Verossímil escrita por Luna


Capítulo 2
Linguagem visual


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo saiu mais fantasioso. Espero que gostem.



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O barulho incessante do ponteiro e da marreta sobre o calcário me dava à certeza do continuo trabalho do nosso artista apadrinhado Jorge Neiame.

Só por este motivo que ele continuava aqui na casa do Senhor, sendo alimentado e bem tratado. Para bater suas ferramentas na pedra e criar belas esculturas de passagens bíblicas que serão colocadas na nossa igreja, com uma boa ordem, princípios estéticos e tudo como manda o figurino.
Porém como o Neiame é todo “fresco” e só trabalha quando está inspirado, ouvir esse ruído estridente me deixa realmente feliz.

Eu só tenho que me lembrar que o barulho me deixa feliz e não irritado.

Oh Deus, eu não estou irritado! Que sentimento mais pecaminoso.

Mas tenho que convir que hoje o barulho está passando do limite! Bem mais alto e acelerado que o normal, deixando minha pobre cabeça idosa confusa. Não consigo nem ao menos rezar o Pai Nosso sem confundir toda a oração. O que ele poderia estar fazendo a esse ritmo insano? Geralmente leva-se algum momento e certo estudo para decidir como fazer o próximo movimento e hoje é “PLOFT” depois de “PLOFT” e mais “PLOFT”.

Por fim larguei minhas obrigações paroquiais para observar o que acontecia no pavilhão um tanto afastado da igreja.
Porém minha velhice me restringiu a passos lentos e a um grande cansaço a meio caminho.
Tive que parar e tomar fôlego, (espere um segundinho mais...) depois continuei rumo aos misterioso som.

A cada passo que adentrava naquele habitáculo me senti mais envolvido pelo sentimento insano atribuído aqueles ruídos. O que poderia ser?

Meus caminhar começou a ser mais ligeiro e finalmente cheguei ao meu destino, logo meus olhos trataram de pregar-me uma peça.
Ou, se a minha vista não tivesse qualquer engano o homem a minha frente construía um santuário ao demônio!

–Neiame. – esperei que ele se virasse e me olhasse, logo que o fez continuei a falar. – Poderia me explicar o que é isso?!

Seu sorriso zombeteiro me deu a agonia de presenciar o próprio filho de Satã, um arrepio percorreu todo meu corpo e o medo se instalou em mim.

Ele se levantou e veio todo contente em minha direção fazendo gestos exagerados.

–É o futuro!

–Futuro? – falei assustado, tentando fugir de qualquer contato.

–Sim, olhe essas torres enormes! Deus veio a mim por meio de sonhos e me disse que isso irá se chamar Prédio.

–Prédio?

–Sim! E esses quadrados menores são casas modernas.

–Casas?

–Modernas! Aqui temos um Avião! Ele transporta pessoas!

–Voando?

–Voando!

Definitivamente o demônio tinha se apossado do corpo do pobre coitado, ele delirava e eu precisava logo começar um exorcismo.
Só espero que eu ainda tenha força para um na minha idade.

–E isso aqui no canto? – interagi para deixa-lo ocupado e distraído.

–Automóveis, não são incríveis?

–Claro.

Fui ao seu encalce e lhe joguei água benta, depois abri a bíblia e fiz meu trabalho.

Claro que depois desse incidente terrível ele foi mandado embora. Minha vontade era manda-lo para o tal Brasil que ele criou, porém não foi possível.

Brincando de Deus, vê se pode.

Era um bom escultor, uma pena não ter seguido as regras.

Renascimento


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Notas finais do capítulo

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