A porta se abriu e Sasuke estava sentado na poltrona da sala lendo um pergaminho, possivelmente alguma coisa do clã Uchiha, ele parou a leitura e depois olhou a esposa portando nos lábios um curto sorriso.

— Já veio buscar as roupas? — Ele a questionou, ela parecia um pouco estranha, mas acima de tudo Sakura parecia tensa, o que deixava Sasuke com um pé atrás.

— Sasuke onde está a Sarada? — A voz de Sakura saiu um pouco alterada, ela realmente estava cansada, não queria pensar que algo realmente tinha acontecido.

— Também é bom te ver Sakura, ela está lá em cima, aconteceu algo? — Ele ia se levantando, mas Sakura ergueu a destra e pediu para que ele ficasse sentado.

— Até quando você vai mentir pra mim? — Ela questionou enquanto ele deixava uma breve risada escapar, o que só fazia querer socar Sasuke ainda mais.

— Mentir sobre o que? — Ele não entendia do que ela falava.

— Sasuke a Sarada ligou pra mim no hospital, algo aconteceu. Você vai me contar ou ela vai? — Sakura já cerrava os punhos, pronta pra bater nele a qualquer segundo.

O Uchiha tinha conversado com a filha, mas talvez fosse depois que ela já tivesse falado com Sakura, agora era mais do que nunca o momento para colocar as suas habilidades para mentir a postos, ele não poderia simplesmente contar aquilo assim a rosada, era estar colocando ela e a filha em perigo, algo que ele estava evitando desde antes de Sarada nascer.

— Alguns amigos vieram me visitar, não posso mais ter amigos? — Ele ergueu e abaixou os ombros.

— Que amigos? Se a Sarada não os conhece possivelmente eu não os conheço também. — Sua face rubra denotava o tom de raiva que ela se encontrava, só não tinha partido para cima dele ainda para não assustar a menor no andar de cima.

— Sabe Sakura eu faço amigos fora de casa, fora de Konoha, esses por exemplo não são daqui, lembra que eu passei um tempo fora? Eles são parte do grupo que me acolheu e me ajudou bastante a resolver algumas coisas. — Ele tentou explicar, pensando pra onde os quatro antes naquela sala estavam.

— E esse cheiro de mulher na sala? — Sakura arqueou a sobrancelha olhando pro marido que tinha ficado vermelho.

— Oh! É da Kidia. — Ele começou dizendo, mas ela ficou apenas mais vermelham ele percebeu então que teria que contornar aquilo. — A noiva do Hendu, entre outras coisas como me visitar eles nos convidaram para sermos padrinhos do filho que ela está esperando.

Sakura sabia que grávida não usava um perfume como aquele, era forte demais, mas principalmente, doce demais, ela ficaria enjoada facilmente, mas ela não podia provar nada naquele momento, só podia tentar acreditar em Sasuke.

— Eu vou comer algo com a Ino, devo voltar amanhã pela manhã, as coisas lá estão realmente cheias. — Sakura saiu do campo de visão de Sasuke, o moreno olhou pela janela, seus olhos arregalaram-se ao ver alguém acenando, era Kidia, mas logo ela partira.

Sasuke procurou por uma garotinha que não estava vendo, ele olhou em volta e nada de achar Sarada. Sasuke subiu as escadas, o primeiro lugar que ele entrou foi no quarto da filha, mas ela não estava lá, mesmo abrindo as portas de todos os cômodos, depois ele olhou de baixo da cama e nada de achar sua filha, se ele perdesse Sarada, mesmo dentro de casa, Sakura ia enforcá-lo de fato.

— Sarada querida, apareça para o papai. — Ele pediu se ajoelhando no meio do corredor.

Sarada tinha medo de que ele brigasse com ela, já que foi sua culpa que Sakura tivesse chegado até em casa, que eles tivessem brigado, agora ele poderia puni-la, deveria estar bem bravo e não era isso que ela queria, sempre os quis juntos, então apenas abraçou as pernas e respirou fundo, mesmo bem jovem ela conseguia entender as coisas e entender que os pais brigando não era bom.

— Prometo não brigar com você. — Ele tentou de novo, mas sem sucesso, Sarada continuou escondida. — Por favor, papai te ama e não quer ficar sem você.

Sasuke não queria ter que usar suas habilidades ninja para achá-la, fazia parte de ser pai entender a sua filha, então ele apenas deitou no meio do corredor e esperou. Sarada tinha se escondido dentro do guarda roupa dos pais, ficou lá um bom tempo esperando que o pai a achasse, mas que principalmente brigasse com ela, mas ele não brigou, pelo contrário, esperou por ela, então Sarada saiu e o encontrou no corredor de olhos fechados.

— Acorda! — Ela falou cutucando Sasuke, mas nada aconteceu. — Vamos lá Uchiha!

— É papai pra você, garotinha! — Ele a pegou a segurando em seus braços e fazendo cócegas na barriga dela, mas Sarada não ria. — Você é sempre chata assim?

— Me solta papai! — Ela pediu tentando afastar as mãos dele.

— Que tal sorvete? — Sasuke tentou negociar com Sarada, ela coçou os olhos os piscando e balançou a cabeça positivamente.

A garotinha poderia até ser fechada, mas uma coisa que a fazia interagir com certeza já era o sorvete, Sasuke via nela uma outra figura que ele conhecia muito bem, era seu irmão Itachi, o mais velho dos irmãos Uchiha amava sorvete e sempre levava Sasuke para tomar quando eram pequenos, ele evitou a sobremesa por vários anos pela lembrança que lhe trazia.

Sarada se recusou a ir no colo de Sasuke, ela ia andando sempre a uns três passos a frente do pai, ele poderia ter pego a garotinha no colo e a levado, mesmo contra sua vontade, mas ele queria respeitar o espaço dela, a forma como sua menininha gostava de se portar, ela era independente como um Uchiha, era isso que ele mais gostava nela, até mesmo as semelhanças com seu irmão, as mulheres de sua vida eram perfeitas de suas formas.

— Sasuke anda logo. — Sarada parou em uma distância considerável do pai que tinha parado de andar.

— Não vou pagar sorvete se você ficar me chamando de Sasuke. — Ele se aproximou a tirando do chão e colocando sobre seus ombros.

— Mas esse é seu nome. — Ela apoiou os cotovelos sobre a cabeça dele.

— Pra você é pai, estamos entendidos? — Ele parou esperou a resposta dela.

— Só se o sorvete for de flocos. — Ela concluiu e Sasuke voltou a andar rumo a sorveteria.

O local não estava cheio, mas duas figurar eram bem conhecidas pelo Uchiha. O garotinho estava todo lambuzado de sorvete, tinha várias bolas em sua vasilha que também não era pequena. O pai da criança também não fazia diferente no quesito lambuzar-se, era raro ver aquela cena, mas os Uzumaki, assim como os Uchiha, tinham tirado o dia pra tomar sorvete.

— A criança ta mais limpa que você, baka. — Sasuke comentou colocando Sarada no chão. — Sorvete de flocos pra mocinha.

— MUITO! — Sarada levantou as mãos enquanto a moça atrás do balcão já servia a garotinha.

— Alguém saiu da solidão eterna e presenteou os pobres mortais com a sua presença. — Naruto comentou limpando, ou pelo menos tentando, o rosto de Boruto.

— A criança queria sorvete, tive que ceder. — Ele apontou pra Sarada que vinha se equilibrando com uma vasilha de sorvete lotada e sentou ao lado do pai. — Parece que não deve ter muita coisa pra fazer como Hokage pra tirar o dia

— Eu também sou pai antes de ser Hokage, não seja tão ranzinza Sasuke. — Naruto comentou jogando sorvete em Sasuke. — Adoce a vida.

O Uchiha limpou o rosto respirando fundo, não ai ceder a aquele tipo de brincadeira do amigo, não ali e na frente da filha, não ia dar maus exemplos para Sarada, não depois de Sakura ter educado a filha tão bem, tudo bem que ela era meio chata em alguns pontos, mas era sua filha e a educação que a esposa tinha dado a ela.

— Um beijinho com gosto de morango. — A voz de Boruto foi acompanhada por um rosto sujo de sorvete de Sarada e todos olharam o Uzumaki.

— Esse é meu menino, conquistando as gatinhas desde cedo. — Naruto comentou limpando dessa vez o próprio rosto.

Sarada passou a mão na bochecha e depois levou a boca, ela não gostava de sorvete de morango, então empurrou Boruto da cadeira que caiu no chão com sorvete e tudo, mas não chorou, passou a mão no cabelo completamente sujo de sorvete e levou a boca.

— E essa é minha menina, repelindo os indesejáveis desde cedo. — Sasuke comentou limpando a bochecha de Sarada enquanto Naruto pegava o filho.

— Ainda vou ser sogro dela, você vai ver. — Naruto sorriu limpando as bochechas do filho, mas sem sucesso, o cabelo de Boruto estava imundo. — Hinata vai me matar.

— Mantenha seu filho longe da minha filha. — Sasuke estendeu mais guardanapos para o amigo que quase sem sucesso tentava limpar o filho.

Os dois não tiveram tempo de conversar, pois Shino entrou pela porta um pouco ofegante e parou aquele encontro entre amigos e seus filhos. Aburame apoiou-se nos joelhos e respirou fundo umas duas vezes antes de iniciar o que tinha para falar, sua garganta estava completamente seca.

— Hokage-Sama, o Kazekage e sua comitiva te esperam em seu gabinete com notícias novas. — Ele falou ajeitando os óculos. — Uchiha

— Aburame. — Sasuke ergueu a mão cumprimentando Shino.

— O Gaara chegou, agora o Shikamaru já pode voltar a fazer sua típica cara de desinteresse com a presença dos cunhados. — Naruto se levantou pegando Buruto pela ponta da camisa e o jogando em Shino. — O leve pra casa pra mim e diga a Hinata que as coisas saíram do controle.

— Só se for do seu controle não é? — Sasuke olhava Sarada o cutucar em busca de mais sorvete. — Sem mais sorvete pra você mocinha, vamos pra casa.

Sasuke pagou assim como Naruto, eles estavam parados do lado de fora da loja e prontos para seguirem por lados diferentes, foi quando o Hokage segurou na mão do amigo e o olhou nos olhos.

— Vem comigo, tem coisas que você precisa saber. — Naruto pediu.

— Aburame leve-a pra Sakura e diga a ela que eu estou com o Baka. — Ele entregou Sarada a Shino.

— Desde quando eu virei babá dos filhos de vocês?

— No momento que não conseguiu fazer os seus, vamos Baka. — Sasuke passou por Shino assim como Naruto rumo a sala do Hokage.