Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 14
Capítulo 1 x 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565750/chapter/14

Gustavo

Gustavo viu no relógio que faltava apenas 40mins para ele poder ir embora. Depois de uma semana muito exaustiva e ainda teria de viajar de madrugada. Para poder chegar ao Rio e partir para o aeroporto uma hora antes do voo de seu amigo Konrad pousar. E depois voltar urgentemente para Friburgo para poder curtir a festa de aniversário de seu amigo Noáh.

Ele ouviu alguém bater na porta.

– Entre! – disse ele ajeitando uma papelada em cima de sua mesa.

Era o Sr. Helio.

– Posso falar com você? – perguntou Sr. Helio educadamente; – Não vai levar mais que 10min.

– Por favor! – falou Gustavo fazendo um sinal para que o homem entrasse.

Gustavo reparou que ele trazia em uma das mãos uma pasta que levava o nome da empresa.

– Quero que você de uma olhada nisso rapidamente. – disse Sr. Helio, lhe estendendo a pasta.

Gustavo pegou a pasta meio que receoso, sobre o que podia conter ali dentro, Ele abriu a pasta e começou a ler e de cinco em cinco segundo lançava um olhar a Sr. Helio.

– Isso é verdade? – perguntou Gustavo não contendo a incredulidade.

Sr Helio apenas fez um gesto de sim com a cabeça.

– Se outra pessoa há uns cinco anos atrás me fizesse à proposta que você ousou me fazer. Eu no mesmo instante diria que esse cara estava completamente louco. – disse Sr. Helio. – Com tudo você é um pouco louco, mais teve uma pessoa de peso te apoiando o Diogo no caso, porém o que realmente me leva a ficar surpreso. É que você deu a sua palavra e honrou de modo louvável. Você me surpreendeu Gustavo.

– Eu não só surpreendi o senhor, como, também me surpreendi. – Falou Gustavo ainda embasbacado com o que lia. – Tivemos um aumento na produção acima do esperado, 27%, foram 2% a mais do que queríamos.

Gustavo Sabia que ele não havia feito aquilo sozinho, o mérito maior era dos funcionários que se impuseram e deram o seu melhor. Diogo que também foi de grande ajuda nos últimos meses. Gustavo se deu conta de que havia feito o que tentava fazer a anos. Ele havia se surpreendido consigo mesmo.

– O senhor já mostrou isso ao Diogo? – perguntou ele.

– Não tive a chance ainda, pelo visto ele saiu mais cedo para resolver alguma coisa sobre a festa de seu irmão que vai ocorrer amanhã. – explicou Sr. Helio. – Agora vou te deixar em paz. Tenha um bom fim de semana Gustavo.

– Obrigado! E que o senhor também tenha um bom fim de semana!

Gustavo estava certo de que seu final de semana com certeza seria incrível, seu melhor amigo estava voltando ao país, amanhã tinha uma puta festa pra ir. Sem falar que tinha outra coisa que estava ficando pronta. Só precisava de mais alguns dias. No entanto até aquele momento estava tudo dando certo.

Gustavo antes de seguir para casa decidiu dar uma passada no centro para comprar o presente de aniversario de Noah. Era complicado comprar presente para o seu amigo. No entanto ele se lembrou de algo que os dois passavam algumas tardes montando Lego estava ali o melhor presente para se dá a um amigo que iria fazer 27 anos. Gustavo foi até uma loja de brinquedo e comprou o melhor lego que havia na loja.

– Seu filho vai adorar o presente. – disse a vendedora em quanto embrulhava o presente.

– Eu não tenho filhos, na verdade o presente é para um amigo meu. – disse Gustavo batendo com os dedos no balcão como se estivesse tocando piano.

– Seu amigo deve ser uma criança adorável! – falou a vendedora entregando o embrulho a ele.

– O meu amigo é uma criança que vai fazer 27 anos idade e que adora brincar de lego. – explicou ele pegando o embrulho e saindo da loja.

15mins se passou e Gustavo já estava em frente a sua casa, ele guardou o carro na garagem pegou sua pasta e o presente e entrou em casa. Quando ia passando pela sala. Algo lhe fez revirar os olhos.

– Pelo amor de Deus pai, vai colocar uma roupa? – pediu Gustavo sentindo uma imensa vontade de vomitar.

Porque vê seu pai, apenas de cueca deitado no sofá da sala. Não era uma visão que Gustavo estava a fim de apreciar, depois de uma longa semana de trabalho.

– O que foi? – indagou Anselmo.

– Háaaaa... Esquece! – se estressou Gustavo.

Gustavo decidiu continuar seu caminho e seguir até seu quarto, quando seu pai tocou no assunto que dizia respeito a ambos de certo modo.

– Hoje é o dia em que sairia o balaço de aumento de produção. – disse Anselmo em tom de provocação. – E ai não vai me dizer qual foi o balanço?

– Vou pai. – disse Gustavo respirando fundo e se virando para encarar seu pai. Mas dessa vez sem se intimidar.

– Você conseguiu bater a meta?

– Não pai!

Os olhos de Anselmo se encheram de fúria, como se ele fosse matar o próprio filho.

– Você como sempre me decepciona você é...

Antes que Anselmo pudesse concluir a sua fala. Gustavo já estava tomado por uma fúria incontrolável. E estava decidido a não se limitar nas palavras que estava prestes a pronunciar.

– NÃO PAI, EU NÃO BATI A PORRA DA META DE 25%. EU SIMPLESMETE A SUPEREI. A MINHA EQUIPE BATEU A META DE AUMENTO DE PRODUÇÃO COM 27%. – Gritou Gustavo em tom de liberdade e desabafo.

Gustavo parou por alguns segundo para retomar o fôlego. E viu que era seu pai quem estava intimidado dessa vez. Seu pai o olhava com os olhos arregalados como quem se pergunta: O eu foi que deu nele?

– E só pra constar pai. Eu não to nem ai se você vai ficar orgulhoso de mim ou não. Sua opinião pra mim já não me interessa. O que me interessa daqui pra frente é a minha opinião em relação a mim mesmo. Ao meu desempenho, ao meu caráter a minha vida. – falou Gustavo dando por terminada aquela conversa.

– Filho eu apenas quero que...

– Essa conversa acabou pai. – o interrompeu.

Anselmo percebeu que daquela vez ele era quem havia perdido. Não havia perdido apenas a conversa, mas também a oportunidade de fazer parte do crescimento de seu filho. E era tudo culpa sua.

Gustavo deixou seu pai ali no sofá, pensando sobre tudo aquilo que ele havia lhe dito. E foi para o seu quarto. Assim que entrou em seu quarto não se negou algo, que foi de se olhar no espelho e ver que ele era o que ele sempre quis ser. Um homem de responsabilidade.

***

Eram 03h45min da madrugada, quando Gustavo despertou e começou a trocar de roupa. Ele colocou uma bermuda e uma camisa azul e por cima um casaco de moletom, o que ele só iria usar para descer a serra. Ele foi até a cozinha na intenção de fazer o mínimo de barulho possível, para não acordar seus pais.

– Aonde você vai a essa hora filho? – perguntou Márcia, encostada no portal que dava para a cozinha.

– Puta merda! – guinchou Gustavo virando-se para sua mãe. – Pelo amor de Deus mãe. Assim você me mata do coração.

– Tá, mas você não respondeu minha pergunta. – questionou ela.

– Vou até o aeroporto, buscar o Konrad. Ele vai chegar dentro de algumas horas. – explicou ele.

– Mais e o aniversario do Noah? – indagou sua mãe.

– Mãe, eu volto a tempo de ir ao aniversario dele e o Konrad também vai ao aniversario. – a confortou Gustavo dando um beijo na testa de sua mãe. – Agora eu tenho que ir mãe.

– Tome cuidado filho! – preveniu Márcia dando um beijo na bochecha dele.

Gustavo apenas pegou um pacote de biscoito no armário e logo em seguida saiu.

***

Descer a serra de Nova Friburgo em plena madrugada e no inverno. Era praticamente como pagar penitencia, pois fazia um frio desgraçado. No entanto era mais tranquilo, não havia muito movimento o que era bom e ruim de certo modo.

Para deixar a viagem menos solitária e sombria Gustavo ligou o som do carro e decidiu ouvir sua playlist, que continha todos os gêneros musicais, da bossa nova ao funk. Em menos de 50mins Gustavo estava no posto do primeiro pedágio, então ele concluiu que se continuasse naquele ritmo. Ele provavelmente chegaria ao aeroporto, alguns minutos antes do voo de Konrad pousar.

A viagem continuou tranquila e seu percurso sem nenhum incidente, que pudesse lhe ocasionar atrasos. Os primeiros sinais de que já estava amanhecendo já começavam a se mostrar. Os primeiros raios de sol já se mostravam pelo horizonte daquela manhã de sábado.

Duas horas de viagem e Gustavo Finalmente havia chegado ao aeroponto Internacional do Rio de Janeiro. Faltava meia hora ainda para o voo de Konrad chegar. Gustavo então estacionou o carro no estacionamento de uma loja fora do terreno do aeroporto. E foi para o aeroporto, assim que entrou na construção, ouviu uma voz feminina que dizia: passageiros vindos do Voo de Londres com destino ao Rio de Janeiro. Se dirijam ao terminl treze.

Gustavo se deu conta de que o seu amigo havia chego 30 minutos adiantado. Ele não sabia pra que lado ficava o terminal treze então parou a primeira pessoa que viu na sua frente.

– Me desculpe! Mas será que você poderia me dizer pra que lado fica o terminal treze? – perguntou ele cutucando uma senhora, que aparentava ter uns 67 anos.

– Suba a escada e vire a esquerda querido. – informou a senhora com um sorriso.

– Obrigado! – agradeceu ele e saiu correndo.

Gustavo sempre soube que os aeroportos viviam cheios. E que em pleno sábado com certeza eles estariam lotados mais não naquele horário as 06h15min da manhã. Ele seguiu a risca a instruções da senhora, e quando chegou ao terminal treze viu seu amigo parado com quatro malas de viagem ao seu lado. Olhando de um lado para o outro, como se estivesse procurando alguém. Gustavo foi andando em sua direção até que Konrad o viu. Pelo modo que Gustavo viu como ele relaxou os ombros conseguiu deduzir que Konrad já estava ficando meio que apreensivo.

– Pensei que você tivesse se esquecido! – disse Konrad.

– É que seu voo chegou um pouco mais cedo e eu cheguei ao aeroporto faz uns 15min – explicou Gustavo. – Agora chega de bla, blá, blá e me da um abraço.

Konrad deu um forte abraço no amigo e recebeu de maneira clara a mesma intensidade do abraço e teve a definitiva certeza de que estava em casa.

– Tá com fome! – perguntou Gustavo.

– Você ainda pergunta, porra são 11hrs de viagem! – respondeu Konrad contando dedo poe dedo querendo enfatizar para o amigo às onze horas de viagem.

Gustavo deu um sorriso de divertimento, principalmente de satisfação de ter o amigo de volta em casa.

– Vamos ver se achamos alguma padaria aberta, onde possamos tomar um café. – disse ele pegando uma das malas.

***

Na volta pra casa Konrad contou a Gustavo todas as suas aventuras em Londres. Uma que inclusive havia transformado sua vida radicalmente. Konrad disse a Gustavo que era gay. Isso não assustou Gustavo. No entanto levantou algumas questões.

– Há quanto tempo você sabe que é gay? – perguntou Gustavo.

– Eu sempre tive duvidas em relação a minha sexualidade, mais tive que ir morar em outro continente pra descobrir que gosto de pênis. – explicou Konrad caindo na gargalhada.

– Como se não bastasse o Noah agora temos o Konrad. – ironizou Gustavo acompanhado o amigo na gargalhada.

– Falando em Noah, como está o Grupo? – indagou Konrad.

Gustavo suspirou antes de responder.

– Pode-se dizer que o Grupo ta muito bem. Temos nossas desavenças de vez em quando, mais nada que uma boa reunião e bebida alcoólica não resolvam. Você sabe como é. E sem falar que agora somos adultos com suas profissões a desempenhar.

– É bom saber que o Grupo continua unido, mesmo cada um de nós tendo seguido caminhos diferentes em nossas vidas individuais. – comentou Konrad se espreguiçando. – Cara eu vou tirar um cochilo.

– Dorme sim por que hoje à noite temos a festa de aniversario do Noah e só Deus sabe que horas aquela festa vai acabar. – falou Gustavo.

Ele tirou os olhos da estrada por alguns segundos para olhar seu amigo e viu que ele já estava virado para o canto com os olhos fechados. Ele então voltou a reter sua atenção na estrada e enquanto olhava fixamente para estrada a palavra caminho veio em sua mente e ele se lembrou de várias pessoas que já andaram com ele e que não haviam trilhado caminho nenhum. Pessoas que estavam paradas no tempo. Paradas esperando uma direção, um empurrão ou até mesmo uma motivação. Mas que esqueceram que a motivação tem que partir deles mesmos. Porque o caminho certo a se seguir sempre vai estar lá, às vezes você pode até acidentalmente trilhar o caminho errado, mas você tem a chance de começar de novo. Você só precisa ter coragem de dar o primeiro passo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.