Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 25
Epílogo




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Era uma manhã de verão e a luz do sol batia diretamente nas caixas que Sakura estava fechando. Ela estava empacotando tudo o que tinha no lugar que fora seu lar por longos seis anos. Às vezes, parava para olhar as coisas e lembrar-se de todo o período da sua graduação e das loucuras que fez, em todas as coisas que se meteu sem querer e nas que entrou com os braços abertos, pronta para uma boa aventura.

Era nostálgico e triste, mas ao mesmo tempo libertador saber que essa fase da sua vida estava acabada, que ela poderia seguir em frente e ser quem estava se preparando para ser desde sempre.

Com os fones de ouvido, não ouviu quando Ino entrou e encarou o quarto com pesar. A amiga estava na segunda graduação e não estava preparada para ver a outra ir embora. No fim, as duas se tornaram muito mais do que acharam que seriam uma pra outra. Eram amigas de verdade e não se imaginavam mais sem a outra.

– Haru, eu meio que deixei os seus livros na Taka. – Ino disse, ao vê-la tirar os fones para encará-la.

– Porra, Ino. – Sakura protestou. – Então vai pegar, por favor. – completou, já acostumada com os esquecimentos frequentes da amiga.

– Você vai ter que vir comigo, são muitos. – a outra comentou, enquanto pegava algumas roupas para a amiga. – Toma, se troca. Você termina isso depois.

Sakura encarou as roupas que Ino pegou e fez um careta, mas não protestou, queria ir logo e voltar para terminar sua mudança. Já estava cansada de empacotar por horas e não chegar a lugar nenhum.

As duas andaram silenciosamente pelo campus, perseguidas pelo fantasma de que Sakura iria embora e deixaria a amiga sozinha por mais alguns anos. Elas não ousavam falar nada, porque sabiam que qualquer coisa que dissessem seria emocional demais para o cenário em que se encontravam.

Quando Sakura abriu a porta da Taka, ela não esperava o que encontrou. Havia uma grande faixa que dizia: “Parabéns por se formar, nerd!” e todos os seus amigos encarando-a, enquanto ela fazia uma expressão de choque genuíno. O primeiro a abraçá-la foi Naruto, que ficou falando sem parar que eles finalmente poderiam se ver mais, já que ela não estaria mais o tempo todo na faculdade.

Depois de receber mais abraços e agradecer roboticamente aos “parabéns”, como se formar-se não fosse mais do que a sua obrigação, ela procurou por Ino novamente.

– Obrigada, porca. – disse, abraçando a amiga. – Não se preocupe, não vai ser fácil se livrar de mim.

– Eu sei que não, você vai ter que me mandar o seu look todo o dia para eu aprovar e eu não estou brincando. – Ino comentou séria e Sakura riu. – Mas não fui eu quem arrumou tudo isso, foi...

De repente, sentiu duas mãos no seu ombro e se sobressaiu, virando-se automaticamente, esperando que fosse mais um de seus amigos tentando assustá-la ou fazer alguma brincadeira. Mas era Sasuke, que a encarava com os seus olhos negros com uma expressão que ela não soube ler.

– Eu. Desculpa interromper as fofocas, mas eu preciso falar com a Haru. – ele disse para Ino que apenas deu de ombros e se foi.

– Uma festa... Você poderia ser mais clichê? – Sakura disse, brincando e deu-lhe um beijo rápido, era o seu jeito de agradecer silenciosamente, sem ter que pisar em seu orgulho.

– Na verdade, sim. – Sasuke respondeu com um sorriso no rosto, enquanto apontava para o rádio com o controle que estava em mãos.

Misunderstood” começou a tocar imediatamente e Sakura tentou manter a seriedade e a indiferença, para não se expor ao ridículo, mas a expressão de Sasuke não ajudava. Ela se segurou por alguns segundos, mas no refrão não aguentou e começou a gargalhar com Sasuke, enquanto cantavam juntos de forma desafinada e alta demais. Não ligavam para os olhares, todos já sabiam como eles eram juntos e não era como se fossem se envergonhar na frente de gente que já tinha feito coisas bem piores.

Quando a música acabou, eles se encararam e riram ainda mais, enquanto ofegavam.

– Eu não acredito, já faz tanto tempo... – Sakura disse, quando finalmente parou de rir. – Aquela festa foi há quanto tempo?

Sasuke deu de ombros.

– Tempo demais. Sabe o que eu não acredito? Nós estarmos juntos há tanto tempo. Considerando que nos odiamos e tudo. – ele disse e ela sorriu. – Acho que são cinco anos. Desde a festa, eu quero dizer.

– Eu acho que são seis. – Sakura retrucou.

– Cinco, Haru. – ele disse de volta. – Eu não aguentaria seis.

– Sasuke, a gente se conheceu no meu primeiro ano de faculdade. – ela rebateu e ele bufou.

– Tudo bem, mas só ficamos juntos na festa a fantasia, que foi depois. Cinco anos. Na verdade, só ficamos juntos mesmo quando eu sai da prisão, então são quatro anos e meio.

– Seis desde a festa. Cinco e meio desde a prisão. Você quer apostar? – ela perguntou, enfatizando a ultima palavra, claramente achando graça, e ele a encarou com seriedade.

– Você nunca vai me deixar esquecer disso, né? – Sasuke perguntou, genuinamente preocupado, enquanto ela negava com a cabeça.

– Pode apostar que não.

Os dois riram e se encararam por mais alguns segundos, sendo interrompidos de repente.

– Ei, Uchiha! É essa a sua namorada? – um calouro perguntou, surgindo do nada. Era engraçado como todos conheciam Sasuke mesmo ele sendo formado há dois anos e não aparecendo mais pela faculdade com frequência.

– Essa? – ele perguntou, fazendo um careta enquanto apontava para ela. – Essa é Haru, minha irmã retardada. Não liga pra ela, ela não entende o que a gente fala.

Sakura deu uma cotovelada na costela dele, fazendo-o contorcer-se, enquanto ela erguia a mão para cumprimentar o outro.

– Prazer, sou Haru. – ele apertou a mão dela, enquanto encarava Sasuke, sem entender. – Sim, infelizmente os deuses me ligaram a esse cara, ainda estou tentando descobrir como quebrar a maldição.

O calouro ficou os encarando, sem saber como agir, dando um sorrisinho nervoso.

– Hm... Legal... Vou ali tomar alguma coisa. – falou finalmente e o casal se entreolhou, achando graça.

– Isso nunca vai deixar de ser engraçado. – Sakura disse.

– Até ninguém mais querer falar com a gente.

Então, ele pegou a mão dela e os dois sentaram afastados em um sofá no canto.

– Eu não acredito que você finalmente se formou, achei que ia ficar aqui pra sempre. – ele disse e Sakura deu-lhe um leve soco no ombro. – Foram quantos anos? Dez? Quinze?

– Larga de ser idiota. Pelo menos eu não me formei na arte de não fazer nada. – ela provocou e ele revirou os olhos.

– Eu estou falando sério, Haru, parabéns. – Sasuke disse e ela o encarou com surpresa, não estava acostumada com ele sendo sério ao reconhecer alguma coisa que ela fez, normalmente ele era bem sútil com essas coisas.

– Bom, obrigada. Eu meio que não fiz mais que a minha obrigação. Sabe, se formar e tudo. – Sakura retrucou dando de ombros.

– Cala a boca, você se formou em medicina em um das melhores faculdades do mundo, você tem noção disso? – ele perguntou de forma séria agora.

– Sim, algum de nós tem que ser rico. – Sakura disse, rindo, mas sem perceber exatamente o que estava insinuando. – Eu cansei de ter que comer comida japonesa naquela esquina que o Naruto gosta só porque é mais barato, precisamos variar o nosso repertório. – ela apressou-se em corrigir-se para não parecer que estava pensando em casamento.

Para a sua felicidade, Sasuke ignorou o primeiro comentário.

– Falando em Naruto... – ele desviou o olhar, de repente parecendo apreensivo. – Ele vai se mudar do meu apartamento. Eu estava pensando que...

– Ó não, com quem você vai ter sua noite de beer pong? – Sakura perguntou, achando graça, mas sabendo exatamente onde ele queria chegar.

– Exato. Além disso, vou ter que pagar o aluguel sozinho e, apesar de ter o dinheiro, acho um desperdício considerando o tamanho do lugar. E já que eu sei que Ino vai ficar por aqui e você não vai ter onde morar...

– Não acredito. – ela interrompeu, boquiaberta. – Você quer que eu seduza Naruto para que ele não se mude?

Sakura estava claramente brincando, amenizando a situação porque sabia que Sasuke estava extremamente nervoso, assim como ela. Ele sorriu e depois revirou os olhos.

– Sim, Haru. Por favor, seduza-o para que ele nunca se mude do meu apartamento. Tudo o que eu quero no mundo é ter aquele idiota morando comigo para sempre. – ele respondeu e ela sorriu, agora fitando seus olhos diretamente.

– Será o meu prazer. – Sakura murmurou e ele bufou, pegando sua mão.

– Certo, então comece agora. Ele gosta de peitões, então trate de dar um jeito nos seus. – ele provocou e ela o encarou com terror por uns segundos, até ambos soltarem um sorriso descontraído. – Você vai me fazer dizer, não é?

– Não sei do que você está falando...

– Quer morar comigo, Haru? – Sasuke perguntou por fim e o momento antes da resposta dela pareceu durar anos. Normalmente era fácil conversar com ela, ou até mesmo ficar em silêncio, fácil como respirar, como beber água. Mas em algumas situações, ela dificultava de propósito, provocando seu orgulho até o máximo.

– Hm, não sei.. Você pode ser muito irritante às vezes, e eu não sei como viveria no mesmo teto que você sem te lembrar a cada segundo quão péssimo você é em General* e...

– Você que é péssima em General. Já decidimos isso da ultima vez que jogamos, você perdeu. – ele exclamou em resposta.

– Você roubou da ultima vez! Eu vi quando você virou aquele dado quando eu estava indo ao banheiro, não sou cega! – Sakura retrucou, inconformada.

– Haru, pelo amor de... Quantas vezes vou ter que falar que eu não...

– É claro. – Sakura falou de repente e ele a encarou, sua expressão era de seriedade e seus olhos estavam fixos nos seus.

– O quê? Vai finalmente admitir que eu não roubei? – ele perguntou, com triunfo em seu olhar, fazendo-a sorrir.

– Não, retardado. Quis dizer que é claro que eu vou morar com você. – ela respondeu finalmente e dessa vez ele sorriu verdadeiramente, aquele sorriso sincero e raro que só ela tinha o prazer de desfrutar.

Então, puxou-a para o seu colo e se beijaram apaixonadamente, sem ligar para os arredores e para as pessoas que os encaravam. Tudo o que importava naquele momento eram eles.

– Quer dizer, se você admitir que é péssimo em General... – ela disse no meio dos beijos.

– Eu admito, se você admitir que a sua caligrafia está começando a ficar péssima, como a de todos os médicos. – Sasuke retrucou e ela se afastou por uns segundos, em choque.

– Ei! Golpe baixo! – exclamou, mas simplesmente continuaram se beijando. Porque era assim que eram. Apesar de estarem namorando faz tanto tempo, ainda se tratavam como quando se conheceram e não mudariam aquilo por nada. Sabiam que a felicidade, parceria e irreverência nunca iriam embora.

Era a única certeza que tinham e isso era mais do que o suficiente.


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Notas finais do capítulo

Oieeee, ai finalmente chegamos no fim! Podem se preparar porque eu costumo escrever biblias aqui nas ultimas notas, então se não quiser ler, pode parar por aqui haha

Hahah, essa fic foi uma jornada, em alguns momentos eu estava SUPER querendo escrevê-la e em outros eu a deixava de lado e não aguentava mais as minhas próprias piadinhas como Haru, haha. De qualquer forma, quero agradecer quem chegou até aqui comigo!

Espero que todos tenham gostado e queria agradecer por todos os reviews e todos que leram até o fim, muito muito muito obrigada! Seria ótimo se todos vocês mandassem um último review com seus ultimos pensamentos/criticas/xingamentos, qualquer coisa que quiserem, só pra eu saber o que acharam S2 Recomendações e críticas sempre serão bem vindas ^^

Muito obrigada mesmo! Pelas recomendações, pelos reviews e pela força, até a próxima ;D

Beijocas :*

— Mu *

PS: se ficou algum assunto pendente na fic que vocês não entenderam, estou disposta a responder qualquer pergunta, podem me encher de mensagens, *-*



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