Tudo começou a ficar escuro, em uma hora eu estava tentando ficar de pé em meu quarto e na outra eu estava imerso em escuridão. Minha mente era a única coisa consciente naquele momento, eu não sentia o meu corpo... era como se eu estivesse deixando-o. – Será que eu morri? Essa pergunta logo foi respondida e então vi que não.

Eu estava de volta ao mesmo lugar em chamas, porém agora era um quarto, um imenso quarto em chamas. Eu sentia o fogo, sentia o seu calor.... mas eu não me queimava, fiquei tão distraído pensando nisso que não me dei conta que alguém parou atrás de mim, só percebi quando suas mãos finas e elegantes tocaram os meus ombros, esse toque durou apenas alguns segundos e quando olhei novamente a vi sentada em minha frente, seus cabelos eram longos e pretos, seus olhos um azul vivo e sua pele pálida como a lua.

Ela parou por cerca de 3 minutos me olhando, me estudando... até que começou a falar.

–Leonard meu filho, sinto muito porém esta era a única forma de lhe contar toda a verdade, de falar com você, de te ajudar a entender tudo que não se encaixa. Uma lagrima caia do seu olho esquerdo.

– Mamãe? – Eu não percebi o que pronunciará, até o momento em que os meus lábios fecharam.

­– Sim meu filho, você não sabe quanto tempo eu esperei para vê-lo novamente.

Uma alegria tomou conta de mim, não sabia como mas eu estava vendo a minha mãe, ou melhor estava conversando com ela. Recuperei-me da agradável surpresa e então perguntei.

–Mas como isto é possível?

Então ela apontou para o colar que estava em meu pescoço.

–Ele me permite falar com os mortos?

–Não, ele me permite falar com você, porém isso tem um preço. Ele está usando a sua energia vital para manter essa conexão, por isso tentarei ser breve.

–Eu e seu pai não morremos em um acidente de carro como todos se lembram, ou como fizemos se lembrarem... Na verdade tentaram nos assassinar... atearam fogo na nossa casa enquanto dormíamos. Seu pai conseguiu quebrar as janelas e escapamos por pouco... porém não tínhamos muitas horas de vida... Porém tempo suficiente para que eu pudesse encontrar Yolanda, uma velha amiga minha e contei a ela toda a situação, pedi para que ela cuidasse de você como se fosse da família, então fiz o que precisava ser feito: Alterei as memorias dela, fazendo a pensar que eu era a sua irmã que tinha morrido em um acidente de carro e que você era o sobrinho dela que tinha conseguido escapar da morte. Logo após isso, eu e seu pai usamos todo o poder restante para selar sua magia e alterar as suas memorias até o dia em que você estivesse pronto. Tentaram te matar pois temiam você, pois assim como a sua vó você é especial, dentre todos do meu clã são raros o que nascem com um familiar.

Era muito para a minha cabeça, porém de alguma forma eu absorvia aquilo tranquilamente, porém algo chamou a minha atenção.

–Familiar? Como assim mamãe?

–Familiar é uma espécie de protetor, que somente alguns bruxos tem a sorte de ter. Você não os escolhe, eles que escolhem você.

–Mas como eles são?

–Eles tem duas formas, uma como humano e outra como animal, isso sem falar no vínculo de alma que possuem com os seus mestres e a conexão telepática. Agora que o selo imposto sobre si está quebrando, creio que em breve a sua familiar irá te encontrar... aliás, creio que ela viveu esse tempo todo próximo a você sem perceber isso.

Não sei ao certo quanto tempo fiquei desacordado, ou preso neste universo paralelo do qual consigo me comunicar com minha mãe, porém neste meio tempo ela aproveitou para me ensinar magia, me contar mais coisas sobre o meu passado e me ajudar a entender mais quem eu era.

****************************************************************************************************** Enquanto isso no mundo real

Já se faziam 3 meses e 8 dias desde que Leo entrará em coma misteriosamente, os médicos achavam que aquilo poderia ter sido provocado por uma anemia profunda, porém nem a medicina conseguia explicar o caso dele direito. Neste meio tempo, Luke percebeu algo estranho... as flores que tinham no quarto murchavam mais rapidamente que as dos outros pacientes. Os médicos não sabiam explicar o motivo ou o que teria causado aquele coma.

Era uma tipica manhã de sábado, Luke tinha ficado acordado até tarde conversando com o seu amigo desfalecido, ele tinha ouvido comentarem que mesmo em coma a pessoa consegue ouvir e sentir tudo ao redor... Aquele sábado tinha tudo para ser mais um sábado monótono, porém algo de surpreendente aconteceu.