Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 24
Capítulo XXIII




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– E ai? – foi a primeira coisa que Ino perguntou quando viu Sakura. Seu tom era insinuador e sua expressão completamente de malícia.

– O que? – a amiga se fez de desentendida, enquanto se jogava no sofá.

Ino revirou os olhos.

– Por favor, aposto que vocês quebraram todas as regras da prisão. – ela provocou, sentando-se do lado de Sakura, que apenas bufou. Se sentia um pouco patética por estar se sentindo daquele jeito, completamente impotente e com o orgulho ferido. Ela sabia que Sasuke tinha percebido seu olhar e suas palavras não ditas e tudo o que queria fazer era tirar tal fraqueza da memória dele.

Não podia admitir pra Ino, apesar da amiga saber de tudo. Ainda não estava pronta para admitir nem para si mesma.

– Ino... – tentou. – Eu não sei mais o que fazer. Isso é ridículo. – se referia a si mesma. Aos seus recentes sentimentos e como ficava se remoendo por eles. Aquilo tudo era novo pra ela. Sakura nunca fora o tipo de mulher que ficava dramatizando sobre romance e homens.

Ela sabia o quão patético tudo era e mesmo assim não conseguia parar de pensar em Sasuke na cadeia e em tudo que tinham conversado. Ela sabia que ele não tinha ficado com ninguém enquanto estavam juntos e sabia que ele a tratava diferente. Sakura não era cega, ela entendia que ele estava tão ferrado quanto ela na situação. Que ele estava se odiando tanto quanto ela por ser tão vulnerável.

– Amiga, todos se apaixonam uma vez nada vida. Você teve sorte de gostar de um cara que gosta de você de volta. Não tem nada de ridículo nisso. Aproveita. – Ino respondeu, tirando-a de seus devaneios.

Sakura assentiu com a cabeça. Talvez estivesse na hora de assumir riscos e não tentar controlar cada aspecto de sua vida, como estava tão acostumada em fazer. Talvez esse passo seria importante para sua formação de caráter, talvez deixar o amor entrar na sua vida fosse só mais um problema matemático que teria que resolver. E ela adorava um desafio.

Depois de longos três meses se comunicando com Sasuke pela mesa da prisão, mantendo assuntos superficiais e tentando fazer graça para que sua vida naquele inferno fosse mais suportável, ela estava pronta para vê-lo na vida real.

– Haru! – Ino berrou da sala. – Acorda, estamos atrasadas!

Sem entender o que estava acontecendo, Sakura acordou e foi cambaleante para a sala, esfregando os olhos. Se surpreendeu ao ver Naruto e Hinata acompanhando Ino.

– Pelo amor de Deus, você esqueceu que dia é hoje? – Ino perguntou, ainda alto demais. Sakura estava sem forças para responder, mas tinha certeza que conseguira murmurar alguma coisa.

– Não temos tempo, vamos assim mesmo! – Naruto exclamou achando graça. Ino pareceu horrorizada.

– Haru não vai de pijama buscar o Sasuke, depois de tanto tempo separados!

Foi então que Sakura percebeu o que estava acontecendo. Claro, era o dia que Sasuke saia da prisão. Eles iam todos almoçar juntos e levá-lo para uma festa de boas-vindas na Taka. Ela sabia que era um dia especial, só não ocorreu que chegasse tão rápido e fosse tão cedo.

Se encarou no espelho incrédula. Estava usando uma blusa velha e uma daquelas calcinhas que parecia mais um mini-shorts. Suas meias de lã chegavam até seu joelho e seu cabelo estava arrumado de qualquer jeito para cima. Realmente, não podia ir ver Sasuke assim.

– Ah Ino, ele estava na prisão apenas vendo homens sujos, qualquer coisa é lucro. – Naruto retrucou achando graça e Sakura o fuzilou com o olhar. – É sério, não temos tempo. Coloca alguma coisa por cima e vamos, você arruma sua cara no caminho.

Ela podia ficar ofendida com o jeito que ele tinha falado para arrumar sua cara, mas era verdade. Sem pensar muito, pegou um sobretudo e colocou seus tênis de sempre, sendo julgada todo minuto por Ino, que balançava a cabeça em reprovação.

– Tenho certeza que suas roupas são a última coisa que ele vai reparar, Haru. – Hinata comentou com um sorriso e Sakura deu de ombros, fingindo que não estava extremamente nervosa por finalmente ver Sasuke livre e poder interagir com ele sem estar sendo vigiada.

Chegaram rápido demais, e ela percebeu que não teve tempo de dar um jeito em suas olheiras. Mas pelo menos seus cabelos estavam bem penteados. Por outro lado, o tempo que ficaram no carro esperando Sasuke aparecer na porta pareceu uma eternidade. Ela não sabia dizer se foram minutos ou horas, mas a antecipação parecia estar tirando sarro de sua integridade. Estava se condenando mentalmente por estar tão ansiosa por um homem, quando Sasuke finalmente apareceu.

Então ela esqueceu de tudo o que estava pensando até então. De suas olheiras, de que era extremamente patético estar se sentindo daquela forma e de todas as besteiras que ele tinha feito anteriormente. Ele estava usando roupas que ficavam exageradamente folgadas em seu corpo bem cuidado, mas seu cabelo estava bem cortado e suas cicatrizes não pareciam tão aparentes.

Naruto foi o primeiro a sair e abraçar o amigo, depois de pegar a caixa com seus poucos pertences. Sasuke parecia feliz em vê-lo e Sakura percebeu que tinha sentido faltada daquele sorriso sincero que custava-lhe tanto a soltar.

Depois, Hinata saiu do carro e deu um sorriso meigo que só ela conseguia dar, depois cumprimentou o amigo com um abraço gentil também. Estática no carro, Sakura sentiu Ino pegar sua mão e dar-lhe um sorriso encorajador.

– Vamos. – a loira falou, abrindo a porta e quase empurrando a amiga.

Sakura finalmente saiu do carro e encarou Sasuke sem o vidro do carro para atrapalhar sua visão. Ele a viu e soltou um meio sorriso sarcástico que já era tão familiar. Aquele jeito de sempre e aquela atmosfera que tinha se formado a fez perceber que não precisava ficar nervosa. Ela o conhecia, ela sabia lidar com ele, ela se sentia confortável com ele e nunca precisara medir palavras ou pensar no que ia dizer. Era Sasuke Uchiha que estava na sua frente. Ele era um completo idiota.

– Você acabou de acordar, né? – ele perguntou, provocando-a e ela fingiu uma risada.

– Pelo menos eu não fui presa. – Sakura retrucou e eles se encararam como se dissessem “é, está tudo certo, é assim que deveria ser”, acompanhados das risadas dos outros.

– Eles estão de volta. – Naruto murmurou, achando graça e abraçou Hinata para mais perto.

– Vamos, eu estou morrendo de fome e aposto que Sasuke também. – Ino interviu e eles entraram no carro, indo em direção a algum restaurante perto.

O almoço foi estranhamente familiar, como se Sasuke nunca tivesse ido embora e estivesse em contato com todos o tempo todo. Naruto era barulhento e fazia piadas inapropriadas, enquanto Sasuke o reprimia e ria de deboche. Sakura parecia confortável e não se sentia nem um pouco receosa como estava antes. Talvez tinha pensado demais sobre como reagiria com Sasuke por amá-lo, esquecendo-se que antes de tudo eram amigos e se divertiam juntos.

Depois de tudo, eles foram para a Taka, fingindo que uma festa não esperava Sasuke do lado de dentro. Depois de muitos abraços e protagonismo de Sasuke, a festa tomou forma e ele pôde ter mais liberdade em andar sem receber algum cumprimento.

Sakura estava no andar de cima, jogando beer pong com um membro da Taka de cabelos azuis que ela gostava. Ele parecia o único que não se importava em perder para uma mulher toda vez.

– Sui, você é simplesmente terrível. – ela riu, o vendo tomar mais copos e ficando completamente bêbado.

Ele mostrou-lhe a língua e cambaleou para longe. Estava pronta para começar outra rodada com qualquer que fosse seu oponente, quando sentiu alguém chegar por trás.

– Você só sabe fazer isso? – Sasuke perguntou, achando graça.

– Isso o que?

– Brincar com os outros. – respondeu automaticamente.

Sakura o encarou com sugestão e ela deu seu meio sorriso, coisa que ela estava esperando que fizesse.

– Talvez. – respondeu, feliz por Sasuke não ser mais o centro das atenções. – Mas me conta... Como é a prisão?

– Hm... Nada legal.

Ela riu, enquanto ele se aproximava e pegava na sua mão. Percebeu que fazia meses que não o tocava e isso a fez estremecer. Não podia mais se enganar, tinha sentido falta daquele toque, daquela voz, daqueles olhos, daqueles lábios...

– Eu espero que tenha se redimido de seus pecados. – Sakura brincou, embora estivesse falando a verdade. Ela tinha ficado irritada com ele por querer encarar as consequências de seus atos, mas tinha sido uma atitude nobre, afinal.

– Nem todos. – ele retrucou, a puxando pela cintura. Ela não percebeu inicialmente, mas depois notou que ele estava a conduzindo para o seu quarto. Parte dela queria empurrá-lo e gritar com ele, dizendo que não era porque tinha ficado tanto tempo fora que podia aproveitar de sua carência.

Mas a outra parte dela apenas sentia aquela aproximação e se deixava levar pelo calor que exalava, sem entender exatamente de onde vinha toda aquela frenesi. Quando chegaram na porta e ele a abriu com seus códigos, Sakura parou, finalmente se compreendendo. Ela sabia o que queria agora.

A nova clareza de pensamentos tinha vindo tão subitamente, que não deu tempo de repensar ou medir as consequências, ela estava apenas feliz por finalmente ter deixado toda a confusão mental de lado. Era tão bom ter um objetivo novamente.

– Espera. – suplicou, encarando-o. Seus olhos negros pareciam mais negros do que nunca e ela quase conseguia ver seu reflexo neles.

– Você sabe que eu fiquei seis meses na prisão, né? – Sasuke perguntou, quase implorando para que ela deixasse seus sentimentos de lado por aquele instante e cedesse ao momento.

– Eu sei, idiota... – ela bufou. - Não me faça mudar de ideia...

Ele a encarou confuso.

– Escuta. Se formos fazer isso, quero fazer direito. – soltou, sem medir palavras. – Quero saber seus códigos idiotas para entrar no seu quarto a hora que eu quiser e roubar suas bebidas. Quero saber onde você guarda seus moletons, porque vou pegá-los muitas vezes e provavelmente ficar com eles. Quero ter preferência no video-game e não ter que entrar na fila toda vez que jogamos...

Sasuke continuou encarando-a, parecendo achar graça de suas demandas. Mas ela estava falando sério, então resolveu impor suas necessidades mais urgentes:

– Quero poder te bater se te ver dando mole para alguma aluna nova. Quero exclusividade. Quero que se refira a mim como sua namorada.

A expressão de zombaria no rosto de Sasuke se fechou e tornou-se uma que ela não soube ler. Sakura desviou o olhar, insegura e murmurou:

– Claro... Só se você quiser.

Ele soltou o ar e sorriu, a puxando para perto, murmurando em seu ouvido o que queria ter dito há muito tempo:

– Haru... Nunca foi diferente. Depois de você, não teve mais ninguém. E eu sempre me referi a você como minha namorada, menos na sua frente, porque da única vez que fiz isso sem querer, você surtou.

Sakura pareceu extremamente aliviada, como se um peso tivesse saído de seus ombros. Ela finalmente podia ser honesta consigo mesma e com Sasuke, porque agora tinha certeza que ele se sentia como ela e todas as intenções estavam claras.

Ela finalmente voltou a encará-lo e sorriu, para depois avisar:

– Se você fizer alguma merda comigo, Sasuke Uchiha, eu juro que...

Mas ele a beijou antes que completasse a frase.

– Já sei, vai fazer com que eu cometa um crime e chamar a polícia. Considere-me avisado. – brincou entre os beijos, enquanto a empurrava para dentro do quarto.

Enquanto estavam juntos, esqueceram completamente das circunstâncias que tinha os juntado e de tudo que indicava que poderia dar errado. Porque essas coisas não importavam mais, não quando o que sentiam um pelo outro prevalecia toda vez e mostrava que talvez ter arriscado no amor fora exatamente o que esperaram que seria. Feliz e desafiador.


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Notas finais do capítulo

Oiee amados, desculpa a demora, trabalho me consome ):

Esse capitulo é o "último", mas postarei um epílogo com uma conclusão e com uma biblia aqui nas notas agradecendo o apoio de vocês, haha.
Eu pensei em mil caminhos que poderia seguir com essa fic, mas acabei escolhendo o mais feliz por motivos de: naruto gaiden. Haha.
De qualquer jeito, me digam, gostaram? (:

Beijocas :*



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