A Outra Potter 2 - Onde demônios se escondem escrita por Alice Porto


Capítulo 6
Cokeworth: a casa de Severo Snape


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi ^^ Como estão vocês, gente linda? Eu vou muito, muito, muito bem! Demorei? Não tanto quanto da última vez. Dessa vez, eu ainda tenho um motivo: estou em uma casa nova. Me mudei para o RS, e estou tentando uma vida aqui junto com minha melhor amiga (aquela que fugiu de mim há um tempo). Imagina um fluminense indo morar em terras gaúchas? Sou eu! Faz pouco tempo que cheguei e já ri litros com o sotaque daqui. São todos tão acolhedores e gentis que ainda não me arrependi nem um bocadinho de ter vindo para cá tão nova. Minha amiga conseguiu um emprego para mim antes de chegar aqui, e talvez seja bastante irresponsabilidade minha tentar a vida com tão pouca idade, mas o primeiro passo eu tinha que dar, e até agora, não me arrependi. Bom, o que eu queria dizer é que, com a função da mudança (que cá entre nós, estou planejando desde que minha amiga me disse que iria se mudar), nem tive tempo de escrever! Mas agora que eu finalmente consegui sentar em um sofá e relaxar, estou aqui. Depois de uma semana inteirinha arrumando o meu quarto, finalmente consegui me sentar em um dos caixotes da sala. Sim, nós ainda não ajeitamos a sala! Sabe o que é? Nós adoramos DIY. Então estamos tentando fazer a nossa casa o mais personalizado o possível, para passar o tempo nas férias, e olha, tá ficando show!

* Uma curiosidade sobre eu e minha melhor amiga sobre como nos conhecemos: a gente se conheceu, acreditem ou não, num hospital. Quando eu era pequena eu tinha sinusite e eu sempre tinha muita hemorragia nasal. Uma vez a hemorragia não parava, e minha mãe ligou para a minha doutora, que por acaso, é a mãe da Raquel. E a Raquel tava lá naquele dia, e tava fazendo pulseiras (ela tem um talento incrível para fazer acessórios) (isso quando a gente tinha uns quatro anos). Me lembro até hoje que eu tinha um pano gigante estancando o sangue do nariz, e não consegui ver NADA do meu caminho. E eu não tropecei nas coisas dela e derrubei todas as miçangas que ela tinha? Felizmente, a Raquel é a menina mais paciente que eu conheço, e até riu disso! Desde então, viramos super amigas e hoje moramos juntas ^^

* Mas vamos parar de falar sobre a gente? Vou falar do cap. Só olhando o nome do capítulo nós conseguimos perceber quem resgatou a Lawrence no beco. Mas acalmem-se, ela não vai morar ali. Só ficou por um tempo, e já está saindo.

* Espero que vocês gostem do capítulo! Obrigada por todos os comentários, vocês são extremamente amáveis! Bem, se eu demorar um pouco novamente, vocês já sabem o motivo, certo? Tenham um bom fim de semana! Beijo, beijo!

Xoxo s2



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A casa era quente e quieta. Tinha cheiro de chocolate quente e lírios. O lugar onde estava deitada era macio e longe da cama do hospital onde deitara na noite anterior. A chuva continuava a cair e fazer barulho no teto, mas a casa em si estava silenciosa. Se perguntava onde estava, mas tinha medo de abrir os olhos e descobrir que fora sequestrada. Somente quando ouviu o barulho de panelas cozinhando e o cheiro de comida que decidiu abrir os olhos.

Estava sozinha em um quarto e, percebeu, com roupas iguais as que estava usando antes. Seja lá quem a pegara, não se sentira a vontade para colocar roupas secas nela.

Era uma casa de pedras, até onde via, e o quarto não tinha nada além de uma cama de casal, dois bidês, umas escrivaninha, um armário, duas portas e uma janela. Se levantou apressadamente para olhar para fora da janela, e o que viu foi uma cidade bem diferente de Londres e do Beco. Franziu as sobrancelhas e observou a chuva, decidindo que estava na hora de descer. Aparentemente não tinha nada a temer, já que estava livre para fazer o que quisesse. Suspirou, e se virou, ainda de pés descalços, saindo do quarto. Estava se sentindo culpada por ter molhado a cama da pessoa com as roupas e seu cabelo.

Ao abrir a porta, deu de cara com uma escada em caracol. Desceu lentamente, preparada para usar a sua esfera cristalina. Quando chegou ao primeiro andar, viu uma sala com vários e vários livros e duas poltronas. Um tapete marrom e peludo entre as duas dava destaque ao cômodo, e percebeu satisfeita que a porta estava destrancada. Mas ainda assim, queria ver quem levara ela ate ali. Andou até uma porta que julgava ser a da cozinha, a passos lentos. Quando abriu por completo a porta entreaberta e viu quem estava ali dentro, seu corpo relaxou.

– Snape. - sussurrou e o homem a olhou, sem falar nada.

Quando percebeu, já estava chorando. Correu para o professor e mestre e o abraçou, enterrando o rosto em seu peito, sem saber como parar de soluçar. Apertou os braços contra as costas dele, sentindo suas pernas fraquejarem. O homem somente acariciou seus cabelos, ainda sem falar nada. Lentamente, andou com ela ainda o abraçando até a poltrona da sala, e a fez se sentar.

– Você precisa se acalmar, Evans. - ele disse seriamente, entrando na cozinha e voltando com um copo de chocolate quente. Os lábios dela tremiam, e ao pegar a caneca quente, a menina notou que estava com muito frio. O professor aparentemente percebeu isso, porque desapareceu e voltou com uma coberta. Se sentou na poltrona na frente dela, e a olhou.

– Foi horrível, Snape. Eles… Eles levaram o Sr. Olivaras e mataram duas pessoas. - ela disse, recomeçando a chorar - É isso que é uma guerra? Covardia? Matar quem não pode se defender? - perguntou irada, com mais lágrimas a cair, apertando a caneca com força.

– Cada pessoa luta com as armas que tem. - ele disse, mas sem parecer indiferente - Infelizmente, os comensais só sabem lutar de forma covarde. Isso dá a eles uma vantagem enorme, porque vocês, que se importam, nunca iriam lutar assim. - falou, parecendo extremamente compreensivo.

– Eu não quero isso. - murmurou, com os olhos vidrados nos livros do professor, enquanto a bebida continuava quente em suas mãos, sem ser tocada.

Mas Snape sabia que a menina não falava do chocolate.

– E existe alguém do nosso lado que quer uma guerra? - perguntou, com a voz baixa, quase um sussurro - Infelizmente, é isso que vai acontecer em tempos assim. Esse é só o começo, Lawren.

– Eu não quero mais lutar. - ela grunhiu - Eu estava disposta a lutar há duas horas, mas depois de ver isso… Para mim já deu. - ela disse, apertando o chocolate quente.

– É exatamente isso que eles querem. Que as pessoas desistam. - o olhar do professor parou de ser compreensivo de uma hora para outra - Você é mais forte que isso. Sinceramente, estou desapontado com você. Pensei que conseguisse ser bem mais persistente, e nunca imaginei que fosse esse tipo de pessoa. - falou, e sua voz foi rude.

– Snape… - ela sussurrou, seus olhos com lágrimas brotando.

– Snape para lá, Snape para cá. Acorde para a vida e seja pelo menos uma vez a garota forte que eu estou tentando te ensinar a ser! Ou você acha que vai virar forte se sentando em uma poltrona, tomando chocolate quente e desabafando enquanto chora? Eu sou seu professor, não seu psiquiatra. Se você fica indefesa vendo duas pessoas morrendo, imagine como ficará em uma guerra. Eu nem mesmo sei se quero continuar a lhe ensinar! - falou cínico, já de pé.

– Não é você que tem que carregar uma nação inteira nas costas! - ela gritou, despejando tudo o que realmente sentia em relação a essa guerra, enquanto o chocolate quente se encontrava do outro lado da sala e seus olhos estavam ocupados com o símbolo - Não é você que tem que aguentar os olhares das pessoas todo santo dia falando sobre você ser o eleito ou não. Não é você que tem uma porcaria de cicatriz que arde toda vez que Tom Riddle sente algo insignificante! Não é você que tem um irmão que acha você estranha porque tem um símbolo nos olhos! Não é você que tem um melhor amigo que está lhe ignorando! Não é você que tem um melhor amigo que quase morreu porque a pessoa que você acha que tem que ser forte lutou até ficar sem energias para salvá-lo, e no fim não tinha nenhuma gota de disposição para conseguir fazer uma mágica curativa! Não é você que tem que carregar a droga do fardo gigante que é ser uma Potter! - falou, de pé também, se sentindo insignificante perto da altura de Snape.

Apesar do que dissera, o homem não demonstrara emoção alguma. Simplesmente olhou para a garota, esperando que esta se acalmasse, e depois suspirou, passando as mãos pelos cabelos, enquanto olhava para cima.

– Você está se fazendo acreditar que tem mais problemas que os outros. Acha que é a única pessoa sofrendo e fica culpando as outras pessoas pelo seu próprio egoísmo. Pare com isso. Estamos em uma guerra, e tudo que você está sentindo, os outros também sentem. - ele falou, com a expressão dura.

Mas essa expressão não ficou tanto tempo no seu rosto. Ao ver sua aluna na sua frente, ajoelhada no chão, enquanto recomeçava a chorar, seu rosto mudou de uma hora para outra. Tudo amenizou. A menina colocara as mãos no tapete, e apertava os dedos contra ele. As lágrimas caíam, e ela tentava de todas as formas se acalmar. O homem suspirou, e lentamente se sentou no chão também, se escorando na poltrona.

Vários minutos se passaram. O homem olhava para a aluna que parara de chorar depois desse tempo, enquanto ela também se escorava na outra poltrona e ficava de frente para o professor. Ela deitou a cabeça no estofado, enquanto olhava para cima, com o olhar duro. Estava tentando refazer sua armadura. Queria voltar a ficar forte.

Estava tentando absorver o que o mestre dissera, mesmo tendo ficado magoada com o tom. Sabia que ele não fizera por mal, mas as palavras machucavam. Absorvia lentamente, pensando em cada uma delas.

– Lawrence… - o homem começou, pronto para se render, mas ela o interrompeu.

– Eu sei.

Não deixaria palavras que se desculpavam invadir aquele lugar. Naquela batalha, os dois lados estavam errados, e ela deixaria esses erros ali dentro quando saísse. Em uma guerra, conflitos internos existiam, e ela deveria aprender a lidar com eles. Não esperava brigar com Snape, mas não queria que ele se desculpasse de jeito algum.

Precisava lembrar disso.

Ficaram em silêncio por um bom tempo, ouvindo a chuva ficando mais forte a cada momento. Os olhos verdes da menina captavam tudo dentro da sala, e o professor pensava, olhando para um ponto qualquer. Batucou os dedos no tapete, até decidir que deveria falar alguma coisa.

– Que lugar é esse? Londres não é. - perguntou curiosa, se lembrando que não reconhecera o lugar quando acordara.

– Cokeworth. - ele disse, e seu tom era tão ameno quanto o dela - Moro aqui desde sempre. Lilian morava aqui também, junto com Petúnia e o resto da família. - ele disse, parecendo recordar.

A menina se ajeitou em uma posição mais confortável, e deu um sorriso leve, olhando para ele. Ele a olhou desconfiado. O sorriso logo se tornara o de alguém que quer saber de algo.

– Como era? - perguntou, olhando para ele curiosa. Ele pareceu confuso por um momento, mas seu rosto se iluminou percebendo o que ela queria. Ele bufou levemente contrariado.

– Estamos aqui para falar sobre como foi a minha infância com sua mãe? - perguntou extremamente rabugento.

– Estamos aqui para falar sobre algo que não seja a guerra. - retrucou, e ele suspirou - Como você conheceu ela? - o homem riu, revirando os olhos.

– Lilian era a menina mais bonita de toda Cokeworth. Não havia garoto que não a conhecesse. Ela espalhava energia por todos os lugares e a risada dela era… Indescritível. Sua mãe tinha uma aura pura e alegre em volta dela, mesmo andando sempre com aquela sombra que era a irmã dela, Petúnia. Era difícil chegar perto da sua mãe sem sentir medo. Não porque ela era egocêntrica ou fútil. Pelo contrário, era gentil. Mas todos os meninos iam atrás dela, e a dúvida se você seria um amigo bom a altura dela sempre pairava na cabeça de cada um. Esse era um dos motivos porque ela era tão sozinha. Ninguém realmente queria ficar ao lado dela, porque ninguém realmente era páreo para a bondade e gentileza dela. Devo dizer que fiz parte do grupo de garotos que somente olha, mas não toca, por muito tempo. Na verdade, eu fazia parte de um grupo ainda menor de garotos: o grupo dos que ouviram falar de Lilian, mas nunca haviam se arriscado de olhá-la sequer. - Lawren franziu as sobrancelhas.

– Então como se conheceram? - perguntou, mais curiosa ainda.

– Eu passei a observar a vida dela mais de perto depois de um dos meninos da minha rua, Carl, sair gritando para todos que a Evans tinha jogado um menino contra a parede sem as mãos, somente com a força do pensamento. Claro que ninguém havia acreditado. Não haviam testemunhas. Somente Lilian, o menino e Carl. Mas ele jurou que isso havia acontecido. Somente bruxos podem fazer isso. Então… Eu comecei a observar mais de perto. E percebi que ela realmente fazia coisas que trouxas não podem fazer. E um dia, quando ela estava em um campo perto daqui, eu decidi me esconder dentro de um tronco oco de árvore, somente para observar. Alguma coisa aconteceu entre ela e Petúnica, e só o que eu sei é que a outra começou a gritar alguma coisa com “esquisita” e “espere até eu contar para a mamãe, Lily”. Nessa hora eu decidi sair do tronco para ver o que acontecia. Petúnia saiu correndo, é claro. Mas ela… Ela ficou.

– Então foi por causa de uma briga entre as duas que vocês se tornaram amigos? - perguntou Lawrence.

– Ninguém realmente compreendia Lilian ou eu. Não tínhamos amigos, porque nenhum deles compartilhavam dos mesmos dons. Era bom ter alguém que sabia das mesmas coisas e não achava estranho, e foi fácil para nós dois nos tornarmos melhores amigos, principalmente porque Lily estava sempre triste por causa de Petúnia. - falou.

– Por? - perguntou a Potter com as sobrancelhas franzidas, enquanto se enrolava mais nas cobertas.

– Não é óbvio? Petúnia era invejosa porque diferente de Lilian, que era especial, ela era somente mais uma pessoa comum. Ela tentou de todas as maneiras mandar uma carta para Dumbledore para virar uma bruxa mais tarde, mas como não conseguiu, adquiriu um ódio imenso pelo nosso mundo.

Lawren bufou, revirando os olhos. Ser bruxo não era a coisa mais incrível do mundo. Suspirou, e olhou para os livros.

– Creio que não é hora para perguntar o motivo de você odiar tanto meu pai. - comentou, e Snape anuiu sério.

– Creio que agora seja a hora de lhe levar de volta para o Beco Diagonal. Lupin não ficou muito contente de saber que você estava aqui, mas eu insisti que ele deixasse você dormir, pelo menos. Acho que ele concordou, porque não recebi resposta alguma.

Por mais confortável que estivesse na casa do professor, ela assentiu com pesar, enquanto se levantava e arrumava a bainha do vestido. Nesse momento, uma coruja entrou pela janela e jogou uma carta imediatamente na mão de Lawrence, indo embora sem nem mesmo esperar algum galeão. Franziu as sobrancelhas, pensando que era Remo quem mandara. Leu a carta confusa e silenciosamente.

– A.D. - falou em alto e bom som - Sabe quem pode ter me mandado isso? - perguntou, entregando a carta ao professor e cruzando os braços.

Severo sorriu enquanto lia.

– Me surpreende que ainda não saiba. - comentou, devolvendo o pergaminho com a caligrafia fina e detalhada - Parece que Alvo Dumbledore tem assuntos a tratar com você nesse endereço aqui.

– Dumbledore! - exclamou, e depois seu olhar ficou curioso ao encarar a carta - Sabe onde isso fica? - perguntou.

– Ah, sei. - Snape disse, e depois suspirou - E eu lhe desejo boa sorte quando entrar nessa casa.




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Notas finais do capítulo

Beijo, beijo!



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