Depois de perceber a gravidade do sumiço de sua irmãzinha, Boruto acabou contando ao pai o que havia acontecido. Naruto nem sequer teve tempo para ficar zangado, após verificar que sua marcação colocada em Himawari não funcionava, ele foi direto atrás de Hinata para contar o que havia acontecido. Boruto seguiu junto com o pai.

– HINATA! – Naruto entrou pela porta desesperado.

– Ahn? – Hinata estava um pouco assustada com aquela entrada repentina.

– A Himawari. Ela Sumiu! Precisamos encontrar ela urgente! – Quando Naruto explicou o que havia acontecido, o corpo de Hinata estremeceu, o mundo dela parecia ter desabado em milésimos. Ela mal teve tempo de digerir aquela informação e já estava com o coração saindo pela boca.

– A nossa filha? A Hima-chan?! Desapareceu?! – O mundo começou a girar, como se Hinata estivesse dentro de um furacão. O único motivo de não ter desmaiado naquela hora era que sua filha estava precisava dela como mãe.

Naruto notou que tinha falado tudo muito rápido e confundindo ainda mais sua esposa. Ela estava completamente desorientada, naquele estado não poderia fazer nada. Ele então segurou o rosto de Hinata com as duas mãos, olhou bem nos olhos dela e disse:

– Hinata, eu sei que foi tudo muito rápido, mas eu preciso de você agora! Olhe pra mim, nós precisamos procurar por ela em todo lugar possível, eu não quero pensar bem passar a noite sem ter a Himawari em casa. Eu realmente preciso que você me ajude, certo? – Hinata apenas concordava e confiando no marido que parecia estar determinado a recuperar a filha.

– Então tudo bem, me escute, vamos fazer o seguinte. Eu vou fazer vários clones para procurar por ela e você vem junto comigo nas minhas costas, ative o seu Byakugan e se concentre apenas em olhar em todos os lugares possíveis que eu cuido da movimentação. Tudo bem? – disse indo em direção a saída de Konoha.

– Pai? Eu posso ajudar em algo? – Boruto se sentia culpado por tudo aquilo que estava acontecendo e queria ser útil de alguma forma.

– Sim, informe ao Shikamaru o que está acontecendo e peça ajuda para os ninjas sensoriais que estiverem disponíveis. – respondeu Naruto sabendo como o filho se sentia por tudo o que acontecera.

Boruto aceitou seu dever sem exitar, enquanto isso Naruto foi com Hinata para cima da muralha que cercava Konoha. Lá o Hokage criou uma quantidade absurda de clones que ajudariam na busca, a parte de cima da muralha foi totalmente preenchida por clones dele, 3 vezes. Cada clone seguiria uma direção na floresta procurando por Himawari. Naruto e Hinata seriam o motor principal daquela busca, com a velocidade do pai e a visão da mãe, não demoraria muito para que a filha fosse encontrada. Eles estavam determinados, sem a filha, não voltariam para a vila.

[…]

Himawari acabara de acordar. Ainda um pouco tonta, estava em uma sala escura, não havia nenhuma fonte de luz exceto a que entrava por debaixo da porta, provavelmente proveniente de velas do outro lado. A garota havia sido trancafiada naquela sala sem cerimonia alguma. Não haviam cordas ou qualquer tipo de acessório prendendo os movimentos dela, seu único obstáculo ali era a porta. A pequena foi até ela e tentou abri-la.

Ela ainda não compreendia totalmente o que estava acontecendo, suas memórias estavam um pouco atrapalhadas e por isso não conseguia lembrar de como havia chegado naquele local. Mesmo se esforçando ao máximo para abrir a porta, todas suas tentativas eram frustradas. Ainda assim, Himawari continuou empenhada até ouvir duas vozes conversando. Pela altura das vozes, as pessoas pareciam estar longes, mas o som começava a aumentar gradativamente, indicando que estavam chegando cada vez mais perto. Talvez aquela fosse sua oportunidade. – Ei, tem alguém ai? Eu estou presa aqui, preciso de ajuda! – gritou Himawari, já colocando o ouvido na porta para ver se haveria alguma resposta.

– Você tem certeza de que ela é a filha do Hokage? – perguntou um dos ninjas ainda longe da porta.

– Absoluta, eu não cometeria um erro bobo de confundir uma criança.

– Bem, então é hora de iniciar o plano.

– Já? Nós ainda temos tempo para decidir, é melhor calcular bem nossos movimentos.

– Se nós tivermos tempo, as vilas também terão. Para o plano funcionar precisamos aproveitar o desespero e o caos da situação.

– Você realmente não sabe se divertir numa situação dessas... Eu não me espantaria se você matasse a criança assim que a visse.

– Haha você está enganado, eu sou o que mais sabe se divertir.

Após ouvir aquilo, Himawari entrou em pânico. O medo tomou conta de seu corpo, ela não conseguia pensar em nada exceto em tentar fugir daquele local. Sem saber o que fazer e prevendo que a qualquer instante os dois ninjas entrariam por aquela porta e a matariam, a garota correu para um canto da sala, desesperada, e começou abrir um buraco no chão. O piso do local era duro demais, suas unhas já estavam sangrando e o buraco ainda não havia sequer começado a aparecer. Ela se comportava como um animal tentando sobreviver a todo custo. Seus pequenos dedos, em pouco tempo, já não tinham mais unhas. Era impressionante ver como a dor da garota podia ser facilmente suprimida pelo seu medo e desespero.

Não demorou muito até a porta abrir, dois ninjas entraram encapuzados. O esforço da pequena havia sido em vão. Lá estavam eles, encarando ela como se fossem dois lobos. Tudo que pôde fazer naquele instante foi chorar enquanto se espremia na parede. Um dos ninjas sorriu, se aproximou dela e agachou, a encarando contra a parede. Lágrimas não paravam de escorrer pelo rosto da pobre garota. Quando finalmente olhou para o ninja que estava em sua frente era tarde demais, o mesmo já havia posicionado uma kunai em contra o seu peito. Não havia emoção alguma naquela cena fora o medo da garota, era uma cena cruel de se assistir. O ninja calmamente deslizou a kunai para dentro do tórax da garotinha perfurando seu coração, ela mal teve tempo de compreender o que acontecia e já estava morta, sangrando sem parar.

– Bem, ela morreu... e eu me sinto decepcionado com isso. Eu poderia matá-la facilmente sem a menor necessidade de trazê-la aqui, já que este era seu plano. – resmungou o ninja que ficou apenas observando.

– Orochimaru, as vezes eu duvido que você foi um dos 3 grandes ninjas lendários. Sinceramente, você parece bem mais esperto em histórias. – retrucou o ninja limpando sua kunai com o sangue da garota.

– Então porque você não me explica o seu plano genial?

– Não é genial, é um plano simples, vamos ver se você entende. Este é um esconderijo abandonado da Vila Oculta da Névoa, ninjas de todas as vilas estão em Konoha, a filha do Hokage foi morta e será encontrada aqui. O que você acha que vai acontecer?

– Você realmente acha mesmo que o Naruto vai tentar se vingar da Vila da Névoa sem sequer pensar se foi ou não a vila quem fez isso?

– A morte preserva muitas coisas, Orochimaru. É muito fácil distinguir alguém que morreu em paz de alguém que morreu sofrendo. Olhe para a garota, pelo que você me falou do Naruto eu duvido que ele tente ser racional quando encontrar a filha morta desse jeito. – abriu um sorriso enquanto guardava sua kunai – Agora tire o selo que você colocou para que ela possa encontrada pelo jutsu de teletransporte do Naruto. E depois disso vamos assistir o verdadeiro mundo ninja renascer. – concluiu.

Orochimaru se dirigiu até o corpo da menina para retirar o selo. Aquela era visão difícil de engolir, Himawari estava encostada na parede sobre uma poça de sangue, preservando todo o aspecto de medo que apresentava antes de morrer. Suas mãos machucadas estavam unidas, uma segurando a outra, como se estivesse fazendo um pedido. A cabeça da menina olhava para baixo, pingando algumas gotas de sangue que caiam de sua boca. Ao levantar a cabeça da garota, Orochimaru pôde perceber olheiras devido a perda excessiva de sangue, até mesmo ele ficava um pouco incomodado olhando aquilo. Havia sido uma morte extremamente cruel e fria. Ele colocou a mão sobre a testa de Himawari para desfazer o selo, mas por algum motivo não surtiu efeito.

– Isso é estranho, não consigo retirar o selo. – informou Orochimaru.

– Sinceramente, você é mais incompetente do que eu imaginava...

– Isso não é normal tem algo errado! – afirmou Orochimaru

Uma plantinha começou a crescer entre as mãos unidas da pequena causando espanto nos ninjas. Em seguida a cabeça da garota se levantou sozinha, seguindo por seus olhos abrindo e mostrando um doujutsu que alguns achavam que estava adormecido para sempre nela, o Byakugan. Instantaneamente Orochimaru e o ninja anônimo começaram a recuar. De repente a planta que apareceu na mão de Himawari começou a crescer absurdamente rápido, quebrando toda a estrutura daquele esconderijo e os forçando a sair para o ambiente externo. Fora do esconderijo, havia apenas uma planície repleta de grama e no centro de tudo estava a planta de Himawari, privilegiada por um céu aberto e azul, além de um sol nunca antes visto. Isso levou os ninjas a uma conclusão:

– Genjustu? Eu achei que ela não fosse capaz de utilizar qualquer tipo de técnica. – disse o ninja surpreso.

– E não deveria, talvez seu plano de assustar criancinhas antes de matar tenha saído pela culatra – retrucou Orochimaru num tom provocativo.

– Cale a boca! Vamos sair logo dessa droga. – fez o selo para cancelar o genjutsu, mas não obteve sucesso. – Isso não é um genjutsu normal, nós precisamos sair daqui urgente.

Após atingir uma altura de 20 metros a planta parou de crescer e então começou a desabrochar. Era um girassol, o maior que eles já tinham visto. Além disso, não demorou muito para que eles notassem uma peculiaridade, a planta estava viva e era provavelmente controlada por Himawari. Logo após desabrochar, a flor começou a se mover, e diferente do mundo real ela não acompanhava o sol, mas sim o sol acompanhava ela.

Em milésimos a flor do girassol se focou em Orochimaru e no outro ninja. Pouco tempo depois uma bola de fogo que parecia o sol com cerca de 30 metros de diâmetro caiu sobre ambos, os desintegrando até os ossos. Este processo ficava se repetindo sem parar. A cada ciclo eles voltavam cada vez mais exaustos e por mais rápida que fosse a destruição de seus corpos, a dor de ser derretido em instantes não sumia tão rapidamente. Eles podiam sentir que estavam enlouquecendo cada vez que eram derretidos pelo sol. O desespero começou a tomar conta dos dois.

– Orochimaru, alguma ideia? – perguntou o ninja encapuzado.

– Hahahaha, nesse ponto não existem mais ideias... nós perdemos! No momento em que essa criança nos colocou num genjutsu desse nível nós perdemos. – respondeu Orochimaru rindo da própria desgraça.

– Você vai aceitar perder pra uma ilusão? – disse calmamente, porém apreensivo, provocando Orochimaru.

– Genjutsus são as técnicas mais poderosas e difíceis de se dominar. Quando você encontra genjutsus tão poderosos como esse, simplesmente não há o que fazer. A primeira vez que eu fui pego pelo Tsukyomi do Uchiha Itachi eu percebi isso. Nós estamos presos até que ela decida parar o genjutsu... O melhor que você pode fazer agora é torcer para que o chakra dela acabe antes que você enlouqueça ou morra.

– Isso realmente é algo desanimador de se ouvir. Alguma previsão de quanto tempo vai levar até ela parar? – perguntou o ninja insatisfeito com Orochimaru.

– Considerando que ela também é uma Uzumaki, você não deveria esperar sair daqui sem virar pó pelo menos umas cem vezes… sendo otimista, é claro. – disse olhando para a próxima esfera flamejante a caminho deles.

E mais uma vez os ninjas foram carbonizados, o ciclo se repetiu por mais ou menos 200 vezes. Em algumas oportunidades eles até tentaram sair correndo, mas nada era rápido o bastante para despistar o enorme girassol e sua bola de fogo teleguiada. Após 180 ciclos, os ninjas já haviam perdido a consciência e quase todo o chakra que tinham.

Quando Himawari finalizou o jutsu, apenas lhe restava um pouco de força para sair do esconderijo antes que algum dos sequestradores acordasse, mas ela estava tão fraca que talvez nem isso conseguisse. Orochimaru e o outro ninja estavam caídos no chão deitados sobre uma enorme poça de suor. Provavelmente toda vez que eles eram submetidos ao extremo calor no genjutsu, o cérebro deles tentava fazer o corpo suar para diminuir a temperatura inutilmente. Sendo assim provavelmente, ambos estavam extremamente desidratados após 200 ciclos no genjutsu de Himawari.

Como ela mal conseguia compreender como tudo tinha acontecido, a pequena checou seus ferimentos antes de tudo. Suas mãos estavam muito machucadas, porém seu tórax ainda estava intacto, indicando que o genjutsu teria sido ativado antes do ninja perfurar seu coração. A garota então se levantou e começou a caminhar para fora do esconderijo. Himawari mal conseguia caminhar, andava cambaleando e se apoiando em objetos que encontrava. Após sair do esconderijo, caminhou mais um pouco através da floresta e em seguida desmaiou.

[…]

Após algumas horas de busca já havia anoitecido. A preocupação de Naruto e Hinata aumentava a cada segundo sem encontrar sua filha. Eles já estavam repassando nos locais pela terceira vez, foi quando finalmente Hinata avistou algo.

– Naruto, eu encontrei alguém!

– Na onde?!

– Para o leste, não consigo ver direito mas está caído no chão... talvez seja ela...

– Entendi, vamos lá!

Naruto foi o mais rápido que pôde, em questão de segundos eles chegaram ao local e viram uma imagem que lhes partiu o coração. Ao ver sua filha toda suja e com as mãos ensanguentadas, nenhum dos dois conseguiu conter o choro. Naruto caiu de joelhos e socou o chão tentando pensar em quem poderia ter feito aquilo com sua filha. Hinata, por sua vez, foi tentar socorrê-la o mais rápido possível.

– Naruto, o corpo dela está muito frio, precisamos levá-la urgente para o hospital. – Hinata tirava sua blusa para cobrir a garota enquanto falava.

– Certo, vamos o mais rápido possível. – Naruto carregou Himawari e aproveitou para passar um pouco de chakra da Kyuubi para mantê-la aquecida. Por causa disso a garota acabou recobrando a consciência por alguns segundos.

– Papai? É você, certo? – Naruto movimentou a cabeça demonstrando que sim. – Hoje eu ganhei minha primeira batalha. – disse apontando as mãos ensanguentadas – Ela foi muito difícil, eu tive que me esforçar bastante... os ninjas eram bem fortes... eles queriam... eles queriam... não me lembro... Ah é, tinha um girassol... e ele era bem grande... sim... era bem grandão... – e novamente perdeu a consciência enquanto sorria para seu pai.