Caminhando em Gelo Fino escrita por Ditto


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

FELIZ NATAL QUASE NO FIM, YEY
post de presente, provavelmente o último do ano



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565648/chapter/4

Sentia-se um tanto idiota, Sasuke o tratava mal havia quase quatro anos e havia acabado de se referir à sua melhor amiga de maneira ofensiva, ainda assim, estava completamente disposto a trocar uma tarde com a garota por qualquer tempo que pudesse passar ao lado dele.

—Sei lá, pensei em só sentar em algum lugar e jogar conversa fora, faz tempo que a gente não faz isso – disse-lhe Sasuke.

Naruto murmurou concordando, embora estranhasse o garoto ter relembrado dos tempos em que andavam juntos de forma tão casual e ainda falar como se o afastamento dos dois tivesse ocorrido naturalmente. Era culpa de Sasuke que os dois não conversavam havia anos e, um tanto amargurado, Naruto engoliu a vontade que teve de jogar aquilo acusatoriamente na cara do outro.

—Por que você não tá com o Suigetsu?

Sasuke estalou a língua impaciente.

—Porque as vezes ele me estressa – disse com secura.

—Vocês brigaram?

—Não, só não to afim de escutar o blá-blá-blá dele agora.

Naruto seguiu Sasuke por um corredor que não lembrava que existia e saíram por uma porta de emergência que dava para um vão entre o prédio principal e o complexo esportivo. Não havia nada além de algumas caixas e um latão de lixo. Estava prestes a perguntar o porque de estarem em um lugar tão escondido quando Sasuke tirou do bolso um maço de cigarros e acendeu um nos lábios, respondendo sua dúvida.

—Você fuma?! - exclamou Naruto horrorizado.

—O que você acha? - zombou o outro soltando fumaça acinzentada pelo nariz ao rir-se do espanto do outro.

—Mas isso faz mal!

—Qualquer coisa faz mal, eu não me importo. Fumar me ajuda a desestressar.

Naruto torceu o nariz, mas Sasuke não pareceu se importar com sua preocupação, sentou-se junto à parede mais próxima. O loiro considerou sentar-se ao seu lado, mas a fumaça e o cheiro forte de nicotina certamente o incomodariam, então sentou-se na parede oposta, de frente para o outro.

—Falando sério, - começou Sasuke – não tá rolando nada mesmo entre você e o esquisitinho?

—Não – respondeu com firmeza, apesar de sentir o rosto corar – E o nome dele é Sai.

—Você pode me contar, sabe, não sou que nem aqueles ignorantes. Se você quiser conversar, eu não vou comentar com ninguém – ele ignorou completamente o comentário sobre o nome do rapaz. Naruto se esforçava em vão para encontrar algum traço em Sasuke que denunciasse suas verdadeiras intenções com aquilo tudo, mas ao passo que ele mesmo era um livro aberto, o outro era um diário fechado à sete chaves.

—Sai e eu somos apenas amigos – havia irritação em sua voz – E eu sou hétero – completou impostando uma certeza que ele não mais possuía.

Sasuke tombou a cabeça levemente para o lado e deu uma longa tragada em seu cigarro. Encarava-o com uma expressão terrivelmente impenetrável, a fumaça que escapava em espirais lentamente por seus lábios, encobrindo seu rosto, servia apenas para aumentar essa sensação incômoda de blindagem.

—Se você é hétero – falou franzindo o cenho – por que você tava de amassos com o esquisitinho ontem na biblioteca?

Automaticamente, Naruto sentiu os músculos de todo o seu corpo tensionarem. Desviou o olhar e passou a mexer no zíper de sua bolsa, pousada ao seu lado, como se não houvesse no mundo nada mais interessante.

—Não sei. Acho que... Eu nunca tinha beijado antes... Então eu não sabia muito bem o que eu tava fazendo, também acho que a minha curiosidade falou mais alto.

Estava sendo bastante sincero, era a primeira vez que tinha a oportunidade de falar com alguém sobre isso e dizer seus argumentos em voz alta ajudava a convencer-se de sua veracidade.

—Então aquele foi o seu primeiro beijo? - perguntou Sasuke incrédulo – Por quê? Digo, por que você nunca tinha ficado com ninguém? Não é como se você fosse feio, tem muita garota nessa escola que ficaria com você sem pensar duas vezes.

Naruto sentiu o rosto arder com o comentário, soltou o zíper e levantou o olhar novamente para Sasuke.

—Bem, eu... Eu sempre gostei da Sakura, você sabe, então eu acho meio chato ficar com alguma menina daqui, ela conhece todo mundo...

—Mas ela não gosta de você, – retrucou com frieza – ela não ia se importar se você pegasse alguma menina do primeiro ano, e elas são todas desesperadas pra ficar com alguém do terceiro.

—Eu não ia me sentir bem – rebateu Naruto sentindo o sangue pulsar nervosamente em suas veias – em dizer à minha melhor amiga que gosto dela num dia e sair beijando uma conhecida dela no outro.

—E se fosse alguém de fora?

—De fora onde? As meninas que os meus amigos conheceram por fora foi durante as férias, eu não saio muito durante as férias.

—Ah é, você passa as férias viajando com o seu padrinho ainda, ele é promoter ou algo assim, né?- Naruto ficou um tanto impressionado que ele houvesse guardado esse tipo de informação, mas apenas concordou com a cabeça – Você devia sair comigo um dia desses, eu conheço uns lugares legais cheios de minas gatas.

—Você diz pulando o muro da escola e arranjando problema com os professores? Não, obrigado.

—Como se você fosse levar algum tipo de castigo por isso, você é o queridinho da diretora, ela ama o seu padrinho.

—Prefiro não arriscar.

Sasuke deu de ombros e deu uma última tragada no cigarro, jogando a bituca no chão e pisando-a.

—O que realmente importa – disse soltando a fumaça – é se você gostou.

Naruto, que tinha voltado a brincar timidamente com o zíper, parou e encarou o outro por um segundo, retornando imediatamente à atividade assim que deu-se conta da questão.

—Teria preferido com uma garota – resmungou. Sasuke estalou a língua com desdém.

—É tudo a mesma coisa.

—Você é bi?

—Tanto faz, se eu tiver com vontade de ficar com alguém, eu fico. Tenho coisas mais importantes na cabeça do que procurar um nome pra isso.

Alguma coisa no jeito do garoto falar incomodava Naruto amargamente. Para ele, o beijo sempre fora uma coisa repleta de mitologia, algo mágico, especial. Tinha amigos que beijavam uma menina diferente a cada vez que saiam, é verdade, e não se incomodava com isso, mas o modo que Sasuke falava lhe deu a entender que ele não só já havia beijado diversas meninas e meninos, mas também que aquilo era banal e não significava absolutamente nada para ele. Por qualquer que fosse a razão, a imagem de Sasuke, dentre todas as pessoas do mundo, agarrando-se com completos desconhecidos – talvez até naquela segunda-feira, dois dias antes, quando fugiu da escola – embrulhou seu estômago. Sentiu o gosto ácido e azedo da bílis lhe subir a garganta e disfarçou a careta tossindo.

—E aí? Já sabe o que vai fazer quando se formar?

Naruto encolheu os ombros, assustava-o um pouco a ideia de ter que decidir seu futuro quando mal conseguia escolher uma meia para vestir toda manhã. Ainda mais com a pressão dos professores para que os alunos entrassem em boas universidades.

—Não faço ideia – suspirou olhando Sasuke nos olhos – É muito difícil escolher assim, tem milhões de opções e parece que nenhuma é pra mim, entende?

O outro concordou com a cabeça.

—Você tem que pensar no que gosta de fazer – sugeriu – Deve haver alguma coisa em que você seja bom.

—Eu gosto de... Comer, dormir... - Sasuke revirou os olhos – Ah! Eu gosto de jardinagem! Regar plantinhas e essas coisas – disse gesticulando de um jeito infantil.

Houve o esboço de um sorriso por um instante, mas Sasuke mordeu os lábios, contendo-o antes que despontasse e abaixou o olhar.

—O que foi? - indagou imaginando se havia dito alguma idiotice que pudesse ter feito o outro rir.

—Nada, é só... - Sasuke se pôs de pé, evitando seus olhos. Pigarreou – Você não mudou nada.

Naruto também levantou-se. Não tinha certeza do que o outro quis dizer com aquilo, pegou-se mergulhado em dúvidas o seguindo em silêncio em direção ao pátio. Parecia meio estúpido que estivesse desesperado para voltar a ter Sasuke ao seu lado por tanto tempo e, quando finalmente conseguia uma chance, sentia-se imensamente desconfortável e tenso durante todo o tempo em que estivera com o rapaz. Ele não era mais o mesmo, ou pelo menos não agia como se fosse. Causava-lhe um estranhamento perturbador perceber o abismo de diferença que havia entre o garotinho reservado que costumava ser seu melhor amigo e o rapaz insolente caminhando ao seu lado. Havia um aperto no peito, uma angústia entalada na garganta, Sasuke não demonstrava se também se sentia tão incomodado, mas seria difícil que não estivesse.

—Vou dar uma volta – ele anunciou ao alcançarem o pátio – Te vejo por aí.

Deu-lhe as costas e saiu um tanto apressado, deixando Naruto com uma crescente frustração. Apesar de tudo, queria correr até ele e insistir que o deixasse acompanhá-lo, mas não tinha força no coração para fazê-lo. Foi andando distraído com o tumulto dentro de si para a direção oposta a de Sasuke até que um grupo de garotas mais novas, sentadas na grama ali perto, começou a lhe lançar olhares indiscretos e trocar comentários e risadinhas entre si, lembrando-o com um sobressalto de sua condição no momento e o levando a refugiar-se em seu quarto o mais depressa que podia.

Seguro e longe, finalmente, dos olhares cruéis que o acompanhavam desde que deixara o dormitório naquela manhã, Naruto decidiu que devia pegar o celular novamente e checar as mensagens. Adiar não ia mudar o conteúdo e enquanto mais rápido lidasse com o que quer que houvessem lhe mandado, mais rápido poderia esquecer daquilo.

Já havia mais de setenta notificações não lidas. Sentiu um mal estar lhe tomar conta só de imaginar o que havia nelas. Para seu alívio, pelo menos trinta eram mensagens de Sakura, angustiadíssima, perguntando se iria para as provas, aonde havia se metido e xingando-o de todos os nomes por não estar a respondendo. Mandou-lhe um pedido de desculpas explicando que deixara o celular no quarto, mas que havia ido às provas e estava tudo bem. Sai havia lhe mandado um longo texto na noite anterior, explicando-lhe que não sabia a proporção que um simples beijo tomaria e demonstrando-se bastante preocupado. As outras variavam entre entre amigos genuinamente curiosos – nem todos exatamente simpáticos – e colegas com quem mal conversava, cujas perguntas e comentários tinham um forte ar de chacota e alguns eram claramente ofensivos.

Depois de deletar aquele bombardeio de mensagens e responder uma ou duas que mereciam atenção, Naruto não pode evitar de sentir-se pesado e emocionalmente exausto. Além de ter sido humilhado, obrigado a passar o dia todo evitando lugares muito cheios e da estranha e súbita aproximação de Sasuke, que não lhe trouxe nada além de confusão, também tinha quase certeza de que sua nota em ambas as provas daquele dia haviam sido péssimas. Por mais que tivesse estudado, não conseguira focar na prova com o turbilhão de medo e dúvidas em que sua mente havia se tornado e temia que isso pudesse se repetir nas outras avaliações naquela semana.

Com um pouco de insistência e uma boa dose de melodrama, Naruto convenceu Sakura a lhe contrabandear o jantar até seu quarto e lhe fazer um pouco de companhia. Ela o alertou que Kiba não estava tendo a melhor das reações ao tal beijo, mas o garoto não quis falar mais sobre o assunto. Precisava distrair-se, tirar um pouco os problemas de sua cabeça, e Sakura soube exatamente o que dizer para arrastá-lo rapidamente para uma conversa leve pelo resto da noite.

Assim que Sakura partiu, no entanto, um pensamento surgiu em sua cabeça: ela e Sasuke haviam sido namorados por quase meio ano e o garoto havia se demonstrado, naquela mesma tarde, bastante libertino. Até que ponto os dois teriam ido juntos? Por alguma razão, mantinha uma imagem imaculada de ambos desde a infância e sentia-se extremamente desconfortável em imaginar essa imagem destruindo-se. Pior – pelo jeito que falara, começava a duvidar de até que ponto Sasuke teria ido com completos estranhos.

De repente, dormir se tornou impossível.

Na manhã seguinte, Naruto estava devastado. Tinha a sensação de não ter dormido mais do que cinco minutos naquela noite – o que poderia não estar muito errado, já que havia visto o sol nascer através das cortinas enquanto revirava-se inquieto nos lençóis. Pulou da cama cedo, foi um dos primeiros a chegar no refeitório para o café da manhã. A exaustão o impedia de se comover com os olhares curiosos que ainda o acompanhavam. Não conseguiu reunir forças nem mesmo para se importar com a explosão de risos que veio da mesa vizinha quando Sai sentou-se na cadeira em sua frente.

—Bom dia.

—Bom é uma palavra que não existe mais no meu vocabulário – retrucou sem tirar os olhos inchados do prato.

—Eu me sinto muito culpado quando você fala assim – Sai franziu o cenho.

—Já disse que não é culpa sua – ou talvez fosse, pensou. Era um tanto confortável culpar Sai por tudo o que estava acontecendo. Antes dele ter entrado na escola, as coisas estavam bem, não estavam? Se não fosse por ele colocando ideias em sua cabeça, tudo estaria normal. Era Sai quem havia criado aquelas dúvidas que agora o consumiam.

Mas se era tão difícil se convencer de que era apenas invencionice de Sai, talvez a incerteza sempre estivesse lá, não?

—Você não parece ter dormido nada.

—Não consegui.

Sai estalou a língua preocupado.

—Acha que consegue fazer a prova? Quem sabe se você conversar com os professores, eles entendam e deixem você fazer separado.

O loiro deu de ombros.

—Não sei do que adiantaria, eu estaria deprimido e me sentindo um lixo numa cadeira diferente.

Sai cerrou os punhos sob o colo, esquecendo-se completamente do café da manhã à sua frente. Naruto também não comia, cutucava o omelete em seu prato desanimadamente.

—Sasuke veio falar comigo depois que eu saí da biblioteca ontem – ele esperou um momento, mas Sai não disse nada. Naruto não descolava os olhos de seu prato, então apenas imaginava que expressão ele estaria fazendo (se é que fazia alguma, conhecendo-o) – Ele anda fumando. Não ficamos conversando por muito tempo, acho que tava um clima meio tenso.

Nenhum comentário. Ergueu os olhos para Sai, ele apoiava o rosto em uma das mãos e tinha um semblante severo e irritado, mas encarava o próprio prato. Naruto deu um longo e tortuoso suspiro.

—Você realmente não se importa com toda essa gente rindo de você? - alguns meninos da oitava série haviam se sentado, todos de frente para sua mesa, há poucos metros e não se preocupavam com discrição ao apontar em sua direção diversas vezes.

—Não, - respondeu Sai lhes lançando um olhar gélido – eu não tenho problema nenhum em ser quem eu sou e não poderia me importar menos com o que os outros pensam.

Naquele dia haveria duas provas novamente. A primeira era de física, Naruto não conseguiu sequer completar todas as questões, era impossível se concentrar. Depois da prova, o professor o chamou para fora da sala para uma conversa em particular.

—Eu juro que eu tentei! - choramingou assim que Iruka fechou a porta, certo de que o professor iria repreendê-lo pelas duas questões em braco.

—Eu sei, eu sei – ele não parecia bravo, seu olhar era de afeto e preocupação – Você têm mudado bastante nas aulas, eu vi que você andou estudando.

—Então o que eu fiz de errado?

—Nada! Eu só queria saber se você está bem, os meninos tão pegando pesado nos comentários.

Naruto surpreendeu-se com a atenção. Não esperava muita simpatia de, sinceramente, ninguém, muito menos dos professores.

—Ah... Eu tô bem – mentiu encabulado – Daqui a pouco eles esquecem isso.

—Tem certeza? Se você precisar de alguma coisa, ou se alguém tiver te incomodando... Todos os professores, incluindo a diretora, estamos dispostos a fazer o que for necessário.

Naruto não achava que fosse ocorrer outro confrontamento direto como o do dia anterior, seu maior problema era com os risos e comentários que os colegas faziam entre si, e isso vinha de, praticamente, a escola inteira. Não havia como conter esse tipo de comportamento num grupo tão grande de adolescentes. A última coisa que queria era chamar ainda mais atenção para o ocorrido e, naquele momento, qualquer tentativa de repreender os alunos só pioraria a situação.

—Não precisa fazer nada – respondeu com veemência – Tá tudo bem.

Iruka passou a mão paternalmente em seu ombro.

—Se precisar conversar com alguém, pode contar comigo.

Naruto deu-lhe um sorriso de lábios cerrados, o professor virou-se e saiu para a próxima sala onde aplicaria prova, deixando o garoto sozinho com seus pensamentos. Resolveu tomar um gole de água antes de retornar, no bebedouro, encontrou Kiba.

—Oi – cumprimentou-o apreensivo, lembrando-se do que Sakura havia lhe dito. O garoto lhe lançou um olhar frio, mas não respondeu, terminou de tomar água e passou direto em direção à sala – Vai mesmo me ignorar?

Kiba virou-se para ele franzindo as sobrancelhas.

—O que você quer?

—Por que você tá falando assim comigo? - perguntou enraivecendo-se, não havia dado motivos para receber esse tipo de travamento.

—Por que você nunca disse que era viado?

—Eu não s... - seu coração disparou, ele parou no meio da frase apreensivo – O que teria de mal se eu fosse?

Tinha medo da resposta, mas sentiu necessidade de perguntar. Kiba se mexeu incomodado, como se Naruto houvesse dito algo absurdo.

—Isso é nojento, cara! Poxa, você já dormiu lá em casa! - respondeu torcendo o rosto num sinal claro de asco. Ele balançou a cabeça negativamente e lhe deu as costas outra vez, abandondo Naruto paralisado.

Não conseguia se mover, seu coração se reduziu à um galope desgovernado e lágrimas começaram a se formar em seus olhos.

—Caramba, achei que vocês fossem amigos – Naruto virou-se para encontrar Sasuke ao pé do bebedouro, a mão pousada no botão da água e as sobrancelhas erguidas – Que babaca.

Ele afastou o cabelo e tomou um pouco d'água calmamente.

—Vamos – Sasuke foi até Naruto e o puxou de leve pelo ombro, mas ele não saiu do lugar – Esquece isso, vamos voltar pra sala.

—Mas e se ele tiver razão?

Mirava transtornado os próprios pés até que sentiu Sasuke agarrá-lo violentamente pelos ombros e então, com o solavanco que lhe deu, ergueu os olhos assustado. O garoto o olhava fundo nos olhos com firmeza.

—Não seja idiota. Ele não tem razão. Nojento é ele, vi ele no parque uma vez com o cachorro, deixou o bicho lamber a cara dele inteira, só de lembrar já me dá ânsia de vômito.

Naruto se fixou hipnotizado em seus olhos, fazia tanto esforço para conter as lágrimas que quase não respirava. Seu coração, no entanto, estava completamente disparado.

—Por acaso você tem nojo de mim? Tem nojo do seu amigo esquisitinho? - ele sacudiu a cabeça veementemente – Então para de pensar besteira. A única coisa aqui pra se ter nojo é de gentinha que nem ele. Agora vê se para de chorar que nem criancinha e volta praquela sala de cabeça erguida. Mostra pra ele que você não precisa de gente assim na sua vida, entendeu?

Acenou concordando sem muita emoção, Sasuke apertou seu ombro com mais força.

Entendeu, Naruto?

—Entendi!

—Então vai lá, esquece essa palhaçada e faz a prova direito.

—Tá bem.

Sasuke o puxou novamente, desta vez Naruto o seguiu. Não trocaram mais palavra alguma no caminho até a sala, foi o momento que teve para secar os olhos e se recompor. Antes de entrar, Sasuke o parou e lhe lançou um último olhar severo. Naruto ergueu o queixo e estufou o peito. Os dois entraram na sala e seguiram cada um ao seu lugar, ele tomou o cuidado de não olhar na direção da carteira de Kiba. Ao sentar-se em sua cadeira, Sai o encarou pouco expressivo.

—Estavam conversando? - disse com frieza.

—Tive um problema, ele me ajudou.

Sai virou os olhos com desdém e voltou-se para frente.

Não conseguiu dar muita atenção à reprovação do amigo. Sentia o coração prestes a explodir dentro do peito, tomado por um formigamento incerto e a garganta seca como papel. Espiou por cima do ombro, Sasuke conversava despreocupadamente com Suigetsu em seu lugar. De uma coisa estava certo: a taquicardia já não tinha relação alguma com Kiba.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE, FELIZ NATAL E FELIZ ANO NOVO!

Primeiramente queria dizer mais uma vez que eu amo ler comentários, qualquer coisinha que vocês talvez achem insignificante dizer já me deixa sorrindo por eras que nem uma tonta!
É muito legal ver as diferentes reações que cada um tem ao Sasuke, ao Sai, ao jeito que as coisas vão se desenrolando... Sei lá, gosto muito de saber o que vocês pensam, obrigada ;w;
Aos leitores fantasma, que acompanham, mas nunca comentaram: olá :3

Sobre a SS, já que vocês parecem mesmo interessados, aqui vai mais umas dicas: o S não necessariamente está nas iniciais do autor ou autora do blog, assim como a Gossip Girl na série era um pseudônimo, talvez SS também seja. Como a Sakura disse, no blog é postado por vezes até sobre a vida dos professores e funcionários da escola, então com certeza já tentaram muito descobrir quem é o responsável, portanto é alguém inteligente e cauteloso, arriscar o próprio nome não seria muito seguro, né?
Por hora, eu não vou falar mais nada sobre a S, senão vai ficar muito óbvio, mas se vocês pensarem um pouco além sobre essas coisas que eu disse, já dá pra diminuir muuuuito a lista de suspeitos ;)