Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 31
Capítulo 2 x 7




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Beatriz

Beatriz mal havia sentado no sofá de sua casa, quando ouviu alguém bater palmas em seu portão. Ela então foi até a janela e abriu apenas uma pequena fresta para tentar ver quem era, pois dependendo de quem fosse ela não iria atender. E foi então que ela viu uma pessoa que ela não via há quatro meses, não via, não falava, nem sequer procurava saber se estava viva... Essa pessoa era sua mãe, Claudia Alighieri.

Beatriz precisou respirar fundo para poder ir até a porta, abrir e encara sua mãe. Ela ainda se lembrava da bofetada que havia levado. Bofetada que foi dado sem uma justificativa plausível na perspectiva de Beatriz. Beatriz abriu a porta e foi até o portão, ela olhou para a casinha do Bruce e viu que o cão parecia entender que aquele instante, não era para brincadeira.

Cada passo que ela dava até o portão, parecia que gravidade aumentava de modo que fazia o seu corpo ficar pesado.

– Oi mãe! – disse ela imparcialmente, pois ela não sabia se queria demonstrar simpatia.

Claudia ia abrindo e assim que viu Beatriz e sua barriga de quatro meses sua sobrancelha esquerda se arqueou.

– Ola Beatriz! – disse sua mãe.

Claudia se aproximou de sua filha e lhe deu um beijo no rosto.

– Quando você iria me contar sobre essa gravidez? – perguntou ela sem delongas e querendo pelo seu tom de voz uma resposta óbvia. – Você pretendia mesmo me deixar de fora dessa fase da sua vida?

Beatriz viu que sua mãe, queria se fazer de vítima, onde ela fosse à injustiçada.

– Não tente fazer esse joguinho de culpa pra cima de mim mamãe, pois sabemos muito bem quem procurou tudo isso. – respondeu Beatriz e depois entrando de volta em casa.

Ela não precisou convidar sua mãe para entrar, pois ela já estava em seu encalço. Beatriz seguiu para cozinha e foi direto até o armário, pegou a chaleira encheu-a com água e colocou no fogo.

– Eu não sabia o que dizer... Nem mesmo o que fazer em uma situação como aquela. – falou Claudia sentada em uma cadeira, com as mãos pousadas delicadamente sobre a mesa.

Beatriz estava lavando alguns talheres e louças do jantar da noite passada, quando aquelas palavras de sua mãe a fizeram deixar um copo cair no chão e se espalhar em vários pedaços de vidro.

– Ai é que está mãe! Naquele momento você não tinha que dizer nada... Quando fui a sua casa naquele dia, foi para procurar abrigo, conforto no colo da minha mãe. – Beatriz se agachava para catar os cacos de vidro maiores. – No entanto, tudo o que recebi de você naquele dia, foram palavras desapontamento, culpa, revolta, vergonha e uma bofetada na cara.

Claudia agora se ajoelhava na frente de Beatriz e a encarava, ela afastou com a mão uma mecha de cabelo que escondia os olhos azuis de Beatriz.

– Eu sei que errei contigo minha filha. – disse Claudia, agora segurando suas mãos

Beatriz deu um beijo na testa de sua mãe e deixou que seu olhar cheio de lágrimas se encontrasse.

– Eu também errei no que fiz, porém foi nesse meu erro que encontrei o certo. – Beatriz sorria. – É mãe eu e aquele aluno estamos juntos, e ele é o pai do bebê.

Beatriz viu que sua mãe a fuzilava com um olhar estagnado de preocupação e incredulidade no que acabava de ouvir. Ela tentou compreender o olhar de sua mãe, afinal não é uma coisa aceitável por muitos. Ela era uma professora de 26 anos e Dimitry ainda iria fazer dezoito anos – tá certo que seria dentro de poucas horas. – Mesmo assim não era muito bem visto.

Ela ajudou sua mãe a se levantar e ficou esperando que ela dissesse alguma coisa, no entanto ela não disse nada.

– Você não vai dizer nada? – perguntou ela.

Sua mãe estava de volta a cadeira sentada de pernas cruzadas, olhando fixamente para ela.

A chaleira começou a fazer um zumbido estranho, anunciava que a água já estava pronta.

– A água para o chá está pronta. – respondeu sua mãe.

Beatriz sabia que sua mãe precisava de alguns minutos para processar aquela informação. Enquanto sua mãe continuava em silencio. Ela pegou dois saches de chá de maçã, pois era o predileto de sua mãe.

– Você ama esse garoto? – perguntou sua mãe rompendo o silencio.

– Não sei se amar seria a palavra certa, porém eu gosto de ter ele por perto. – respondeu Beatriz servindo o chá a sua mãe.

Claudia bebeu um pouco mais de seu chá.

– Eu vou te fazer a mesma pergunta, porém com outras palavras. – sua mãe ainda estava com a xícara de chá próxima a boca, parecia estar se deliciando com o aroma suave do chá. – Essa que criança que você está esperando. É fruto de um amor? Ou é fruto de uma mera companhia que se deita com você a noite?

Uma pergunta capciosa. Foi ai Beatriz se deu conta de que nunca havia dito eu te amo, para Dimitry e não sabia se iria dizer.

– Essa criança é fruto de uma boa noite de sexo sem camisinha mãe. – Beatriz respondeu com um sorriso entreaberto.

Claudia revirou os olhos em desdém a resposta da filha.

Beatriz estava prestes a dizer alguma coisa, Quando a porta da cozinha se abriu. Era Dimitry. Ele estava vestindo uma calça jeans, uma camisa com a logo do escritório de contabilidade onde ele trabalhava sua mochila pendurada nas costas e em sua mão esquerda, uma sacola.

– Oi amor, você não vai acreditar no que comprei para o Bebê. – falou ele. – Achei lindo e seve para ambos os... – Dimitry se conteve, quando viu que Beatriz não estava sozinha. – Desculpa Bia, eu não sabia que você estava com visita. – ele se desculpou.

– Tudo bem! Uma hora vocês teriam que se conhecer. – disse Beatriz indo até ele. – Dinka, essa é minha mãe. – ela o apresentou.

Dimitry colocou a sacola no chão e foi até a mãe de Beatriz, totalmente envergonhado.

– É um prazer conhecer a senhora. Dona Claudia

Claudia o analisava da cabeça aos pés. Ela viu que o garoto estendia uma das mãos pra ela.

– Eu não vou apertar sua mão, mas vou te dar um beijo e um abraço como toda boa sogra faz. – disse Claudia abrindo os braços.

Ele se virou para Beatriz com o olhar como quem pergunta: É sério isso? Beatriz apenas balançou a cabeça fazendo que sim. E assim Dimitry se virou para sua sogra que ainda estava de braços abertos o esperando e ali se deixou envolver por aquele abraço que parecia ser sincero e caloroso.

A conversa se estendeu por horas. Beatriz ficou admirada em vê Dimitry e sua mãe se dando tão bem. Dimitry esboçava um sorriso a cada olhada que lhe direcionava. Era gratificante e incomum ter tudo aquilo, mas Beatriz começava a entender que o comum não se aplicava a ela, muito menos ao seu modo de vida.

– Está na hora de ir. – disse Claudia, olhando para o seu relógio de pulso. – Sua irmã deve estar preocupada, afinal eu não disse aonde iria.

– Eu levo a senhora até o portão. – falou Beatriz pegando as xícaras e levando-as até a pia.

– Dimitry, foi um prazer lhe conhecer. – agora Claudia o olhava. – Espero que você faça a minha filha feliz. – Claudia lhe deu um beijo na bochecha.

– Essa é a minha prioridade Dona Claudia. – falou Dimitry.

Claudia deu algumas tapinhas no ombro dele

– Eu sei que é. Eu sei que é.

Assim que Beatriz abriu a porta da cozinha Bruce correu até ela para brincar, mas Beatriz se deteve apenas a lhe dar uma boa afagada nos pelos do cão. Sua mãe por outro lado abaixou e deu um beijo em Bruce e deixou que ele a beija-se na maneira cachorro. O que significava uma bela lambida na cara.

– Você não muda Bruce. – disse Claudia, fazendo um pouco mais de carinho no cão.

Beatriz já estava no portão esperando sua mãe, e enquanto observava sua mãe acariciando Bruce. Ela se convencia de que carinho é algo que sempre flui em abundancia quando se é sincero.

– No que você está pensando? – lhe perguntou sua mãe.

– Nada demais. – respondeu Beatriz.

Ela deu as mãos em sua mãe e a acompanhou até o carro, mesmo sendo vinte passos até o carro, foram vinte passos em total silêncio. Cerca de três metros dali estavam um grupo de crianças brincando e o que parecia ser duas mães vigiando a brincadeira.

– Não se preocupe Beatriz. Você também vai ficar assim. – falou sua mãe, também olhando para o grupo de crianças.

Beatriz se limitou apenas a sorrir, pois sabia que sua mãe estava certa e ela não via a hora de sentir a sensação de ter algo tão seu em seus braços.

Claudia deu um beijo e um abraço em sua filha e entrou no carro, os vidros do carro estavam levantados. Beatriz estava indo pra casa quando ouviu sua mãe lhe chamar.

– Filha;

Beatriz se virou pra ver o que sua mãe queria dessa vez o vidro estava abaixado

– Oi

– Faça um favor a si mesmo e vê se não perde o que procurou por tanto tempo. – sua mãe a aconselhou.

– Do que você está falando? – indagou Beatriz.

– Daquele cara lá dentro que há cinco minutos me disse que sua prioridade é te fazer feliz. – respondeu Claudia.

Sua mãe deu a partida e se foi. Beatriz apenas acenou se despedindo. Enquanto acenava lhe ocorria que sua mãe estava certa. No entanto Beatriz se perguntava se a prioridade dela era corresponder a dele.

Assim que entrou em casa viu que as xícaras estavam lavadas e o som do chuveiro ligado e o assovio de Dimitry eram os únicos sons que eclodiam pela casa. Beatriz viu o embrulho que Dinka havia trazido consigo, assim que chegou do trabalho.

O conteúdo estava embrulhado por papel de presente bem infantil que continha várias imagens de brinquedos tanto de menino quanto de menina. Ela abriu o embrulho e viu um pequeno conjuntinho branco dentro de uma caixa. Ela tirou as roupinhas de dentro da caixa à primeira peça foi à calça de tecido aveludado e logo em seguida a blusinha que na frente continha uma frase bordada em azul marinho “Sou da Mamãe e do papai”

Instantaneamente ela pegou a blusinha e a apertou contra o peito, Beatriz estava tentando imaginar seu bebê bem ali naquela roupinha, sentindo o calor dos seus braços.

– Eu estava indo para o ponto de ônibus, quando passei em frente a uma loja de roupas e artigos para bebês e vi essa roupinha. – comentou Dimitry.

– É lindo. – disse Beatriz devolvendo o conjunto a caixa –, mas temos algo que precisamos discutir. – nesse momento ela se virava para encara-lo.

Dimitry estava usando um short de cor vermelha e gotas de água ainda escorriam pelo seu peitoral malhado.

– OK. – ele cruzou os braços.

– Espere aqui. – pediu Beatriz

Ela passou por ele e foi em direção à sala.

Dimitry a observava de longe. Ela procurava algo em sua bolsa. E pelo visto havia encontrado o que procurava. Ela estava voltando.

Beatriz jogou a revista em cima da mesa e procurou o olhar de Dinka

– Temos que discutir algo muito sério.

– Que é? – perguntou Dimitry

– De que cor, vamos pintar o quarto do nosso garoto? – Beatriz acariciava a barriga enquanto sorria afetivamente para Dimitry

Toda a tensão que ele estava sentindo, pareceu se esvair. No momento em que ouviu aquelas palavras.

– É um menino? – indagou, procurando encontrar forças para ir até ela, já que suas pernas pareciam ter travado.

Como ele não conseguia ir até ela. Beatriz foi até ele, sua mão pousou sobre o peito ainda molhado dele. Os olhos vidrados um no outro, respiração forte, o coração batendo em completo descompasse. E foi quando o beijo aconteceu. Beatriz com o gosto de chá de maçã na boca e Dinka com o gosto de pasta de dente.

– Você vai ser pai de um garoto Dinka. – Beatriz enxugava uma lágrima que rolava pelo rosto dele.

Dimitry se ajoelhou e deu um beijo na barriga de sua amada.

– Qual será o nome do nosso garoto? – ele perguntou

– Miguel. – ela respondeu.

Dimitry beijou a barriga novamente e sussurrou.

– Estamos a sua espera Miguel.


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