( Por Ludmila)

Ai que droga! Hoje é o dia de fazer o trabalho com aquele grupo horrível! A casa daquela bobona da Mariana deve ser muito pequena! O tonto do Filipe não deve fazer nada e a parte do trabalho que ele fizer vai ficar um nojo com certeza! E aquele menino novo que nem sei o nome, esquisitinho, deve ficar olhando pro nada igual faz na aula, Federico eu acho.

Depois da aula almocei e fui direto pra casa da Mariana. Cheguei lá e todo mundo já tinha chegado, então a japa que era o apelido da Mariana já foi perguntando:

– Qual horário vocês vão embora?

– Minha mãe vai me buscar porque tenho um compromisso com a minha família, umas 2:30.- Disse o Filipe dando uma piscadinha pro Federico, esse Filipe é entranho!

– Eu-eu vou a pé quando a ge-gente aca-ca-bar.- Disse o Federico, gaguejando.

– Eu vou ligar pra minha mãe mandar o chofer vir me buscar quando a gente acabar.

Fomos pro quarto da Japa, era muito pequeno! Como ela vivia naquilo?

Bom, começamos a fazer o trabalho. Metade fiz eu e a Japa, uma parte menor fez o Federico e uma pequena parte fez o Filipe, como já era de se esperar. O Federico estava mais estranho, ficava me olhando e se eu olhasse pra ele, ele desviava. Então falei que ia no banheiro, mas era só pra dar uma descansada.

(Por Federico)

Quando a Ludmila saiu o Filipe já foi dizendo pra Mariana ou Japa.

– Então Japa, é o seguinte, daqui a pouco minha mãe vai me buscar e, pelo tempo, obviamente vamos ter marcar outro dia pra terminar. Quando a Ludmila voltar eu vou pedir pra você me levar pra tomar água e vamos deixar o Federico sozinho com a Ludmila. Posso contar pra ela brother?

Não gostei muito da ideia, mas era pra me ajudar então fiz que sim com a cabeça e ele continuou:

– O Fede gosta Ludmila, ele não tem certeza e eu bolei esse plano pra ajudar ele a confirmar. E ai você aceita?

– Claro!- Disse ela prontamente. E logo aproveitei e falei:

– Não conta pra ninguém!

– Tudo bem, minha boca é um tumulo!

Nesse momento a Ludmila chegou e o Filipe disse:

–Pelo jeito Ludmila, vamos ter que marcar outro dia, minha mãe me ligou e disse que já tá chegando. Japa onde tem água?

– Vem aqui que eu te acompanho até a cozinha.

Ele sorriu pra mim e saiu. Então resolvi tomar coragem e perguntei:

– Ludmila, você tem algum problema comigo?

– Não vou mentir, mas você é meio esquisito.

E agora conto ou não conto? Vou contar, mas por que vou contar? Parei de me perguntar e falei:

– Você sabe o que é um médium?

– Sim. São pessoas que falam com os espíritos.

– Isso! Então...

Ela me olhava com aqueles lindos olhos esverdeados, parecendo interessada. Então resolvi dizer de uma vez por todas.

– Eu, eu sou médium Ludmila.

Ela sentou do meu lado, o que me deixou mais nervoso. Pensei que fosse impossível mais eu fiquei.

– Por que você tá me contanto isso? Quero dizer, pensei que essas pessoas tivessem vergonha de falar, principalmente pra uma menina com eu, que dizem ser metida, chata...

Não sabia por que eu tinha falado, na verdade não tinha nem ideia! Será que fiz a coisa certa? Não tinha motivo, ou talvez tivesse, será que eu confiava tanto assim na “patricinha do colégio”?

– Não, é... Eu não sei. Vou ser bem sincero com você, você tem uma energia diferente das outras, não que eu entenda muito disso, faz só alguns meses que eu descobri meu dom. Sua energia é um pouco orgulhosa, um pouco triste também, mas ela também é sensível, e isso é estranho porque é bem mesclado. As vezes sinto mais seu lado orgulhoso, que não é tão bom, as vezes sinto seu lado triste que eu até imagino por que.- Ela abaixou a cabeça- O seu lado sensível é bem melhor, é bem menos carregado.- Ela voltou a me olhar e deu um sorrisinho de lado.

–Uau. Isso é meio louco né, quer dizer pra mim é novo.- Disse ela, um pouco impressionada.

– Pra mim também.

Nesse momento chega o Filipe:

– Então gente minha mãe chegou e eu vou indo. Abraço!

–Tchau brother!- Eu disse imitando ele.

– Tchau- Disse a Ludmila mais seca.

Ele foi embora e eu, a Mariana e a Ludmila combinamos que o próximo encontro seria na casa da Ludmila, no dia seguinte para acabarmos de uma vez.