Continuamos a andar pelo Miracle Garden, eu continuava encantada com a beleza exuberante daquele lugar, enchia a memória do meu celular com o monte de fotos que eu tirava. Edward permaneceu em silêncio a maior parte do tempo, somente me acompanhando pacientemente enquanto eu tirava as foros, uma vez ou outra fazia algum comentário sobre algo que achava bonito, mas não dizia nada além disso.

A manhã passou rápido, e fui tirada do meu hipnotismo com as flores pelo toque do meu celular. Era Tanya, queria saber onde eu estava;

—Estou no Miracle Garden.-respondi.

—Está fazendo o que aí?.-ela perguntou.

—Estou fazendo aula de mergulho. Lógico que eu vim ver as flores né Tanya?!.-eu disse sem paciência.

—Nossa só perguntei...Bom, liguei porque tio Charlie veio aqui na nossa suíte perguntar de você. Ele queria a família reunida em um almoço para contar o que ele e a família Cullen resolveram ontem. Eu tenho pra mim que o divórcio está desfeito, e meu casamento com Edward ainda está de pé...-ela disse toda esperançosa.

Se eu fosse Tanya eu não teria tanta certeza disso. Nesse instante olhei pra Edward que estava alguns metros na minha frente, ele havia se distanciado assim que me celular tocou, para me dar privacidade. Ele estava com uma expressão neutra, mas não parecia que havia voltado atrás com relação ao divórcio...

—Bom, eu provavelmente não vou voltar a tempo para esse almoço. Avise meu pai que não poderei estar presente Tanya.- eu disse. 

Não iria perder meu dia e meu passeio nesse lugar maravilhoso por causa dos dramas da vida de Tanya.

—Está bem, aviso tio Charlie. Mais tarde eu te ligo pra dizer que meu casamento ainda está de pé....-eu podia escutar as palmas mentais da cabeça da minha prima pelo telefone, enquanto ela ficava eu eufórica do outro lado da linha. 

Achei melhor não comentar com ela que o ex-noivo estava me acompanhando no passeio, era capaz dela surtar.

Desliguei o celular e me aproximei de Edward. Ele estava parado observando uma escultura da Torre Eiffel adornada com flores vermelhas.

—Uau, é bem fiel a verdadeira.-eu disse parando a uma distância respeitosa de seu braço direito.

—Sim, é uma cópia muito bem feita.-ele concordou.

—Você conhece Paris?.-eu perguntei.

—Sim, é um dos meus lugares favoritos no mundo. A Cidade Luz me encanta.-ele disse se virando e olhando em meus olhos. 

Nunca havia realmente reparado em Edward, mas agora olhando bem. Até que ele é bem charmoso. Poderia ter qualquer mulher que quisesse, não entendo o que o levou a escolher a Tanya, ou pelo jeito não escolheu...

—Eu morei lá antes de vir para Dubai ajudar Tanya com o casamento.-eu comentei.

—Sim, eu sei.-ele disse misterioso de repente.

Achei estranho ele saber dessa informação, mas não comentei nada. Vai ver ele não gostou quando mencionei do casamento com Tanya.

A manhã foi indo embora, e logo o sol escaldante estava bem sobre nossas cabeças, e meu estômago deu o primeiro sinal de que precisava “abastecer”. Acho que Edward ouviu, pois me convidou para almoçar com ele. Fiquei um pouco intimidada pelo convite, pensei em recusar. Afinal poderia ser mal interpretado, considerando que estamos em um país muçulmano. Mas ao mesmo tempo parecia interessante sair para almoçar com Edward Cullen, quem sabe ele não resolve abrir o bico com relação a história do casamento?!. 

Aceitei, e ele me contou conduziu para o caminho para fora do Miracle Garden. Enquanto andávamos ele me disse que tinha um motorista a sua espera em seu carro. Fiquei um pouco em dúvida sobre entrar no carro dele com somente ele e o motorista, mas essa dúvida logo foi dissolvida pela curiosidade e esperança de que ele falasse sobre o divórcio durante o almoço ou, durante o caminho até o restaurante.

Edward abriu a porta do banco de trás pra mim de seu luxuoso Mercedes, e assim que eu entrei e ele a fechou, deu a volta e entrou pelo outro lado, se sentando ao meu lado no carro. Perguntou se tudo bem se ele escolhesse o restaurante, e eu disse que sim. Edward se virou para o motorista no banco da frente e disse para irmos ao restaurante “de sempre”.

O tal restaurante “de sempre” de Edward era o Al Grissino. Que era simplesmente um dos restaurantes mais concorridos e caros da cidade, ficava bem no centro financeiro de Dubai, e levava-se meses para se conseguir uma reserva. Porém, acho que a obrigatoriedade de se fazer uma reserva com meses de antecedência não se aplicava a um príncipe, que era o caso de Edward. As vezes eu me esquecia do fato de Edward ser da realeza.

Logo que chegamos o maître já nos direcionou para uma mesa, que era colada à parede de vidro que circundava o restaurante no vigésimo terceiro andar do prédio, nos presenteando com uma vista fabulosa do centro da cidade. Era minha primeira vez no Al Grissino, e eu só ficava imaginando como deveria ser essa vista durante a noite.

—Bonito não é?!.-perguntou Edward ao perceber meu fascínio pela paisagem urbana que estava na nossa frente.

—É maravilhoso.-eu respondi.

—É ainda mais bonito a noite.-ele disse como se estivesse lendo meus pensamentos.

—Com toda certeza deve ser.

Acho que ele ia dizer alguma coisa, mas foi interrompido pelo garçom, que perguntou o que beberíamos. Como éramos muçulmanos não poderíamos beber bebida alcoólica, então ambos escolhemos suco de Tâmara. O garçom se retirou dizendo que iria trazer o cardápio. 

—Um dia se quiser te trago aqui a noite, para jantar.-ele disse como se não estivesse dizendo nada demais, e não como se estivesse praticamente convidando a prima de sua ex-noiva para jantar.

Decidi descobrir logo o que estava se passando pela sua cabeça e perguntei;

—Olha agradeço pelo convite do almoço. Não quero ser rude nem nada, mas se me permite perguntar, você está me convidando para jantar?.-eu perguntei um pouco incrédula.

—E se eu estiver?.-ele perguntou de volta. Me encarando com aqueles olhos profundos.

O garçom nos interrompeu trazendo nossos sucos de Tâmara e o cardápio. Escolhi um salmão grelhado, e ele escolheu um risoto de frutos do mar. Assim que o garçom se afastou com nossos pedidos, eu disse;

—Você está convidando a prima de sua ex-esposa, que se casou e divorciou com horas de distância entre um e outro ontem mesmo, para ir jantar com você?!. Permita perguntar, mas a troco de que você quer jantar comigo?.-eu perguntei um pouco brava. 

Ele não poderia estar falando sério. Que tipo de pessoa se casa e divorcia no mesmo dia, e um dia depois convida a prima de sua ex-esposa pra jantar como se nada tivesse acontecido?!.

—Pelo simples fato de que meu casamento com Tanya foi um engano. A noiva que eu havia escolhido, era você Bella.-ele disse olhando fundo nos meus olhos.

Eu só posso estar sonhando, ou então não escutei direito. 

—O que você disse?! Como assim?!. Agora você vai me explicar essa confusão toda.-eu disse com raiva e tentando manter a minha voz em um nível baixo.