Procura-se Namorado Para Granger escrita por they call me hell


Capítulo 2
Entre Revistas e Batatas Fritas


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer as lindas Sweet Naty, Betadizi e Andreas pelos comentários; além de convidar vocês, leitores fantasmas, a deixar sua opinião também. ♥



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ENTRE REVISTAS E BATATAS

 

Quando a segunda-feira se fez presente outra vez no calendário, Gina acordou cedo e, pela primeira vez em sua vida, se sentiu completamente disposta. Vestindo um robe de algodão propício para o inverno que começara e calçando as pantufas felpudas, ela prendeu os cabelos em um coque frouxo no topo da cabeça e deixou o quarto em passos largos, trombando com Harry no meio do caminho, como era sua intenção. Se a ruiva estava vestida para um dia inteiro relaxando em casa, seu noivo, pelo contrário, já estava vestido para tomar um café da manhã rápido e atravessar a lareira via flu rumo ao Ministério da Magia londrino.

— Bom dia – ambos disseram ao mesmo tempo, aproximando-se o suficiente para roçar os lábios momentaneamente. Então Harry prosseguiu: - Hermione já está vindo?

Gina balançou a cabeça para os lados.

— Não, andei pensando essa noite e acho que será melhor se nos encontrarmos na casa dela.

A gravata do grifano estava torta, então Gina parou diante dele e com as mãos hábeis que só uma garota com tantos irmãos poderia ter, a ajeitou de modo perfeito. Harry sorriu com isso.

— Se ela viesse aqui, não conseguiríamos conversar direito sem que minha mãe nos escutasse e descobrisse – ela prosseguiu. – E se formos a algum lugar público também corremos o risco de encontrar pessoas conhecidas e estragar tudo.

— Você está certa – ele concordou. Olhando seu relógio de pulso, viu que não poderia demorar muito ou acabaria se atrasando. – Tenho que ir agora, nos vemos mais tarde. Qualquer coisa, me mande uma coruja.

Gina balançou a cabeça novamente e, pouco depois, sentiu um beijo de despedida em sua testa. Ela adoraria acompanhar Harry até a mesa como sempre, mas já havia prometido que tomaria café na casa de Hermione e sua mãe nunca a deixaria sair sem que comesse o suficiente por duas ou três refeições. Afinal, ela era Molly Weasley e uma de suas características mais conhecidas era o fato de gostar de alimentar pessoas.

Depois que Gina retornou ao seu quarto, tomou um banho demorado e se vestiu apropriadamente, ela apenas pegou uma bolsa com suas coisas pessoais e aparatou na porta da pequena casa de sua amiga. Hermione recebia um bom salário em Salém, mas quando questionada sobre sua moradia sempre dizia ser o suficiente para viver e dava o assunto por encerrado. Exatamente igual a alguém que Gina conhecia muito bem.

— Bom dia, flor do dia! – ela gritou ao ver a porta sendo aberta por uma Hermione vestida tal qual Gina antes de sair de casa.

— Bom dia, Gina – ela respondeu, entre risos, e deu espaço para que a amiga entrasse.

O cheiro de chocolate quente dominava a casa. Haviam duas grandes canecas cheias sobre a mesa de centro na sala e sobre as duas peças do jogo de sofá podia-se ver tantas revistas e catálogos que Gina achou que nunca conseguiria ver todos. Porém, Hermione era uma bruxa extremamente eficiente e já os separara em algumas categorias específicas, facilitando a busca. Bastava que Gina escolhesse.

— Vamos começar? – Hermione disse, indicando para que Gina se sentasse em um dos espaços vagos. – Temos uma porção de coisas para ver antes da hora do almoço.

Gina estreitou o olhar sem entender.

— Por que essa preocupação com a hora?

— Pensei em almoçarmos naquele restaurante perto da loja dos seus irmãos. Lá também oferecem o serviço de Buffet e sempre fazem as refeições servidas nas reuniões importantes do Ministério, portanto, são muito bem recomendados.

— Então iremos provar, com certeza – Gina concordou, satisfeita.

Hermione acenou positivamente, pegando a caneca diante de si e tomando um longo gole. Quando a pousou outra vez, olhou para Gina e indicou as pilhas de revistas que as esperavam. A ruiva as estudou de longe por alguns segundos em um vai e vem incessante de olhos, até escolher a que mais chamava sua atenção. Tratava-se de um punhado de revistas Witch Life, famosas por suas matérias especiais de casamentos, onde não só colocavam fotos inspiradoras como também sugeriam uma porção de locais capazes de criar um evento digno de uma princesa. Era tudo de que ela precisava, afinal de contas.

— Estive pensando em algo mais tradicional – Gina disse enquanto folheava uma das revistas e era acompanhada pelos olhos e ouvidos atentos da amiga. – A decoração poderia ser em vermelho e branco, talvez com algo em champanhe; mas antes de decidir isso, preciso decidir o local do casamento.

— Existe uma porção de igrejas maravilhosas – Hermione sugeriu.

Gina a olhou com estranheza.

— O que é uma igreja?

Ah sim, Hermione se lembrou, os costumes bruxos eram mesmo diferentes.

— Digamos que os trouxas não conseguem explicar uma porção de coisas no mundo, como, por exemplo, como surgiu o universo ou o que acontecerá conosco quando morrermos. Essas coisas, além de muitos fenômenos, eles atribuem a deuses – seja um único ou mais deles – e os idolatram por isso. Vocês bruxos não fazem isso, é claro, porque conseguem explicar tudo através da magia – Hermione disse. – O casamento trouxa não é só uma ligação entre homem e mulher, mas também uma conexão com esses deuses e requer a benção deles, por isso é celebrado em um lugar onde as pessoas os cultuam, lugar esse que pode ser chamado de templo ou igreja.

— Oh... – Gina refletiu por alguns minutos. – Acho que consigo entender o que quer dizer.

— Bem, já que vocês não vão se casar em uma igreja, podem alugar um salão. O que acha?

— Teria que ser muito grande, afinal, só a minha família já é bem numerosa – a ruiva riu. – Não sei onde poderíamos encontrar isso por aqui.

Hermione pensou e pensou, mas também não conseguiu se lembrar de nenhum lugar específico.

— E se fizéssemos o casamento no jardim da Toca? Muitas pessoas trouxas se casam em lugares assim, com árvores e tudo mais. Poderíamos organizar tudo e seus pais desconfiariam bem menos, desde que passassem o dia fora.

Gina largou a revista em seu colo, onde uma bruxa desfilava em seu vestido branco, e lançou os braços ao redor de Hermione.

— Você é realmente um gênio!

 

* * *

 

Enquanto isso, no Ministério, Harry estava concentrado em uma pilha de papéis sobre sua mesa. Quanto mais tempo se passava desde a derrota de Voldemort, menos trabalho havia na ala dos Aurores, pois já não havia mais bruxos a se combater. É claro que os Malfoy e outros tantos continuavam por aí, mas todos haviam sido absolvidos de alguma forma ou outra, então não havia muito o que ser feito.

De repente, um barulho de batida à porta interrompeu o silêncio na sala do Eleito.

— Entre.

Após receber a permissão, Ronald Weasley abriu a porta com certa dificuldade, tendo uma xícara de café em cada uma das mãos. Havia um sorriso zombeteiro em seu rosto, como se estivesse prevendo que tudo aquilo cairia em alguns segundos, causando uma imensa bagunça.

— Achei que gostaria de um pouco de companhia – ele disse, fechando a porta atrás de si com o pé.

Quando se aproximou da mesa atrás da qual o amigo estava, pousou as duas xícaras fumegantes lá e sentou em uma cadeira vaga. Depois de tantos anos não precisava esperar ser convidado a se sentar.

— Obrigado – Harry agradeceu, enlaçando uma das xícaras com os dedos. – Hoje o dia está muito parado, um pouco de café vai bem.

— Achei que fosse só o meu dia.

Ambos riram.

— Como está a sua perna?

Ron levantou a barra esquerda da calça até um palmo abaixo do joelho e mostrou as bandagens que ali estavam. O inchaço já sumira, felizmente, tornando tudo uma questão de tempo.

— Estou tomando uma poção a cada oito horas, disseram que isso deve bastar e que semana que vem estarei novo em folha.

— Isso é ótimo.

— Eu gostaria de ter ido encontrar você, Gina e Hermione na sexta, mas a poção me dá muito sono. Não queria correr o risco de dormir na mesa enquanto conversavam.

— Não se preocupe com isso – Harry bebeu mais um pouco do café. – Na verdade, é bom termos tocado nesse assunto. Há algo que quero te contar.

Ron abaixou a xícara em suas mãos e franziu a testa. Milhões de coisas se passaram em sua mente, como que Harry e Gina haviam terminado o relacionamento ou que ela pudesse estar grávida. Apenas esperava que não tivesse que desfazer uma amizade tão longa e próspera.

— O que houve?

— Nada de mais, não precisa se preocupar – o moreno o acalmou, pressentindo sua reação. – Gina e eu decidimos nos casar. Ela quer uma cerimônia no começo da primavera e eu sei que estamos em cima da hora, por isso gostaríamos de pedir a ajuda sua e da Hermione.

Os olhos de Ron se arregalaram de espanto. Para ele já fora suficientemente difícil aceitar que Ginevra, sua irmãzinha, a menininha da casa, estava apaixonada pelo seu melhor amigo desde os anos em Hogwarts. Ela tinha idade suficiente para isso, por um acaso?

— Você engravidou a minha irmã, Harry?!

— Não! Claro que não, Ron. Nós só...

— Então vocês estão querendo me abandonar e se mudar para um lugar distante, tal como Gui ou Charlie? É isso? – o ruivo questionou outra vez, fora de si. Poderia puxar os seus cabelos da cabeça até arrancá-los. – O que está acontecendo com o mundo hoje, afinal?

Harry suspirou. Sabia que a parte mais difícil seria contar para Ron e, felizmente, Gina não estava por perto ou azararia o irmão de imediato.

— Ron, se acalme. Não é nada disso que você está pensando – Harry se levantou da sua cadeira e começou a andar em passos lentos pela sala. Ron virou seu corpo, acompanhando com os olhos o movimento dele, tentando encontrar alguma lógica naquilo tudo. – Gina e eu simplesmente chegamos a conclusão de que, como nos amamos e queremos viver toda a nossa vida juntos, devemos nos casar e concretizar isso. Nada de bebês ou mudanças para o Egito.

Ron pareceu levar alguns minutos para compreender tudo aquilo e seu amigo se questionou mentalmente se precisaria desenhar para que ele entendesse, tal como nas aulas de Herbologia.

— Isso é bom – o Weasley deu um largo sorriso. Nem parecia ter surtado há poucos minutos. – Mas, ainda assim, preciso fazer uma reunião com meus irmãos para discutir isso. Não é nada contra você, Harry, claro.

— É aí que entra a segunda parte do que gostaria de te contar – Harry revirou os olhos, se apoiando em uma parede próxima. – Não pode contar isso a ninguém. Gina quer fazer uma surpresa, principalmente para os seus pais, e isso significa que apenas você e Hermione sabem sobre o casamento. Até porque esperamos que nos ajudem.

— Vocês querem que meu pai infarte! Que minha mãe fique viúva!

Harry levou uma das mãos à testa, tentando conter seu impulso de pegar o cunhado pelos ombros e chacoalhá-lo até colocar seu cérebro no lugar.

— Escute, Harry – ele continuou. – Você é o meu melhor amigo e eu acredito que seja a pessoa certa para cuidar de Gina, mas vocês não se acham muito novos para essa coisa toda de casamento? Hermione não tentou colocar nenhum juízo na cabeça de vocês?

— Hermione apenas nos apoiou, como você deveria estar fazendo. Por favor, Ron, pense no que está dizendo! Não queremos nos casar e causar uma ruptura na família... apenas queremos que eu faça parte dela de vez.

— Mas você já faz parte da minha família desde que tinha onze anos! Não precisa se casar para isso!

Novas batidas foram escutadas na porta, mas a pessoa que a abriu não esperou por um convite ou permissão para entrar. O jeito desengonçado de Neville se fez presente de imediato e a expressão no rosto dele não era uma das melhores, o que fez a discussão cessar de imediato.

— Eu não sei o que vocês acham que estão discutindo – ele disse, parando diante de Harry e Ron. – Mas vocês tem sorte de ser quase hora do almoço e do corredor estar vazio, porque dá para escutar o que estão falando lá de fora. Agora, me digam, o que está havendo?

Harry soltou o ar dos pulmões com certa fúria. Havia prometido para Gina que tudo aquilo ficaria guardado entre eles, Ron e Hermione.

— Harry estava me dizendo algo completamente insano e inconseqüente – Ron resmungou, agitando seus longos braços pelo ar.

— E o que seria?

— Que sorvete é melhor do que batata frita.

Neville espichou o pescoço para trás, franzindo a testa sem entender nada. Seu olhar parecia muito com o de Harry, mas Ron não se deixou abalar.

— É, eu também fiz essa cara. Onde já se viu dizer uma coisa dessas? Batata frita é muito melhor do que sorvete, oras!

— Desculpe Harry, mas nessa o Ron tem razão.

Potter tentou conter o riso diante da cena toda que estava se desenrolando.

— Eu achei que estavam falando algo sobre casamento, por isso entrei daquela forma. Não queria que acabassem discutindo por algo assim, fosse o que fosse.

— Ron estava me dizendo que batata frita é algo tão bom que até mesmo servirá na sua festa de casamento. Quando ele se casar, é claro – Harry balançou os ombros. Não sabia de onde havia tirado aquilo, mas parecia estar funcionando, ao menos. – Foi isso.

Neville olhou para Ron, buscando qualquer confirmação, e o viu balançar a cabeça positivamente.

— Bem, já que está tudo ok entre e com vocês... Acho que vou almoçar.

— Bom almoço, Neville – os dois homens restantes disseram.

Assim que a porta se fechou, Ron se aproximou do amigo e sussurrou para ele:

— Não pense que essa conversa morreu aqui, Harry.

— Claro que não – o outro sussurrou de volta. Lembrando-se da mentira a Neville, acrescentou: - Ainda vou te provar que sorvete é melhor do que batata frita. De onde tirou isso?

— Não faço a menor idéia. Acho que estou com fome, vamos almoçar também.

Assim, rindo como os bons amigos que eram, os dois deixaram a sala e toda a loucura do casamento para trás.


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Notas finais do capítulo

Espero que essa cena entre Harry e Ron tenha soado tão divertida quanto foi na minha mente, haha. Até o próximo capítulo!



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