Após a confusão na festa de casamento, a união entre Tanya e Edward havia realmente sido anulada, por vontade do noivo, horas depois do “sim” dito por ambos. 

Não ficamos para ver o desenrolar da história toda no salão de festa, pois papai nos mandou de volta ao hotel,  prometendo para Tanya que resolveria todo o mal entendido. Mamãe e eu pegamos Tanya, uma segurando em cada braço de minha abalada prima, e a arrastamos, enquanto ela se desmanchava em lágrimas,  para o carro que já nos aguardava do lado de fora da tenda. 

Nenhuma explicação foi nos dada, a única coisa que sabíamos era que os ânimos estavam bastante exaltados, tanto na família Cullen quanto no meu pai. Uma das poucas coisas que consegui compreender, era que pelo jeito houve um mal entendido com relação a noiva, mas papai nada disse sobre o assunto. Antes de sairmos pela tenda, a última coisa que vi era meu pai, que parecia bastante nervoso, discutindo com Carlisle e Edward, que parecia estar à beira de um colapso, enquanto Emmett tentava empurra-los a uma salinha reservada para que discutissem o assunto sem os olhos curiosos dos convidados. 

Já no carro, a única coisa que se escutava era o choro de Tanya e sua voz carregada se lamentando e perguntando o porquê isso estava acontecendo justo com ela, como se mamãe ou eu pudéssemos dar uma resposta concreta.

Chegamos ao hotel e Tanya tirou o véu, que havia sido recolocado novamente em seu rosto logo após Edward anunciar o divórcio. Na sua cara só se conseguia prestar atenção em seus olhos maquiados completamente borrados com suas lágrimas, e o nariz vermelho e inchado que mais parecia um nariz de palhaço. Como já estava tarde e papai não chagava, mamãe acho melhor irmos dormir. Eu não queria e tampouco Tanya, eu estava curiosa demais pra saber o que havia ocorrido pra conseguir dormir, e Tanya estava nervosa e agitada demais pra conseguir fechar os olhos. Mas mamãe foi firme, ela também estava agitada, e o nervosismo e choro de Tanya a estava deixando preocupada com a possibilidade de minha prima ter um surto.

Então ela empurrou nós duas para o quarto de Tanya, dizendo que era melhor eu oferecer apoio a minha prima e ficar com ela em seu quarto esta noite, e deu um remédio para ajudar Tanya a dormir, ela me ofereceu remédio também mas eu não quis. 

Logo depois de tomar um banho e tomar o remédio que minha mãe deu pra ela, Tanya deitou na cama e apagou enquanto fungava baixinho. Já eu não consegui dormir, e passei a noite inteira deitada na cama olhando o teto do quarto e tentando escutar se meu pai já estava de volta, mas como Tanya havia chorado muito, ela estava com o nariz entupido e com isso estava roncando, o que fazia minha missão de tentar escutar o que se passava do outro lado da porta, ser praticamente impossível.

A noite passou lentamente, e já conseguia ouvir os pássaros e ver os primeiros raios de sol entrando pela cortina fechada do quarto. Agradeci aos céus por ter amanhecido, não quentava nem mais um minuto ouvir a imitação de serra elétrica que saia da boca de Tanya, e me levantei. Dei uma passada rápida no banheiro e corri para a sala da suíte. 

Estava tudo muito silencioso, nem sinal dos meus pais. Eles deveriam ter ido para a suíte deles. Droga, eu teria que esperar pra saber o que afinal aconteceu ontem. Suspirei e desci para tomar café no buffet do hotel, comi e subi de volta a minha suíte com Tanya, que por sinal ainda continuava babando e roncando em uma altura que se escutava da sala. 

Fui para meu quarto,  e como ninguém acordava resolvi sair um pouco daquele ambiente estressante e ir respirar um pouco de ar puro. Como não havia visto quase nada da cidade desde que cheguei, resolvi ir visitar o Dubai Miracle Garden. Que era simplesmente o maior jardim de flores do mundo, que eu estava louca pra conhecer. Escrevi um bilhete pra Tanya explicando onde eu iria, e deixei em cima do seu celular no criado mudo. Desci para a recepção do Burj Al Arab e pedi para me chamarem um táxi, em poucos minutos eu já me encontrava dentro de um táxi cor de rosa indo em direção ao jardim. 

É difícil encontrar palavras para descrever o Miracle Garden, eu continuava embasbacada pela grandiosidade e beleza do local desde que eu havia chegado. Havia muitas pessoas no jardim, mas mesmo assim eu me esforçava para tentar tirar fotos com o meu celular. Passei por uma parte do jardim em que havia varios arcos de corações gigantes, que saiam do chão e eram intercalados feitos de flores brancas, rosas e vermelhas, me encantei e comecei a tirar diversas fotos. Por um instante parei de tirar fotos, e fiquei só admirando a beleza embaixo de um desses corações. Foi quando eu senti uma pessoa bem próxima a mim, do meu lado esquerdo. Como o local estava lotado de turistas, a princípio, não me importei e nem olhei para ver quem era.

Desbloqueei meu celular e tentei bater uma foto de uma única flor vermelha, que fazia parte do arco de coração que eu estava parada em baixo. Enquanto tentava focar a câmera do celular, ouvi uma voz conhecida dizendo;

—Esse local não parece o paraíso?!.

Me virei para o meu lado esquerdo para ver quem era, e qual não foi a minha surpresa ao constatar que era o noivo de Tanya, agora ex-noivo, parado bem ao meu lado, embaixo do mesmo coração que eu. 

—É maravilhoso sim.-respondi ao Edward.

Acho que ele não havia notado que eu era eu, por conta da burca preta e do véu que eu estava usando, acho que ele só percebeu a hora que eu o respondi.

—Isabella Swan?!.-ele perguntou surpreso.

—Sim. Mas me chame de Bella por favor.-eu pedi.

—Nossa que coincidência. Não imaginava encontrar você aqui.

—Eu também não, principalmente depois de ontem...-eu disse com relação ao casamento relâmpago dele com Tanya.

Ele torceu o rosto com relação às minhas palavras.

—É, eu precisava respirar ar puro e fugir um pouco daquela loucura toda.-Edward me respondeu.

Eu não deveria enche-lo de perguntas, não era apropriado ficar conversando com ele assim sozinha, mas eu não consegui segurar a minha curiosidade e soltei logo a pergunta;

—Afinal, o que foi que aconteceu ontem?.

Acho que ele não esperava que eu fosse ser assim tão direta, pois ficou com uma cara de choque, mas mesmo assim respondeu;

—Um lamentável engano, foi isso que aconteceu ontem.

—Como assim?. Ainda não entendi o que aconteceu.- eu disse.

—Olha Bella, não quero ser rude e nem nada, mas eu não quero falar sobre isso agora. E além do mais, as coisas entre nossas famílias ainda não foram completamente resolvidas, ainda há muitas questões para se resolver. Mas o que eu posso dizer com absoluta certeza é que Tanya não foi a pessoa que eu escolhi para ser minha noiva.

As palavras dele só seviram para me deixar mais curiosa ainda, mas eu respeitava o fato de ele não querer entrar no assunto. Afinal foi um acontecimento chocante e muito recente. Ele me tirou dos meus pensamentos;

—Poderia te fazer companhia no restante do passeio ao jardim?.-ele perguntou.

—Sim, é claro.-eu respondi.

E assim fomos andando por debaixo dos corações lado a lado, sem nos tocarmos e mantendo uma distância respeitosa entre nós.