Após um longo sono, Cebola acordou com um peso sobre seu corpo que para si era muito agradável. Ainda sentia sob o corpo as sensações de horas antes e não queria saber de mais nada naquele momento, somente a felicidade que sentia por estar com aquela garota. As palavras dela ainda ecoavam por sua mente, a simples frase “Eu te amo, Cebola” fazia um sentimento de puro êxtase se apossar do seu corpo, agora vendo aquela garota ali, deitada abraçada a si, era uma sensação de felicidade que nunca experimentara antes, mas que estava adorando.

A face de Jamille para si era no mínimo o de um anjo, o anjo que lhe libertara o coração de frustrações passadas. Não queria acordar a garota, mas tinha de levantar e ver como todos estavam se saindo nos treinos, precisava ver quanto tempo havia se passado desde que adormecera também.

Entretanto, ao se mexer um pouco, afastando com cuidado a garota de si, ela também acordou e sorriu ao vê-lo ao seu lado. Passado o momento, ela olhou para si e ao notar que estava nua na cama com o namorado, um sentimento de vergonha se apossou na hora com ela. Envergonhada, tratou de se cobrir toda e evitar que Cebola a vesse. Ao notar isso, o garoto apenas sorriu de forma carinhosa, passou a mão pelo rosto delicado dela e a beijou, não um beijo de luxuria e paixão, mas um calmo e tranquilo, mostrando que a garota não deveria se envergonhar do que fizeram horas antes.

A garota apenas sorriu para ele e cedendo aos poucos aos carinhos que ele lhe fazia, foi relaxando o corpo e deitando por cima dele novamente. Ela não sabia, mas o estava deixando “aceso” novamente e se não parasse com os toques, iriam ter uma nova rodada logo logo. Então, prevendo isso, aproveitando o banheiro que tinha no quarto de ambos, Cebola tirou o lençol que a cobria, a pegou no colo e foi para o banheiro para tomarem banho juntos, depois veriam os outros.

Após tomarem banho e se trocarem, foram ver onde todos estavam. Assim que saíram do quarto, notaram que estava tudo em silencio, parecia que todos estavam dormindo ainda e de certa forma isso era bom, pois poderiam ter um pouco a mais de privacidade nas dependências da nave e ficar mais um pouco a sós.

Após irem até a cozinha, encontraram a tenente Xabéu sozinha no recinto, fazendo um lanche pequeno. Ao entrarem, a tenente notou que ambos não paravam de sorrir e andavam abraçados. Ao se aproximarem, ela os perguntou.

Xabéu: Está tudo bem com vocês?

Cebola: Ótimo.

Jamille: Perfeito.

Os dois começaram a rir no mesmo momento. Não sabiam, mas naquele momento, ambos eram mais que namorados, eram cúmplices de algo que não sabiam o que era. De repente, seus amigos foram entrando um a um com cara de sono para fazer um desjejum assim como eles. Todos foram se cumprimentando aos poucos, até que Astronauta também entra no recinto e fala a todos.

Astronauta: Se preparem bem, pois daqui meia hora, vamos retomar os treinos.

Todos concordaram e terminaram assim os preparativos, mas o que chamou muito a atenção de todos foi algo um tanto que inusitado, alguns se surpreenderam, outros apenas pensavam que já era hora, mas apenas uma pessoa se desesperou na hora que um deles propos um duelo para o Cebola, entrariam na sala de treinos e lutariam pra valer.

Após todos saírem, todos foram para seus quartos se prepararem, a verdade era que todos estavam muito afim de ver essa luta que seria no mínimo um duelo de titãs.

No quarto do Cebola e da namorada, eles conversavam animadamente. Jamille não queria deixar transparecer, mas estava com medo por Cebola, pois já fazia uma ideia de como os poderes se manifestavam nas pessoas e fazia uma leve ideia de como seria os poderes daquele que Cebola enfrentaria.

Jamille: Você realmente tem certeza disso? Vai mesmo enfrentá-lo?

Cebola: E porque não? Não tem nada demais nisso, será apenas mais uma luta amistosa para aprimorarmos nossas habilidades, não tem com o que se preocupar.

Cebola após terminar de vestir a roupa de treino, vai até a garota e dá um abraço carinhoso a confortando entre seus braços, ela aceita de imediato e corresponde. Os dois ficam ali daquele jeito por alguns minutos, até que se separam e vão até a sala de treinamentos. Ainda sim, Jamille estava um pouco insegura, pois sabia muito bem o motivo do DC ter feito esse “desafio” ao namorado, era por causa da Mônica. Não tinha raiva da garota e nenhum sentimento negativo pela mesma, mas não gostava de quando ela dava em cima do namorado descaradamente, ainda por cima como se quisesse provar que o Cebola ainda gosta dela.

A verdade era que ela ainda não tinha certeza dos sentimentos do Cebola, ele namorava com ela, por vezes evitava ficar perto da Mônica quando a mesma se aproximava demais, mas por que esse sentimento de insegurança agora? Tudo que podia fazer era esperar e ver o desfecho dessa luta, mas tinha medo de perder o namorado antes da guerra começar, algo dentro de si dizia que ele ainda era apaixonado pela garota dos dentes salientes.

Em outro quarto, Mônica brigava literalmente com DC pelo que ele fez. Ela não entendia onde o namorado queria chegar com isso. Era a coisa mais absurda que ela poderia imaginar, em que diabos ele estava pensando ao desafiar o Cebola para uma luta?

Mônica: Por que você está fazendo isso?

DC: Isso o que?

Mônica: Por que lutar com o Cebola?

DC: Não sei, quem sabe? Talvez pra você decidir logo quem de nós dois está de verdade no seu coração.

Mônica: DC VOCÊ TÁ...

DC: Não queira se fazer de ofendida. Eu sei muito bem que você ainda gosta dele. Eu vejo como você olha para ele quando está por perto ou até mesmo aquele beijo que você deu nele. É você que eu não sei o que está pensando. EU NÃO GOSTO DE TER QUE DIVIDIR VOCÊ COM ELE DESSA FORMA. Então decide Mônica, você quer mesmo ficar comigo ou com ele? Por que eu tentei ser compreensivo, mas também não tenho espírito de porco.

Mônica: DC...

Ela agora estava entendendo tudo, estava magoando as duas pessoas que tanto amava e não se dava conta da besteira que estava fazendo. Ia dizer pro namorado não lutar mais com o Cebola, pois ela queria era ele, mas ele saiu do quarto sem escutar mais nada. Ela ficou ali com seus pensamentos e quase chorando por culpa por aquilo que estava fazendo. Amava Cebola mas escolhera namorar DC, quando tentou reconquistar Cebola sabe-se lá por que, estava magoando tanto Cebola que estava feliz com a nova namorada quanto DC que tinha e não tinha a ver com seus sentimentos, afinal ela gostava dele também, não era.

Todos estavam esperando DC para ver a luta que teria com Cebola, pois só faltava chegar ele e Mônica para começarem. Quando Mônica chegou, viu que todos estavam esperando que ela chegasse mais o namorado e viu que Cebola e Jamille estavam juntos em um canto abraçados, de forma que ela não teve alternativa a não ser se lembrar do primeiro beijo dos dois.

Não sabia porque, mas se sentiu mal quando viu os dois daquele jeito e queria por tudo não estar ali, a verdade era que nem mesmo com DC se sentia segura ali perto de todos. Só queria sentir um pouco de conforto no meio de toda aquela tensão, mas parece que tudo que fazia, sempre machucava alguém, era irônico, pois agora os papéis estavam invertidos, não era mais Cebola que magoava seus sentimentos, mas ela quem o magoava de certa forma.

Astronauta então chamou a atenção de todos e estava tão absorta em seus pensamentos, que só viu a hora que os garotos já estavam dentro da sala de treinamento. Depois disso, ficou apenas torcendo para que nenhum dos dois fosse louco suficiente para se machucarem.

Dentro da sala, os dois amigos já estavam posicionados para disputarem e estavam concentrados. Desde que DC lhe desafiara, Cebola sabia que todos iriam assistir, sabia que tempos atrás gostaria de dar uma lição no garoto por se meter com a Mônica, mas agora era diferente, não queria machucá-lo e seus pensamentos eram apenas de melhorar as habilidades do adversário ali.

Entretanto, dessa vez era DC que queria deixar o adversário em estado péssimo, pois queria provar para Mônica que ele poderia ser melhor que o Cebola para ela. Mas não entendia que era o ciúme do garoto que falava mais alto. Mônica escolhera DC de cabeça, mas de coração que era o mais importante, ainda seria de Cebola e parecia que nada iria mudar isso.

Foi então que DC fez o primeiro movimento, com um pouco de luta que aprendera horas antes com Astronauta e junto com o que já sabia com o que aprendera anos antes, DC tentou acertar um soco no queixo do Cebola que fora defendido facilmente, mas já ligara um novo golpe com a outra mão, tentando acertar outro soco no estômago do eterno cinco fios de cabelo que ao invés de ser bloqueado, Cebola se teleporta para trás do DC.

Dessa vez era Cebola quem atacara DC com golpes simples de Kung Fu, tentando fazer com que DC desse uma brecha para atacá-lo mais forte e desestabilizá-lo. O que estava difícil para ambos é que por mais que tentassem, ambos não davam brecha alguma. Após um tempo lutando corpo a corpo, os dois se separam um pouco ofegantes.

Cebola: Então, chega de brincadeiras, acho que já deu pra aquecimentos né?

DC: Acho que sim, está na hora de mostrar o que andei aprendendo e ver se você é realmente tão bom assim.

Ao dizerem isso, Cebola faz uma grande labareda surgir em seus braços, enquanto que DC faz dobras de água para ajudá-lo. Como um chicote de água, DC tenta acertar Cebola de varias formas sem sucesso, pois o mesmo consegue se proteger com o fogo em seus braços, fazendo assim, nuvens de vapor surgir no local.

Ambos usavam a água e o fogo para ataques e defesa, mas, Cebola tinha algo que DC ainda não tinha, experiencia, seria o seu trunfo para ganhar do garoto controverso. DC continuava usando a água para atacar sem um plano aparente, ele apenas tentava fazer Cebola se cansar, mas era ele que ficava ofegante aos poucos, pois ainda não tinha total controle sobre o elemento, mesmo assim, iria tentar. Já Cebola, quando viu que estava surgindo a fumaça, continuou a atacar, até que a visão de ambos ficasse ruim o suficiente para não se enxergarem lá dentro.

A sala já estava toda tampada pela fumaça e DC não sabia como foi burro o suficiente para cair em um truque simples. Entretanto, ele pensou que da mesma forma que ele não podia enxergar o Cebola, o Cebola não poderia enxergar ele também. Só que ele não contava com uma coisa, Cebola também detinha o controle da terra, esse era o trunfo que teria.

No local onde todos observavam, todos estavam impressionados com o desenrolar da luta, pois DC parecia que estava lutando de igual para igual, mas Cebola estava sempre um passo a frente. Mônica e Jamille estavam aflitas, pois ambas torciam pela vitória de Cebola, mesmo que não devesse, era isso que o coração da Mônica mandava ela fazer.

De volta ao local da luta, Cebola usava o domínio de terra para saber e acertar DC onde ele se encontrava. DC já estava ficando aflito por isso, pois não sabia como, por só dominar a água um pouco ainda, não sabia como parar os golpes do 'careca'. Foi então que se concentrou, na sala não tinha nenhum barulho mesmo, então ele fechou os olhos e se concentrou apenas no som a sua volta. Foi então que escutou o barulho do ar que parecia estar sendo rasgado. Conseguiu desviar a tempo da chuva de pedras que ia ao seu encontro.

Cebola: Ótimo, você conseguiu desviar e já está aprendendo a ter um maior controle, mas isso não será o suficiente para me vencer.

Dessa vez, Cebola atacou ao mesmo tempo usando água e terra, cada um por um lado para ver se ele daria conta de desviar, entretanto, DC que já estava puto da vida por estar sendo feito de idiota (na cabeça dele), em um acesso de fúria, fez um movimento involuntário com o braço, fazendo com o que o golpe voltasse ao Cebola.

O ataque acertou Cebola em cheio, mais pela surpresa do que por um ataque em si. Apesar de tudo, ele apenas começou a rir pensando que já era hora do garoto a sua frente, despertar os poderes que só ele os teria. Em contra partida, DC não estava entendendo o que acontecia, mas gostou da sensação de poder atacar Cebola com o próprio golpe que ele lhe lançara.