Do Outro Lado escrita por Akasha


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa noite amores... Segue o segundo capitulo, o segundo e terceiro no livro... Se quiserem acompanhar...
Aninha_Cullen... Obrigada!!!



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_Bem, o que a Sra. Ackermann quis dizer com “outra vez?“ Tá certo que o não normal ali era eu, mas a garota também não parecia muito normal.


            Eu não sou normal simplesmente porque eu não deveria estar ali. Eu morri há 150 anos, uma historia da qual eu não gosto de me lembrar, embora tudo ali me fizesse lembrar daquele momento.


            Como eu disse não era isso que eu esperava da “morte”. Eu acreditava que quando morresse iria para o céu ou para o inferno. Não que eu ficasse entre o mundo dos vivos. Não sem eles me verem. 150 anos é muito tempo para se passar só. Fiquei só até os últimos meses, quando os Ackermann se mudaram para esta casa.


            Desde a mudança a casa não tinha mais a mesma tranquilidade, mas nas ultimas semana a bagunça havia se concentrado em meu quarto. Onde seria o quarto da garota. Cuja a Sra. Ackermann ora chamava de Suze, ora de Suzinha.


            Mais uma criança, não me bastavam os três garotos do Sr. Ackermann. Tres homens que era totalmente dependente para tudo. Na minha época não era assim.


            Bem, ficou mais “barulhento” por que as obras começaram, em todas as partes do quarto. Era um entra e sai do Sr. Ackermann para arrumar o quarto. E para completar o garotinho mais novo do Sr. Ackermann ficava pra dentro e pra fora do quarto com um aparelho estranho. Não sei exatamente o que era, mas ele afirmava veementemente que a casa era assombrada.


            Tá certo que eu sou o que eles chamam de fantasma, mas eu não saio por ai aterrorizando eles, fico muito ofendido quando sou chamado de assombração.


            Perdi minha linha de raciocínio quando a garota quebrou novamente silencio, que havia se formado, ou não pois eu não estava mais prestando atenção na conversa, e falou para a Sra. Ackermann.


 


- Deixa pra lá, mãe. Está tudo bem. O quarto é maravilhoso. Obrigada mesmo.


 


            Sua voz dizia perfeitamente a frase, mas sua expressão garantia que não era exatamente isso que ela queria dizer. Não que ela não tivesse gostado do quarto, mas havia algo mais naquelas palavras, algo que negava tudo o que havia sido pronunciado.


 


-Que bom, que bom que você gostou. – Disse ela. – Eu estava meio preocupada. Isto é, sabendo que como você não gosta... bem, de lugares antigos.


 


            Aquilo na verdade me deixou curioso. Por que aquela garota não gostava de lugares antigos? O que ela tinha contra os antigos?


 


- Na boa, mamãe. Muito bom. Adorei. – A garota afirmou para a mãe.


 


            Com isso o Sr. Ackermann mostrou como tudo funcionava no quarto e saiu, e a conversa entre a garota e a Sra. Ackermann continuou. Eu realmente esperava que fosse explicado o que a garota tem contra antigos.


 


- Está tudo bem mesmo, Suze? – A Sra. Ackermann voltou a questionar a filha. – Eu sei que é uma mudança muito grande. Sei que é pedir muito de você...


- Está tudo bem , mãe. Mesmo.


- Estou querendo dizer que pedir que você de separasse da vovó, da Gina, de Nova Yorque... Foi egoísmo meu, eu sei. Sei qeu as coisas não têm sido... como dizer, fáceis para você. Especialmente desde que papai morreu.


 


            Depois de tentar animar a filha a Sra. Ackermann resolveu deixar o quarto.


 


- Bom. Então, se você não quer ajuda para desfazer as malas, acho que vou ver como é que o Andy está se saindo com o jantar.


- Isso aí, mãe. Faça isso. Vou só me ajeitar um pouco aqui e daqui a pouco desço. – A garota falou.


- Eu só quero que você seja feliz Suzinha. É a única coisa que eu sempre quis. Você acha que vai ser feliz aqui?


- Claro mãe. É claro que vou ser feliz aqui. Já estou me sentindo em casa.


- É mesmo? Jura?


- Juro.


 


            Então algo estranho aconteceu. A Sra. Ackermann deixou o quarto e a garota ficou meio que esperando algo mais sair. Se virou em minha direção. Me olhou nos olhos e disse:


 


- OK! Quem diabos é você?


 


            Agora eu enlouqueci de vez. Ela estava realmente falando comigo. Constatei isso quanto olhei em volta e não vi mais ninguém além de mim ali.


 


- Nombre de Díos. – falei. E ela ouviu.


- Não adianta invocar seus espíritos superiores. Se ainda não notou, Ele não está prestando muita atenção em você. Caso o contrário, não o teria deixado aqui apodrecendo todos esses anos... – Ela hesitou. – Quantos anos mesmo?... Uns cento e cinqüenta anos? Já passou mesmo esse tempo desde que você bateu as botas?


 


            Como aquela garota falava. E comigo. Ela estava realmente falando comigo. Embora a metade das coisas que ela falava eu não fazia idéia do que significava.


 


- Que quer dizer... bateu as botas? – Perguntei. Ela revirou os olhos e respondeu.


- Esticou as canelas. Dobrou o Cabo da Boa Esperança. Foi desta para a melhor.


 


            O que ela estava falando?


 


- Morreu!


- Ah! Morri. – Não era mais fácil ela falar só essa palavra antes? Mas não era isso que me importava.


 


- Não estou entendendo. – lhe disse – Não entendo como consegue me ver. Durante todos esses anos. Ninguém nunca... – Mas ela nem me deixou terminar.


- Claro. Olha só, os tempos mudaram um bocado, sabia? Então. Qual é a sua?


- A minha? – Ela é louca? Com toda certeza é, senão não estaria conversando comigo, mas aquele vocabulário era totalmente estranho.


- É. – Ela disse enquanto olhava para mim. De uma forma estranha. Para o meu abdômen mais precisamente. – Sim. A sua. Qual e o seu problema? Por que ainda está aqui? – Realmente fiquei interessado no que ela dizia. Sua boca se mexendo era muito bonita. – Por que você ainda não foi para o outro lado?


- Não sei o que você está querendo dizer. – Também não sei por que ela ficou tão nervosa de repente.


- Como assim não sabe o que eu estou querendo dizer? – ela então afastou uma mecha de cabelo de seus lindos olhos verdes... Lindos? Desde quando eu fico achando algo sobre humanos? ... blábláblá... Ela falava enquanto eu olhava seus olhos... Foco Jesse. – Você não devia... Estar simplesmente andando por aí. – Precisei de um tempo para entender o restante da fala que eu peguei.


- E se eu por acaso gostar exatamente de andar por aí? – Ela ficava ainda mais linda brava.


- Olhe aqui. Você pode ficar andando o quanto quiser por aí, amigo. Vai fundo. Não estou dando a mínima. Mas aqui, não. – Depois de tantos anos alguém que é meu amigo. Nossa.


- Jesse. – Me apresentei já que éramos amigos.


- O quê? – Ela questionou.


- Você me chamou de amigo. Achei que gostaria de saber meu nome. Eu me chamo Jesse. – Bem, na verdade me chamo Hector, mas prefiro Jesse. E ela não precisava saber disso. Ela afirmou algo.


- Certo. Faz sentido. Muito bem então, Jesse. Você não pode ficar aqui, Jesse.


- E você? – Queria muito saber seu nome.


- E eu o quê?


- Como se chama? – Mas não foi isso que ela respondeu.


- olha aqui. Vai dizendo logo o que você quer e cai fora. Estou com calor e quero trocar de roupa. Não tenho tempo para... – En nombre de Díos, como ela fala coisas desnecessárias.


 - Aquela mulher, sua mãe, chamou-a de Suzinha. É apelido de Susan?


- Suzannah. – Ela corrigiu. – Como naquela canção. “Não chores por mim”. – Eu sorri.


- Eu conheço.


- Isso ai. Provavelmente estava entre as 40 mais tocadas no ano que você nasceu, certo?


- Quer dizer então que este agora é o seu quarto, Suzannah?


- Isso mesmo. Isso aí, este agora é o meu quarto. De modo que você vai ter que se mandar. – Suzannah era meio presunçosa demais.


- Eu vou ter que me mandar? – Questionei cético. – Esta aqui é a minha casa há um século e meio. Por que eu teria que sair?


- Por que sim. Este quarto é meu. Não vou dividi-lo com um caubói morto. – Eu estava sendo simpático com ela e tentando não ser rude. Mas caubói? Isso já é ofensa demais. Se fosse um homem já estaria apanhando. Apenas me levantei impondo minha presença.


- Não sou nenhum caubói. Eso es más que un delito muy grande. Quién esa ninã piensa que es para me llamar de cauboi? – Não deveria ficar tão nervoso por causa disso, mas não pude evitar, e o espelho começou a tremer.


- Uaaau! – Ela fez mostrando as palmas das mãos para mim. – Menos! Calma aí, rapaz!


- Todos na minha família trabalharam feito escravos para conseguir alguma coisa neste país, mas nunca, nuca houve nela nenhum vaquero. – Disse apontando o dedo para seu nariz.


-Ei! Pare com o espelho agorinha. E tira esse dedo do meu nariz. Se fizer isso de novo, será um dedo quebrado. – Então ela empurrou minha mão. Ela encostou na minha mão. Era quente. Minha mão formigou. Eu não conseguia acreditar. Como ela podia ser tão quente? Isso era tão bom. Permaneci imóvel olhando para o local onde ela havia tocado. Continuava a formigar.


- Agora ouça bem, Jesse. Este quarto é meu, entendido? Você não pode ficar aqui. Ou você me deixa ajudá-lo a ir para onde deve estar ou vai ter de achar outra casa para assombrar. Sinto muito mais é assim.


- Mas quem é você? Que tipo de... garota é você? – Não conseguia prestar atenção em mais nada. Apenas no toque dela. Acho que ela falava sério quando disse que seria um dedo quebrado. E ainda não tenho muita certeza de que ela seja uma garota. Ela não se veste como uma e ela não age como uma.


- Pois vou dizer-lhe que tipo de garota eu não sou. O que eu não sou é o tipo de garota disposta a compartilhar o quarto com um membro do sexo oposto. Deu para entender. De modo que ou você se arranca ou eu vou botá-lo daqui pra fora. Você decide. Vou lhe dar algum tempo para pensar. Mas quando voltar aqui, Jesse, não quero vê-lo mais.



   Ela deu as costas e saiu. Simples assim.


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Notas finais do capítulo

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