Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 30
Capítulo 2 x 6




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Noah

Noah já não aguentava mais ficar ali sentado esperando, já fazia uma hora que ele e Beatriz haviam chegado à maternidade, para que Beatriz pudesse fazer a ultrassom. E naquele ultrassom ela descobriria qual era o sexo do bebê. Ela quis que ele estivesse presente com ela, já que Dimitry estava trabalhando em um escritório de contabilidade. Noah não se importava de levá-la para fazer os exames, ele se sentia feliz em fazer parte daquele momento.

A sala de espera era toda pintada de um azul bebê, uma ampla janela que no fundo exibia todo esplendor da Pedra do Imperador. A recepcionista que aparentava ter uns 48 anos, não tirava seus olhos do computador, Noah imaginou o que a mulher estaria vendo naquele computador. Quando de repente o telefone tocou, a recepcionista atendeu com aquele singelo Alo e logo em seguida desligou.

– Beatriz Alighieri? – chamou a recepcionista.

– Sim! – respondeu Beatriz.

– Dr. Enzo vai atendê-la agora. – informou a recepcionista.

Noah ajudou Beatriz a se levantar.

– Vamos Bia. – disse ele estendendo para ela suas mãos.

Ela pegou em suas mãos e as segurou com força, Noah não acreditava que sua melhor amiga ia ser mãe dentro de alguns meses. Ele foi tomado pela lembrança do dia em que ela contou que estava grávida. Todo o Grupo estava em sua casa, principalmente Dimitry. Ela havia acabado de chegar de Natal e deu a notícia de que estava grávida, foi uma surpresa para todos, exceto para Konrad e Gustavo, que estavam com ela quando ela descobriu. Foi a notícia do ano para eles.

Assim que entraram no consultório, vira Enzo sentado em sua cadeira por detrás da mesa, ele estava terminando de anotar alguma coisa em uma espécie de prontuário. No mesmo instante ele parou de fazer o que estava fazendo e se levantou para cumprimentá-los

– Olá Beatriz e Noah!

– Oi! – disse Noah, lhe estendendo a mão.

Beatriz deu dois beijinhos no rosto de Enzo e fez questão de dar sua famosa apalpada na bunda dele, que ela julgava ter uma bunda sexy. Enzo já estava até acostumado.

– Você já sabe como funciona Beatriz. – falou ele, apontando o dedo para o banheiro.

– Já vou me trocar. – falou Beatriz indo para o banheiro.

Os dois ficaram sozinhos dentro do consultório, Noah se sentou em uma poltrona que estava em um canto da sala e pegou uma revista velha para folhear, enquanto Enzo tomou o seu velho lugar e voltou a escrever algo, Minutos de silencio se estendeu até que Enzo o rompeu.

– Naoh? – ele o chamou.

Noah parou de folhear a revista para lhe responder.

– Sim!

– Ele me beijou! – disse Enzo, pousando calmamente a caneta em cima da mesa. – E eu quero beijar ele de novo.

Noah sabia como aquela situação era complicada para ele. Enzo era gay, no entanto não assumido e tinha um enorme medo de se assumir, pois acreditava que sua carreira e sua família iriam se deteriorar com uma notícia daquela. Era complicado para ele ter que fingir todos os dias ser uma pessoa que não é. E Noah sabia muito bem o quanto doía.

– E o que você pretende fazer em relação a isso? – perguntou ele, tentando conseguir uma resposta que levasse a entender que ele estava decidido a se assumir.

– Eu não sei! – ele respondeu.

Enzo se reclinou o máximo possível em sua cadeira e inspirou o mais fundo que pode.

– Mas o Konrad, parece me dar coragem de alguma forma. Ele me faz querer ter uma vida ao seu lado sabe? – ele agora voltava ao normal e cruzava os dedos. – Ele me faz perder todo o medo de ser quem eu realmente sou.

– Então lute por isso. – Noah o aconselhou.

– Vou lutar. – disse ele com o seu sorriso cativante.

– Não se prive de ser feliz ao lado da pessoa que você gosta. Só por ter medo de que as pessoas possam vir a te recriminar. – disse Noah colocando a revista no lugar. – Todo mundo gosta de recriminar aquilo que não tem. E no seu caso você está tendo a chance de ter.

– Você pretende dar uma chance ao Lucas? – perguntou Enzo.

Noah se viu perguntando como ele sabia da existência do Lucas.

– Konrad me contou sobre ele ontem, assim que você saiu da mesa para atendê-lo. – ele explicou.

Noah balançou a cabeça ligeiramente, como se algo o atormentasse.

– Tenho tanto medo de sofrer de novo.

Enzo saiu de sua mesa e foi até ele e pousou suas mãos sobre os ombros de Noah e procurou seu olhar.

– Você o ama, e ele não sabe. No entanto eu te pergunto... Até quando você vai segurar essas três palavras?

Enzo havia acabado de fazer a pergunta, que ninguém havia feito há meses. Era uma pergunta que ele não tinha resposta. Noah não sabia se um dia conseguiria dizer aquelas três palavras novamente, pois ele havia dito a uma pessoa e as três palavras não haviam sido fortes o bastante para privar André de fazer o que havia feito. Noah finalmente havia acabado de entender que um “Eu te amo” não era uma apólice de seguro contra erros.

– Eu não sei, pode ser que daqui a 1hrs, quando eu for busca-lo na rodoviária. Eu resolva dizer essas três palavras. – ele respondeu, porém sem nenhuma expectativa de dizer aquela frase tão cedo.

Enzo se afastou de Noah e no momento em que fez isso. Beatriz saiu do banheiro, ela estava usando no lugar de seu vestido preto uma camisola cirúrgica de cor lilás.

– Vamos começar o exame? – ela perguntou

– Sim! – respondeu Enzo.

Agora Beatriz olhava para Noah com um olhar que continha um sentimento que ela vinha tentando se adaptar. Era o sentimento que provoca sempre, aquele friozinho na barriga, o sentimento maternal.

– Você fica comigo? – Indagou Beatriz e dessa vez era ela quem estendia a mão para ele.

Noah segurou sua mão e levou até a boca e beijou as costas de sua mão.

– Até o fim minha amiga.

Os três seguiram para uma sala ao lado. A sala não era muito maior do que a de Enzo, mas ali continham uma ampla aparelhagem e uma cama hospitalar.

– Beatriz deite-se ali. – pediu Enzo apontando para a cama.

Noah imediatamente foi ajudar Beatriz a se deitar, enquanto Enzo ia ligando a aparelhagem. Beatriz foi desabotoando os botões de modo que deixassem sua barriga a mostra para o exame. Noah se sentou ao lado da cama e ficou o tempo todo segurando a mão esquerda de Beatriz.

Enzo lavou as mãos e depois de seca-las pegou um gel transparente e começou a passar em toda a barriga de Beatriz, depois de lavar as mãos novamente. Ele pegou algo parecido como leitor de códigos de barras de supermercado e começou a esfregar na barriga de Beatriz assim como se faz em caixas de supermercado. 5seg se passaram quando uma imagem preta e branca e meio fora de foco apareceu em um pequeno monitor que deveria ter 14’’. Era o filho ou filha de Beatriz que estava ali.

No mesmo instante Noah olhou para Beatriz e sorriu. Mas viu que ela estava chorando, com tudo as lágrimas que rolavam pelo seu rosto, não eram lágrimas de tristeza e sim de alegria.

– Está tudo bem com o meu bebê? – perguntou Beatriz.

– O peso e as condições da placenta e do líquido amniótico, estão ótimos. – respondeu Enzo, ainda olhando fixamente para o monitor. – Já dá para ver o sexo.

– Fala Enzo. – Beatriz estava eufórica. – Menino ou menina?

Enzo sorriu.

– Parabéns Beatriz! Você será mãe de um menino.

Nesse momento não só Beatriz sorria e chorava Noah também fazia o mesmo, os dois se abraçaram e ficaram abraçados por um bom tempo.

– Venha aqui você também! – falou Beatriz gesticulando com seu braço direito de modo que pedia para que Enzo também se aproximasse para receber o abraço.

Os três agora estavam abraçados, num conjunto de calor afável, sincero, carinhoso... Carinho que o bebê estava sentindo.

Noah se afastou e olhou bem para Beatriz e Enzo e depois para a barriga de Beatriz.

– Meu Deus, agora o mundo irá conhecer a versão masculina de Beatriz. – comentou e logo em seguida rompeu em um sorriso afetuoso. Que na qual Enzo e Beatriz fizeram questão de acompanhar.

O abraço finalmente acabou e Beatriz foi se trocar e tirar aquele gel da barriga. Noah e Enzo ficaram conversando sobre o trabalho, quando o celular de Noah tocou era uma mensagem de Lucas.

Estou cerca de trinta minutos da Rodoviária.

Lucas? – indagou Enzo.

– O próprio. – respondeu Noah.

Beatriz tinha saído do banheiro e havia colocado de volta o seu vestido preto.

– Beatriz eu tenho que ir, Lucas já está quase chegando. – sua mão tremia só de falar o nome dele.

Beatriz foi até ele e lhe deu um beijo no canto do rosto.

– Pode ir meu anjo. Eu pego um taxi.

Noah se despediu dos amigos e quando já ia saindo pela porta escutou Beatriz lhe chamar.

– Noah?

– Oi.

– Não se esqueça do nosso compromisso amanhã. 18hrs lá em casa.

– Sim! Aproveita e convida o Enzo. – Sugeriu. – Há uma pessoa que ele quer rever novamente e que vai estar presente amanhã.

Noah não esperou pela resposta, ele simplesmente saiu em disparada, não fez questão nem de esperar o elevador, preferiu ir de escada mesmo.

Seu carro estava estacionado a duas ruas dali, já estava quase escurecendo. Como ele já morava no centro era raro as vezes que ele usava o carro, mas naquele dia ele teve de usar o carro para ir buscar Beatriz em casa e agora para ir buscar Lucas. A menos de dois metros de seu carro ele já o havia destravado.

Entrou, colocou o cinto de segurança e deu a partida. O transito naquela hora da tarde era meio que caótico. No entanto naquele dia estava tranquilo. Quinze minutos se passaram e ele ainda nem havia chego na rotatória do Paissandu.

Assim que passou pela rotatória o transito seguiu livre. O caminho que levava até a rodoviária também levava a casa de Gustavo e assim que passou por ela viu que ele estava estacionando o carro em frente à garagem. Noah buzinou e ouviu-o buzinar de volta.

Finalmente ele havia chego a rodoviária e outra trabalho árduo naquele momento foi conseguir uma vaga para estacionar. Ele achou uma vaga perto de um bar. Ele o estacionou e foi para rodoviária e ficou esperando o ônibus de Lucas chegar.

O tempo de espera foi bem significativo para ele, foi um momento de colocar os pensamentos em ordem. Noah se viu em dilema muito pouco convencional. Ele foi tomado pelas palavras que havia dito há poucas horas antes. No entanto ele foi remetido pelo seguinte pensamento. De que ele poderia até dizer as três palavras. Mas será que era aquilo que Lucas queria ouvir? Será que Lucas estava disposto a ter algo sério com ele? Seria aquele sentimento que ele estava nutrindo por Lucas, verdadeiro? Eram perguntas que o perturbavam e perguntas que ele teria de responder em algum momento.

O ônibus já vinha chegando e estacionava. Noah se levantou e ficou olhando os funcionários se posicionarem para ajudar os passageiros, saiu o primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto sétimo e finalmente Lucas. Ele olhou justamente para onde Noah estava e sorriu e seguiu junto com os outros passageiros até uma fila para pegar sua bagagem.

Estava demorando muito para Lucas conseguir pegar sua bagagem, pelo visto haviam muitas malas a frente da dele e ele teria que esperar para pegar a sua. Lucas finalmente pegou sua bagagem e saiu da plataforma de desembarque, puxando sua mala de carrinho e sua mochila.

Noah ficou o observando, Lucas trajava uma calça jeans e uma camisa de manga curta de cor laranja. Ele ia a sua direção com um sorriso estampado no rosto. Lucas parou em sua frente e o abraçou.

– Senti sua falta! – disse Lucas ainda envolvendo Noah em seus braços.

Os olhares se encontraram e tudo pareceu ficar mudo ao redor deles e Noah sorriu

– Eu também!


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