Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 29
Capítulo 2 x 5




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Alex

Alex acordou como de costume as 6hrs da manhã para correr, ele pegou saiu de casa de mansinho para não acordar Pierre, que estava dormindo profundamente no sofá da sala. Alex se perguntava se algum dia poderia pagar tudo o que Pierre, havia feito e até mesmo fazia por ele. No entanto, mesmo que não pudesse retribuir tudo, com certeza tentaria fazer o máximo possível.

Alex gostava de sua nova casa. Ela ficava no bairro da Cascatinha, um bairro agradável e tranquilo. A casa onde morava, era linda. Pintada de um marfim com muros baixos e um vasto jardim na frente. Enquanto se alongava para começar sua corrida, pessoas que iam saindo para começar mais um dia de trabalho o cumprimentavam com o um cordial bom dia. E ele retribuía.

Ele começou acorrer, esperava conseguir correr 1 km a mais do dia anterior. Algumas pessoas, na grande maioria idosa também estavam caminhando pela ciclovia, o ar puro da manhã era revigorante para qualquer um que parasse para respira-lo. Alex continuou a correr quando ouviu um ruído que lhe chamou a atenção, no mesmo instante ele parou para ver de onde vinha o ruído. Quando viu a tampa de uma caixa de sapato que estava debaixo de um banco se levantar e um pequeno filho de cachorro sair da caixa. O filhote saiu correndo em direção à rua, onde vinha um ônibus a toda velocidade. Imediatamente Alex foi correndo em direção ao filhote levantando uma das mãos, fazendo sinal para que o ônibus freasse. O cachorro ficou parado enquanto o ônibus vinha freando bruscamente, o que por sinal havia adiantado.

Alex tomou o filhote nos braços e fez um sinal de agradecimento ao motorista do ônibus.

– Obrigado!

O motorista apenas buzinou e tomou seu caminho. Alex por sua vez sentou no meio fio encarando aqueles pequenos olhos daquele filhote de vira-lata de pelos brancos e negros.

– Você quer perder a vida, pulguento? – perguntou ele ao cão.

Ele ficou por cerca de vinte minutos sentado no meio fio, afagando a barriga do filhote, que se acalantava com o carinho que recebia. Alex se viu afeiçoado ao cão e iria levá-lo pra casa.

Quando chegou a cerca de dois metros da porta da cozinha, Alex ouviu o som do liquidificador ecoar... Ele havia chegado à conclusão de que Pierre estava acordado e com certeza estaria preparando uma vitamina matinal. Quando abriu a porta viu Pierre por detrás da bancada aguardando a vitamina ficar pronta.

– Bom dia Pierre! – o saudou Alex, entrando em casa, com o filhote no colo.

Pierre olhou o cão, como uma cara de quem diz: o que é isso?

– Bom dia! – disse ele apontando o dedo na direção do filhote que estava agora lambendo o braço de Alex.

– Bem, esse pulguento aqui é um filhote que salvei hoje. – disse Alex, pausando o que ia falar para fechar aporta. – E pretendo ficar com ele.

– Como assim ficar com ele? – perguntou Pierre, desligando o liquidificador.

Alex colocou o pequeno cão no chão, e foi até o armário, para pegar uma pequena vasilha de plástico.

– Temos um vasto quintal, e eu sempre quis ter um animal de estimação. – respondeu ele sacudindo a vasilha.

Agora era Pierre, quem estava com o cão nos braços e pelo visto também havia se afeiçoado ao cão. O filhote lambia sua bochecha de uma maneira muito afetuosa. E aquilo era um bom sinal. Alex encheu a vasilha com leite e colocou no chão e fez sinal para que Pierre fizesse o mesmo com o cão. O filhote foi andando devagarzinho até onde Alex.

– Tudo bem! Você pode ficar com o filhote, mas já sabe ele está sobre sua total responsabilidade. – informou Pierre, enquanto ia até a pia lavar as mãos.

– Está certo. – concordou Alex.

Alex e Pierre se serviram da vitamina e ficaram debruçados pela bancada observando, o cão que estava bebendo seu leite quietinho, o cão parecia que não comia há dias. Até que chegou um momento onde o pequeno filhote, se sentou e dessa vez era ele quem encarava aqueles dois homens que pra ele, eram totalmente estranhos, porém o estava tratando bem.

– Que nome você pretende dar a ele? – perguntou Pierre bebendo um pouco mais de sua vitamina.

Alex foi surpreendido por aquela pergunta, apesar de querer ficar com o cão. Ele não sabia que nome daria a ele.

– Sabe que não sei! – ele respondeu, e no mesmo instante se lembrando sobre as circunstancias que havia encontrado aquela pequena criatura.

Ele então foi jogado ao seu passado, pelo simples fato de ter salvado aquele filhote. Sua história de vida não era muito diferente a daquele cachorro. Ele também havia sido deixado no mundo sem nenhum caminho, com tudo uma pessoa o acolheu e o fez acreditar novamente na esperança, lhe deu um lar, lhe deu um motivo para lutar, lhe devolveu um motivo para viver e ele havia feito mesmo a alguns minutos atrás por aquele cachorro.

– Ele vai se chamar Hope. – disse Alex se agachando no chão e chamando o filhote.

– Porque esperança? – indagou Pierre.

– Porque foi isso o que você me deu, desde o dia em que decidiu me adotar e lutou por mim com unhas e dentes. E agora eu estou fazendo o mesmo que você fez, porém eu faço por essa criaturinha aqui. – respondeu Alex olhando fixamente para Pierre.

Pierre não precisou dizer nada, apenas lançar um sorriso em sinal de concordância, pois ele sabia que devolver algo que se perdeu para alguém é difícil. Algumas vezes tentamos suprir aquilo que nos falta com alguma outra coisa fútil. No entanto ele sabia que devolver algo que nos é tirado com tanta brutalidade é complicado. Principalmente quando se trata de algo tão sagrado... Quando se trata da sua família.

***

Eram duas da tarde e Alex estava se sentindo entediado. Pierre já havia partido para abrir a academia e ele ficou em casa com Hope... Foi quando Alex fez uma escolha. Ele iria ao shopping e compraria algumas coisas para o novo membro da família. Alex deu um salto da cama, que fez com que Hope saísse do tapete sob onde estava deitado e corresse para debaixo da cama.

Ele correu até o banheiro e tomou um banho rápido, ele viu que tinha que cortar o cabelo e aparar a barba. Seu banho não durou mais que 15min, assim que saiu do banheiro colocou uma bermuda estampada e uma camiseta rosa sem estampa e um chinelo, pegou sua carteira os, documentos do carro, as chaves e Hope e partiu para o carro que ele havia ganhado como presente de Natal de Pierre. Alex Colocou o pequeno cão no banco do carona e seguiu rumo ao shopping. Enquanto esperava o sinal se abrir Alex olhou por breves instantes um grupo de adolescentes jogando bola em uma quadra de futebol. Aquilo o fez refletir que fazia tempos que ele não jogava e isso o fazia se sentir sedentário – estava precisando voltar a praticar algum esporte.

Alex deixou o carro no estacionamento do Shopping. E seguiu com Hope em seus braços a procura de uma loja que vendesse artigos para cães, quando estava descendo as escadas, reparou que um dos seguranças do shopping vinha em sua direção, fazendo um sinal para que ele esperasse um pouco. Alex parou no começo da escada e esperou o segurança se aproximar. O segurança era alto, pelo moreno e careca sua expressão fechada e carrancuda. Ele era perfeito para o cargo que exercia.

– Senhor, eu terei que pedir para que não deixe o cão andar sozinho pelo Shopping. – disse o segurança, apontando o dedo para o cão.

– Não entendi. – falou Alex, fazendo uma expressão de confuso e ao mesmo tempo acariciando Hope.

– São regras do Shopping, o senhor terá que ficar com o cão no colo o tempo todo. – informou o segurança.

Alex teve vontade de rir, pois a regra era besta e sem lógica. – Afinal o que um filhote poderia fazer? – No entanto ele entendeu que o careca carrancudo só estava fazendo seu trabalho.

– Pode deixar! – concordou Alex.

– Obrigado pela compreensão! – agradeceu o segurança e se voltando para um grupo de crianças que corriam como loucas desvairadas pelo estabelecimento.

Alex retomou sua procura pelo pet shop e foi quando viu uma pessoa que ele não via há meses. Era o André, ex-namorado de Noah. Ele estava em frente a uma loja de perfumes olhando pela vitrine, parecendo estar intrigado em levar algum.

– André? – Alex o chamou.

No mesmo instante André se virou para ver quem o chamava e foi quando viu Alex. Ele apenas esboçou um leve sorriso com o canto da boca, mas não saiu de onde estava. E coube a Alex ir até ele.

– Se for começar a me xingar, sugiro que seja breve. – disse André, voltando o seu olhar novamente para a vitrine.

– E porque eu faria isso? – ele perguntou confuso.

Nesse momento André, se voltava pra ele com uma expressão de espanto, confuso, alivio.

– Você não está com raiva de mim, por ter traído Noah? – indagou André.

– Cara... o que houve entre você e Noah, só diz respeito a vocês e a mais ninguém. – Alex o respondeu.

– Vejo que há uma pessoa sensata naquele Grupo. – disse André sorrindo.

– Todos ali são sensatos, só não aprenderam a usar a sensatez. – explicou Alex, olhando Hope que lambia seu cotovelo.

– Quem é o carinha? – perguntou André, fazendo carinho na cabeça de Hope.

– Este é Hope! – Alex agora oferecia Hope para que André o pudesse pegar no colo.

– Hope?

– Sim!

Os dois ficaram ali conversando por cerca de meia hora, André contou a Alex tudo o que tinha acontecido naquela noite em que Noah o havia pegado com o outro. E no final das contas ele acabou dizendo que foi melhor assim, porém Alex queria saber como aquilo poderia ser bom. Mas chegou à conclusão de que não era o melhor momento para perguntar. Ele também contou sobre como estava sendo sua vida agora como sendo filho adotivo de Pierre, o entusiasmo com o terceiro período da faculdade de engenharia. E em sua falta de praticar algum esporte.

– Eu costumo jogar vôlei as segundas, na parte da noite na quadra poliesportiva de Olaria. Aparece lá na próxima segunda. – André o convidou.

– Eu irei! – afirmou Alex.

André ia dizer alguma coisa, quando seu celular tocou, assim que parou para ver quem o ligava sua expressão mudou seriamente. Alex notou a súbita mudança na expressão de André. Ele não atendeu, mas também não desgrudou os olhos da tela.

– Alex tenho de ir. Tenho uns assuntos para resolver ainda. – explicou André.

– Tudo bem! – disse Alex, tentando não demonstrar que sabia que alguma coisa estava acontecendo. – Te vejo na segunda.

– Nos vemos na segunda. – concordou André

Os dois se despediram com um aperto de mão. Alex ficou observando André subir as escadas que levavam ao estacionamento a passos largos e teve a legitima certeza de que André estava com algum problema e tinha haver com aquela ligação.

Hope ainda continuava aninhado em seus braços, dessa vez ele estava dormindo. Alex parou uma garota sardenta que subias pelas escadas rolantes e perguntou

– Onde fica o pet shop?

– No primeiro piso a direita. – respondeu a garota sardenta.

– Obrigado! – ele agradeceu.

***

Alex levou meia hora comprando as coisas para Hope, quando chegou ao caixa para pagar, uma das vendedoras se aproximou e começou a acariciar Hope. A vendedora deveria ter uns dezenove anos. Ela tinha os cabelos negros bem curtos e pircing de argola pendurado ao nariz.

– Que fofo! – disse a garota do pircing, – Qual o nome dele?

– Hope! – disse Alex

– Prazer, meu nome é Isabela! – se apresentou a garota.

– Alex! – disse ele. Pegando o cartão de crédito.

Isabela estendeu a mão para cumprimenta-lo e Alex a apertou levemente. Ele voltaria àquela loja novamente.


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