Caixa de Pandora escrita por MarcosFLuder


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Para quem está acompanhando a história, minhas sinceras desculpas pelo atraso na postagem deste capítulo. Prometo que o próximo, que será o último, não terá a mesma demora.



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O carro parou naquele posto de gasolina, numa cidade perdida no meio do deserto, apenas para encher o tanque, pois nenhum dos três viajantes queria descansar, embora precisassem disso. Assim que o carro foi reabastecido eles seguiram viagem, agora com um rumo definido.

— Será que largaram mesmo aquele pobre coitado em Phoenix, Mulder?

— Espero que sim Scully, duvido que os pistoleiros consigam acessar de novo o sistema.

— Fiz um exame apenas superficial agente Scully, mas não tenho dúvida que aquelas pessoas estavam mesmo infectados com o vírus da gripe espanhola; e pensar que eu estava colaborando com tudo isso.

— Não se culpe Dra. Grace – disse Scully – você foi usada por pessoas inescrupulosas sem saber.

— O tempo em que esteve naquela instalação permitiu-lhe descobrir alguma coisa mais Dra. Grace?

— Pra dizer a verdade sim agente Mulder, mas é uma história tão absurda que eu ainda acho tudo um enredo de filme B da pior qualidade.

— Eu adoro filmes B Doutora. “Plano 9 do espaço sideral” e “O homem mosca” são os meus favoritos.

— Conte-nos o que descobriu Doutora – completa Scully.

— Segundo o que li naqueles registros, a gripe espanhola é de origem alienígena – Scully ficou ligeiramente espantada, Mulder não – ela foi criada e disseminada para nos destruir, mas a humanidade mostrou-se mais resistente a ela do que seus criadores poderiam imaginar.

— Isso significa que a gripe espanhola foi a primeira tentativa de colonização – disse Mulder.

— Calma Mulder, esses registros podem ser falsos – rebate Scully.

— Minha tendência é concordar com você agente Scully, mas o que eram aqueles homens sem rosto? E a nave?

— Eram rebeldes que querem evitar a colonização, mas não creio que seja para salvar a humanidade.

— Vocês parecem saber muito mais sobre essa história do que eu.

— Há anos que estamos tentando expor essa gente Dra. Grace.

— Podem me chamar só de Grace agente Scully, afinal vocês salvaram a minha vida.

— Pois diga uma coisa Grace – fala Scully – baseado no que você sabe sobre a gripe espanhola, acha que uma única pessoa infectada pode causar uma grande epidemia?

— Depende da quantidade de pessoas que esse pessoa infectada pode contaminar, e de quantas outras pessoas podem ser contaminadas pelos primeiros infectados.

— Uma cidade grande como Phoenix me parece perfeita para isso – disse Mulder.

— Meu Deus, Mulder, mal dá pra imaginar quantas pessoas podem morrer se essa doença se espalhar.

— Fico imaginando as pessoas na tal instalação e que foram usadas nessas experiências Scully.

— Eram todos indigentes agente Mulder, segundo os registros que li eles foram recolhidas de diversos abrigos por todo o país.

— “Pessoas invisíveis”, “gente que ninguém dá por falta”. Os desgraçados acham que isso dá a eles o direito de usá-las como cobaias.

 

Mulder esmurra o volante com indignação enquanto sente o toque suave de Scully em seu ombro. Ela entende aquela indignação, pois mesmo sendo uma cientista sabe que deve haver certos limites éticos em qualquer experiência. Sem eles a ciência deixa de ser uma ferramenta em benefício da humanidade e pode torna-se o instrumento de sua destruição. Era nisso que pensava ao ouvir tudo o que Grace dizia a respeito do que ouvira de Krycek. As palavras dele não a iludia, ela sabia das muitas atrocidades cometidas em nome dessa teoria de que os fins justificariam os meios. Ela sabia que homens como Krycek não estavam interessados em salvar a humanidade de uma possível invasão alienígena. Homens como ele querem apenas salvar a si mesmos. Esse tipo de gente entregaria toda a humanidade se achassem necessário. A nossa salvação jamais poderia vir de tias mãos, pois o preço a pagar seria alto demais.

 

— Está tudo bem agente Scully? – o toque de Grace no seu ombro faz com que Scully volte de seus devaneios.

— Sim Grace eu... estava pensando em tudo o que você disse – Mulder olha para as duas e resolve falar.

— Porque você acha que aquelas pessoas foram inoculadas Grace?

— Parece-me óbvio que iam usar aquelas pessoas para pesquisar uma cura.

— Uma vacina?

— Acho que sim agente Mulder.

— Pois eu tenho as minhas dúvidas.

— No que está pensando Mulder?

— Em todos os casos de abdução que ocorreram até hoje Scully, nas experiências que os abduzidos relatam terem feito com eles.

— Dá pra ser mais claro agente Mulder – Grace parecia interessada.

— Se a gripe espanhola foi mesmo uma tentativa frustrada de iniciar a colonização, o que os alienígenas fariam para evitar um novo fracasso?

— Criar um vírus ainda mais forte? – Scully entra no jogo do parceiro.

— Só  que para isso eles precisariam descobrir o fator que fez a humanidade ser resistente ao primeiro vírus – disse Grace, cada vez mais interessada na conversa – uma vez que a tendência dos descendentes de infectados que sobreviveram é serem ainda mais resistentes.

— Você está fazendo uma comparação com a ação dos antibióticos em algumas bactérias – disse Scully.

— Exatamente Dana, você aplica um determinado antibiótico contra um grupo de bactérias e consegue matar quase todas, mas as que sobrevivem acabam gerando outras bactérias resistentes a esse antibiótico.

— Obrigando a criarem antibióticos mais fortes para enfrentar essa nova geração de bactérias resistentes.

— É verdade Dana. Em verdade já existe uma corrente de cientistas que acredita ser mais produtivo descobrir qual o fator que faz algumas bactérias mais resistentes e tentar anulá-lo.

— E você acha que esses alienígenas podem estar indo pelo mesmo caminho em relação a nós. Por isso as experiências com os abduzidos – completa Scully.

 

Mulder não pôde deixar de sorrir, ao constatar que aquela impressão inicial ao ver o retrato de Grace era mais do que verdadeira. Aquelas duas mulheres tinham muito mais em comum do que serem apenas fisicamente parecidas. Isso ficava mais claro para ele à medida que a viagem seguia e as duas conversavam. Scully falou do imenso fichário que ela e Mulder encontraram dentro de uma montanha. Do registro de computador com o código genético de todos os americanos que haviam tomado a vacina contra a varíola, e que estava em poder de Jeremiah Smith. Ambas eram cientistas que buscavam provas para tudo, mas que tinham a mente aberta para coisas que não podiam explicar. Elas tinham muito em comum, e Mulder pensava se Ethan teria consciência disso, se não fora essa semelhança que o aproximara de Grace. “Ethan” – ele pensou, tinha que avisá-lo de que Grace estava bem.

 

— Acho que já podemos avisar o Ethan que você está bem Grace.

— Como assim? Vocês conhecem o Ethan?

— Foi ele quem nos procurou em Washington, estava preocupado com você – disse Scully. Ela e Mulder estavam de costas para Grace e não viram a expressão preocupada de seu rosto ao perceber que eles estavam ali por causa de seu namorado.

— Porque não liga para ele e diz que está tudo bem.

— Aproveite e diga pra ele vir até Phoenix – fala Scully – acho que vamos precisar de toda ajuda profissional que estiver disponível se houver uma epidemia – Grace liga para o número de Ethan, uma parte dela estava feliz por ouvir sua voz e dizer que estava bem, além de poder tranqüilizar sua mãe. Ao mesmo tempo uma sensação de desconforto toma conta dela, ao perceber que Mulder e Scully não eram quem ela pensava.

 

PHOENIX

ESTADO DO ARIZONA

3:35 Pm

 

Eles chegaram na cidade muito cansados. A longa viagem cobrava o seu preço na expressão cansada que aquelas três pessoas tinham no rosto. O carro parou em frente ao hospital local e eles entraram apressadamente, indo direto para recepção. A atendente estranhou aquelas pessoas ali, mas acatou os distintivos que Mulder e Scully mostraram e mandou chamar o diretor do hospital.

— Tem certeza de que vai dar certo Mulder?

— Seja quem for o coitado que os homens sem rosto levaram Scully, ele deve saber que está doente.

— E se foi solto nessa cidade na certa está procurando ajuda médica, não é agente Mulder?

— Exatamente Grace! – o diretor do hospital chega, em instantes estão todos na sala dele.

— Ninguém deu entrada nesse hospital apresentando esses sintomas agente Mulder.

— O senhor não poderia verificar nos outros hospitais da cidade? – pergunta Scully.

— É tão grave assim senh... agente Scully?

— Pode vir a ser Dr. Farmer, se não encontrarmos essa pessoa – disse a Dra. Grace. O Dr. Farmer liga para todos os hospitais da cidade e num deles descobre um paciente em estado grave apresentando os sintomas descritos. As instruções são dadas para isolá-lo enquanto Mulder, Scully e Grace partem para encontrá-lo.

ACAMPAMENTO MILITAR

PERIFERIA DE PHOENIX

4:55 Pm

A movimentação dos soldados é intensa, mas não é uma guerra comum que eles vão enfrentar, e isso pode-se ver pela quantidade de equipamentos médicos presente no local. Um helicóptero pousa e Krycek chega com o Homem das unhas bem feitas. Eles vão falar com o oficial comandante.

— Está tudo pronto? – pergunta HUBF.

— Sim senhor – o oficial comandante estranha a presença de Krycek – estamos prontos para a operação quarentena, é só dar as ordens.

— Temos que localizar primeiro a fonte do contágio, só assim poderemos saber qual o tamanho da a área a ser isolada – HUBF olha para Krycek – quanto a você, quero que vá para a cidade e vê se localiza a Dra. Grace.

— Eu vou fazer isso agora mesmo.

— Por acaso você sabe onde encontrá-los?

— Basta encontrar Mulder e Scully, além do que, eles estão atrás da mesma coisa que nós – Krycek sai no mesmo instante que o telefone de HUBF toca.

— É você? – ele afasta-se do militar para falar – essa linha é segura, mas ainda é muito arriscado um encontro entre nós – HUBF faz uma expressão contrariada com o que ouve – está bem, eu te encontro daqui a uma hora – o oficial comandante aproxima-se dele ao ver o celular sendo desligado.

— Alguma ordem em especial senhor?

— Prepare um jipe que eu vou sair.

EDIFICIO GARAGEM GRAVES

5:35 Pm

O jipe estaciona no local indicado e o homem das unhas bem feitas salta. Ele anda alguns metros até encontrar um outro homem. Está meio escuro ali, mas ele reconheceria a fumaça daquele cigarro em qualquer outro lugar.

— Foi muita imprudência de sua parte me ligar num momento desses – disse HUBF.

— Por acaso os nossos antigos associados estão desconfiados de que você os traiu? – o canceroso olha para ele.

— Aquela médica nunca poderia tê-lo visto.

— Não se preocupe com a Dra. Grace, ela foi uma variável não prevista, mas isso já foi contornado com sucesso.

— Eu tenho as minhas duvidas, ainda mais agora que ela está com os agentes Mulder e Scully.

— Isso aí já é fruto da incompetência de vocês, como puderam permitir a invasão do sistema de rastreamento por satélites?

— Já tomamos as devidas providências para que isso não volte a repetir-se.

— Melhor assim – o canceroso tira um envelope do bolso – a cobaia está nesse hospital. Os agentes do FBI e a Dra. Grace estão lá também.

— Como conseguiu essa informação?

— Eu tenho minhas fontes – o canceroso sorri – porque o espanto meu caro? Não foi por causa da minha competência que você voltou-se contra a ordem dada para eliminar-me?

— Aquilo foi um erro com o qual não poderia compactuar. Estamos em um momento decisivo e precisamos estar unidos para quando a hora marcada chegar.

— União é uma coisa que nunca existiu entre nós meu caro – o canceroso acende outro cigarro – tudo o que nós temos em comum é a vontade de sobreviver, e a disposição de fazer qualquer coisa para isso.

— O problema é que nos últimos tempos esse interesse comum não tem impedido uma perigosa divisão entre nós, o que pode ser o nosso fim.

— O problema são os idiotas que acham ser possível confiar nos alienígenas. Eles acham que serão poupados quando a colonização começar.

— Eles apenas agarram-se ao que consideram seu último fio de esperança – o canceroso sorri ao ouvir aquilo.

— Nós dois sabemos muito bem que os alienígenas só estão nos usando. Quando não precisarem de nós eles iniciarão a colonização e será o fim para todos.

— Eu sei disso – HUBF altera a voz – porque acha que o ajudei a roubar as amostras daquele laboratório? Se os infectados naquela instalação recebessem o vírus que foi extraído daqueles corpos desenterrados os alienígenas teriam conseguido o vírus super resistente que a tanto tempo buscam. A colonização teria início.

— Isso eles não terão.

— Onde estão as amostras?

— Num lugar seguro – o canceroso termina mais um cigarro e prepara-se para fumar outro – o importante agora é resolver esse problema que os rebeldes nos criaram.

— Eles também não são nada confiáveis.

— Ninguém é confiável nessa história meu caro – o canceroso afasta-se , perdendo-se nas sombras enquanto HUBF volta para o jipe.

HOSPITAL SANTA ELIZABETH

6:15 Pm

Scully e a Dra. Grace examinam as amostras no microscópio. Ambas usam roupas protetoras numa improvisada área de isolamento daquele hospital. Quando chegaram ali já tinham encontrado um verdadeiro caos instalado, pois várias pessoas já tinham sido infectadas. Essas pessoas foram isoladas antes que o mal se espalhasse mais ainda. Em pouco tempo quase todos os infectados já haviam morrido, incluindo o homem que estava na instalação. Várias amostras de sangue já haviam sido examinadas e cada vez mais elas tinham consciência do que estavam enfrentando. Ambas estavam muito cansadas e foi com grande alívio que a chegada de Ethan permitiu-lhes um pouco de descanso.

Enquanto isso, Mulder mantinha-se vigiando a entrada do hospital. Ele sabia que em pouco tempo aquilo estaria cheio de militares, pois o Centro de Controle de Moléstias havia sido informado da situação. Sua maior, preocupação, entretanto, era ver a sua parceira correndo o risco de ser contaminada. Ele olhava para aquela porta, o papel pendurado nela de maneira improvisada com a inscrição de proibida a entrada devido ao risco de contaminação o instigava ainda mais a arrancá-la dali. Ele sabia que não poderia fazer isso, ela estava fazendo o certo, ela sempre fazia, ele também, por isso estavam ali. O barulho de passos ritmados tirou-o de seus pensamentos e ele foi imprensado contra a parede. Sentiu o desconforto de ver seu corpo sendo apalpado até acharem sua arma , foi quando uma voz autoritária fez-se ouvir.

— Agente Mulder eu suponho, onde estão a sua parceira e a Dra. Grace?

— Atrás daquela porta – ele sente a pressão contra ele afrouxar – mas eu não aconselho a entrarem lá sem uma roupa protetora.

— Não se preocupe com isso agente Mulder – o militar avisa pelo rádio que pegou Mulder e recebe ordens de tira-lo dali.

Sem ter ideia do que está acontecendo do lado de fora, três pessoas discutem entre si o que acabaram de descobrir ao examinar as pessoas infectadas.

— Você faz alguma ideia do que essa sua teoria pode significar Grace? – Ethan parecia não acreditar no que acabara de ouvir.

— Eu sei o que vi naquela instalação Ethan, o que li naqueles registros de computador – disse Grace – eu até gravei tudo em disquete.

— Você não nos contou isso Grace – disse Scully.

— Há outra coisa que eu não contei Dana, mas isso fica para depois.

— Você não está pensando em contar essa teoria pra todo mundo Grace – disse Ethan – vão rir de você.

— As pessoas tem que saber o que está acontecendo Ethan.

— Concordo com você sobre isso Grace, mas o Ethan tem razão em dizer que vão rir de você – Scully olha para alguém que tornou-se uma grande amiga em pouco tempo – eu e Mulder temos tentado expor essa gente a muito tempo e sabemos do que são capazes para manter os seus segredos.

— Você viu os exames Dana, se estivermos certas a humanidade pode estar carregando dentro de si as sementes da sua própria destruição.

— Nós ainda não temos certeza se esse DNA inativo que encontramos nas amostras está presente todos os seres humanos. Vão ser preciso exames muito mais amplos para corroborar essa teoria.

— E se for verdade? E se cada ser humano desse planeta carregar o DNA inativo com o código genético do vírus da gripe espanhola? Você viu os exames das pessoas que foram infectadas pelo sujeito que estava na instalação. Foi esse DNA inativo que desencadeou os sintomas ao entrar em contato o vírus. O inimigo pode estar dentro de nós Dana, esperando, aguardando até ser ativado novamente, só que com um poder de destruição maior que antes.

— Eu sei o que quer dizer Grace – Scully volta a olhar no microscópio – é uma variação diferente e muito mais letal do vírus da gripe espanhola. O modo como atacou as outras pessoas e a rapidez como as matou não deixa dúvidas a respeito disso.

— Isso é uma loucura, porque seres humanos seriam cúmplices na destruição de sua própria espécie?

— Arrogância Ethan! – disse Scully – acreditam que podem vencer o inimigo fingindo aliar-se a eles. Acreditam que podem abrir uma caixa de Pandora sem deixar que o mal contido dentro dela escape.

A porta abre-se diante deles e homens em roupas protetoras entram , alguns deles portam armas que são apontadas para Scully , Grace e Ethan.

— O que significa isso? – Ethan tenta argumentar.

— Significa que estamos assumindo daqui por diante – a voz saia distorcida daquela roupa protetora, mas Grace a reconheceu.

— Dr. Newmam? O que está fazendo aqui? Onde está o Dr. Craig?

— O paradeiro do Dr. Craig é desconhecido minha cara e eu estou aqui para conter um possível contágio por hantavírus – ele dá um sinal para os homens armados e Scully, Ethan e Grace são retirados do lugar. Lá fora dois homens conduzem a Dra. Grace para a escadaria sob os protestos de Scully e Ethan que são arrastados para outro lugar onde encontram Mulder.

— Mulder – Scully o vê e fica aliviada – eles levaram a Grace.

— Levaram pra onde Scully? – ele volta-se para o militar, que nada diz. Mulder nota que ele parece também não saber e isso o deixa ainda mais preocupado.

A Dra. Grace é conduzida para as escadarias pelos dois homens engravatados até chegar na garagem onde vê alguém conhecido.

— Você? – ela não contém a tensão ao ver aquele homem – você me enganou, não foi pra isso que eu o avisei onde estava o paciente infectado.

— Apenas fiz o meu trabalho Doutora – o canceroso aproxima-se dela – acho que você tem algo que eu quero – os homens a revistam , encontrando o disquete.

— O que você falou para os agentes Mulder e Scully?

— Nada de mais – ela mente – eu pensei que eles trabalhavam para você, que os tinha mandado me resgatar.

— E o que fez você pensar isso?

— Na verdade fui eu que a fez pensar assim – a voz de Krycek faz-se ouvir e todos voltam-se para ele – eu sabia que estava vivo seu desgraçado.

— Então eles o aceitaram de volta Krycek. Os idiotas cometeram mais erros na minha ausência do que eu imaginava.

 

Os homens a serviço do canceroso sacam suas armas e atiram. Krycek esconde-se atrás de uma pilastra e faz o mesmo, acertando um deles. A Dra. Grace aproveita para fugir. O tiroteio provoca pânico em outras pessoas que estão na garagem e o canceroso trata de sair dali com o disquete. Krycek mata o outro capanga do canceroso e fica na duvida se vai atrás dele ou da Dra. Grace. Acabou por decidir ir atrás dela.

O desespero de Grace é grande ao fugir daqueles homens. Ela sobe as escadas correndo e acaba indo para o mesmo andar de onde fora levada. SEu objetivo é encontrar Mulder e Scully. Até os militares pareciam confiáveis naquela hora. Ela corre pelos corredores do hospital e encontra os agentes e mais Ethan ainda discutindo com os militares. Eles exigem que ela pare. Grace fica sem saber o que fazer até que é atingida por um tiro.

— Não! – o grito de Scully é intenso e doloroso. Ela parecia ver Grace caindo em câmara lenta diante de si, com uma força insuspeita ela desvencilha-se do soldado que a segurava e vai de encontro a sua nova amiga, notando rapidamente que nada mais pode ser feito.

— Segurem esse homem – o militar dá essa ordem ao segurança do hospital que tenta conter Krycek mas é derrubado por ele. O russo foge pelas escadarias. As lágrimas em seu rosto não impedem Scully de ver o assassino de Grace – “você mais uma vez Krycek”– ela pensa , a confusão é grande no hospital e Scully aproveita para pegar a arma do segurança que Krycek derrubara, indo atrás dele.

— Scully – Mulder grita ao vê-la correr até as escadarias, mais que ninguém, ele sabe o que ela está sentindo e teme o que vá fazer, mas ao tentar ir atrás dela os soldados o seguram criando um tumulto ainda maior.

Krycek chega até a garagem esperando encontrar o carro onde iria fugir, mas não havia carro nenhum. Ele diz alguns palavrões em Russo até ver o carro da fuga entrar na garagem, indo ao encontro dele sem notar a pequena figura atrás de si, olhando-o com ódio.

— Parado aí Krycek – Scully aponta a arma para ele, Krycek vira-se para ela.

— Agente Scully, que prazer revê-la.

— Dessa vez você não escapa desgraçado – ela ainda não notou o carro entrando na garagem.

— Não seja ingênua minha querida, acha mesmo que pode me prender? – ele ri cinicamente – todos esses anos com o Mulder fizeram-lhe muito mal , pegou a mania dele por causas perdidas.

— Vire-se para a parede com as mãos na cabeça.

 

Ela está com a cabeça cheia de pensamentos conflitantes. Sabe que dificilmente aquele homem pagaria por seus crimes, e ver Grace morta em seus braços a fez lembrar-se de Melissa. Uma grande revolta apoderou-se dela, ainda mais ao ver o cinismo do homem à sua frente. Ele fez menção de obedecer Scully e foi virando-se lentamente para a parede, mas resolveu jogar com ela até seus cúmplices chegarem.

— Vai ter que atirar em mim agente Scully – ele diz.

— Não me provoque Krycek – ela diz cada mais revoltada – você não é capaz de entender o que eu estou sentindo nesse momento.

— O único jeito de você me pegar é me matando, do mesmo jeito que eu ajudei a matar a sua irmã – ele espera ganhar tempo jogando com ela.

— A morte é pouco pra você Krycek – o rosto dela fica inexpressivo e o azul dos olhos perde aquele brilho que Krycek nunca deixou de notar. O sorriso cínico desaparece do rosto daquele homem, ao ver que talvez tenha ido longe demais no seu jogo.


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