Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 32
Capítulo 2 x 8




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Lucas

Lucas estava terminando de se arrumar. Era sábado e Noah o havia convidado para almoçar na casa dele, era um convite irrecusável na companhia de alguém incomparável.

Lucas foi até o seu criado mudo pegar a carteira. No entanto ele não se conteve e então abriu a gaveta pegou uma caixinha toda decorada em tiras de vários tons de azul. Ele abriu a caixa e viu a primeira foto que ele havia tirado com Noah, no Pico do Caledônia. Havia várias fotos deles juntos ali naquela caixa, porém aquela era de longe a mais importante pra ele, pois para Lucas aquela foto retratava o primeiro momento que ele havia tido com ele.

Alguém bateu a porta.

– Entra. – disse Lucas se apressando em devolver a caixa e as fotos à gaveta.

Era sua prima Camila, meses haviam se passado ele ainda continuava morando em sua casa. Ele sabia que por Camila e Diogo, ele poderia ficar o tempo necessário. Mas Lucas sabia que já estava na hora de ter o seu próprio espaço.

Camila estava usando uma calça de ginástica preta e uma camisa de manga curta com a estampa de uma bailarina na frente, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo.

– Posso falar com você? – perguntou ela ainda da porta.

– Claro. – respondeu ele.

Ela sentou na beira da cama e olhou em volta, como quem procurava alguma coisa.

– Você está lindo! – o elogiou Camila. – Tudo isso, só pra ir almoçar com meu cunhado?

Lucas não pode deixar de demonstrar que havia ficado com vergonha, afinal ele sempre queria impressionar Noah.

– Sim. – ele respondeu.

– Eu acho que vocês dois formam um casal lindo. – comentou sua prima, passando a mão sobre o cobertor aveludado que forrava a cama –, porém eu não sei o que vocês estão esperando pra ficarem juntos.

– Prima, meu sonho é ter uma vida ao lado dele. – Lucas falava de maneira tranquila, mas demonstrando ao mesmo tempo medo naquilo que dizia. – Mas será que é isso que ele quer? Será que ele me ama na mesma proporção que eu o amo? Será que sou eu o cara, com quem ele quer recomeçar?

– São perguntas que remetem a uma única palavra como resposta. – respondeu Camila.

– E que palavra seria essa?

– Arriscar. – sua prima lhe esboçava um sorriso sincero, carregado de ternura e compreensão. – Você precisa arriscar em saber o que ele quer, em até aonde vai o amor dele por você e até onde você está disposto a ir para poder começar algo com ele, pois se pararmos pra pensar. Vocês não podem recomeçar o que nunca tiveram.

Lucas se viu admirado, pelo modo que sua prima o entendia e o aconselhava.

– Eu preciso dar o primeiro passo pra realizar o sonho de viver uma vida ao lado dele. – falou Lucas se jogando na cama e abrindo os braços.

– Você precisa dar o primeiro passo em direção aquilo que te leve a uma perspectiva próxima a realidade daquilo que você sonha. E quer pra sua vida. – argumentou Camila também se jogando na cama.

Uma criança entrou no quarto correndo. Era D. Lucas.

– Mãe, meu pai tá te chamando na cozinha. – informou a criança.

– Diga a ele que já vou. – pediu Camila.

A criança saiu do quarto correndo, somente quando Lucas viu o filho de sua prima de costas, que foi perceber que a criança usava um pequeno lençol amarrado frouxamente no pescoço, parecendo uma capa de super-herói.

– O pai dele deve estar tendo dificuldade pra preparar o macarrão instantâneo. – disse Camila.

Lucas sorriu.

– Vai lá socorrer ele.

Camila deu um beijo na testa de seu primo e se levantou da cama. Ela aproveitou e se deu uma breve analisada pelo espelho que mostrava o reflexo de uma bela mulher.

– Camila, eu posso lhe fazer uma última pergunta. – indagou Lucas.

– Sinta-se à vontade. – respondeu ela, ainda se olhando no espelho.

Ele agora se sentava na cama com a postura ereta e ajeitava os óculos sobre o rosto.

– Qual é o primeiro passo a se dar para começar algo com alguém? – Lucas a olhava esperando uma resposta satisfatória.

– Não ter medo de se expor. Não ter medo de ficar vulnerável, nem que seja por minutos. Não ter medo de se deixar render aos encantos e desencantos que lhe oferecem o amor. – respondeu Camila saindo do quarto. – Resumindo tudo o que falei. O primeiro passo é não ter medo.

Ela fechou a porta e Lucas ficou sozinho novamente em seu quarto. Agora era ele quem se encarava no espelho, ele imaginou se o espelho pudesse mostrar o interior. Se isso acontecesse, iria mostrar de um modo não literal, todo o turbilhão de sentimentos que faziam uma tremenda farra dentro dele. Lucas se deu uma última olhada e deu língua pra si mesmo.

Lucas saiu do seu quarto e desceu as escadas correndo, enquanto passava pela sala viu D. Lucas vendo um filme infantil e sua irmã Pérola brincando dentro do famoso chiqueirinho para bebê. Ele continuou seu caminho e seguiu para cozinha. Quando chegou à cozinha viu Diogo com um avental de cozinheiro, que não conseguia cobrir nem um terço do corpo malhado.

– O que você está fazendo com esse avental? – perguntou Lucas.

– Sua prima ainda continua com aquela ideia fixa de que eu devo aprender a cozinhar. – respondeu Diogo fazendo uma careta.

– Você precisa aprender a fazer pelo menos um macarrão instantâneo. – interveio Camila.

– Camila essa já é a quarta panela de macarrão que não dá certo. – explicou Diogo puxando os cabelos, como se estivesse ficando louco.

– Tudo bem! Eu só vim avisar que já estou indo. – Lucas olhava Camila despejar mais uma panela de uma espécie de papa no lixo. – Boa sorte ai Diogo. – ele agora fazia um sinal para Diogo de que tudo iria dar certo.

– Manda um abraço pro meu irmão e fala com ele que ligar uma vez ou outra não mata. – falou Diogo, se preparando para tentar fazer um macarrão – de novo.

– Até mais tarde. – se despediu Lucas.

Lucas saiu da cozinha e foi para garagem. Ele já havia pedido o carro emprestado ao Diogo noite passada, assim que entrou no carro, abriu a porta luvas e pegou o controle do portão da garagem. Enquanto o portão ia se abrindo, Lucas foi se ajeitando e vendo se estava tudo nos conformes para poder dar a partida. – Estava tudo certo e então ele saiu.

***

Em menos de 10min ele chegou a frente ao prédio onde Noah residia, mas um pequeno contratempo o obrigou a ficar cerca de 20min dentro do carro. Era a árdua batalha de se esperar uma vaga para estacionar o carro. Lucas já estava prestes a sair à procura de uma vaga, nem que fosse um pouco longe da casa do Noah, quando viu que um senhor entrava em seu carro e assim deixaria uma vaga livre.

Lucas não queria chegar à casa de seu amado com as mãos vazias e então resolveu dar um pulo no mercado ali perto. Ele atravessou a rua e foi ao mercado, chegando lá foi direto para o freezer onde ficavam os sorvetes. Olhando para os vários sabores que estavam ali na sua frente, lhe ocorreu que ele gostava do sabor chocolate, Noah morango e ambos gostavam de creme. Lucas levaria o sabor napolitano.

Ele viu a Dona vera no mesmo local de sempre vendendo suas flores. Noah havia lhe contado que ali sim, estava uma mulher de fibra e guerreira. Lucas viu também seu Francisco atrás de sua bancada, cumprindo com o seu dever porteiro do edifício.

– Olá seu Francisco! – Lucas o cumprimentou.

– Olá meu jovem! – retrucou seu Francisco.

Lucas decidiu ir de escada, em vez de esperar pelo elevador. Ele subiu as escadas calmamente sem correr, sem se afobar em chegar logo ao destino. Finalmente ele havia chego a porta do apartamento e não chegou nem mesmo a meio segundo quando a porta se abriu.

E lá estava Noah com seus cachos totalmente desgrenhados, barba muito bem feita, olhos negros cintilantes. Ele não usava uma camisa, apenas um short verde musgo e pendurado em seu ombro esquerdo tinha uma toalha de prato.

– Como vai Lucas? – perguntou seu anfitrião abrindo quase que totalmente um sorriso.

– Estou bem! - Lucas respondeu e lhe entregando a sacola. – Eu passei no mercado e comprei sorvete pra sobremesa.

– Gentileza sua. – Noah pegou a sacola –, nosso almoço está quase pronto. Vamos lá, entre. – ele o convidava a entrar.

Noah seguiu para cozinha. Lucas fechou a porta e seguiu atrás dele. O cheiro que vinha cozinha estava ótimo.

– Qual será o cardápio? – Lucas puxava banco e se se encostava à bancada.

– Bolo de carne. – Noah tentava arrumar um lugar no congelador onde pudesse colocar o sorvete

– Me explica uma coisa... Como você consegue fazer um bolo de carne e Diogo não consegue fazer um simples macarrão instantâneo? – Lucas cruzando os braços.

– Diogo não gosta de cozinhar, aquele lá gosta de pegar as coisas prontas, pelo menos quando se trata de comida. – respondeu ele.

Lucas começou a ajuda-lo arrumar a bancada para o almoço. Enquanto um ia passando um pano sobre a bancada o outro ia pegando os pratos e talheres.

– O bolo parece estar delicioso. – Noah estava agachado em frente ao forno, com uma toalha em volta das mãos, que ele usava na intenção de se proteger da quentura da vasilha.

O cheiro que exalou pela cozinha assim que ele abriu o forno, era divino. Lucas se pegou lembrando da comida de sua mãe.

Seu amigo pousou a vasilha com o bolo de carne em cima de uma toalha de mesa que estava dobrada em várias camadas. Noah parecia estar satisfeito com o que apresentava e esboçava um sorriso maravilhoso e apaixonante.

– Vou ir vestir uma camisa pra podermos almoçar. – ele colocou a toalha sobre a bancada e foi em direção ao seu quarto.

Lucas ficou ali sentando no banco o esperando voltar e em um minuto ele estava de volta, agora vestindo uma camisa com a máscara do homem de ferro, estampada na frente.

– Vamos comer? – perguntou Noah sentando-se em um dos bancos.

Lucas concordou balançando a cabeça.

Noah o serviu primeiro e depois a si mesmo. Ele ficou observando Lucas se preparar para comer o primeiro pedaço. Lucas levava o garfo com o pedaço lentamente até sua boca. Ele queria torturá-lo nem que fosse de brincadeira.

– E ai? Ficou bom? – perguntou o cozinheiro da rodada intrigado em saber a resposta.

– O homem que casar com você, com certeza está feito. – Lucas o elogiou.

E Noah apenas sorriu.

***

Depois do almoço eles arrumaram a cozinha e lavaram a louça. E agora estavam sentados no chão da sacada se deliciando com o sorvete.

– Como foi a visita a sua mãe? – perguntou Noah levando uma colher de sorvete a boca.

– Foi boa, tirando a parte que... – Lucas interrompeu no mesmo instante o que pretendia dizer.

– Tirando que parte? – Noah o olhava de banda.

– Meu “ex” me procurou. – respondeu ele.

– Isso é normal. – Noah desviou o olhar na tentativa de dar entender que não se importava, quando na verdade bem lá no fundo estava morrendo de ciúmes.

Lucas olhou para o pote e viu que os dois só haviam comido o sabor flocos e deixado o morango e o chocolate. Lucas por pura diversão pegou um pouco de sorvete de morango com o dedo e passou no rosto de Noah.

– Sério? – indagou Noah se virando para encara-lo.

– Desculpa... Deixa-me limpar. – disse Lucas levando sua mão direita até o rosto dele e o tocando com suavidade.

O olhar de Noah estava fixo nele. Lucas começou a sentir seu coração acelerar e no seu interior parecia ter algo o queimando por dentro. Ele entendeu que era a sua imensa vontade de dar o primeiro passo, criando uma combustão dentro dele que estava fazendo o gelo do medo se derreter para que a coragem o impulsiona-se. E foi o que aconteceu, seus lábios gelados com gosto de sorvete sabor flocos encontrou-se com os de Noah. E definitivamente aquele sabor se tornou deles. Só deles.


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