Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 12
Capítulo 1 x 12




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Sophie

Eram sete da noite, Sophie havia acabado de comprar um celular novo. Enquanto estava escolhendo o celular. Gustavo havia ligado para o seu celular provisório, pedindo para lhe encontrar no centro. Ela falou que iria espera-lo em frente à Igreja Matriz. Uma linda construção.

Sophie já estava começando a ficara impaciente, pois já fazia meia hora que estava ali esperando por ele. Ela ligava para o celular dele, mais a ligação caia direto na caixa postal. Os sinos da igreja ressoaram. Iria começar a missa das sete. Sophie ficou ali do lado da porta da igreja vendo os devotos entrar na igreja. Ela nunca foi uma pessoa devota, porém nunca também deixou de recorrer a Deus, quando as coisas ficavam muito sérias.

Enquanto estava ali perto da entrada da igreja, vendo o tempo passar. Sophie percebeu que um homem a encarava sem se quer disfarça. Ele não queria saber se a estava deixando intimidada ou não. No entanto Sophie começava se sentir muito incomodada, mesmo o homem sendo uma excitação em pessoa, cabelos bem aparados, barba muito bem feita, corpo escultural, o rosto perfeito a seu critério. Mesmo homem sendo tudo o que uma mulher gostaria de ter. Ele a estava deixando nervosa. E isso a fez tomar coragem e ir perguntar a ele qual era o seu problema.

– Oi... Você vai ficar me encarando até que horas? – perguntou ela, sem querer saber se estava sendo grossa demais, ou até mesmo insolente, pois o homem a pesar de ser bonito poderia ser cego.

O homem começou a rir na cara dela. O que a deixou furiosa.

– Qual é a graça? – perguntou ela dessa vez com o rosto vermelho de raiva.

– Você não muda mesmo Sophie... Sempre brigona. – disse o rapaz entre risos. – Pelo visto você não esta se lembrando de mim.

_ Deveria?

– Claro que deveria, já que o primeiro namorado a gente nunca esquece.

Sophie se engasgou com a própria saliva, pois começou a tossir que nem uma desvairada se afastando do rapaz. Ele estendeu a mão para tentar ajuda-la, mais ela deu um leve tapa em sua mão em sinal de repulsa.

– Até o sinal de surpresa, continua sendo o mesmo. – disse o rapaz relaxando os ombros.

– Olha eu não o conheço e eu lembraria do meu primeiro namorado. – falou Sophie tentando se recompor.

– Uma vez eu e você havíamos combinado de fazer um piquenique, mas no dia do piquenique o céu decidiu deixar a água cair. E choveu a manhã inteira. Então eu peguei escondido o cartão de crédito do meu pai, fui até uma loja onde vendia grama sintética, comprei uns pouco de grama sintética... Liguei para o meu irmão e pedi para ele ir me buscar. Meu irmão me levou para casa e pedi a ele mais um favor, que fosse te buscar. 30min depois escutei meu irmão chegar com você. Ele te falou que eu estava na garagem. Quando você entrou na garagem viu uma porção de grama sintética arrumada no chão, coberta por uma toalha de mesa quadriculada em vermelho e branco e um monte de sanduiches feito de patê de sardinha, biscoitos de manteiga e suco de caixinha de sabor manga.

– Hudson Mattos! – sussurrou ela em completo espanto.

– Precisei contar todo um momento da nossa história pra você, poder se lembrar de meu nome. – falou ele fazendo um beicinho de modo irônico.

Sophie correu até ele e lhe deu um abraço apertado. Ele era mais alto que ela, então ela abraçou a cintura dele. Ela o sentiu a abraçar, com uma suavidade, como se tivesse medo de machuca-la. Ela se afastou dele para poder admira-lo.

– Nossa Você está...

– Lindo, sexy, gostoso. Um colírio para os olhos? – indagou Hudson se alto avaliando correndo os olhos pelo próprio corpo.

– Bobo, como sempre! – ela comentou em meio a um sorriso.

Hudson deu de ombros e lhe devolveu o sorriso, o que deixou Sophie ainda mais encantada, porque quando ele sorria aparecia uma covinha na sua bochecha direita.

– Já faz quantos anos? – perguntou ela.

– Quatorze anos, Sophie. – respondeu ele. – Parece que foi ontem que tive que ir à sua casa aos choros pra dizer que meus pais estavam indo embora do Brasil.

Ela percebeu o quanto era difícil pra ele tentar lembrar aquela parte triste de sua história. História que ela também fazia parte.

– O importante é que você voltou.

– Mas muita coisa mudou.

Sophie se viu tentando revirar o passado. Mas imediatamente ela viu que não podia fazer isso. Era como que querer se matar com as próprias mãos. Só que de uma maneira lenta.

– O que lhe traz de volta ao Brasil? – perguntou Sophie curiosa.

– Cansei da população de Xangai. – respondeu ele.

– Veio pra ficar então? – indagou Sophie

– Isso ai, já até dei entrada em uma casa no distrito de Lumiar e por enquanto estou ficando num hotel aqui no centro. – respondeu Hudson.

Sophie estava prestes a dizer as próximas palavras quando sentiu uma mão pousar sobre seu ombro esquerdo. Quando se virou para ver quem era. Foi surpreendida por um beijo de Gustavo. O beijo foi bem apaixonado, mas num momento impróprio.

– Oi amor! – falou Gustavo. – desculpe a demora.

– Tudo bem. Gustavo esse... – naquele momento sobreveio a questão de que ela não sabia come apresentar Hudson, ela então recorreu a única resposta que lhe veio a cabeça. – É Hudson um de meus pacientes.

Hudson olhou para ela com uma expressão de que não estava entendendo. Mas preferiu entrar no jogo.

– Prazer, Hudson Mattos! – cumprimentou ele estendendo a mão direita para Gustavo.

– Prazer, Gustavo Domingues. – disse Gustavo apertando a mão do rapaz. – Ela é uma excelente psicóloga, não é?

– Disso eu não tenho duvidas. – afirmou Hudson olhando para Sophie com um olhar de divertimento. – A propósito doutora, será que a senhora poderia me passar o numero de telefone do consultório? Pois eu acho que perdi.

– Sim o numero é 2583-4568. – disse Sophie,

– Amor, temos de ir, se não vamos perder a sessão do cinema. – Apressou Gustavo.

Hudson a estava olhando de uma maneira que só ela entendia. Afinal ela era sua ex-namorada e com certeza sabia decifrar aquele olhar. E o olhar dele dizia: Ainda te amo!

– Até breve Hudson! – se despediu ela.

– Até breve doutora! – ele retrucou.

Ela saiu andando de mãos dadas com Gustavo em direção ao Central Shopping, mas não se conteve e teve de olhar pra trás e ver que ele ainda estava olhando para ela. Sophie pela primeira vez em muito tempo sentiu uma imensa vontade de estar de mãos dadas com outra pessoa que não fosse Gustavo.

***

Durante todo o filme ela não conseguiu tirar Hudson da cabeça. A todo o momento vinha a sua mente a imagem dele sorrindo. Ele havia despertado algo nela. Algo que ela não conseguia explicar, mas que a estava consumindo por dentro. Logo assim que o filme terminou Gustavo a levou pra casa. Ela nem sequer havia prestado atenção quando ele começou a falar sobre como havia sido a reunião com os funcionários da fábrica. Tudo o que ouvia eram ruídos que saiam da boca de Gustavo enquanto ele falava.

Ela não convidou Gustavo para dormir na sua casa, ele também não fez nenhuma questão. Se fosse a outra ocasião ela arranjaria uma confusão, mas as circunstancias eram outras. Ela não queria dormir com ele, não naquele dia. Ela então se despediu dele e entrou em casa correndo. Já era por volta de onze da noite sua irmã Verônica, já deveria estar dormindo, mas Sophie não se importou, pois ela abriu aporta do quarto de sua irmã ascendeu à luz se jogou na cama e começou a sacudir sua irmã.

– Acorda Verônica, acorda, acorda, acorda! – chamou ela enquanto a sacudia.

– O que foi Sophie? – perguntou Verônica com a voz sonolenta. – Pra que esse estardalhaço todo?

Ela puxou o cobertor, fazendo com que Verônica por puro reflexo levasse as mãos aos olhos a fim de protegê-los da luz.

– Sophie o que aconteceu? – perguntou Verônica, só que impaciente dessa vez.

– Eu vi o Hudson. – disse Sophie não escondendo a alegria em pronunciar aquele nome,

– Hudson? – perguntou sua irmã meio que confusa. – Que Hudson?

Sophie agora abraçava um dos travesseiros de sua irmã com tanta força, deixando claramente a entender de que se aquele travesseiro tivesse ossos, com certeza eles estariam sendo quebrados naquele momento.

– Hudson Mattos, o meu primeiro namorado. O que se mudou para Xangai com a família. – explicou ela dando pulos com o bumbum na beira da cama.

Dessa vez foi Verônica quem não conseguiu conter a alegria, pois no mesmo momento em que ela assimilou o nome à pessoa tudo se tornou ainda mais claro. Mas o que a fez sentir ainda mais alegre foi em ver a alegria de sua irmã.

– Quando foi isso? – perguntou Verônica, agora também não conseguindo conter o animo.

– Hoje à noite. – respondeu Sophie.

– E como ele está? Vai, me conta!

– Ele está lindo, irreconhecível... Eu só o reconheci porque ele contou aquele nossa história do piquenique.

Ela deitou na cama e ficou olhando para o teto, ainda abraçada ao travesseiro. Ela dava suspiros.

– Verônica, o sorriso, o olhar, o humor dele... Tudo continua o mesmo só que numa versão adulta. – sussurrou Sophie.

– E na sua versão adulta, você namora o Gustavo. – comentou Verônica.

Ouvir aquele comentário de sua irmã, foi como levar um balde de água fria. Mas ela tinha razão, na sua versão adulta outra pessoa havia tomado o lugar que um dia havia sido dele. No entanto Sophie não sabia se tomar o lugar. Poderia ser o mesmo que merecer.

– Meu coração pulsou de uma forma tão empolgante quando o abracei – disse ela. – Eu estou confusa, pois ver o Hudson hoje. Despertou em mim, algo que pensei ter morrido há quatorze anos.

– Mana está tudo muito claro. Você ainda ama o Hudson, porém você não sabe se consegue deixar o Gustavo. – falou sua irmã dando um bocejo. – Agora me deixe voltar a dormir. Conversamos melhor sobre isso amanhã.

Sophie devolveu o travesseiro a sua irmã, deu-lhe um beijo na testa e sussurrou ao seu ouvido.

– Eu te amo mana!

– Eu também! – sussurrou Verônica de volta.

Ela apagou a luz e foi para o seu quarto chegando lá. Ela se deitou sobre a cama e ficou fitando o teto por horas. Imaginando como sua vida teria sido diferente se ela e Hudson estivessem juntos, até aqueles dias atuais, provavelmente estariam casados. Poderiam até mesmo já ter filhos. Ela chegou à conclusão de que tudo realmente seria diferente. Ela ouviu seu celular tocar e correu até a borda da cama para pegar a bolsa. Era Gustavo quem estava ligando pra ela naquela hora da noite o que deixou um pouco assustada, como também espantada.

– Oi Gus! – disse ela.

– Te acordei? – perguntou Gustavo.

– Não, eu estou apenas deitada. Mas o que houve? – indagou Sophie

Ela pode ouvir sua respiração. Ele parecia estar ofegante, como quem estivesse animado com algo ou desesperado.

– Amor lembra que te falei que Konrad, estava pretendendo voltar ao Brasil?

– Sim, lembro. Aconteceu alguma coisa com ele?

– Então... Ele disse o dia que vai voltar e vai ser no dia 26 de julho.

Sophie não conseguiu entender de imediato o porquê de tanto suspense pra dizer uma data. Quando de repente a data ficou clara em sua mente.

– É aniversário do Noáh! – exclamou ela.

– Amor. Vou ter de que desligar aqui, nos falamos amanhã pra ver o que vamos fazer em relação a isso. Beijos e sonhe comigo! – falou Gustavo.

– Beijos!

A linha ficou muda do outro lado. Sophie se viu na seguinte encruzilhada, pois ela realmente queria sonhar naquela noite. No entanto não sabia com quem sonhar.


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