Boy meets boy escrita por Bonjour Little Bee


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários :3



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Sherlock estava deitado em sua cama, encarando o teto, pensado no que acabara de fazer.

Ele aceitou ajudar John a estudar. O mesmo John que vinha causando tanta confusão na sua cabeça.

Sherlock levantou-se da cama e desceu metade da escada, certificou-se de que seus pais estavam na sala de estar vendo televisão e voltou para seu quarto.

Foi até a janela aberta e acendeu um cigarro. Sherlock não tinha problemas em fumar escondido dos pais, porque aquilo era quase uma tradição de família. A mãe fumava escondido do pai e vice-versa e Sherlock e Mycroft fumavam escondido dos dois.

Era fim de tarde, o sol estava se pondo e o céu estava laranja.

– Ei irmãozinho – chamou Mycroft aparecendo na janela ao lado, também fumando.

Sherlock o ignorou, voltando a sua atenção para seu cigarro.

– Tudo bem com você? Você me parece um pouco fora de orbita ultimamente – Mycroft comentou.

– O que você quer dizer? – Sherlock perguntou, rezando para que Mycroft não tivesse percebido. Mas ele tinha. Ele sempre percebe. Ele é Mycroft. Mesmo sendo o mais velho, ele é a versão 2.0 de Sherlock.

– Você anda... estranho... Quer dizer, mais estranho que o normal.

Sherlock mostrou o dedo do meio para o irmão.

– Você sabe, sou seu irmão mais velho... Você pode conversar comigo.

Mycroft e Sherlock trocaram um olhar por alguns segundo. Sherlock pensou se era assim que irmãos normais agiam. Mas então ele e Mycroft começaram a rir. Aquela era simplesmente a ideia mais ridícula do mundo. Sherlock conversando com Mycroft sobre seus problemas?!

Sherlock se engasgou com a fumaça do cigarro enquanto ria e isso fez seus olhos lacrimejarem e Mycroft riu mais.

– Apenas saiba que eu estou de olho em você – Mycroft disse ao terminar seu cigarro e desaparecendo da janela.

Sherlock estava sendo descuidado... Mas ele não sabia como controlar a situação, especialmente quando ele não conhecia a situação em si. Ele não sabia o que estava acontecendo.

Sherlock ouviu Mycroft gritar: “Mãe, você sente cheiro de cigarro? Acho que vem do quarto do Sherlock!”

Era oficial, Sherlock pensou enquanto jogava o resto de seu cigarro pela janela, Mycroft era o pior irmão mais velho do mundo.

Para a sorte de Sherlock, seja o que sua mãe estava assistindo para ser mais interessante do que a saúde respiratória de seu filho mais novo e ela não deu atenção a Mycroft.

Quando Sherlock aceitou ajudar John a estudar biologia, John perguntou se Shrelock gostaria de ir até a casa dele para estudar. A resposta imediata de Sherlock foi não. Então John perguntou se eles poderiam para casa de Sherlock, o “não” de Sherlock saiu antes mesmo de John terminar de falar.

Sherlock não entendeu porque eles precisavam sair da escolar para estudar. A escola era um lugar ótimo para fazer isso! Longe do desconforto de estar na casa de um estranho, longe do constrangimento de estar na sua própria casa.

Então ficou combinado que eles estudariam depois da aula, nos dias que não tinham treino, na biblioteca.

Sherlock conhecia a biblioteca melhor do que a sua própria casa. Ele escolheu ficar na parte menos movimentada, não por não querer ser visto com ou John coisa do tipo, mas sim porque John se distraia fácil. Era como John sentisse a necessidade de falar com todos ao seu redor. De interagir.

Sherlock sentou-se de frente para John, em uma mesa perto da janela. Era inicio de tarde.

Ele começou a explicar a matéria pra John calma, sempre destacando as partes mais importantes, e sempre repetindo aquilo que John não entendia ou não decorava.

Depois da primeira meia hora, John estava encarando Sherlock.

– O que foi? – Sherlock perguntou.

– Isso é tão... fácil para você. – John disse sorrindo. – Você fala como se estivesse falando de alguma coisa normal e simples.

Sherlock não sabia o que dizer. Biologia era uma coisa normal e simples para ele. Do mesmo jeito que conversar com todos era para John.

– Hum.... obrigado... – Sherlock disse voltando sua atenção para o livro na sua frente.

Um pouco desconfortável, Sherlock voltou a explicar a matéria para John. Enquanto Sherlock fala John escrevia, e Sherlock usou esse momento de distração de John para analisa-lo um pouco.

John era canhoto. Quando se concentrava, suas sobrancelhas se juntavam e seus lábios ficavam pressionados formando uma linha. Seus cílios eram claros assim como seu cabelo.

– Então... – disse John depois de alguns minutos – Você é o único da sua família que corre?

– Sim – Sherlock respondeu.

– Você tem irmãos?

– Sim.

– Você gosta deles?

– Não.

– Sabe, dar uma resposta que não seja monossilábica ajudaria muito essa conversa – John sugeriu.

– Eu tenho um irmão mais velho, o nome dele é Mycroft.

– E por que você não gosta dele? – John perguntou.

Sherlock não respondeu. Ele apenas olhou para John, que o encarava, e depois desviou o olhar.

– Ok... Não precisamos falar sobre isso – John disse.

– John... eu sei que você quer ser meu amigo... Mas... mas eu não sei fazer isso. Eu não consigo conversar com qualquer um, ou sorrir toda hora, ou ser legal com todo mundo.

– Você devia.

– Devia o que?

– Sorrir mais.

– Você nunca me viu sorrindo.

– O que? – John disse jogando a cabeça para trás e rindo. – Sherlock, eu já te vi sorrindo. Muito.

– Não viu nada. Quando?

– Toda vez que estamos treinando! Toda vez que você atravessa a linha de chegada, você sorri. E quando o treino acaba, você fica sentado na sombra recuperando o folego, você sorri.

Sherlock queria dizer algo. Mas ele não sabia o que dizer. Ele sorria tanto assim durante o treino? Outras pessoas além de John tinham percebido?

– Não se preocupe, não vou contar para ninguém que você não é um robô – John disse sorrindo para ele.

Se Sherlock fosse um robô de verdade, naquele momento, ele teria um curto circuito.

– Eu tenho que ir embora agora – disse John guardando seus cadernos. – Até amanhã.

–Até amanhã – disse Sherlock sem sair do lugar.

Sherlock ficou sentado olhando John se afastar. Assim que John passou pela porta da biblioteca, Sherlock respirou fundo e passou a mão pelos cabelos.

O que estava acontecendo?

Ele olhou para a janela e viu se reflexo.

Ele estava sorrindo.


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