Passei o restante da tarde pensando sobre tudo aquilo, eram muitas dúvidas para digerir.

–Então... você está achando que aquela silhueta, quer dizer que aquela mulher poderia ser mesmo a sua mãe? – Luke disse enfim, quebrando o silêncio.

–Cara, sinceramente eu não sei... mas sinto como se estivessem me escondendo alguma coisa.

– Leo, o que você lembra do dia do acidente? Digo... você também estava no carro mais seus pais, tem certeza que não lembra de nada?

– Não... eu já tentei me lembrar antes e todas as vezes eu senti como se minha cabeça fosse perfurada por um milhão de agulhas invisíveis. Os médicos disseram que aquilo era algo a ver com o trauma, choque pós-traumático, algo do tipo.

–Espera a mana chegar, ai ela fala com a amiga dela psicóloga... vai que ela consegue te ajudar a superar o trauma e se lembrar de alguma coisa?

– Boa ideia Luke. Agora vamos comer alguma coisa por favor, pois estou morto de fome.

Pedimos uma pizza, e quase morremos de tanto esperar. Ok, ela não demorou mais que o normal, porém estávamos com muita fome.

Esperamos Kris chegar e eu a expliquei que iria pra casa, ia vasculhar o sótão procurando alguma coisa que pudesse me ajudar a lembrar do passado, diários, fotos, anotações, qualquer coisa. Luke se ofereceu para me ajudar e então Kris nos deixou na porta da minha casa. Que não era tão distante da casa deles. Procuramos por pistas até altas horas da madrugada e não encontramos nada, aliás nada que pudesse me ajudar a responder todas as perguntas que tinha. Foi então que escuto Luke me chamando.

– Ei Leo, corre aqui cara. Olha o que eu achei.

– O que foi? Algum diário? Anotação? Fala sobre quem? Minha mãe? Meu pai? – Eu perguntei ofegante.

–Não, não é nada demais... Porém eu achei que você iria gostar.

Luke tinha encontrado um colar com um grifo entalhado em um pingente de prata. Peguei aquele colar e fiquei analisando-o por alguns segundo, até ouvir a voz de Luke.

–Leo, quem você acha que era dono desse colar? Digo... será que ele pertenceu a algum dos seus pais?

Minhas bochechas coraram com a hipótese, será que aquele colar chegou a pertencer a algum dos dois? Só em pensar nisso, junte-o próximo ao meu peito e então pedi ao Luke para que o colasse em meu pescoço.

Já estava tarde, então decidimos ir dormir, continuaríamos as buscas pela manhã.

Eram 12:50 quando acordei, o sol quente entrava pela minha janela irradiando todo o lugar, olhei para o lado e vi algo incomum, Luke já não estava mais na cama. – Como assim ele acordou primeiro do que eu? Aquilo não era normal. Fiquei tão fascinado com este fato que não me dei conta de uma coisa, esta noite eu não tive nenhum pesadelo.

Fiz minha higiene matinal e desci em direção a sala, ela estava vazia. Aliás, toda a casa estava silenciosa até demais. Procurei por Luke na cozinha, na varanda, no quintal... Eu já tinha revirado toda a casa em busca do meu melhor amigo panaca. Até que tive a ideia de ir para o sótão, terminei o meu café e subi.

Encontrei a porta do sótão entreaberta e logo pensei que o Luke poderia estar ali, mas não. Ele não estava, até poderia dizer que ele não passou por ali. Todo aquele suspense já estava me matando, me corroendo. Balancei uma das mãos na frente do meu rosto, como se tentasse afastar todos os pensamentos e tentei me concentrar na busca por respostas sobre o meu passado. Voltei a revirar os baús existentes no sótão.

Não sei quantas horas fiquei ali, mas creio que já se passava das 17hrs, foi então que ouvi um barulho vindo da sala? Ai caramba, será que tem alguém invadindo a minha casa? E agora? Fico aqui? Vou em direção ao possível ladrão? Segurei o colar com força, era como se pedisse proteção a ele e de alguma forma toda aflição começou a se dissipar... Eu estava decidido, iria ver quem estava invadindo a minha casa.