Era uma noite fria na Califórnia, o vento trazia o cheiro de maresia até mesmo para os que estavam longe da praia. Enquanto todos aproveitavam aquela noite em suas casas confortáveis, agente Robb Evans, do FBI, estava com seu carro estacionado na frente de uma enorme mansão feita de pedras acinzentadas. Aquela era uma operação muito arriscada, ele havia trabalhado quase dois anos na mesma e agora finalmente havia chegado a hora de terminá-la.

— Tudo limpo no setor 2 — disse uma voz feminina do outro lado do rádio. — Jon e Sara também já estão em seus postos, só estamos esperando pelo seu aviso.

— Mantenha-me informado, Artemisia — ele tinha seus olhos fixos na entrada da propriedade, apenas esperando o momento certo para entrar em ação.

Quando viu a luz do primeiro andar se acender, o agente saiu do carro com sua pistola em mãos e correu para a entrada principal. A adrenalina em seu corpo começava a aumentar conforme ficava mais perto de invadir a casa do maior traficante de drogas dos Estados Unidos. Ele havia reunido provas, interrogado centenas de pessoas e tinha certeza de que, naquela noite, conseguiria colocá-lo na cadeia.

— FBI, prontos? — Evans perguntou pelo rádio.

— Prontos! — Jon e Sara responderam juntos.

— DEA, pronta?

— Pronta — respondeu Artemisia.

— Agora! — gritou, dando um chute na maçaneta da porta e vendo o objeto de madeira se abrir. Assim que entrou, com sua arma viu dois homens armados atirarem em sua direção. Robb conseguiu pular para trás de uma estante de madeira, mas a mesma logo começou a ser destruída por conta dos tiros, fazendo-o pular para trás de uma pilastra.

Aquilo o deixara confuso, quem devia estar na casa era Armando Montoya, o traficante que estava investigando. Certamente havia caído em uma armadilha e se amaldiçoou por isso. Pegou sua outra pistola em seu coldre e começou a atirar contra os homens, tomando cuidado para não ser brutalmente metralhado.

Artemisia não era do FBI, mas seu treinamento era tão bom quanto o do mesmo. Sabia que entrar por uma porta era pedir para levar um tiro, então, quando Evans deu o sinal, a morena correu pelo telhado e atravessou a janela, já descarregando sua submetralhadora em um homem parado no meio do quarto. Quando o viu cair, a agente do DEA retirou a munição usada e a jogou para o lado, pegando outra que estava presa em sua cintura e correndo para o corredor.

Quando estava preparada para atirar novamente, sentiu uma arma pressionada contra sua cabeça e seu sangue gelou.

— Tem que ser mais atenta, agente Callas — ela ouviu a voz familiar perto de seu ouvido e um sorriso apareceu instantaneamente em seu rosto.

— Cuide da sua retaguarda, agente Skill, que eu cuido da minha — retrucou, olhando para Jon enquanto o moreno baixava sua arma.

— Quer apostar que o Evans vai surtar quando souber que foi uma cilada?

— Aposto que ele vai destruir a sala de estar de novo — ela sorriu para ele.

— Depois de sairmos daqui podíamos ir jantar, pegar um cineminha... — Jon se aproximou, tentando beijá-la, mas a agente o empurrou para o lado.

— Estamos trabalhando, bonitão. Depois resolvemos isso — dizendo isso, ela correu para o outro lado da mansão, sendo seguida por ele.

Quando chegaram a sala de música, viram cinco homens caídos e uma loira de pé no meio da sala.

— Evans já mandou vocês não namorarem em serviço, amores — Sara sorriu para os dois. Ambos perceberam que ela nem havia usado armas para derrubar aqueles caras. A loira era realmente muito boa em combate corpo a corpo.

— Engraçadinha — Jon andou até as escadas e as deixou no andar de cima.

— Robb vai ficar puto quando voltarmos para Graceland — Sara riu, pegando sua pistola no coldre.

— Com certeza, acho que vou filmar dessa vez — Artemisia estava pronta para sair da sala quando ouviu mais disparos sendo dados no andar de baixo.

As duas rapidamente desceram as escadas e se viram em uma sala completamente escura, ainda podendo ver tiros sendo disparados. Sara não esperou e já começou a atirar para todos os lados, acertando o peito de um dos traficantes.

Artemisia se abaixou e rolou para trás de uma parede, esperando pelo momento certo para atirar. Quando saiu de de trás da pilastra grossa, começou a atirar na direção de alguns homens perto da janela, acertando um deles. Ela viu Jon do outro lado, também tentado atingir alguns dos capangas de Montoya, mas quando ela pensou em ir ajudá-lo, viu algo acertar a parte de trás da cabeça dele e uma quantidade significativa de sangue sair por sua boca. Seu coração parou no instante em que o corpo inerte de seu namorado caiu no chão. Ela era treinada para aquele tipo de situação e conseguiu controlar sua tristeza e desespero, porém não sua raiva.

A agente do DEA se virou para o local de onde o tiro havia vindo e, segurando sua submetralhadora com força, disparou centenas de vezes contra o atirador, vendo-o cair no chão e seu corpo ficar coberto de sangue.

— Vou ajudar o Evans! — Sara gritou, já no outro cômodo, provavelmente não vira quando Jon fora morto. Artemisia viu que todos os homens daquela sala já estavam mortos, então largou sua arma no chão e correu para o local onde o corpo de Jon estava, se ajoelhando ao lado de e tentando conter as lágrimas ao ver seu amado morto.

Robb estava furioso. Não podia acreditar que fora tão tolo, estava tão ansioso para terminar aquela missão que nem se deu ao trabalho de verificar duas vezes para garantir que não seria uma armadilha. Agora ele havia desarmado os dois homens que o emboscaram e lutava com eles de mãos limpas, apenas dando socos, chutes e muitas cotoveladas. Conseguiu nocautear um com um chute certeiro no maxilar, e quando o outro ia pegar a arma para atirar em sua cabeça, levou dois tiros nas costas e caiu no chão.

— Vamos sair daqui, Evans — Sara disse, se aproximando dele.

— Aquele desgraçado nos enganou de novo! — gritou, dando um chute na mesa de centro que havia perto da estante destruída.

— Podemos falar sobre sua frustração exagerada depois, estamos em menor número e... — antes que a loira terminasse, eles ouviram o barulho de tiros e, quando olhou para trás dela, Robb viu a silhueta de um homem armado fugindo da casa.

Ele então se voltou para Sara, que tinha um olhar vazio e começava a desabar para o chão.

Evans a segurou antes que caísse, colocando a mão em suas costas e sentindo três furos no colete. Aquele homem usara balas especiais que perfuravam o colete.

— Sara, fica comigo! Vou te tirar daqui! — ele gritava, vendo a respiração dela ficar mais fraca e seus olhos se fecharem lentamente. — Não, não, não...!

— Robb! — ele ouviu a voz de Artemisia e virou o rosto para a morena para ao seu lado. — Jon está morto...

Aquela notícia o abalara de uma forma profunda. Jon era seu amigo, assim como Sara, e por sua causa, ambos estavam mortos.

Mais tarde, o FBI e o DEA haviam cercado a casa. Alguns homens levavam os corpos dos mortos em sacos pretos, Robb pode ver quando colocaram Jon e Sara dentro da ambulância do FBI, mas desviou o olhar imediatamente, vendo Artemisia falando com seu superior e sendo examinada por um médico.

— Evans, o que aconteceu? Eu pensei que estivesse tudo certo para capturar Montoya — Thomas, o chefe de operações do FBI, se aproximou de Robb.

— Era uma cilada, senhor — ele fez uma pausa e suspirou, querendo quebrar a primeira coisa que visse pela frente, porém se controlando. — Se me der outra chance eu posso encontrá-lo e vou fazê-lo pagar por isso.

Thomas suspirou, passando a mão na nuca e olhando em volta.

— Já perdi dois dos meus melhores agentes nessa missão impossível, Robb, precisa esquecer isso...

— Eu não vou esquecer! — gritou, chamando a atenção de alguns agentes a sua volta — Esse cara me fez de idiota pela última vez!

— Preste atenção, você não está mais no caso do Montoya! Não vou afastá-lo por todas as missões bem sucedias que teve e porque o considero como um filho pra mim, mas se suas emoções começarem a interferir em seu desempenho você vai estar oficialmente fora do FBI, agente Evans.

Robb trincou o maxilar e cerrou os punhos, logo se virando e andando na direção de seu carro. Artemisia viu a cena toda e resolveu falar com Thomas.

— Ele acha que foi culpa dele — a morena falou, cruzando os braços enquanto via Robb entrar em sua Ferrari prateada e dirigir para longe.

Thomas apenas suspirou e tirou seu celular do bolso.

— Semana que vem mais agentes chegarão em Graceland. Não podemos ficar sem pessoal lá, e a morte de Sara e Jon prejudica muito os esquemas que eles estavam envolvidos.

— Vamos consertar tudo e o disfarce não será revelado, senhor — afirmou, parecendo confiante.

— Preciso que fique de olho nele, Callas. Não deixe-o fazer nenhuma bobagem.

Artemisia assentiu, andando de volta para o local onde o pessoal do DEA estava e se perguntando se poderia se acostumar com novos agentes em Graceland depois de passar três anos com as mesmas pessoas ao seu lado.