Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 13
Capítulo 1x 13 Três meses depois




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Sophie

Já eram 11h30min da manha e Sophie já estava em seu terceiro paciente. O seu nome era Ronald. Ele sofria de transtorno bipolar. O que deixa a entender que o caso era mais para um psiquiatra. Mais havia sido próprio psiquiatra do paciente quem a havia recomendado. Então ali estava ela.

A consulta com o paciente havia sido breve, e agora ela poderia sair para almoçar. Quando Sophie abriu a porta do consultório, viu Antonio e Juliana. Fazia dois meses que os dois haviam começado a namorar. Os dois estavam estudando para o vestibular. Antonio pretendia fazer faculdade de musica e Juliana estava querendo fazer nutrição. Sophie gostava de ver os dois juntos.

– Oi doutora! – cumprimentou Antonio indo até ela, para lhe dar um beijo no rosto.

– Oi Antonio! – disse ela retribuindo a gentileza e o beijo.

– Doutora, como à senhora não tem pacientes hoje a tarde. Eu gostaria de saber se a senhora me liberaria para estudar? – indagou Juliana.

Sophie a olhou com um olhar de desconfiada estudar sei.

– É que as provas para o vestibular estão chegando. – completou Antonio.

– Tudo bem, podem ir. – disse ela.

O casal lançou um sorriso de contentamento um para o outro. E Sophie soube que os dois realmente iriam estudar. Ambos estavam se esforçando muito e o mais importante. Estavam sendo a base um do outro.

– Então já vou indo doutora, lhe vejo amanha! – afirmou Juliana pegando sua bolsa e sua pasta.

– Até amanha minha linda! – se despediu Sophie

Ela ficou observando os dois saírem do consultório de mãos dadas. Juliana apoiando sua cabeça no antebraço esquerdo de Antonio e ele lhe dando um beijo em seus cabelos com o canto da boca. Sophie foi até sua sala para pegar suas coisas para também poder ir embora. Quando ela fechou a porta de sua sala e olhou para o corredor. Acabou dando uma trombada. Ela bateu o rosto no peito do homem e quando levantou o rosto para ver quem era. Ela viu que era Hudson e ele estava sorrindo.

– A doutora já terminou o expediente? – perguntou ele com um tom irônico e sarcástico.

– Como você achou meu consultório? – retrucou Sophie.

Sophie sabia que ele havia perguntado primeiro, mas ela estava surpresa em vê-lo ali, pois aquela era a segunda vez que ela o via desde a Matriz.

– Acho que fui eu quem perguntou primeiro, mas vou te responder. – disse ele colocando as mãos nos bolsos. – Lembra o dia em que nos encontramos em frente a Igreja Matriz?

– Sim!

– Então naquele dia você me deu o numero do seu consultório.

Sophie lançou um suspiro de alivio, mas se perguntou o porquê dele ter demorado tanto para procura-la de novo? Não que isso a interessasse, mas aquilo há deixava um pouco frustrada. Afinal haviam se passado três meses desde o seu ultimo encontro.

– Eu já te respondi, agora é você. – disse Hudson.

– Eu só estou saindo para almoçar, mas tenho que voltar daqui a pouco. Tenho mais dois pacientes na parte da tarde para atender. – falou Sophie sem encara-lo.

– Você é uma péssima mentirosa! – comentou Hudson correndo os olhos pelo corredor

– Como é? – perguntou Sophie, passando a mãos pelos cabelos de tão sem jeito que havia ficado.

– É que toda vez que você tenta mentir. Você não consegue olhar nos olhos da pessoa para quem está mentindo. E outra eu liguei pra cá e fiquei sabendo que você não teria nenhuma consulta na parte da tarde de hoje.

Ela ficou pasma por ele ainda a conhecer tão bem. Era bom e ruim ao mesmo tempo. Mas a parte boa prevalecia.

– O que significa que o que planejei ta no caminho certo. – disse Hudson dando aquele sorriso cativante.

Agora Sophie estava se segurando para não se jogar em seus braços e lhe encher de beijos. Como assim tudo estava no caminho certo para o que ele havia planejado para eles dois? E como assim dois? Tudo estava ficando meio que surreal e a confusão de sentimentos também.

– Não sei se posso. – falou ela.

– Por favor! – implorou ele sussurrando e lhe estendendo uma das mãos.

Ela não sabia o que fazer. Então ela segurou em suas mãos. Elas estavam lisas e Sophie não sabia se queria soltá-las de novo.

– Prometo que você não vai se arrepender. – disse ele levando as mãos de Sophie até os lábios e a beijando docemente.

Sophie saiu do edifício do Centro Médico e foi andando com Hudson até onde ele havia estacionado o carro. Assim que eles entraram no carro antes de dar a partida. Hudson abriu a porta luvas e pegou uma mascara de dormir e entregou a Sophie.

– Por favor, ponha isso? – pediu Hudson.

– Sério?

– Uhum!

Sophie fez o que ele pediu. Ela sentiu a respiração dele perto de seu cabelo. Enquanto puxava o cinto de segurança a sua volta.

_ Pronto já te coloquei o cinto de segurança. – comentou Hudson. – Podemos ir.

Sophie sentiu o carro ligar. Ele ligou o som e estava tocando e estava tocando Jorge e Mateus e o nome da musica era E ai já era. Já era mesmo, Sophie estava ansiosa e assustada com o que Hudson havia planejado. Não demorou nem quinze minutos para chegarem pelo que parecia ser o local da surpresa.

– Espere só um minuto. – Pediu Hudson saindo apressadamente do carro.

Sophie estava contando quantos minutos haviam se passado desde que ele havia saído do carro quando a porta do carro do seu lado se abriu.

– Posso tirar a mascara? – perguntou ela

– ainda não, só mais um pouquinho. – disse ele.

Ela apoiou as mãos sobre o braço dele. Ele foi guinado seus passos. De repente ela sentiu o chão ficar macia, conseguia ouvir o som de água, como numa cachoeira.

– Pode tirar a mascara agora. – falou Hudson.

Sophie retirou a mascara e ficou embasbacada de felicidade e entusiasmo com o que via. Uma toalha quadriculada com as cores vermelha e braça. Uma cesta de palha cheia de sanduiches, sucos, frutas, doces. Tudo isso a sombra fresca de um pinheiro. Ela olhou para Hudson com um sorriso. Ele estava com um largo sorriso no rosto.

– Eu estava lhe devendo um piquenique de verdade. – disse ele indo em direção a Sophie. – E ai gostou?

– Eu amei Hudson! – exclamou ela.

Ele segurou sua mão e a levou até onde tudo poderia recomeçar, ou terminar de uma vez por todas.

– Vamos comer?

Ela apenas deixou que ele a guia-se até aquele piquenique. O dia estava lindo, o céu completamente azul, com apenas alguns rabiscos brancos das nuvens que davam destaque a sua imensidão.

– Obrigado Hudson, mas você não precisava ter feito tudo isso. – disse ela

– Precisava sim. – disse Hudson fazendo um gesto para que ela sentasse.

Os dois se sentaram em cima da toalha e ficaram sem dizer nada por alguns segundos. Sophie chegou à conclusão que poderia passar horas e horas ali naquele silêncio o admirando. Hudson trajava naquele dia uma camisa polo amarela e uma calça jeans e um AllStar branco.

– Você ainda gosta de sanduiche de peito de peru e ricota? – perguntou Hudson revirando a cesta.

– Sim! – afirmou Sophie com um ar de aprovação.

Tudo nele ainda a encantava. Mesmo com o passar dos anos ele ainda lembrava-se de tudo o que ela gostava. Ela podia sentir que ele ainda realmente a amava e com certeza estaria disposto a lutar por ela. Hudson entregou o sanduiche a ela e pegou outro para ele.

– Espero que tenha ficado bom, pois fui eu quem fez! – comentou Hudson dando uma mordiscada em seu sanduiche.

Sophie fez o mesmo e assim que mordeu o primeiro pedaço, não hesitou em fazer aquele prazeroso hummm. Ela olhou para Hudson e ele estava sorrindo pra ela. Sophie se desvanecia quando via aquele sorriso.

– O sanduíche tá, ótimo Hudson. – disse Sophie dando outra mordida.

– Pode comer com calma, pois eu fiz bastante. – disse ele, se irrompendo em uma gargalhada apreciativa de se ouvir.

– Você ainda está dormindo em Hotel? – perguntou Sophie.

– Não, já faz duas semanas que me mudei para minha casa nova. – respondeu ele pegando uma garrafa e dois copos plásticos de dentro da cesta, – Suco de manga?

– Nossa depois de todos esses anos, você ainda se lembra de tudo o que eu gosto? – perguntou Sophie não escondendo o sorriso em vê que ele ainda lembrava.

_ Eu me esforcei muito para não esquecer e pelo visto valeu a pena. – respondeu Hudson lhe entregando um dos copos.

Sophie havia chegado a uma conclusão. A conclusão de que não importava o quanto você tenta-se fugir do seu passado. Não adianta, pois o passado sempre alcança o presente. E o dela o havia alcançado e estava começando a tornar o seu presente um caos com o conflito de sentimentos que se travava dentro de si.

As horas foram se passando e os dois estavam deitados sobre a toalha. Conversando sobre vários assuntos. Sophie contando sobre as suas aventuras pelo Brasil com seus amigos e como decidiu fazer faculdade de psicologia. Hudson lhe contando como era agitada a vida em Xangai. Os dois estavam se divertindo. Sophie se deu conta que queria dar uma nova chance a Hudson, porém não sabia se queria perder o Gustavo.

– Que tal comermos a sobremesa agora? – perguntou Hudson com certa excitação na voz.

– O que será que vai sair dessa cesta? – perguntou Sophie arqueando as sobrancelhas.

– Eu acho que você vai gosta.

– Estou esperando!

Hudson tirou uma vasilha de plástico cheia de morangos e outra com o que parecia ser creme de leite.

– Você é realmente incrível. – falou Sophie saltitando por dentro de felicidade.

Ele destampou as vasilhas e os dois começaram a se deliciar com os morangos e creme de leite. Teve um momento que Sophie se viu sendo fuzilada pelo olhar dele, mas ele não parava de sorrir.

– O que foi Hudson? – perguntou ela com vergonha, medo, raiva, alegria... Parecia ta tudo uma grande confusão.

Ele então foi até ela se inclinando, até os seus olhos se encontrarem com os dela. Dessa vez ele não estava sorrindo. Então com as costas da palma de sua mão ele tocou com suavidade o rosto dela.

– Sua bochecha estava suja com creme de leite. – sussurrou ele.

Ele ainda a olhava sem pestanejar. Sophie sentiu seu coração acelerar, quando tudo de repente se tornou doce. Os seus lábios estavam se tocando. Ela não queria mais estava tudo ali, o seu primeiro amor, uma nova chance, o beijo que ainda continuava tendo o mesmo frescor e suavidade de anos atrás.

_ Por favor, Hudson, pare? – pediu ela o afastando.

Ele recuou no mesmo instante em que ela pediu.

_ Me desculpe Sophie!

_ Tá tudo bem!

Dessa vez foi Hudson quem se levantou e foi andando até a beira do lago.

– Lembra Sophie que nos dias de luz cheia, ficávamos na beira da piscina de sua casa, você deitada no meu colo e eu fazendo carinho em seus cabelos? – perguntou Hudson olhando fixamente para o lago.

– Lembro. – respondeu ela, o admirando secretamente, enquanto ele estava de costas.

– Fazíamos planos de nos casar, ter filhos, ter uma casa no campo onde pudéssemos todas as noites de lua cheia, ficar olhando pra ela da varanda, ou até mesmo deitados sobre a grama do jardim. – recordou Hudson. – Em Xangai todas as noites de lua cheia, eu ia até o terraço de onde morava e ficava olhando para lua na esperança de você também está fazendo o mesmo. Já que era sobre a luz dela que idealizávamos o nosso amor.

– As coisas mudaram Hudson. – sussurrou Sophie fazendo o possível para conter as lágrimas.

– Fale por si só. Porque o meu amor por você, nunca mudou. – ele rebateu.

Sophie se levantou e foi andando em direção ao carro.

– Sophie? – chamou Hudson ainda olhando para o lago.

– Por favor, não vamos nos machucar mais. – implorou ela. E dessa vez as lágrimas escorriam por sua face.

– Eu só quero te fazer uma pergunta e dependendo da resposta eu nunca mais vou lhe procurar. – explicou Hudson.

– Faça!

– Você ainda me ama? – perguntou ele.

Sophie não conseguia ver, mais pela maneira como ele havia pronunciado aquelas palavras de uma forma lenta e angustiada. Ela tinha certeza de que ele também estava chorando. No entanto ela não tinha resposta para aquela pergunta. Ela então se dignou apenas virar lhe as costas e seguir seu caminho. Fosse ele agradável ou árduo.


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