Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 28
Capítulo 2 x 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565750/chapter/28

Gustavo

Gustavo levou cerca de oito minutos para levantar Konrad do chão e mais oito para conseguir leva-lo ao banheiro para tomar um banho. Ele colocou Konrad sentado na privada e o ficou olhando por alguns minutos.

Ele nunca havia visto o amigo bêbado daquela maneira, principalmente o Konrad. O que se julgava o pilar moral do Grupo. Contudo o pilar moral do Grupo sempre foi abalado por duas doses de tequila.

– Espere sentadinho ai. – ordenou Gustavo saindo correndo do banheiro.

– EU NÃO CONSIGO ME AGUENTAR EM PÉ. DESGRAÇA! – gritou Konrad.

Não se passou nem um minuto, quando Gustavo apareceu no banheiro arrastando uma cadeira de madeira. Ele colocou a cadeira dentro do Box.

– Porque você colocou uma cadeira ali dentro? – perguntou Konrad tentando, entender o motivo e para ter certeza de que não estava delirando.

– Prá você tomar seu banho. Mais primeiro. – disse Gustavo pegando seu celular e tirando uma foto do estado deplorável em que Konrad se encontrava. – Pronto.

– Você não presta. – comentou seu amigo.

– Tenho certeza que as pessoas que verem essa foto. Não vão discordar de você. – falou Gustavo Colocando seu celular em cima da pia, e indo ajudar Konrad a se levantar para ir pro banho. – Agora tome um banho. Vou limpar aquela sujeira que você fez na sala.

Konrad sentou sobre a cadeira com roupa e tudo e ligou o chuveiro e se deixou levar pela sensação boa de que era de se tomar um banho após um porre.

Gustavo o deixou, para que ele pudesse se deliciar com o banho pós-bebedeira. A primeira coisa que Gustavo fez para começar a limpar a sala foi, tirar o tapete e leva-lo até a área de serviço. Depois voltou com um balde cheio d’água, pano de chão, água sanitária, e um frasco de plástico com um liquido roxo. Que ele já havia visto a faxineira despejar na casa e depois passar o pano e deixava um cheiro ótimo.

Ele havia terminado de limpar a sala, mas Konrad ainda estava no banho. Por livre e espontânea vontade ele decidiu preparar um café para tomar com o amigo. Minutos se passaram e Konrad finalmente havia saindo do banho. O café estava quase pronto. Quando Konrad brotou na porta da cozinha.

– Eu nunca mais vou beber. – disse ele, com total convicção nas palavras que dizia.

Porém Gustavo sabia que ali estavam palavras sendo jogadas ao vento. Ele estava acostumado a ouvir aquelas palavras. Não só do Konrad, mais do todo o restante do Grupo, até mesmo ele.

– Sei. – disse ele colocando duas canecas cheias de café em cima da mesa. – Agora bebe o café e me conta sobre esse tal de Enzo.

– Acho que não tenho muito que contar. – falou Konrad, bebericando um pouco de seu café. – Apenas me senti atraído por ele, sem falar que eu o beijei.

– Você o beijou? - pigarreou Gustavo.

– Fui impulsivo demais. – se alto analisou Konrad, tentando trazer a memória o exato momento do beijo.

– Talvez sim, talvez não. – disse Gustavo, segurando sua caneca com as duas mãos, próximo à boca de modo que dava para ver o vapor aromático do café exalando pelas bordas da caneca. – Acho que você deveria fazer isso mais vezes.

– Sair beijando qualquer um? – o indagou.

– Se apaixonar se atrever a gostar de alguém, se dá uma pequena chance de tentar se deixar envolver. – respondeu seu amigo.

Gustavo sabia que Konrad estava com medo de se apaixonar e acabar sofrendo como Noah sofreu. No entanto ele vinha tentando há meses mostrar ao amigo. Que se apaixonar é quase um risco ocupacional. Estamos a todo o momento sujeito aos caminhos obscuros da paixão.

– Eu tenho medo de sofrer! – comentou Konrad em sussurro.

– Ter medo de sofrer é o mesmo que ter medo de viver. – disse Gustavo, indo até o armário pegar um biscoito. – Afinal estamos sujeitos a todas as formas de sofrimento. Podemos sofrer, pelo simples fato de não fazer aquilo que queríamos como também podemos sofrer pelo fato de termos feito. Tudo te leva ao mesmo caminho, porém sobre uma escolha diferente.

– Você ainda sofre por ama-la? – perguntou Konrad.

Gustavo deixou o pacote de biscoito cair bruscamente no chão. Ele sabia que o biscoito havia ficado todo quebradiço, até mesmo dentro da embalagem. No entanto o seu coração estava bem pior do que aquele pacote de biscoito e aquela pergunta havia piorado ainda mais.

Konrad soube de imediato que havia feito a pior pergunta daquela noite.

– Me desculpe Brother. – se desculpou ele.

– O que me faz sofrer não é o fato de ainda amar Sophie. Mas sim o fato de não conseguir esquecê-la. – explicou Gustavo.

Seu amigo ficou satisfeito com a explicação, mesmo sabendo que Gustavo ainda sofria por ela. Ele não podia fazer nada a não ser respeitar o sofrimento alheio. As vezes não precisamos levar uma conversa muito a frente, principalmente quando sabemos de que forma ela termina.

– Chega desse assunto. – sugeriu Konrad, pegando a metade de um biscoito e por sorte a parte que estava com recheio. – Como anda a situação do Sr, Helio?

– Ele ainda está mal, hoje eu passei no hospital Baluarte. E conversando com a médica que o está acompanhado. Ele não tem muito tempo de vida. – comentou Gustavo. – No entanto, a briga para ver quem ficará com a FHSM, já começou.

– Como assim pra ver quem ficará com FHSM? – indagou Konrad. – Pelo que você me falou, ele tem uma filha que se chama Isabela, e a madrasta dela a senhora Jessica.

– Sim, mas está havendo certo questionamento acerca de Jessica, ele a colocou no testamento, ou seja, se ele morrer é 50% pra cada uma. Os irmãos do Sr. Helio estão questionando essa divisão de bens. – explicou Gustavo. – No entanto Isabela será uma das donas da fábrica, mas ela só poderá tomar posse da fábrica por direito quando atingir a idade de 20 anos. Até lá quem comandara a fábrica será sua madrasta.

– E enquanto o velho não morre quem está no comando é o Diogo. – concluiu Konrad.

Gustavo apenas assentiu com a cabeça em sinal de quem dizia sim.

– E o que você acha dessa Jessica? Pelo que sei ela é muito nova para o Sr. Helio, sem falar que é linda. – comentou Konrad.

Gustavo se lembrou de quando viu Jessica Abrantes, pela primeira vez. Era festa de fim de ano da Fábrica. Ela era uma mulher da sua altura, cabelos castanhos encaracolados, olhos negros como a noite e uma pele branca e lisa. Uma mulher realmente deslumbrante distribuiu sorrisos enquanto andava pelo salão de festas cumprimentando os ali, presentes. Depois da festa ele a viu ir à fábrica umas três vezes não mais que isso. E nas festas da fábrica que ela sempre fazia questão de comparecer.

– Cara eu a acho encantadora. – disse ele pegando as canecas a fim de leva-las até a pia.

– Chega junto, uai! – brincou Konrad.

– Como é que é? – pigarreou Gustavo.

– Para e pensa, seu chefe daqui a pouco vai partir dessa pra melhor e a jovem esposa dele, vai precisar de alguém para consola-la daquele jeito. – falou Konrad, batendo com as costas da mão direita na palma da mão esquerda freneticamente.

– Isso não tem graça Konrad. – o advertiu Gustavo

Konrad picou um dos olhos para o amigo e lhe deu língua.

– Vou dormir. – comentou. Se levantando.

– O engraçado é que eu acho que a conheço de algum lugar. – falou Gustavo. – Só não consigo me lembrar de onde.

– Eu sei de onde você a conhece. – disse Konrad com toda convicção que tinha.

– De onde? – perguntou Gustavo curioso.

– Dos seus sonhos! – falou Konrad em meio a uma gargalhada. – Safado anda tendo sonhos eróticos com a esposa do seu chefe.

Gustavo pegou uma laranja para jogar em seu amigo, mas ele já estava longe dentro de seu quarto, ainda gargalhando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.