comer por lá. Não se preocupe, eu vou acompanhada de alguns guardas.

Antes de ouvir mais qualquer reclamação Catelyn pegou Agustina pelo braço e a arrastou para fora dali.

— Ela está fugindo. — Rosnou Gereth.

Estava movimentado, com muita gente andando pra lá e pra cá, soldados que Don conhecia e que não conhecia, empregadas e mulheres que levavam bandejas com comida e bebida.

— Essa é a companhia do lorde Gaimon. — Explicou Gereth. — Eles vão ficar no castelo até o final do casamento.

— Quando vai ser o casamento?

— No último dia do festival.

Quatro dias.

Chegaram à mesa onde os lordes comiam. Jio Andalusian, o lorde do Norte conversava animadamente. Um homem com seus cinquenta anos, o cabelo loiro prateado caindo até o meio das costas, apesar da pele branca, aparentava poucas rugas, olhos de esmeralda tão vivos quanto nos tempos de sua juventude. Era um homem muito simpático, todos os habitantes sobre sua jurisdição o adoravam. Era o homem mais influente do vale Mallakai e também o mais odiado pelos outros lordes, da qual temiam, mas por sorte deles Jio não era um apreciador de combates desnecessários. O que mais oferecia risco era o lorde do leste Cristiano Gaimon. Era o segundo com maior poder e se resolvesse juntar força com os lordes do Sul e Oeste o Norte não teria chance alguma. Por isso o casamento entre Catelyn e o filho do Leste era tão importante.

Do lado de Jio estava seu filho mais velho e herdeiro, Afonso. Apesar de ter os mesmos traços do pai Afonso era totalmente ao contrário do pai, parecia ser mal humorado e pensativo. Não cativava a simpatia dos outros com facilidade. Mesmo assim seu governo seria muito bem apoiado pelo povo. Todos sabiam do coração gentil do jovem príncipe. Assim como o pai, se preocupa muito com o bem estar dos cidadãos e sempre ia em público recebê-los e ajudava sempre no que podia. Bocas desenfreadas diziam que isso era apenas para conseguir apoio, mas Don que conhecia a família Andalusian desde sempre sabia das verdadeiras intenções deles. A falecida mãe dos filhos Andalusian havia sido uma mulher muito carinhosa, e ensinara os filhos a ter humildade e amar o seu povo. O pai, apaixonado talvez, ou por ter sempre sido assim ensinou o mesmo. Era uma família modelo. Infelizmente Mirian Andalusian morreu de tuberculose. Na época Jio mandou viajantes atrás de feiticeiros além das fronteiras, mas nenhum deles retornaram e os médicos e curandeiros não puderam fazer nada. Todo o norte entrou em luto, mas mostrando grande determinação Jio Andalusian um dia fez um discurso dizendo como pretendia manter o seu governo, ao lado de seus três filhos, o povo aplaudiu fervorosamente. Don ficou impressionado com a força que aquela família tinha. Queria fazer parte daquela família.

Também a mesa estava o mestre Zero, o zaraki número um do lorde. Do lado da família Gaimon estava o velho lorde Cristiano Gaimon, alguns homens que Don julgou por serem zarakis pessoais devido às espadas que carregavam ao lado deles e um jovem aparentemente da mesma idade que Don, de cabelo loiro cor de areia e olhos dourados. Aquele devia ser o noivo de Catelyn.

A conversa estava animada na mesa. Quando perceberam a entrada dos dois novos chegados Jio se levantou entusiasmado.

— Ah, ai está. Esse é meu filho do meio Gereth.

— Olá. — Disse Cristiano. — O sangue de vocês tem muita força.

— Sim. — Riu Jio. — Todos os meus filhos herdaram meu cabelo e meus olhos. Mirian tinha o cabelo castanho claro e olhos negros.

— Eu me lembro dela. Mesmo sem os olhos coloridos, tinha uma beleza esplêndida.

— Sim. E esse é meu filho adotado Don Walles.

Don ficou quase em choque ao ser apresentado como um filho adotado. Sentiu seu peito encher-se de orgulho e quase abraçou o lorde em gratidão. Se conteve com muita força.

— Não vai me dizer que é um bastardo? — Riu Cristiano tentando transformar aquilo em uma piada, que não funcionou ao ver de Don.

— Não. O pai dele era um grande amigo meu. Infelizmente ele morreu e eu apenas não pude deixar de cuidar do seu único filho.

Ronaldo não estava morto, estava desaparecido, mas contar toda a história era desnecessário.

— Entendo. Para vocês dois que chegaram agora esse é meu filho Kann Gaimon. Ele é o meu primogênito. Os dois mais novos ficaram em casa e tenho mais duas meninas.

— É um prazer. — Disse Gereth se curvando, Don o imitou.

Todos se se sentaram à mesa e começaram a comer. Don seguiu avulso a maioria das conversas.

— E então, a minha nora não virá?

— Ela foi fazer compras com a namorada de Don. — Disse Gereth.

Don quase engasgou.

— Está namorando, Don? — Perguntou Jio surpreso.

— N- Não estou!

— Entendo! — Todos riram. Don não achou graça.

— Eu realmente adoro o combate de espadas. Vai ser a primeira vez que meu filho assistirá. ― Disse lorde Cristiano empurrando sua cadeira para trás que espremia sua barriga contra a mesa.

— Todos os anos meus filhos participam. — Disse Jio.

— Esse ano não vou participar. — Disse Afonso. — Seria muito injusto com os outros competidores.

— Os lordes também podem participar? — Perguntou Kann intrigado.

— É claro. Se quiser se inscrever fique à vontade.

Kann não tocou mais no assunto e o almoço seguiu.

 

Catelyn levou Agustina para a cidade, seguida por três guardas. Agustina não era a pessoa que Catelyn queria andar junto, mas era a melhor saída pra ela naquele momento. Depois que deixaram os muros do castelo Catelyn finalmente falou com ela em voz baixa.

— Me desculpe te puxar, Agustina. Eu não quero ter que ver meu noivo e a família dele.

— Se não quer se casar, porque não se impõe?

— Não é tão simples.

 

Quando Agustina finalmente voltou Don assoviou para que Genin viesse buscá-los. Estava realmente cansado de manter a etiqueta perto de toda aquela gente. Foi tratado muito bem durante todo o tempo que estava na presença deles, mas algo realmente o incomodava. Jio abraçou-a como se fosse sua nora, Don tentou intervir explicando os verdadeiros acontecimentos e foi totalmente ignorado. Desistindo, montou em seu cachorro junto de sua acompanhante e partiram para casa. As festas só começariam bem mais tarde.

O sol já havia se posto há algum tempo e Don esperava Agustina do lado de fora. Dessa vez não iriam montados em Genin. Provavelmente ela estaria de vestido, então preparou um cavalo na velha carroça que tinha guardada no estábulo. Não era elegante, nem seria atraente chegar nisso na cidade, mas era tudo que tinha. Já o cavalo era um grande garanhão castanho muito bonito, era presente do próprio lorde Jio. O animal era muito manso e bem treinado. Don não o montava com frequência, já que sempre andava em Genin, quem sempre o pegava era Zero, que o batizara de Aragorn. Pela primeira vez aquela simplicidade estava o deixando envergonhado. A garota com certeza se sentiria envergonhada de andar com ele naquilo.

Agustina saiu de dentro da casa deslumbrante. Usava um vestido azul claro com uma fita roxa na cintura, o cabelo laranja preso em um coque com uma diadema rendada azul na cabeça e laços roxo dos dois lados. Don se sentiu feio perto dela e ainda mais envergonhado de colocar uma mulher tão bonita em uma carroça.

— Como estou? — Perguntou ela.

— Linda. Eu deveria ter me arrumado melhor. — Don coçou a cabeça sem jeito.

— O que está dizendo? Você tá muito bonito.

Don usava uma camisa preta de tecido fresco, um cinto azul e calças largas também de cor preta.

Don subiu na carroça e a ajudou a subir. Ela nem pareceu notar no transporte que a levaria, deixando Don mais confortável. Genin os seguiu até a margem da cidade. Deixaram a carroça no estábulo do castelo e seguiram juntos para o festival. As ruas estavam lotadas de gente, lanternas a luz de fogo esparramadas em todos os cantos, fumaça saindo das barracas de comida, mulheres animadas com suas compras, jovens enamorados, homens bebendo e prostitutas ganhando a vida. Alguns grupos dançavam nas ruas mais largas ao som de músicos de todos os cantos do vale. Aquilo se repetia todos os anos para Don, Agustina parecia se divertir com tudo aquilo, mostrando estar fascinada a cada esquina que passavam.

Alguém chegou por trás e deu um tapa nas costas de Don. Era um de seus poucos amigos, Zed Sachura, filho do pescador.

— Estava te procurando.

— Zed!

— Então essa é a sua namorada misteriosa.

— Ela não é minha namorada.

— Eu sei! Você foi alvo de fofocas em toda Geiger, meu amigo. Mas por sorte sua será esquecido pelo menos nos quatro dias de festival. — Riu Zed. Ele se virou para a forasteira animado. — Eu sou Zed Sachura. É um prazer conhecê-la.

— Agustina Peters.

— Então, de onde você é?

— De bem longe. Além do vale Mallakai.

— Incrível. Ninguém conhece as terras além do vale. Alguns dizem que é amaldiçoado, cheio de monstros e magia.

— Não posso discordar. — Riu Agustina. — É incrível como ninguém carrega artefatos no vale. Isso me surpreendeu muito.

Nidu e Claude, outros dois amigos de Don chegaram em seguida.

— Don. — Disse Nidu. — Tem alguém ali querendo falar com você. — Ele apontou para um beco. Uma pessoa encapuzada estava lá, parada, escondida no escuro.

— Pode ir. — Disse Claude. — Faremos companhia pra sua acompanhante até voltar.

Aqueles três eram amigos de confiança e Don os escutou. Deixando Agustina ao cuidado dos amigos foi de encontro à sombra. Conhecendo a altura e a forma da pessoa que o esperava já sabia quem era.

— Catelyn. — Disse ao entrar no beco. Ela retirou o capuz mostrando mesmo no escuro, olhos marcados de choro. — Me diz o que foi.

Ela o abraçou começando a chorar novamente.

— Me desculpe. Eu tinha que ter contado antes. Eu achei que iria suportar isso, mas não consigo!

Don a abraçou já sabendo o que era.

— Pode contar comigo.

— Eu não quero me casar! Eu não quero! Não quero!

Don fechou os olhos. Aquilo era um problema.

— Seu pai nunca a obrigaria a se casar. Por que não falou isso pra ele?

— Ele me disse... — Soluço. — No começo que eu não era obrigada. Mas era importante demais e eu quis ajudá-lo. Mamãe me ajudou a me conformar na época. Mas... Mas... — Catelyn queria dizer que ver Don junto de outra menina a deixara doente de ciúmes e aquilo servira como um gatilho para que se revoltasse. Percebeu que não conseguiria fingir não sentir nada por ele e não queria entregá-lo a ela de bandeja, saindo do caminho se casando com outro, mesmo apesar das circunstâncias, nada disso saiu de sua boca. Chorava ainda mais de raiva de si mesma, por ser tão covarde. — Me... — Soluço. — Ajude!

Don abriu os olhos azuis cintilando em determinação.

— Se não quer se casar você não vai se casar.


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Notas finais do capítulo

- Os nomes próprios com Ge.. Como Genin e Geiger se lê como Guenin e Gueiguer



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