Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 22
Capítulo XXI




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– Sr. Uchiha, deixe-me ver se entendi isso direito. Vocês nos contaram toda essa história, explicando tudo, para no fim, você se declarar culpado? – um dos advogados perguntou, sem acreditar, enquanto o outro massageava as têmporas.

– Bom, não sou inocente, sou? Eu omiti informações criminosas e ainda recebi dinheiro por isso. – Sasuke respondeu, simplesmente.

O outro advogado, que estava claramente mais impaciente, retrucou:

– Sim, mas poderíamos ter dado um jeito, se não tivesse contado essa história com tantos detalhes. Agora seria impossível arranjar uma falha na denúncia do acusador. Você colocou a corda no próprio pescoço, rapaz.

Sasuke deu de ombros.

– Apenas falei a verdade.

Sakura bufava enquanto os advogados discutiam entre si a melhor estratégia para o julgamento.

– E eu, posso ir embora?

– Srta. Haruno, como falamos no começo, você não precisava estar aqui. Foi a senhorita que insistiu em...

– Preciso de papel escrito ou qualquer coisa que prove que eu nunca serei incomodada com isso de novo, quero ter certeza que estou livre de qualquer queixa. – ela o interrompeu e o advogado suspirou.

– Um minuto. – ambos saíram da sala, deixando Sakura e Sasuke sozinhos. O silêncio era quase sufocante, embora ambos tivessem muitas coisas para falar.

– Acho que você merece tudo isso, afinal. – ela quebrou o silêncio, comentando de forma taciturna.

Sasuke a encarou com incredulidade, não acreditava no quanto suas ações tinham a impactado. Se soubesse que ela se importasse tanto, talvez tivesse falado tudo antes.

– Ah, eu mereço ser preso por causa do seu ciúme por alguém com quem você tinha um relacionamento aberto? Certo. – ele retrucou, mal-humorado.

– Você é muito burro mesmo. Foi pelas mentiras, Uchiha. Você me usou, você mentiu, você..

– Haru, você não estava escutando? Eu acabei de explicar exatamente tudo o que aconteceu. O começo pode ter sido pela aposta, mas... - Sasuke a interrompeu e desviou o olhar, encarando a parede, claramente desconfortável por se expressar daquela forma.

Sakura mantinha sua expressão de indiferença, não estava pronta para perdoá-lo, apesar de tudo.

– Não é por sua causa, Uchiha. Deus, você é tão egocêntrico! Eu me sinto... Me sinto... – ela murmurou, sabendo do egoísmo que exalava de suas palavras. Porque não estava brava com a transgressão dele, mas sim por fazê-la sentir-se daquele jeito, como se fosse enganada e desrespeitada.

Sasuke deu um passo a frente.

– Eu sei, você tem todo direito de se sentir assim. Mas não foi uma traição. – ele não a encarava enquanto quase sussurrava essas palavras. – Como você não entendeu?

Sakura suspirou, claro que ela entendia. Ela entendia que o que havia entre eles era real e entendia a razão dos atos dele.

– Entender não é a mesma coisa que perdoar. – ela explicou. – Eu entendi os seus motivos, mas eu não sei se consigo simplesmente te perdoar assim.

Sasuke bufou, por que ela era tão orgulhosa? Por que não simplesmente admitia que só estava se fazendo de difícil para dar-lhe uma lição? Mas ele já tinha se humilhado por ela e fora até preso por isso, por que ela estava fazendo corpo duro em uma situação como aquela?

– Você e seu maldito orgulho! – ele murmurou mais para si mesmo do que para Sakura e voltou a fitá-la. – Eu só vou falar isso uma vez, então presta atenção. Eu não me importo quanto tempo leve para você engolir esse seu orgulho estúpido e voltar a ficar comigo, porque eu te...

– Sr. Uchiha, eles estão pronto para o seu julgamento. – um dos advogados entrou na sala, interrompendo a conexão invisível que os dois tinham estabelecido e o clima de tensão que era quase palpável.

Sakura se sobressaiu e o fitou com preocupação. Ele tinha quase falado que a amava e que esperaria pelo seu perdão e ela sabia o quanto ele se esforçou para falar uma coisa dessas. Porque afinal, ele era tão orgulhoso quanto ela e também odiava expressar sentimentos e admitir erros.

– Nós explicamos toda a situação, você está livre de todas as acusações, srta. Haruno. – o advogado disse, agora olhando-a, mas ela não estava feliz. Não queria ir embora naquele momento, não quando Sasuke estava se abrindo daquela forma.

Sasuke estava andando para fora da porta, quando ela percebeu que talvez estivesse sendo injusta. A culpa não era dela por ela ter se comprometido, ela sempre soube onde estava se metendo e foi conscientemente que se envolveu com ele. Talvez ele estivesse falando a verdade, talvez ele realmente não tivesse ficado com nenhuma mulher depois dela e mesmo se isso fosse mentira, ela não deveria ter se importado. Ela deixou claro que queria um relação aberta desde o começo.

Pensando na profundidade de seus atos, não tirava a culpa dele, mas não podia deixá-lo ir para a cadeia também.

– Eu quero testemunhar. – disse, fazendo-os voltarem o olhar para fitá-la com surpresa.

– Haru! Pelo amor de Deus, vai embora, não se envolva mais nisso! – Sasuke protestou irritado, mas ela ignorou.

– Eu quero testemunhar. – repetiu, fitando com determinação os olhos do advogado, que apenas deu de ombros e fez um gesto para que ela fosse com eles.

Sakura ignorou o olhar julgador de Sasuke quando passou por ele de forma decidida.

– Como você é irritante! – ele exclamou, antes de serem separados por uma porta.

No julgamento, Sakura contou tudo o que sabia, de forma que ajudasse Sasuke, mas não adiantou muita coisa, já que ele se declarou culpado e aceitou sua sentença. Não tinha muito o que os advogados pudessem fazer, a não ser diminuir a pena, o que acabou sendo de um ano, uma punição bem razoável.

Ambos saíram da sala de julgamento juntos, ela ainda tinha que assinar alguns acordos e ele tinha o direito de se despedir de seus amigos. Sakura foi a última a entrar na sala, ela não sabia muito o que dizer, ainda estava brava, mas sabia que precisava.

Ao entrar, o viu de laranja do outro lado da mesa e se segurou para não rir, nunca imaginaria um cara como Sasuke Uchiha prestes a ser preso, de verdade. Algo naquela visão a fez ver a graça de tudo e ela percebeu que talvez ele nunca seria preso, pra começo de conversa. Quer dizer, ele era o filho de um empresário rico, era óbvio que iam arranjar um jeito de tirá-lo dali.

– Você não precisava fazer tanto esforço para ser culpado. – Sakura disse se aproximando do outro lado da mesa. – Agora vai ser um inferno para pagarem a sua fiança.

Sasuke deu um sorrisinho irônico.

– Você não entendeu, não é? Eu quero ser preso. Eu vou encarar as consequências do que eu fiz. – ele disse e ela começou a gargalhar.

– Certo, ótima hora para começar a fazer a coisa certa. – murmurou, no meio das risadas. Ainda estava certa de que ele estava brincando.

O moreno a encarou com seriedade.

– Eu estou falando sério, Haru. – Sasuke suspirou, sabendo a reação que ela teria.

– Aham, ok. Você vai ficar uma semana aqui, chorar durante algumas noites e então finalmente ligar para o papai te buscar. Não se faça de nobre para mim, Uchiha, não se esqueça que eu te conheço bem, apesar de tudo. – ela retrucou e ele notou um certo ressentimento em seu tom, ela estava começando a ficar irritada de verdade, já não estava mais brincando.

Sasuke tentou alcançar sua mão na mesa, mas ela já tinha tirado e mantinha-se imóvel na sua cadeira, sem nenhuma intenção de dar alguma abertura para ele.

– Eu sei que você não acredita em mim, eu não me importo. Muita gente já pagou pelas coisas que a minha empresa fez, eu posso não ser o cara mais íntegro que existe, mas quem sou eu pra reclamar da corrupção do meu pai se eu for fazer o mesmo? – ele tentou explicar, mas Sakura já estava de braços cruzados, com uma expressão de puro desdém.

– Você tá falando sério? – ela perguntou, completamente irritada. Ele não entendeu, qual era o problema? Ele estava fazendo a coisa certa, o que estava a incomodando, afinal?

– Por que você está tão irritada? Eu estou tentando fazer a coisa certa para variar, não era isso que você queria?

Sem mudar de expressão, ela respondeu friamente:

– Não me venha com essa de coisa certa. Até ontem você era o cara que manipulou a minha melhor amiga por dinheiro e me usou por uma aposta idiota que você fez com os seus amigos babões. Então o que te fez mudar de ideia agora? O que mudou tão drasticamente o seu caráter que você está voluntariamente estragando a sua vida?

Ele suspirou e desviou o olhar.

– Você devia saber.

Sakura levantou-se subitamente, agora completamente fora de si, aquela tinha sido a última gota, ela não aguentava mais vê-lo jogar a sua vida fora daquele jeito por causa de seu orgulho.

– Pelo amor dos deuses! Prisão não é brincadeira, Uchiha! O que você vai fazer depois que sair? Você vai ficar um ano fora do mundo, sem contato com ninguém, sem festas, sem apostas, sem mulheres para você enganar! Ninguém vai te contratar, você vai deixar a sua empresa com uma imagem pior ainda e...

– Ah, explicado... – ele soltou um meio sorriso que a deixou ainda mais irritada. – Você está preocupada comigo.

– É óbvio que não! – a voz de Sakura saiu estridente. – Quer saber? Espero que você apodreça na prisão e derrube muitos sabonetes!

Então, ela virou-se, deixando a sala apenas com o vulto que seus cabelos rosas deixaram ao voarem. E rapidamente saiu da sala, batendo a porta e fazendo reinar o silêncio por trás.

Sasuke não se arrependeu de suas palavras, era mais fácil que ela o odiasse mesmo, ficariam muito tempo separados, ele não suportaria vê-la e não podê-la tocá-la por um ano.

– Sr. Uchiha? Está pronto? – o advogado entrou na sala e Sasuke levantou-se, sendo levado para o carro que o transportaria para a cela que passaria os próximos dozes meses. Ele sabia que seria ruim e que provavelmente se arrependeria para sempre de ter confessado seus crimes, mas agora era tarde demais, já não conseguia mais ver o sol pelas grades da pequena janela de sua cela.


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Notas finais do capítulo

Oieee, começou a segunda parte da fic (agora em terceira pessoa), rumo a conclusão (:
Gostaram?

:*



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