A Esfera dos Renegados escrita por Boo, Jr Whatson


Capítulo 7
Notícias explodem


Notas iniciais do capítulo

" Menina, você pode ser mais Clara, por favor? " — ESTÊNDIDO, Peagá.



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Capítulo VII - Notícias explodem

 11/03/16 

Peagá's POV

"Pobre menino. Já perdeu tanto. Prisão nos leva a ter espanto."

Essa frase se repetia na minha cabeça. Por algum motivo que eu não sei qual, eu não conseguia ver algo fixamente. Era sempre um festival de cores, mudando de branco para rosa, de rosa para azul, de azul para amarelo e outras cores. E a maldita frase se repetia todas as inúmeras vezes em que a cor que eu via ir embora para outra ser posta no lugar.

Acordei. Era tudo um sonho, mas a frase continuava na minha cabeça. Até eu descobrir que não era eu, ou minha consciência, que me pregava uma peça. A maluca da Julieta estava falando dormindo na cama ao lado. Sempre a mesma frase.

— Julieta! Acorda!

— ... Nos leva a ter espanto. — Ela murmurava.

— Que espanto o quê? Acorda logo, menina! — Insisti, tirando seu cabelo preto enrolado da frente de seu ouvido para ela ouvir melhor. — Se não, seu espanto será o meu canto.

— O QUE?! — Ela acordou subitamente, assustada. — Não. Por favor, não!

Clara's POV

Finalmente minha melhor amiga vinha comigo até minha casa. Por causa de seu trabalho pesado em sua doceria, Louise Barros nunca chegou a vir até minha casa, mesmo que eu a tivesse convidado várias vezes. Mas hoje, havia uma folga.

Subindo a pequena escada em frente à minha porta, a menina quase deixou sua cesta cheia de brownies cair no chão.

— Louise! — Chamei a atenção, procurando a minha chave dentro da bolsa. — Cuidado aí! Minha mãe vai adorar seus brownies, então não os perca.

— Foi só uma vez, guria. — Louise falou de volta. — Abre logo, então.

— Não dá, não estou achando a chave. — Toco a campainha. — Espero que minha mãe já tenha chegado em casa. Ela me falou que estava com uns problemas.

A porta abriu. A Sra. Berg estava à minha frente.

— Oi, mãe! — Cumprimentei a senhora de cabelos longos e pretos que nem os meus, só que lisos. — A Louise finalmente veio.

— É... — Ela disse, com uma expressão um pouco risonha. — Estou vendo você alegre.

— Boa noite, Sra. Berg. — Louise a cumprimentou, também.

— Boa noite, Louise. Eu quero me desculpar com você, porque hoje não é o melhor dia para a gente receber visitas.

O sorriso habitual de minha mãe hoje não estava em seu lugar. Ao olhar para seu rosto, podia perceber que ela estava preocupada com alguma coisa, ou até mesmo alguém.

— Pooooooooxa... — Minha amiga ao meu lado ficou tristonha, olhando para baixo.

— Pode ficar, Louise. — Mamãe continuou. — Não vou estragar a primeira vez que você vem aqui em casa, mas te digo uma coisa: Não serei do jeito que sou normalmente. Hoje algo realmente me abalou, o que me deixou triste.

Eu e Louise afirmamos com a cabeça e continuamos olhando para o rosto de Rita Berg, esperando ela falar mais alguma coisa.

— O que estou dizendo? — A mulher deu um sorriso. — Olha como estou agindo... Entrem! Entrem! — Disse ela, fazendo um gesto com a mão nos chamando.

Dei um sorriso idêntico ao de minha mãe, rindo da situação. Ao entrar, notifiquei que a vassoura que sempre fica ao lado da porta de entrada estava caída no chão. Isso só acontece quando temos uma visita em específico.

— Si! Jan! — Gritei para todas as pessoas dentro da casa ouvirem. — Onde estão vocês duas, suas danadas?

Virei a curva que liga a sala à cozinha e vi as duas crianças sentadas, comportadas, à mesa.

— Ué.

Minha mãe trazia Louise consigo atrás de mim. Si, minha irmã mais nova, deu um pequeno sorriso ao ver a visita. Ela estava com seu livro de inglês da escola aberto sobre a mesa.

— I Si Berg. — Só se estivesse estudando ou treinando para se apresentar desse modo para Louise.

Louise deu uma risada e se apresentou logo depois de todas nós sentarmos em nossas cadeiras.

— Titanic? Lu Barros.

Mamãe revirou os olhos e fez uma pergunta para nós.

— Vocês querem alguma coisa pra comer ou beber? Vocês devem estar cansadas.

— Não. Tudo bem. — Louise respondeu. — Conte-nos o que tem que contar primeiro.

— É. — Concordei. — Estou curiosa.

— Tudo bem. Vou ser direta, então, porque estou com fome. — Ela começou. — A Sra. Kabroom morreu, um de seus filhos desapareceu e o outro foi preso. Tudo que restou da família está aqui em casa. Jan tem um plano. Precisamos da sua ajuda, Clara.

∴ 12/03/16 ∴

Peagá's POV

Com um golpe pelas costas, mandei Lavínia para fora da arena.

— Ganhei de novo! — Disse, ao mesmo tempo em que meu personagem aparecia na tela da TV, vitorioso.

— Não vale, também! — Lavínia mostrou seus olhos ferozes para mim. — Você me atacou enquanto eu estava olhando o cachorrinho fofinho ali do canto!

Ri da insatisfação dela.

— Você não entende? — Tento explicar. — Esse cachorro foi um item que eu taquei em você justamente para atrapalhar sua atenção.

— Não importa! Não vale!

— Claro que vale! Se está no jogo, é pra usar! Eu não reclamei quando você me matou com aquele martelo "apelão"!

A mulher de 23 anos ficou sem palavras, com seus olhos verdes escuro virados para sua personagem caída no chão, mostrada na TV.

— Como vocês aguentam jogar isso por tanto tempo? — Julieta vinha da cozinha, trazendo biscoitos. — É chato. Entediante. Sempre a mesma coisa. Como?

— Ah, ele é legal. — Lavínia respondeu. — Só é chato quando se joga com o Peagá ou o Ty. Eles são muito "hackers". — Quando ela bufou, os seus fios loiro escuro que estavam soltos voaram para o lado, já o resto estava preso em um rabo de cavalo.

— Por falar em Ty... — Mudo o assunto. — Onde estão ele e o Beno? Aqueles moleques falaram que iriam chegar ao meio-dia! São quase duas horas e nenhum sinal deles.

Lavínia estava se jogando nos biscoitos da Julieta.

— Nham! — Ela conseguiu pegar um, mesmo com a dona atrapalhando. — Eles devem chegar a qualquer momento. — Ela falava de boca cheia, mas incrivelmente eu conseguia entender. — O Ty não é de se atrasar. Que estranho.

Julieta revirou seus olhos escuros e escondeu a bandeja com biscoitos atrás de si mesma. A campainha da casa soou.

— Eu atendo. — Disse, enquanto me levantava do sofá para ir até a porta. — Por favor, sejam eles. Estou preocupado. — Sussurrei enquanto chegava perto.

Abri a porta devagar, torcendo para que fossem os irmãos Kabroom.

— Residência de Peagá Estêndido e Julieta Barcelos. Em que posso ajudar? — Falei mesmo sem enxergar alguém.

— Sim. Pode. — Uma jovem aparentemente um pouco mais jovem que eu estava à minha frente, porém ela era muito baixa, por isso não a consegui ver de primeira.

— Olá, pequena menina de cabelos cacheados. Em que posso ajudar? — Lembro a ela que minha pergunta foi direta, um pouco irônico. O que não lhe deu uma boa expressão.

— Eu vim dar uma carona a uma amiga sua. — Ao mesmo tempo em que ela apontou com o dedo para trás, um passarinho pousou em sua cabeça, o que eu achei bem estranho, mas a menina não se importou.

Atrás dela, havia um carro rosa, daqueles bem chamativos mesmo. Uma menininha saiu de lá de dentro. Uma menininha que eu conheço bem.

— Tio! — A pequenina veio correndo me abraçar, enquanto eu me agachava para ajudá-la.

— Você sabe que eu não sou seu tio, Jan! — Reclamei, mas depois descobri que ela não estava exatamente feliz em me ver. — O que houve?

A outra menina ficou um pouco inquieta.

— Senhor irônico, meu trabalho aqui está feito. — Ela disse. — Eu queria ver como é a Julieta, mas infelizmente foi você que atendeu a porta, então adeus.

Estava estampado na testa dela que ela não tinha gostado de mim. Ela voltou para seu carro fru-fru, onde uma amiga dela, talvez, estivesse sentada no banco de carona. Com isso, elas foram embora.

— Vamos entrar, tio. — Jan pediu. — Quero explicar para todo mundo ao mesmo tempo.

— Ué. — Lavínia riu quando trazia a pequenina comigo para dentro. — Esperamos dois Kabroom e recebemos outra?

Julieta se sentou ao lado de Lavínia em um sofá, escondendo os biscoitos, enquanto eu e Jan sentamos no outro.

— É porque eu talvez não tenha notícias ale- — Jan começou. — Biscoito!

Ela correu até Julieta.

— Tia! Me dá biscoito! Biscoito! Quero biscoito! Seus biscoitos são muito bons! Um pouco de biscoito, tia! Mentira! Quero muito!

— Obrigada por dizer que eles são bons. — Julieta começou. — Mas não me chama de tia, pirralha! Você sabe que eu odeio!

— Desculpa, tia. Mas me dá biscoito?

Julieta fez uma expressão cansada e cedeu seu lugar para Jan, deixando a bandeja de biscoitos para a menina e Lavínia.

— Yay! — Lavínia falou um pouco alto, enquanto estava em uma competição de quem pegava mais biscoito e Julieta sentava ao meu lado. — Tem certeza que essa garota é irmã do Ty? Não é possível.

Ela pegou a garrafa de vinho que estava na mesa no meio de todos e bebeu um grande gole. Em seguida, deu um arroto e riu.

— Então, Jan... — Decido ignorar Lavínia. — O que você queria nos contar?

— Ah, sim. — Ela parou de pegar biscoitos para comer. — Ontem, lá em casa, estava eu e mamãe na cozinha, enquanto ela preparava a janta e eu batucava na mesa. — Ela falava isso enquanto batucava no braço do sofá e estava com uma expressão triste que até agora não entendia. Ela sempre foi tão alegre.

— Vocês adoram batucar, não é? — Julieta falou. — Isso é um pouco irritante.

— Eu sei. — Jan respondeu. — Mas a jogada não é essa. Quando os meus irmãos chegaram, nós começamos a comer, mas quando eu acabei, eu fui pro andar de cima. Aí... — Ela parou.

— O que foi, menina? — Perguntei, bastante interessado. — Diga logo.

— ... Eu ouvi um barulho de vidro quebrando e desci as escadas, só que haviam dois homens vestidos de ninja lá.

— O que isso significa? — Lavínia perguntou, sem entender.

— Acho que deve ter sido um assalto. — Julieta respondeu. Jan afirmou com a cabeça. Julieta era tão esperta.

— Eles estavam nos assaltando, mas eu continuei no meio da escada, para não ser vista. Assistindo tudo. Eles queriam "o tesouro da família", que eu não entendi direito o que era, mas era muito importante.

— O que era esse tesouro, afinal? — Perguntei.

— Meus irmãos também não sabiam o que era. Eu já chego nessa parte. — A menina continuou. — O Ty deu um soco no homem que parecia ser o chefe, mas ele acabou amarrado, junto com Beno, em uma corda que eles trouxeram para a nossa casa.

— Esse é o meu amigo! — Exclamei.

— Tão idiotas... — Julieta falou.

— Depois disso, o mais fraco ficou na cozinha enquanto o chefe andou pela casa com a minha mãe para procurar o tal tesouro. — Jan continuava falando, não ligando para os comentários. — Foi nesse momento que eu descobri que a coisa era uma bolinha diva.

— Bolinha diva? — Os três adultos perguntaram ao mesmo tempo.

— É. Uma bola com uma luz forte, não consegui ver direito. Quando eles chegaram de novo na cozinha, mamãe jogou a coisa nos meus irmãos e quando consegui enxergar de novo, o Beno não estava mais lá. Nem a bola.

— Isso não faz sentido. — Julieta disse. — Quanto tempo se passou desde o momento em que eles chegaram na cozinha e você conseguiu enxergar?

— Cerca de três segundos. Foi surpreendente. Mas essa não é a pior parte.

— Seu irmão desapareceu. Essa não é a pior parte?

— Por ter jogado o tesouro fora, o bandido-chefe matou a minha mãe. — Ela explicou com lágrimas saindo de seus olhos.

Eu fiquei mais chocado que as outras duas, mas isso não quer dizer que elas não ficaram. Eu conhecia a senhora Kabroom há tanto tempo... Não acreditava que isso poderia ter acontecido.

— Sendo assim, de algum jeito a polícia estava chegando. Aí os bandidos fugiram e como não tinha mais ninguém na casa, prenderam o Ty.

— Policiais idiotas! — Exclamei, com todas concordando. — Como puderam fazer isso?

— Não sei! O que aconteceu depois, menos ainda. Eu fugi para a casa da vizinha, que é minha amiga da escola. Ela me ajudou a chegar até aqui e contar a vocês. — Lembrei da menina que a trouxe. Talvez fosse a irmã ou prima da amiga de Jan.

— Vamos tirar ele da cadeia! — Lavínia gritou, já bêbada.

— Não seja estúpida. — Disse. — É claro que isso não vai funcionar.

— Na verdade... — Jan começou. — Era essa a minha ideia. Por que não funcionaria?

— Apesar de eles não pensarem, Jan, os policias da nossa cidade são decentes o suficiente para não deixarem alguém escapar.

— Quê?! — Lavínia perguntou. — Deu na TV ontem que dois pirralhos escaparam do manicômio. Não deve ser tão difícil.

— Lavínia. — Eu disse. — Você não tem TV.

— Jornal, sei lá. Eu estou bêbada! Você acha que eu lembro? — Ela começou a rir, sem ter nenhum motivo aparente.

— Por que eu fui ser amiga justamente dessas pessoas? — Julieta se perguntou. — Você se salva, Peagá. Agora vamos salvar nosso amigo?

— Salvar aquele gatinho? — Lavínia perguntou. — Vamos detonar a delegacia.

— Lavínia. — Chamei sua atenção. — Você realmente deveria parar de beber.


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Notas finais do capítulo

Mais informações sobre 5 personagens
Jr
:210 (25/02/2015)



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