Ele caminha graciosamente em minha direção. Jonh parecia absorver tudo de belo para si. Seu cabelo loiro lhe dava um ar sedutor e real. Ele não olhava para baixo, ele tinha os olhos azuis fixos em mim. Pensei em estar corando com essa sua entrada! Por dois segundos, quase me esqueço que era esse o jogo dele! Tenho que ter foco! Ele ia cair no meu jogo! Ele se aproximou, fez uma reverência e disse:

– Boa noite, alteza!- Falou antes de pegar minha mão e beijar- lhe. Seu beijo era suave, macio,sedutor... seu beijo era incrível! Me pergunto como eu consegui tirar essas conclusões tão rápido! Ele só havia me dado um beijo! E na mão!

– Boa noite, Jonh!- Falei tentando soar sedutora.-Você é ainda mais lindo de perto!- Falei chateada comigo mesma por ser verdade.

– Alteza, nunca serei tão perfeito como a sua pele é! Macia, suave e... sedutora! Aquele que um dia for se deleitar em sua pele, este estará nas nuvens!- Falou olhando- me com aqueles olhos azuis penetrantes, que fazia qualquer uma derreter!

–Obrigada, Jonh! Diga- me, você acha que ganhará A Seleção?- Perguntei cruzando minha pernas. Apareceu um pouco mais acima que o necessário. Ele fixou seus olhas em minhas pernas e percebi sua agitação.

– Alteza, não posso lhe dizer se vou ou não ganhar. Isso dependerá da senhorita. Mas se vou fazer tudo para lhe conquistar,disso eu tenho certeza! Lutarei por você até o fim, alteza!- Falou pegando novamente minha mão. Se eu não tivesse lhe visto ontem, eu tinha caído no seu joguinho de mentira. Ele tinha uma determinação na voz. Mas sua determinação não era por mim, e sim pela coroa.

– Belas palavras! Pelo visto, os outros selecionados terão um forte concorrente! Sua determinação é visivel para me conquistar!- Falei colocando minha mão direita sobre o seu joelho esquerdo. Por alguns míseros instantes ele ficou meio perturbado com o gesto. Mas logo disfarçou e relaxou. Sorriu maliciosamente e disse:

– Alteza, se me permite. Qualquer homem fraco se torna forte para lutar por sua mão e coração. Comigo não seria e não é diferente!- Falou com a voz em tom mais baixo e sedutora. Acho que se eu colocasse um pouco de manteiga perto dele, era capaz dela derreter do calor diferente que ele transmitia.

–Nossa, nunca ouvi palavras tão encantadoras e belas como estas! Acho que você é tão bom nas palavras como em outras coisas também - Falei olhando para Jonh. Depois que ele entendeu as palavras que eu havia dito, olhou para mim surpreso por eu estar dando mole. E era essa a intenção. Ele caiu direitinho!

–Alteza, gostaria de sua permissão para falar o que tenho a lhe dizer?!- Falou baixinho ficando mais perto de mim.

–Fique a vontade!- Dei- lhe permissão para falar. Estou curiosa para saber o que ele queria falar. Se ele havia pedido permissão, era por que não era adequado a se falar a uma dama ou uma princesa.

–Alteza, tenho me guardado durante toda a minha vida pela pessoa certa. E se alguma hora a senhorita quiser saber o que faço de melhor. É só dizer... estarei sempre a sua espera!- Sussurrou baixinho perro do meu rosto. Eu sei que a primeira parte do seu sedutor discurso era a maia pura mentira! Mas não me deixei levar pelas aparências. Corei um pouco pensando que ele estava se referindo aquilo. Mas respondi:

–Claro! Qualquer dia desses vou saber quais são seu verdadeiros talentos!- Respondi olhando para baixo e mordi meu lábio inferior. Olhei para cima e vi sua expressão de triunfo por ter sido tão fácil me amolecer.- Pena que não temos muito tempo. Você poderia chamar o próximo selecionado para mim? Por favor? !- Perguntei em tom de decepção.

–Claro, alteza!- Levantou-se. Pegou minha mão e lhe deu um beijo suave e rápido. Concordei com a cabeça. Ele partiu em direção ao seu lugar. O próximo selecionado era lindo a seu modo: alto, meio musculoso, cabelos pretos ondulados. Era moreno claro. Ele caminha em passos pequenos como se estivesse nervoso. Mas seu rosto mostrava que estava feliz, a medida que chegava mais perto, esboçou um sorriso tímido. Quando chegou mais perto, percebi a cor dos seus olhos: castanhos bem claros,quase um amarelo escuro. Seu nome era Peter Lynch. Ele fez uma reverência e sentou-se. Eu disse:

– Boa noite, Peter!

– Boa noite, Princesa Eadlyn!- Falou esboçando o mesmo sorriso, porém, mais relaxado.

–O que acha do Palácio, Peter?- Falei chocada com minhas próprias palavras. Não era essa a pergunta que eu tinha em mente.

–Alteza, é simplesmente perfeito! Tudo o que uma pessoa pode querer, está aqui, sem exceção de nada!- Respondeu com os olhos brilhantes e sonhadores.

– O que você faz, quando tem tempo livre?- Perguntei tentando não parecer muito curiosa.

– Bom, quando não há nada para fazer, gosto de ler e escrever. Também gosto de ensinar crianças e jovens interessados em aprender algo sobre seus estudos. Minha família diz que é a mesma coisa que eu estar trabalhando!- Respondeu gesticulando um pouco com as mãos.

– Sério? E você trabalha com o que?- Perguntei sem esconder a munha curiosidade sobre o seu trabalho.

– Sou professor substituto do Ensino Fundamental e professor do Ensino Médio. Sou bom em quase todas as matérias. Tenho um pouco de dificuldade,ainda, em História. Me confunde um pouco a História de Illéa.- Respondeu com orgulho e decepção na voz.

– Que maravilha! Então posso dizer que há um professor conosco?!- Perguntei feliz, por ele ser tão jovem e tão inteligente.

– Alteza, a senhorita pode dizer o que quiser de munha pessoa!- Falou corando um pouquinho e fixando seus olhos em mim.

– Bom... Então, você é meio que... aventureiro?- Perguntei olhando seus braços e mãos: havia pequenas cicatrizes.

– Possa se dizer que sim! Fazer coisas perigosas era o que eu mais gostava! Mas já faz um ano que meu irmão mais velho se casou e eu fiquei para cuidar da casa. Então não tive mais tanto tempo para me divertir!- Falou sorrindo e olhando para suas próprias mãos.

– Peter, você acha que ganha A Seleção?- Fiz a mesma pergunta que havia feito aos onze últimos selecionados.

– Alteza, não acho que caiba a mim responder esta pergunta, sim a senhorita responder. Não somos nós que à escolhemos. E sim a senhorita é que nos escolhe! Então, não tenho muita certeza a isso!- Respondeu olhando fixamente para meu rosto.

– Você tem toda razão, Peter! Você foi o único, até agora, que me deu uma resposta boa e concreta. E eu admiro muito isso! Pena que temos pouco tempo, você poderia chamar o próximo? Por favor?!- Perguntei com uma voz suave e doce.

– Claro, alteza! É uma grande honra ter conversado com a senhorita.- Respondeu levantando- se e partiu.

Eu estou com sede e peço a uma criada um pouco de água. Ela trouxe a tempo para eu perceber quem era o próximo: o rapaz que havia me defendido quando estava de criada e que me fez rir no café da manhã. Ele era alto, meio musculoso (só que pra mais), cabelos pretos e ondulados. E seus olhos eram azuis, percebi a medida que chagava mais perto. Olhei seu broche e li: Deryn Grace. Sorri quando ele me olhou. Ele retribuiu o sorriso, mas o seu era travesso e sedutor ao mesmo tempo. Ele fez uma reverência e sentou. Falei:

– Boa noite, Deryn!

–Boa noite, alteza!- Respondeu tranquilo como se me conhecesse a muito tempo.

– O que você faz na sua província?- Peguntei curiosa olhando seus braços com pequenas e médias cicatrizes.

– Eu trabalho na maior parte do tempo. Ajudo as pessoas em tudo. Faço praticamente quase tudo o que uma mulher fazer e tudo o que um homem pode fazer! E quando tenho algumas horas vagas eu me divirto com a galerinha lá da rua de casa.- Ele respondeu como se o que ele fazia, fosse algo que não importasse muito.

– Sério? Então, você deve fazer comida?!- Perguntei rindo baixinho incrédula que fosse verdade!

– Sim. Eu faço quase todo o tipo de comida!- Falou rindo da minha expressão de surpresa.

–Certo então! Eu lhe desafio a fazer qualquer tipo de comida! Mas, tem que ser uma que me surpreenda! O que você deseja em troca?- Perguntei parecendo uma criança quando quer algo. Acho que toda a minha graciosidade havia ido embora. Porque ele me olhou surpreso. Ele esboçou aquele sorriso travesso e sedutor ao mesmo tempo! Disse:

– Aceito seu desafio!- Sorriu e desviou seu olhar para os outros participantes.- Mas acho que o que eu quero... talvez lhe assuste um pouco.

– Hã? Me assustar? Certo, diga- me logo o que você deseja!- Falei meia confusa. Não esperava que o seu pedido me assustasse.

– Algumas dessas cicatrizes que tenho no braço.- Ele fez uma pausa e mostrou algumas cicatrizes.- É por que treino. Então, o tempo que eu passar aqui, não poderei treinar! Vou ficar fora de forma e mais preguiçoso! Além que eu não vou me divertir! Se você não gostar da comida,não será necessário me dar a espada. Se você gostar, terá que me dar uma. E não vale mentir se a comida estiver boa!- Falou ele apoiando os cotovelos nos joelhos e ficou me observando pensar.

Se eu disser que sim, poderia me meter em encrenca por desviar armamento a um dos selecionados. Se eu disser que não, eu não irei saber se a comida dele é boa. Mas acho que fazer isso em segredo não prejudicaria ninguém.

–Certo, aceito o que você diz. Mas, ninguém, nem mesmo os selecionados ou os criados não poderão ficar sabendo disso! Se meu pai souber... Talvez eu morra solteira! Então acho bom você não falar nada!- Falei mais perto do seu rosto. Pude até sentir a sua respiração.

– Certo, então que dia irei preparar a nossa comida?- Perguntou ainda sussurrando perto de mim.

–Você receberá o convite um dia antes para ficar ciente do que fazer!- Falei voltando a minha posição inicial.

– Tudo certo,então! Estarei esperando por seu convite, alteza.- Falou enquanto se levantava para ir ao seu lugar. Não foi preciso eu pedir a ele para ir. Ele mesmo foi embora. Tantos querendo passar mais tempo comigo e ele saiu sem mesmo a minha permissão. Aquele gesto dele me faz acreditar que ele era mais rebelde do que eu pensava.

Terminei de fazer as entrevistas. Levanto e vou para mais perto deles. Quando percebem que eu estou a caminho,param de conversar e olham todos para mim.

– Vocês estão todos liberados, só quero que fiquem aqueles que pedi para ficarem no final. Por favor!- Pedi a eles, varro meus olhos pelos salão e vejo alguns olhares confusos. Deparo- me com Jonh observando-me. Sorrio para ele e ele esboça aquele sorriso quente e sedutor dele. Olho para Peter que concorda com a cabeça e é o primeiro a se levantar. Olho para James que permanece sentado. Vejo Deryn me olhando com um sorriso travesso, retribuo com uma sobrancelha levantada e ele começa a sorrir mais ainda. Contive para não começar a rir também.

Quando o Salão ficou só com os dez que eu havia pedido para ficarem. Falei:

– Grata estou por tê-los conhecidos. Mas, vocês irão embora amanhã cedo. Arrumem suas malas. Vocês voltaram para as suas províncias.

Alguns ficaram perplexos com a notícia. Alguns sorriram de alegria. Fiz uma reverência delicada para eles e sai

Restaram apenas vinte e cinco jovens lutando pela coroa.