Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 33
Capítulo 2 x 9




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Sophie

Shophie estava terminando de se arrumar para se encontrar com Laura e Beatriz no Kalil, já fazia meses que ela não via Beatriz. E Laura estava na cidade há cinco dias e ainda não havia visto ninguém do Grupo a não ser ela. Aquela seria a noite das meninas.

Ela conseguiu ouvir os gritos de frustração de Hudson que estava assistindo a uma partida de rúgbi, que pelos berros, parecia ser muito importante. Ela estava com um vestido negro estilo piranha como sua amiga Beatriz costumava dizer, mas piranha de família. Ela não pode se negar um sorriso.

– AMOR, SEU TAXI CHEGOU. – Hudson gritou da sala.

Ela não iria gritar em resposta, apenas pegou sua bolsa e celular e saiu do quarto. Para descer as escadas ela precisou pegar firme no corrimão da escada, para se assegurar que não fosse cair devido a finura de seu salto alto. Chegando a sala conseguiu ver as costas de Hudson. Ela então pigarreou

– E então, como estou?

Hudson teve que se levantar e virar para poder ver por completo o que se deslumbrava em beleza a sua frente.

– Nossa! – Hudson maleava o controle da TV como se fosse uma espada. – Você está linda meu amor.

A distância entre os dois iam se encurtando a cada passo que ambos davam.

– Lhe busco que horas? – ele colocava suas mãos sobre a cintura dela.

– Eu te ligo avisando. – respondeu Sophie deslizando seu dedo indicador sobre o peito de Hudson.

Os dois se beijaram, mas o beijo foi breve. Pois a buzina do taxi a fez lembrar do compromisso.

– Até mais tarde amor. – disse ela lhe dando um selinho.

– Até mais tarde.

Quando abriu a porta principal a noite já se manifestava. As estrelas estavam a posta e a lua estava lá pra iluminar aquela noite. No entanto a lua dessa vez quis usar um vestido de nuvens para esconder um pouco de seu brilho pálido.

Sophie entrou no taxi, o carro tinha um cheiro bem agradável.

– Pra onde senhora? – perguntou o taxista a olhando pelo retrovisor.

– Para o Kalil, por favor. – respondeu Sophie.

O caminho até o seu destino foi tranquilo, não tinha transito, só vaia bares e mais bares lotados. Afinal era sábado.

Shophie chegou muito rápido ao Kalil. Ela pagou o taxista e foi procurar suas amigas. Beatriz e Laura estavam em uma mesa do lado de fora do bar. Beatriz estava bebendo água e Laura refrigerante.

– Halo Girls. – disse Sophie puxando uma cadeira para se sentar. – Pelo visto só eu irei beber de verdade hoje, – ela agora colocava sua bolsa em uma cadeira vazia ao seu lado.

– A piranha de família... Você sabe porque não vou beber. – Beatriz acariciava sua própria barriga.

– Você nem precisa explicar Laura, pois eu já sei o que você vai dizer. – Shophie lançava um olhar de rasteira na direção da amiga.

– Sabe? – perguntou Laura posicionando os cotovelos em cima da mesa e esperando uma resposta satisfatória, – o que eu pretendia dizer?

– Que o seu corpo agora é templo do Espírito Santo. – respondeu Sophie.

– Deus sabe que esse corpo já alojou muitas outras coisas. – Agora era Beatriz quem falava fazendo um gesto como se quisesse supor algo grande.

As três se entreolharam e caíram na gargalhada. Sophie sentiu-se bem em poder fazer uma piada em que pudesse tirar sarro de uma amiga.

Um garçom vinha se aproximando da mesa. O rapaz era alto cabelos muito bem cortados, não era forte, muito menos gordo. No entanto era atraente a sua maneira.

– A senhora vai beber alguma coisa? - perguntou o garçom com a sua caneta e comanda em mãos.

– Vou quere uma cerveja, por favor. – informou ela.

O garçom anotou o pedido e saiu, ela ficou o observando andar. E viu que até mesmo no andar o rapaz era atraente. Sophie deixou o garçom atraente de lado e decidiu voltar a suas amigas que agora estavam rindo de alguma piada, que ela não sabia qual era.

– Do que vocês estão rindo? – perguntou Sophie.

– Estamos lembrando o nosso primeiro porre, aqui mesmo nesse bar. – respondeu Laura. – Deve fazer uns cinco anos.

– Noite deplorável! – comentou Beatriz bebendo um pouco mais de sua água.

– Deplorável foi o seu estado no final daquela noite. – Sophie não conseguia deixar de exibir um sorriso maléfico.

O garçom estava voltando a mesa das garotas, mas com uma garrafa de cerveja e um copo.

– Aqui está sua cerveja. – falou o garçom.

– Obrigado! – Sophie o agradeceu.

Ele derramou a cerveja sobre seu copo e bebeu, era ótimo ter algo gelado descendo garganta abaixo.

– Essa semana começam pintar o quarto do Miguel. – disse Beatriz na intenção de mudar de assunto.

– Falando nisso, temos que ir à loja comprar o berço. – falou Sophie pousando seu copo sobre a mesa.

– Já que Sophie vai dar o berço... Eu vou dar o guarda-roupa. – Laura tentava chamar a atenção de um garçom.

– Eu não sei nem como agradecer, Gustavo falou que vai comprar todo o enxoval do Miguel. – comentou Beatriz, mas ela viu que o semblante de Sophie havia se fechado. – Desculpa amiga eu não tive a intenção.

– Tudo bem! – Sophie procurou se sentir inatingível em relação aquele nome, mas não conseguia.

Um longo silencio se instaurou sobre a mesa, era possível ouvir as conversas da mesa ao lado. Mas Sophie não queria mais ficar em silencio, ela precisava desabafar.

– Eu preciso contar algo para vocês. – ela agora pegava sua bolsa e mexia freneticamente dentro dela procurando por algo.

– Conta logo então. – Laura havia despertado um grande interesse no que sua amiga tinha a dizer.

Beatriz por outro lado apenas observava sua amiga revirar a bolsa em grande desespero e foi quando ela viu a busca incessante de sua amiga ter um fim. Sophie tirava de dentro da bolsa um chaveiro em forma de casa e naquele chaveiro havia três chaves.

Sophie colocou o chaveiro calmamente sobre a mesa do bar, ela deu um longo suspiro e se deixou desabafar.

– Na noite em que eu e Gustavo conversamos pela última vez, antes dele ir embora. Ele me deu esse chaveiro com essas chaves. O Gustavo tinha comprado o nosso cantinho... Um apartamento, eu por outro lado achava que ele estava me traindo, quando na verdade, ele estava provando que me amava muito. Com tudo até mesmo o amor às vezes cansa de se provar e Gustavo já não queria mais provar que me amava. E foi ai que ele me colocou a prova.

– Eu não estou entendendo. – Laura a interrompeu.

– A deixe terminar. – Beatriz deu um tapinha na mão de Laura.

Sophie olhava fixamente para a garrafa de cerveja, e parecia que estava prestes a ver aquela cena toda novamente. Ela então voltou a contar a história.

– Ele colocou essa chave em minhas mãos e disse que era pra abrir a porta do nosso apartamento no dia em que eu estivesse realmente pronta a dar uma chance ao nosso relacionamento.

Uma lágrima escorria pelos olhos de Sophie, nem ela mesma se deu conta de que estava chorando. Ela só se deu conta quando sentiu suas amigas arrastarem a cadeira para se sentar ao lado dela.

– Você vai abrir essa porta? – perguntou Beatriz fazendo carinho nos cabelos de sua amiga.

– O que adianta abrir uma porta, quando você não sabe se quer passar por ela. – respondeu Sophie se ajeitando para encarar sua amiga. – Estou a cinco meses, tentando escolher uma opção que não me machuque.

– A questão é que você está com medo de se machucar ao fazer uma escolha. Mas você já parou pra pensar em quem você vai magoar? Não adianta amiga, alguém sempre vai se ferir nessa decisão de lutar por um amor. – Laura procurava ser sensata.

– Não está ajudando Laura. – Beatriz a encarava com um olhar de quem diz: presta atenção.

– Ela tem razão. – falou Sophie secando as lágrimas.

– Tá porra, você vai encontrar o momento certo para dizer quem você escolhe. – falou Beatriz fazendo sinal chamando um garçom.

– E qual é o momento para se ferir alguém Beatriz? – perguntou Sophie.

O garçom estava parado em frente à mesa esperando que Beatriz fizesse o pedido. Ela, no entanto se ajeitou na cadeira de modo que a deixa-se confortável.

– É aquele momento onde você vê que a pessoa já não se importa com mais nada. A não ser ela mesma. – respondeu Beatriz, agora se virando para dar atenção ao garçom. – Me traga três doses de tequila ouro, por favor. – Beatriz ajeitou seus óculos – Porque a partir desse momento a pessoa, não vai se importar se terá uma cicatriz a mais ou a menos.

– Eu que sou psicóloga me senti um lixo perto dessa vaca agora. – Sophie fazia uma careta para amiga.

As três se abraçaram, parecia ser aquela cena de filme onde três amigas se abraçavam e diziam que nada iria separa-las. A única diferença era que nos filmes, aquela era uma cena ensaiada e ali entre Beatriz, Laura e Sophie, era pura espontaneidade.

O garçom vinha trazendo três doses de tequila. Quando o celular de Sophie tocou. Ela pegou seu celular e viu que era uma mensagem de texto de seu amigo Noah.

– É uma mensagem do Noah. – ela informou as amigas.

– E o que diz? – perguntou Beatriz

Sophie não leu a mensagem. Ela deu espaço para que as amigas se aproximassem e lessem junto com ela a mensagem que dizia.

Eu e Lucas nos beijamos!

– Já estava passando da hora. – comentou Beatriz.

– É uma pena que Noah esteja cometendo um pecado aos olhos de Deus. – disse Laura olhando para o lado.

Sophie e Beatriz trocaram olhares perante aquele comentário desnecessário da amiga, e preferiram deixar pra lá.

– Cada uma pegue seu copo. – instruiu Beatriz com o seu já em mãos,

– Meninas vocês sabem que não vou beber. – disse Laura cruzando os braços.

– Para de fogo na rachada, que se Deus tiver que lhe mandar para o inferno, não será por causa de uma dose de tequila. – falou Sophie lhe entregando um dos copos de tequila.

– Já que vou beber. Eu proponho que façamos um brinde. – disse Laura erguendo seu copo.

– E a que vamos brindar? – perguntou Sophie.

– A nós, é claro, e ao futuro casal gay mais fofo de Nova Friburgo. – falou Laura olhando para suas amigas que lhe dirigiam os mais sinceros sorrisos.

– Um brinde! – berrou Beatriz.

E ali as três brindaram os motivos que para elas mereciam ser brindados.


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