Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 21
XX - Uchiha




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“Sim, e a sua grande ideia foi sensacional, não foi? Veja onde estamos!

De qualquer forma... Quando Haru chegou para o nosso encontro na mesma estátua que nos encontramos quando falei que era o cara do livro, eu soube que algo estava errado. Ela parecia extremamente calma, mas algo em seu olhar me fez perceber sua aura assassina.

– Oi. – ela cumprimentou com uma frieza que eu nunca tinha ouvido em sua voz. Eu soube, naquele momento, que ela tinha descoberto alguma das minhas transgressões.

– Tudo bem? – fiz questão de perguntar, no que ela só me respondeu com um aceno de cabeça.

Tentei pegar a sua mão para puxá-la, mas ela recuou e ficou apenas me olhando. O silêncio se estabeleceu e apenas ficando nos encarando sem reações. Eu sabia que ela sabia, só estava esperando ela começar a gritar, me bater, chorar... Qualquer coisa, menos aquilo.

O que raios era aquele silêncio e frieza?

Então, atrás dela, vi outras pessoas surgindo, percebi, tarde demais, que eram todas as mulheres que eu tinha pegado de medicina. Eu estava certo, afinal, Haru tinha descoberto.

Por estar um tanto atordoado, tentando entender o que tudo isso significava, Haru conseguiu me prender com uma algema em uma das partes da estátua e eu fiquei encarando-a estupefato.

– Eu não acho que nada que eu possa fazer vai mudar o que você pensa das mulheres, mas você merece isso de qualquer forma. – ela explicou, fria, enquanto as mulheres se aproximavam, fazendo um fila.

Ótimo.

Cada uma me deu um tapa na cara e tirou uma peça da minha roupa, de uma forma nada sexy, para ser sincero. Teve algumas que até me deram socos, em vez de tapas. Fiquei surpreso com a falta de compaixão delas, Haru deve ter realmente mexido com as suas cabeças.

Só de roupas de baixo e com um frio do inferno, as mulheres finalmente foram embora, sem dizerem nada e Haru ficou me encarando como se eu fosse a pior pessoa do mundo.

– Haru, pelo amor de...

– Nem tente, Uchiha. Era isso que você queria de mim, não era? – ela tirou o sutiã por baixo da blusa e jogou na minha cara. – Pronto. Você ganhou a sua aposta estúpida.

Eu percebi o tom de ressentimento na voz dela e percebi, pela primeira vez, que ela estava falando sério. Haru não estava tentando pregar uma peça e ser engraçada, como se no dia seguinte fosse rir da minha cara e transaríamos como se nada tivesse acontecido. Não, aquilo era permanente, ela estava realmente brava e decepcionada.

Quis dizer que eu não tinha ganhado a aposta. Que eu tinha esquecido dessa aposta quando começamos a sair e que depois dela, eu fui incapaz de ficar com qualquer outra mulher, mesmo se quisesse muito.

Quis contar tudo o que eu estava sentindo e pensando e que talvez eu realmente gostasse de passar tempo com ela e que ela era a única que sabia de muitas coisas que ninguém mais sabia. Que eu tinha estado em negação por um bom tempo, mas eu sabia, no fundo, que me importava. E que isso me assustava pra cacete.

Mas eu disse:

– Eu não ganhei. Não vale se você me der.

– Ótimo. – Haru murmurou, escondendo o olhar. Eu sabia que ela, assim como eu, tinha muito a dizer. Mas seu orgulho estava a impedindo e eu sabia exatamente como ela se sentia.

– Me solte para que eu possa pagar o preço da perda. – falei, porque não tinha mais nada que eu pudesse fazer àquela altura.

Ela bufou.

– Você vai ficar ai a noite inteira. Espero que morra de frio. – retrucou e eu vi o ódio em seu olhar. Se ela não estivesse ressentida, já teria ido embora. Se não tivesse realmente magoada com tudo, teria me pregado a peça e nunca mais falado comigo. Mas ali estava ela, se apegando aos últimos momentos de sua raiva, tentando entender porque estava tão chateada, quando na verdade achava que não se importava.

Mas se importava. Eu sabia que sim, porque eu me sentia daquela forma. Não importa o tanto de negação que estávamos pregando...

Ela deu um passo pra trás e eu notei que se virasse de costas, talvez fosse definitivo. Talvez nunca saberíamos o que o outro estava pensando e nunca mais teríamos qualquer coisa que tivéssemos de novo. Se algum de nós não engolisse o orgulho, aquilo era o fim.

Como eu estava preso em uma estátua semi-nu, a vantagem estava claramente com ela.

– Haru... – comecei, tentando não encará-la de frente. Eu nunca tinha feito isso antes. Normalmente eram as mulheres que se jogavam para mim e insistiam para que eu ficasse. No que raios eu tinha me transformado? – Isso é ridículo! Olha isso, olha pra mim! Quando que eu deixaria várias mulheres me baterem? Quando eu... Você não percebe? Eu estou diferente... Quer dizer, eu...

Ela parecia impassível.

– Você fez isso comigo! Você me transformou nisso! Eu não queria ser assim, esse cara patético que não se importa mais com mulheres e que realmente se importa com o que as pessoas pensam sobre mim. Quer dizer, não as pessoas... Você.

– Você realmente está me culpando por alguma coisa? Você tem a coragem de se fazer de vítima agora? – ela disse, se irritando. – Vai a merda, Sasuke Uchiha! Se essa é sua tentativa de dizer que eu te faço uma pessoa melhor, tente de novo, porque desde que estamos juntos, você não faz nada além de merda. Que porra é aquele concurso de beleza? Francamente! E o jeito que você tratou Ino... Quer saber, esquece! Não tem como você entender.

Ela que não entendia. Como ela podia ser tão completamente ignorante perante todas as minhas intenções? Que mesmo quando ela insistia em não ser nada, em minha cabeça eu a tratava com nunca tinha tratado nenhuma mulher antes? Que para mim, aquilo nunca seria um relacionamento aberto e não era porque ela era exclusiva em todos os sentidos?

– Você que queria uma relação aberta para começo de conversa, Haru! Como você pode me cobrar de uma coisa que você mesma não queria? Você disse que não se importava com o que eu fazia ou fizesse, você sabia quem eu era e o que eu tinha feito com Ino quando resolveu se envolver. Você deixou bem claro que não queria um relacionamento sério e que não apaixonaria por mim! – respondi, irritado com sua hipocrisia.

Pela primeira vez, ela parecia não saber o que dizer, o que não era característico de sua pessoa. Haru sempre tinha uma resposta para tudo, sempre.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Naruto apareceu com Hinata atrás dela e começou a gargalhar ao ver a cena.

– Pervertidos! – exclamou, fazendo a namorada corar.

Mas Haru apressou-se em corrigi-lo:

– Não é nada disso, Naruto. Ele perdeu a aposta, estou garantindo que ele não fuja antes que pague as consequências.

Encarei-a com incredulidade e ela me deu uma expressão de desafio.

Meu amigo pareceu muito mais entusiasmado do que deveria e rapidamente ligou para todos os nossos companheiros da Taka, que chegaram incrivelmente rápido. Babacas. Haru não falava nada e apenas ficava me encarando com frieza, enquanto eu tentava argumentar com os caras.

– Qual estátua ele vai roubar? – um deles perguntou. Eles estavam me ignorando completamente.

– Eu voto na Akatsuki, odeio aqueles caras! – Naruto apontou. Óbvio que seria da Akatasuki, o que mais faltava acontecer?

Depois de muita argumentação da parte deles, ficou decidido que eu teria que roubar a estátua do mausoléu da Akatsuki, que ficava no salão principal. Não sei se os senhores entendem de sociedades secretas, mas invadir e roubar alguma coisa é um incrível ato de desrespeito e eles levam muito a sério. Do tipo, podem fazer você ser demitido do seu emprego ou fazer você repetir de ano e coisas desse naipe. Claro que eu não seria burro o suficiente para ser pego e a estátua estaria em seu lugar no dia seguinte.

Só precisava pegá-la e correr com ela pelo campus pelado. Por que eu tinha concordado com essa consequência mesmo? Tinha que ser o idiota do Naruto a dar a maldita ideia. Como estávamos bêbados, eu realmente não achava que eles se lembrariam depois, ainda mais depois de meses.

Finalmente me soltaram e eu fiquei encarando Haru, esperando que ela dissesse alguma coisa. Com um silêncio ensurdecedor, fui em direção ao mausoléu da Akatsuki, pensando em como faria aquilo.

Por ser fim-de-semana, eu tinha certeza que a maioria dos caras da sociedade estavam em alguma festa, então eu sabia que o salão principal estaria vazio. O meu problema era entrar e sair. Eu sabia que eles tinham uma segurança absurda, Itachi tinha mencionado algumas vezes.

Foi bem mais fácil do que eu esperava que seria. Talvez o lance da segurança fosse só marketing. A porta de trás estava aberta e a estátua pequena de um corvo estava completamente desprotegida no centro do salão principal. Peguei e nenhum alarme acionou. Acho que esses caras queriam algum conflito com outra sociedade, porque tinha sido fácil demais.

Sai de lá e ergui a estátua no alto para que todos vissem. Naruto, já com uma câmera em mãos, falou para eu tirar o resto das minhas roupas e sair correndo. Suspirei, até parece que eu faria isso. Estava prestes a dar um discurso inteligente, quando vi a expressão de Haru.

Ela me encarava com curiosidade e desdém, como se esperasse que eu não fizesse aquilo, que eu sairia daquela de alguma forma, como fazia com tudo. Talvez ela achasse que eu concluir o meu pagamento era uma forma de penitência também. Talvez se eu fizesse aquilo, estaria um passo a mais de seu perdão, como se admitisse que eu estava errado e que merecesse aquela consequência.

Eu não sei porque tive pensamentos tão nobres naquela hora, nem o que deu em mim para ficar nu e sair correndo pelo campus dos mausoléus das sociedades secretas, mas eu fiz. E como os senhores sabem, há gravações.

De qualquer forma, depois eu entendi porque não havia segurança nenhuma na Akatsuki e nenhuma alma viva lá dentro. Eles tinham fugido com Itachi para sabe-se lá onde, por causa dos Yamanaka. Como meu irmão achou que eu não tinha porque me preocupar, ele não me avisou de nada.

Então, não senhores, eu não sei para onde ele foi. Não sei onde ele está. Ele não me deixou nenhuma mensagem e nem avisou que estaria indo embora. Eu estou disposto a arcar com as consequências dos atos dele e me coloco como responsável pela cumplicidade no crime. Também não descobri o que o meu tio Madara tinha a ver com tudo isso, acho que esse é o trabalho dos senhores, não é mesmo?

De qualquer forma, depois de me humilhar para os alunos da faculdade, os senhores já sabem o que aconteceu. Haru foi quem ligou para polícia, acho que ela ainda estava ressentida e me ver humilhado não era o bastante para ela. Como vingança, aqui estou, sendo acusado de ato obsceno e cumplicidade na compra de votos e lavagem de dinheiro da empresa Uchiha.

Reintegro minha posição de culpa e afirmo, novamente, que não sei mais de nada, além do que acabei de compartilhar. E não se importem em pedir uma apelação, eu não me importo de ser condenado como culpado, alguém tem pagar pelos crimes da minha família.”


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Notas finais do capítulo

Oiee amados, cap novo pra vocês (:
Depois desse cap, vamos para a parte 2 da fic, que será em terceira pessoa e concluirá a história!
Enfim, gostaram?

:*