Fullmetal Alchemist: After All escrita por Paulo Yah


Capítulo 11
#10 - Retornando




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Drachma um dia depois.

 

Em Drachma, na planície mais próxima da entrada para a Central, um aglomerado de soldados estava alinhado em várias fileiras. Logo a frente, os superiores e em uma grande torre vinha logo em seguida.

Urros e gritos de vitórias eram lançados juntos a brisa nórdica estupidamente fria.

Vultos negros deram origem a dez seres trajados em capas e capuzes pretos. Estes se curvaram em cima da torre, e logo a mulher de cabelos castanhos e olhos verdes, mantendo um sorriso singelo misturado a um olhar tão frio quanto o gelo nórdico de seu país. Uma mistura de delicadeza da brisa mais suave com a nevasca mais devastadora.

Apareceu diante de seus subordinados, recebida com aplausos e logo em seguida com uma continência e tiros para o alto.

 

- Senhores, desde já nós iniciaremos uma nova era. – Disse a mulher. – A era em que Freiya transformará o gelo nórdico nos verdes campos do Valhala!

 

Ao dizer isso, Freiya estendeu as mãos para os lados. Quatro dos indivíduos que estavam ao seu lado quedaram da torre, cada um em uma ponta do monumento. Pararam, agachados no chão com as palmas sobre o mesmo, e assim um brilho fora emanado indicando quatro transmutações diferentes ao mesmo tempo.

Dos quatro pontos daquele lugar, a neve deu espaço a um gramado verde-escuro, e a brava nevasca cessou, cedendo a uma brisa fria e cortante. Alguns metros atrás da torre, um enorme castelo foi erguido das pedras do centro do Solo, casas foram construídas e muralhas foram erguidas.

Todos ficaram surpresos com o poder alquímico dos quatro guerreiros da elite de Freiya, sua nova superiora.

 

- Estamos todos cansados de nos abrigar em baixo da terra! – disse a mulher. – Nas profundezas do solo, enterraremos os Amestrinos!

 

Ninguém sabia sobre a real aparência do atual Marechal de Drachma, logo descobriram que este era na verdade uma mulher. Poderosa, e com aliados capazes de dizimar uma nação por inteira.

Um misto de medo e respeito surgiu na mente de todos que presenciaram aquilo. Então, aprovaram a revelação da mulher que se declarou líder daquela nação. Mas ninguém se questionou de onde veio, por que estava lá e como havia chegado tão longe.

 

O medo silencia qualquer tipo de dúvida... Uma prova disso é aquilo que eles chamam de Deus. – Pensou a mulher sorrindo perversamente. – Eu causarei o medo, a discórdia e o caos à todos que vierem contra mim!

...

 

A chuva se prolongava em Amestris, já era o segundo dia em que o céu assumia uma cor cinzenta e escura.

Enquanto isso, Roy pensava preocupado, pois Hohenheim e Stones não mandavam noticias já há algum tempo. Recebera noticias de que Aerugo iniciaria outro ataque em breve, porém já fazia algum tempo que não recebia notícias de Drachma.

 

- Hohenheim-san não escreve há tempos... – Disse Ling entrando na sala do Marechal. – Foi o que o Coronel Hawkeye falou. É péssimo jogar uma partida as cegas, não é Mustang?  

 

- Eu estou preocupado não só com este fato, mas também com o estado dos homens que mandei pra lá. – Disse o Marechal. – Stones é um ótimo espião, mas não daria conta de um exército inteiro. E por mais que Hohenheim seja o melhor alquimista que tenha conhecido, não é impossível ter sido morto também.

 

- Hunf... Quanto pessimismo. – Resmungou. – Se continuar assim vai perder a guerra muito fácil.

 

Roy desviou seu olhar para os papeis em sua mesa, os projetos de guerra, estratégias, planejamentos dentre tantas coisas que gostaria de não ver ali. Repensou no que disse e viu que realmente estava sendo pessimista. Ainda assim, mesmo que não quisesse, estava pensando no pior.

 

- É... Tem razão, Ling. – Confessou. – Espero que eles mandem noticias logo.

 

Ling via em Roy um homem um pouco confuso, mas isso devido ao cargo de líder. Apesar de governar muito bem um país, às vezes tropeçava e isso lembrava um pouco a imperatriz de Xing. Ele sorriu de canto enquanto pensava nisso e chegou à conclusão que todo líder honesto, justo e forte, tem seus defeitos em comum.

 

- Bom... Eu estou indo. – O rapaz se virou e caminhou até a porta. – Pretendo voltar para Xing logo, talvez daqui três dias.

 

- Três dias? – Perguntou Roy. – Achei que fosse “logo”.

 

- É que eu e Greed descobrimos que liderar algo é muito chato. Fora que a Mei e a Lan Fan são muito pegajosas!

 

Roy colocou a mão na face e suspirou indignado. Ling realmente continuava aquele mesmo homem de sempre, apesar de tudo.

 

- Até mais ver então, Ling!

 

- Jya! – E finalmente se retirou.

 

Não deu nem cinco minutos, bateram à porta novamente. Roy pediu para que entrasse, e assim foi feito. Riza adentrou-se a sala, com algumas pastas com outros tantos relatórios. Notou que ao reparar nisso, o Marechal debruçou na mesa triste. Ela riu de canto, lembrando de quando ele dizia que não se importava com pequenos detalhes.

 

- Você pelo jeito realmente não está suportando os pequenos detalhes, não é? – Perguntou ironicamente a mulher.

 

- Isso não parece óbvio? – Disse o homem ainda debruçado na mesa, com a feição tristonha.

 

Riza colocou os papéis ao lado dos outros tantos, e ficou de frente para o seu superior. Roy voltou ao normal, pegou a caneta e continuou a assinar os relatórios um por um. Assinou sete deles e parou de novo, suspirando entediado.

Colocou os cotovelos apoiados na mesa e encaixou o queixo em suas mãos, olhando para Riza, encarando-a por um bom tempo.

Ela sentiu seu estômago revirar e seu coração acelerar, pois o olhar que mais apreciava estava lhe encarando naquele momento.

 

- Que acha de um café? – Perguntou Roy, na maior cara de pau.

 

- Nem pensar! – Protestou Hawkeye. – Você tem que terminar de assinar esses formulários e relatórios dos soldados no campo de batalha!

 

Roy debruçou-se desanimado com o fora de Riza. Sabia que não tinha outra escolha além de ficar ali e trabalhar o resto do dia. Pegou a caneta de novo e continuou.

 

- Coronel... – Ele sem desviar a atenção de seu trabalho, continuou a conversar com a mulher.

 

- Sim?

 

- Nunca cheguei a perguntar, mesmo depois de tanto tempo que nos conhecemos. Mas, o que você faz quando não está no quartel? Como passa o tempo?

 

Não obteve a resposta de imediato e até achou que não iria obtê-la nunca. Continuou a ler e assinar os relatórios, esperando pela reação de Hawkeye.

Ela sentiu-se confusa diante da pergunta do Marechal, mas não podia deixar passar batido, por mais que fosse constrangedor. Afinal, desde quando Roy Mustang lhe perguntava sobre sua vida pessoal?

 

- Dificilmente saio, levo uma vida normal, dedicando a minha vida ao exército. – Respondeu. – Isso... Pode soar estranho, mas...

 

Roy parou de novo e sorriu de canto como se zombasse a resposta de Riza. Esta corou e se sentiu minúscula e humilhada.

 

- Que graça tem isso? – quis saber, Hawkeye.

 

- Nada. – Respondeu Roy.

 

- Diga! Agora! – Vociferou agressivamente, e Roy começou a rir.

 

Riza não sabia onde esconder-se, e sentia seu estomago revirar sem ação nenhuma. Roy ao mesmo tempo em que se divertia vendo a cena, achava bonito aquela jeito de ser único do Coronel agir.

 

- Coronel, me responda apenas mais uma pergunta.

 

- Se for pra dar risada, prefiro permanecer em silêncio! – respondeu.

 

- Você não se sente só? – Perguntou Roy, e seus olhos brilharam, devolvendo o semblante impetuoso de volta em sua face.

 

Riza ficou sem reação por alguns minutos, pensando no que havia sido perguntado. A vontade da loira era dizer a real verdade ao Marechal, mas esta permaneceu presa em sua garganta. Hawkeye ignorou a pergunta e saiu da sala de Roy, para que não houvesse mais nenhum transtorno.

No entanto o alquimista das chamas continuou lá, pensativo e satisfeito. Como era bela aquela maneira de ser de sua assistente, uma mistura de frieza com o brilho da dúvida em seus olhos. Pegou novamente a caneta e continuou assinando documentos, e lendo-os.

O telefone tocou em sua mesa alguns minutos depois, ele desocupou-se novamente para atender ao chamado.

 

- Roy Mustang... – Apresentou-se.

 

- Senhor! – A voz masculina fora reconhecida pelo Marechal. – Tenho noticias de Drachma! Estou na Central!

 

- Major Stones! – Um alívio aniquilou sua preocupação, um de seus homens estava vivo. – Venha até o quartel e me conte tudo.

 

...

 

Ele abriu os olhos e encontrou o teto branco e a luz da lâmpada que iluminava o lugar. Sentiu-se coberto por um lençol e deitado em uma cama, nu da cintura pra cima, com alguns curativos pelo corpo.

Hohenheim se encontrava no hospital da Central, foi o que ele havia descoberto após recuperar realmente sua consciência.  Sentou-se na cama e tentou raciocinar por um tempo. Como havia parado na central depois de tudo aquilo? Colocou a camisa branca que usava por baixo do colete e da capa.

Lembrou-se de alguém o empurrando para fora do portão de Asgard, mas não conseguia lembrar exatamente quem foi. Sua memória não estava focada naquilo, seu maior inimigo dessa vez ocupava o corpo da mulher que ele tanto amou.

Levantou da cama e abriu a janela, avistando a central durante o fim da tarde. As pessoas caminhavam pelas ruas, carros passavam e os pensamentos do alquimista ainda o tomavam. Mas tudo isso parou quando o mesmo ouviu a porta abrir. E lá estava alguém que ele não estava preparado para ver naquele momento; Edward.

 

- Eu não acredito... – Disse o rapaz ofegante.

 

Hohenheim virou-se para o filho que não via há quatro anos, estava diferente. Aparentava estar mais maduro que antes, e o brilho em seus olhos não era mais a chama jovem e imatura de antes. Havia um pouco de Trisha naquele olhar, e ele soube na hora que Edward havia herdado algo de Alphonse, pois até onde o homem recordava, a serenidade do filho mais novo era proveniente da mãe.

 

- Já faz tempo, Edward. – Hohenheim esboçava um sorriso.

 

- Fui informado que você estava aqui pelo quartel... – Comentou o rapaz. – Como veio parar aqui?

 

- Longa história. –  Hohenheim desviou o olhar para qualquer coisa, hesitante e pensando em como iria explicar aquilo. – Onde está o Marechal?

 

- Stones voltou vivo, os dois estavam discutindo sobre as novidades. – Disse Edward cruzando os braços enquanto olhava seriamente para Hohenheim. – Creio que você também tenha muitas coisas para contar.

 

- Sim. – Afirmou o Alquimista, voltando para a cama e sentando-se nela. – Tenho realmente muita coisa pra contar.

 

- O Marechal e o Major Stones estão vindo. Me pediram para que eu viesse antes deles, até agora não entendi por que.

 

Hohenheim lembrou-se da promessa feita por Roy e ficou satisfeito ao ver que estava cumprida.  

 

- Pedi a ele que quando voltasse, a primeira pessoa que queria ver era o meu filho.

 

A porta abriu novamente e desta vez, Roy entrou seguido de Stones. O marechal estava com um semblante preocupado, e Stones estava feliz em ver o amigo vivo.

 

- Que dia cheio. – Suspirou Roy indignado. – Uma noticia atrás da outra...

 

- Fico feliz em vê-lo também, Marechal. – Hohenheim exclamou ironicamente. – Stones! É bom vê-lo vivo.

 

- Digo o mesmo Ho-san! – Stones retribuiu abrindo um largo sorriso.

 

- Acho que hoje teremos uma longa conversa, não é? – Perguntou Roy cortando a recepção fraternal.

 

Hohenheim ajeitou os óculos e pensou um pouco antes de dizer qualquer coisa. Tentou recobrar tudo que ele pode ver, já que ainda estava confuso sobre tudo aquilo que vivenciou em Drachma.

 

- Parece inacreditável... Mas coisas que nunca passaram pela minha cabeça aconteceram. – Disse o homem por fim.

 

Eles se encaminharam para o Quartel, na sala do Marechal. Hohenheim começou a explicar.

 

Quatro anos atrás estávamos em guerra com o Homunculus Pai. Momentos antes de Al ser aprisionado atrás dos portões da verdade, eu estava lá o encarando frente a frente. Homunculus me contou sobre a sua verdadeira “primeira criação”. Antes de criar Pride, fora criado um ser ainda mais semelhante ao seu criador. Fraco e indefeso o homúnculo chamado “Treason” tinha um poder útil; o de apossar-se de corpos sem alma e, a partir disso, criar a sua própria força. Sem contar a sua inteligência suprema, que nem mesmo aquele que o criara possuía.Treason foi mandado para Drachma, em um laboratório clandestino no subterrâneo de uma cidadezinha do país gelado. Tomou o controle da capital e se tornou o novo marechal, comandava fantoches sem alma para forjar os lideres de várias épocas do país. Nunca ninguém soube que ele era realmente o manipulador e governante real, sendo assim até os dias de hoje.  

Sabendo disso, eu pesquisei mais sobre tudo, investiguei o máximo que pude, por dois anos. Mas nem assim fora o suficiente. Então como espião do Exército Amestrino, me alistei como zelador de quimeras do Centro de Pesquisas Biológicas, e como trabalho me deram Ciel para tomar conta.

Durante este tempo eu convertia aquilo que podia ser uma ameaça para Amestris, em um trunfo.

Descobri então sobre a Asgard Gate e estava prestes a descobrir o que era aquele monumento, e comprovaria então que Treason realmente fora criado.

Há alguns dias eu estava lá, foi uma surpresa quando descobri que aquele portão levava para uma área desconhecida da dimensão onde se situa aquilo que chamamos de “Verdade”. Havia uma árvore logo à minha frente, era grande e ali brilhavam dez esferas que se interligavam formando um símbolo estranho, como se fosse vários círculos de transmutação formando um único.

Treason apareceu junto de dez entidades desconhecidas e ocultas por capuzes e capas, e assim pude comprovar sua existência. Ele contou sobre seus objetivos naquele lugar e que eu fui a chave usada para abrir aquele portão. A inteligência suprema de Treason é tão poderosa que ele conseguiu calcular todos os meus paços.

 

- Uma árvore? – Edward perguntou reflexivo. – Uma árvore no meio daquele vazio?

 

- Genesis, a Árvore da Vida. – Respondeu Hohenheim. – Muitos alquimistas passaram a estudar sobre ela no passado, mas as pesquisas acabaram no momento em que foi descoberto o quão era arriscado estudá-la de perto. Ainda assim, o pior não é a Árvore, este é um pequeno detalhe.

 

- Sim... Já ia perguntar o que Treason queria com aquela Árvore. – introduziu Roy, sentado atrás da mesa.

 

- A explicação correta pra isso eu desconheço. Mas a verdade guarda um corpo no caule daquela Árvore. Guardava, até pouco tempo atrás... – Corrigiu-se. – O corpo perfeito, selecionado pelas almas que formam aquele lugar.

 

Hohenheim olhou para Edward friamente, e este sentiu que aquilo não era de forma alguma um bom sinal, mas encarou o pai com aquele mesmo olhar e assim o homem teve a impressão de estar encarando a si mesmo a centenas de anos atrás.

 

- De quem era aquele corpo? – perguntou Edward apertando o punho.

 

- Acalme-se, Fullmetal. – Disse Roy percebendo a exaltação do rapaz.

 

- Eu estou calmo! – disse agressivamente e direcionou-se novamente pra Hohenheim. – Diga logo! Teremos que lutar contra alguém manipulando o corpo do Al?

 

O Alquimista hesitou mais um pouco. Sabia que Edward iria realmente suspeitar sobre o corpo de Al.

 

- Não encontrei o Al por lá. – E nesse momento a face de Edward alterou sua expressão agressiva, ficando surpreso. – O Corpo pertencia a Trisha...

A expressão de Edward mudou novamente. Dessa vez parecia que uma mistura de desespero, um pouco da surpresa e amargura estavam lhe atentando dentro do peito.

Ele caminhou até a janela e apoiou-se nela com a cabeça baixa... O inimigo tinha a face de sua mãe e isso se repetiu em sua cabeça como um eco.

 

- Por que? – Perguntou para o pai e para ele mesmo. – O corpo da verdade tinha que ser justo o dela?

 

- Um pecado... Cometido por todos nós. – Hohenheim desviou o olhar para o teto. – Estamos enfrentando as conseqüências.

 

Edward adquiriu mais um peso em suas costas. O passado havia voltado de um ponto que ele jamais imaginou que voltaria. Como conseguiria aceitar um retorno indesejado e se livrar de um pesar como o que já estava enfrentando a tanto tempo?

 

- Eu desconheço sobre a Árvore da Vida, ou de qualquer coisa que envolva essa parte da Alquimia, já que ela foi apagada antes mesmo de eu me tornar um alquimista. – Comentou Hohenheim. – Mas conheço alguém que me responderia a todas estas questões.

 

Roy pensou por um momento, enquanto Stones apenas observava a conversa dos três alquimistas. O marechal estava certo de que Hohenheim estava cansado, porém Edward precisava logo de algum trabalho, e ele não queria que o pai se separasse do filho tão rápido.

 

- Fullmetal, Hohenheim-san... – Disse ainda hesitando um pouco, pensando. – Vocês sairiam pra essa missão depois de amanhã? Eu realmente não queria te forçar a isto, Hohenheim, mas estamos em guerra e precisamos de respostas o mais depressa possível.

 

- Eu não me preocupo com isto, Roy. – Disse Hohenheim decidido. – Tenho uma dívida com esse país, tenho que resolver a todo custo. O risco de estar lá é pouco, vamos para Creta.

 

Edward ao ouvir aquilo vindo do pai ficou um pouco confuso. Nunca aprendeu a lidar com a honestidade que ele fazia questão de não ver naquele homem.

 

- Eu não sei. – Disse o rapaz. – Você sabe que eu não confio nele, não é?

 

- Fullmetal... Tente não ser infantil. – Disse o Marechal. – Vocês estão do mesmo lado perante a mim e ao exército. E são os dois trunfos na minha mão nesse momento.

 

- E quanto a Ciel? – Perguntou Hohenheim. – Ela seria útil.

 

- Ainda não sei o que farei com ela... Mas pensei em deixá-la na guarda da cidade junto de Armstrong. – Disse o Alquimista das chamas, sério e pensativo. -  De qualquer forma é isso por enquanto. Vocês estão dispensados.

 

Hohenheim caminhava sozinho pelas ruas de Amestris. Sem nenhum sucesso em fazer as pazes com o filho e um pouco decepcionado com isso.

A multidão ao entardecer era grande ainda em Amestris, logo, com a guerra as pessoas iriam deixar a rua mais cedo, mas o alerta não era tão rigoroso ainda.

Entre os pensamentos e a multidão Hohenheim sentiu algo bater de frente com ele e ouviu um gemido de dor, olhou para o chão se deparando com a garota de cabelo prata e olhos lilases.

 

- Ciel...

 

Assim que a menina percebeu o homem em sua frente, sentiu um misto de surpresa e saudade. De forma que não conseguiu levantar tão rapidamente.

 

- Quando foi que veio? – Perguntou sorrindo.

 

Os dois foram para a  Elric Square, onde sentaram lado a lado em um banco. Ciel notou certa tristeza nos olhos do homem que considerava um pai.

 

- Creio que ontem... De uma forma muito estranha. – Disse. – Consegui chegar até a Asgard Gate.

 

Hohenheim contou para Ciel sobre tudo que ocorreu com ele nesses últimos tempos.

A noite tomava conta do céu enquanto eles conversavam. Ciel se sentia feliz em ver o homem e ao mesmo tempo sentia-se preocupada com ele.

 

- E você? O que tem feito? – Perguntou Hohenheim tentando tirar as palavras de Edward da cabeça.

 

- Vivido. – Respondeu sorrindo. – Este lugar é cheio de vida! Pessoas!

 

- Eu sabia que você seria feliz aqui. – Comentou o homem. – Eu só não queria que você viesse nessa época tão conturbada.

 

Ciel olhou para os últimos raios do Sol no horizonte e logo percebeu as luzes da cidade iluminando. Pouco a pouco o comércio ia fechando e só alguns bares permaneciam abertos.

 

- Estou aprendendo que é belo defender as pessoas. Não existe época melhor que essa pra aprender sobre isso, infelizmente. O ser humano só aprende da pior maneira e só valoriza quando perde.

 

- Sim. Fico feliz que tenha aprendido sobre isso.

 

- “Os defeitos humanos são muito interessantes, eles são a base para as nossas qualidades mais belas, contexto das nossas histórias mais tristes, a moldura do quadro onde se guarda a obra da vida.” – Recitou a menina. – Tinha um livro com esse pensamento na casa da Maria-san.

“ Mas... Hohenheim.”

 

- Sim?

 

- Quanto a Edward... – Perguntou. – Como foi?

 

Hohenheim desviou os olhos para as primeiras estrelas do céu depois de muita chuva. Ciel estava ansiosa por uma resposta positiva do alquimista, mas logo viu que não seria bem assim.

 

- Ele cresceu. – Comentou e assim esboçou um sorriso. –Só pela aparência e pelas poucas formas de agir, vi que ele se tornou um homem. Mas ainda assim... Vai demorar um pouco pra ele compreender o pai.

 

Ciel pegou na mão de Hohenheim, sorriu confiante para o homem que admirava e considerava como seu legitimo pai.

 

- Ele vai! O pouco que eu conheço daquele rapaz... Eu sei que no fundo daquele coração inseguro, existe um Edward que sabe perdoar.

 

- Eu não preciso ser perdoado, Ciel... – Disse Hohenheim com o semblante sereno. – Eu só quero que ele me deixe ajudá-lo, ele só precisa aceitar o fato de que é por isso que eu ainda estou vivo.


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Notas finais do capítulo

E aí galera! Nooossa desculpem mesmo pelo atraso >.< mas como eu tinha dito em capitulos anteriores, a escola suga criatividade, e ta ficando dificil.
Capitulo 11 ta em andamento, espero que sejam pacientes =/