A Outra Potter 2 - Onde demônios se escondem escrita por Alice Porto


Capítulo 5
Com a chuva conhecemos a dor


Notas iniciais do capítulo

Eai, gente? Beleza? Okay, eu sei que eu demorei, e foi pura preguiça. Perdão, não deveria. Mas, passou as aulas, passou natal, vai passar ano novo, e eu me toquei que não poderia perder a primeira virada de ano de AOP. Então, enquanto eu estava no carro para vir para a praia, decidi escrever um capítulo. Foi desconfortável, mas ele tá aqui, para vocês. Então, gente espero que tenham tido um bom natal, e que o ano novo de vocês seja mágico, perfeito, sem chuva, com bastante luz e alegria.

* Obrigada a todos os comentários. Guardei no meu coração cada um s2

* Obrigada pela recomendação Sabrina Masen Riddle, em AOP1! Adorei ela e fiquei muito feliz de ler ^^

* Espero que gostem do cap, que ficou meio melancólico no fim, mas foi de coração ^^

* Como o meu note é um chromebook, eu só posso usar o google docs para escrever. E como eu tava sem internet no carro, o docs funciona só que sem corretor, então algumas palavras podem conter erros de digitação. Desculpa!

* Beijos! Comentem, favoritem, recomendem S2 Xoxo! Amo vocês :3



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Bom, eu sei que eles não podem contar as lágrimas que caem;

Mas talvez todas elas sejam em vão.

E mesmo sabendo que essas lágrimas estão cheias de dor;

Mesmo assim:

Faça chover.

Ed Sheeran - Make it Rain




***

A loja de Fred e Jorge tinha, sem dúvidas, um número considerável de pessoas. Muitas pessoas. Pessoas demais. A cada passo que dava através de tanta gente, sua cabeça baixava mais e mais, e sua mão já se encontrava na nuca para tapar sua cicatriz. Ela suava frio, e se sentia estúpida por ter medo disso. Era uma Slytherin afinal.

Era uma coisa natural. Sendo humana, deveria ter algum medo. E já que tinha apenas dois medos, um número extremamente abaixo do que todos estão acostumados a ter, obviamente esses medos causariam muito mais calafrios e terror do que aconteceria se tivesse muitos deles. A última vez que se lembrava de ter se sentido tão tonta e desnorteada, era na primeira aula de adivinhação que tivera em Hogwarts, quando seu irmão quase a forçara a encarar sangue.

Assim que se localizou no segundo andar, suspirou, se agarrando no corrimão da escada e respirou fundo, enquanto fechava os olhos e se acalmava. Precisava controlar suas emoções. Não podia ser tão impulsiva. Abriu os olhos, e sabia que o símbolo estava mais uma vez neles.

O símbolo estava aparecendo com bastante frequência nos últimos dias, mesmo quando ela não desejava isso. Mas, em contra partida, conseguia controlar quando ele deveria sair. Assim, desejou na hora que ele simplesmente desaparecesse, e confiou que ele realmente desaparecera.

Observou o amontoado de gente, e procurou por Gina. Não era tão difícil encontrar uma cabeleira ruiva, ainda mais quando o ruivo de Gina era realmente vermelho. Ela estava falando alguma coisa com Jorge, sem um semblante animado no rosto. Manuseava habilmente um frasco na mão, enquanto o colocava em uma espécie de chafariz sem água.

A Potter tirou a mão da nuca, tentando tirar confiança de algum lugar, e andou no que achava ser um andar decidido, até os irmãos, que estavam de costas para ela. Antes de tocar o ombro de Gina para chamar sua atenção, conseguiu ouvir uma parte da conversa.

– … isso não está correto, Jorge. Vocês não podem simplesmente colocar uma poção que muda a cor do cabelo no meio das poções do amor, sem pelo menos deixando uma plaquinha para avisar as pessoas que…

– Gina? - a Weasley olhou para trás sem muito interesse, e assim que viu Lawrence, seus olhos se arregalaram e brilharam, deixando uma sorriso escapar de seus lábios.

– Ah, aquele povo do hospital finalmente decidiu que você estava forte o suficiente para sair de lá. Finalmente! - falou, sem muita animação, mas ainda sim, feliz - Quer comprar alguma coisa? - perguntou.

– Olá, Lawrence! - falou Jorge - Deseja uma poção do amor?

– Hn… Não, obrigada, Jorge. - falou, sem muito interesse no ruivo - Na verdade, eu preciso falar com você, Weasley. - olhou para a Gina e depois respirou fundo - De preferência, não aqui.

– Ah, claro. Eu vou sair com a Lawrence, Jorge. Se a mamãe vier, diga para que ela não se preocupe, certo? Nenhum comensal vai me pegar, e se precisar, diga que eu saí com Dumbledore! Só faça com que ela não se preocupe. Tchau! - falou apressada, pegando sua bolsa em cima de um balcão, e logo depois descendo as escadas apressadamente, com os dedos de Lawren em sua mão.

Deu um aceno para Fred, que conversava com Dino. Quando o menino a viu, seus olhos brilharam e sua boca balbuciou seu nome, mas Gina somente bufou e saiu mais apressada ainda para fora da loja, enquanto sussurrava algumas coisas, aparentemente irritada.

– Algo errado? - perguntou a Potter, com um sorrisinho debochado no canto dos lábios, enquanto Gina mexia no seu cabelo, bagunçando um pouco.

– Errado? Ah, não! Claro que não. Eu somente tive uma discussão com o Dino por causa do seu irmão. - Gina piscou com cumplicidade para Lawren - Dino se sente ameaçado por Harry. Fala sério. Onde deseja ir? - perguntou a menina, animada subitamente.

Lawren queria ir para um lugar afastado do Beco. Não queria tratar de assuntos com Gina num lugar deprimente com o Beco era agora. A Potter pensou em um lugar, e a única imagem que apareceu foi o café que havia ido pela primeira vez em Londres: Anne’s Caffé.

A última vez que fora lá, a visita não havia sido agradável para ninguém. Lawrence recebera a companhia de Carrie, o atendente fora mal tratado pela Potter e Draco havia tomado um banho de chocolate quente. Sorriu levemente ao se lembrar disso, mas seu semblante ficou sério mais uma vez ao se lembrar do jeito que ele a tratara mais cedo. Bufou, e revirou os olhos, se concentrando em Gina.

A menina usava um All Star preto com jeans e uma regata com várias listras horizontais, com muitas cores. O cabelo estava preso em um coque levemente solto, e alguns fios passavam na frente do seu rosto. Seus cílios estavam longos por causa do rímel, e sua íris brilhava. A menina deu um sorriso, esperando a resposta.

Gina era mais nova, mas era mais alta que Lawren, apesar de não tão alta. Suas unhas estavam pintadas de verde escuro, e apesar de estar bastante ajeitada, a Potter não conseguia comparar seu jeito de se arrumar com o jeito vulgar de Carrie.

– Vamos a uma cafeteria no centro de Londres chamada Anne’s Caffé. Lá poderemos ter paz, acredito. - falou, voltando ao seu estado sério habitual, o que não passou despercebido por Gina.

***

A cafeteria continuava igual, e a única diferença era que havia bem mais pessoas do que da última vez. Dessa vez, não havia nenhum loiro de olhos azuis sentado também. Suspirou, largando a bolsa na primeira mesinha que tinha, de frente para a vidraça da entrada. O céu estava escuro, e logo iria começar a chover. Gina largou a bolsa preta na outra cadeira, e se sentou de frente para a Potter.

O mesmo atendente de um ano antes viera atender as meninas. Com o mesmo sorriso simpático de sempre, ele juntou as mãos na frente do corpo, e deu um olá gentil para a duas. Gina retribuiu o cumprimento seriamente, e Lawrence simplesmente murmurou alguma coisa, enquanto olhava para a rua.

A última vez, estava magoada. Com o fato de saber que tinha um irmão, que ele era famoso, que sua melhor amiga era uma farsa, que seus amigos haviam se esquecido dela e queria vingança. Mas há muito, sabia que perdera o propósito de tudo. Não sabia onde havia ido a vingança e o ódio. Estava gentil demais, normal demais. Deixara de ser a menina peculiar que sempre fora, e não conseguia entender isso.

Agora, tinha tudo que o irmão tinha antes de chegar a Hogwarts. Tinha tanta fama quanto ele, seus melhores amigos eram verdadeiros, Gina era uma amiga que nunca conseguira afastar, ainda que tivesse tentado muito e Jason, seu velho companheiro de turma, sabia quem era ela, apesar de não se lembrar que era seu colega.

Mas por que ainda se sentia… Magoada?

Não magoada ao ponto de ser cínica, ou ao ponto de tratar mal o atendente, como da última vez. Magoada de um jeito quieto. Quando se sentia frágil, e sentia como se precisasse da proteção de alguém. Não para se atirar na frente de um Avada Kedavra, ou tomar as dores por ela, mas alguém que a protegesse com um chá e que a ouvisse. E não sabia quem poderia fazer isso. Naturalmente, esse tipo de proteção era a proteção que James e Lilian dariam a ela, mas… Eles estavam mortos.

Seu corpo estava quieto, mas sua mente era um emaranhado de fios que estavam tendo uma pane. Quem a tocasse, levaria um choque. E ela se machucaria também.

– Está com medo, não é? - perguntou Gina, quando os cafés haviam chegado - Nem precisa negar. O medo é o efeito colateral de viver em uma guerra. Todos temos.

– Eu não ia negar. - falou calma, bebericando o café, com um olhar desafiador nas íris esmeraldinas - Mas discordo de sua frase. Para mim, a guerra é o efeito colateral dos nossos medos. Voldemort quer que tenhamos medo, para não lutarmos.

– Você vai deixar isso? - perguntou Gina, subitamente séria.

– Não seja boba. Já ouviu falar que quando temos um limão, fazemos uma limonada? - bebericou seu café - Quando temos um medo, transformamos isso em coragem. Simples. É assim que se vence uma guerra. E eu não vou ser escrava de Tom Riddle. - Gina sorriu, tomando um gole de seu café, animada.

– Fiquei feliz que veio falar comigo, falando a verdade. - disse, respirando fundo - Eu tenho assuntos a tratar com você também. - os olhos verdes de Lawrence brilharam com a curiosidade e surpresa, mas mateve sua expressão leve e desinteressada.

– Ah, isso é… Interessante. - avaliou a situação com cuidado, enquanto tomava mais um pouco de seu café - Bom, creio que como eu tomei a iniciativa de falar com você, eu vou falar sobre o meu assunto primeiro. - sorriu levemente, e Gina assentiu, sem pressa alguma - Como aprendeu a controlar o vento? - perguntou, parecendo subitamente interessada.

– Na sala precisa. Logo depois de brigar com Fred, Jorge e Rony. Eles estavam dizendo que eu era muito nova para participar da guerra. Para lutar. Nova demais para ser da AD na verdade. Eu perguntei os motivos, obviamente, e eles disseram que eu ainda era muito fraca. Não tinha talentos mágicos excepcionais para uma guerra, e que morreria nos primeiros dez segundos num duelo. Eu fiquei com muita raiva dos três, e perdi o controle quando Harry se intrometeu dizendo que eles estavam certos. Eu fiz um corte no braço dele, somente com a mão, e fiquei assustada. Daí eu saí correndo do salão comunal, e comecei a pensar se eu realmente sou boa o suficiente para uma guerra. Fiquei procurando um talento em mim além de uma azaração para bicho-papão, mas não havia nada que realmente fosse bom contra um comensal. Quando eu vi, a porta da sala precisa se abriu na minha frente, e dentro dela tinha um leque. E então eu… Descobri… - falou, simples e rápida.

Lawrence sorriu, e olhou para Gina.

– Eu estava pensando que talvez pudéssemos trabalhar juntas nisso. O seu vento com o meu fogo daria uma combinação incrível na guerra. E eu acho que vocẽ é forte, Gina. Muito forte. - falou a menina, e a Weasley sorriu.

– Nem precisa perguntar. É claro que eu aceito sua proposta. Na verdade, estava pensando na mesma coisa há um tempo, mas não sabia como perguntar. - falou meio envergonhada, mexendo no cabelo, recebendo um sorrisinho de Lawrence.

– Mas veja bem: ninguém pode saber disso. É um segredo nosso. Se falharmos nisso e eles descobrirem o que temos em mente, vai ser mais um problema em um bolo feito de de problemas. Ouviu? - a ruiva anuiu, e respirou fundo, terminando seu café - E o que você quer comigo? - perguntou, colocando a mão para apoiar o queixo, e encarando os olhos de Gina desafiadoramente.

– Eu preciso de sua ajuda. - suspirou, mexendo com a colher o açúcar do fundo da xícara vazia - Eu… Eu vejo como você consegue ser tão… Indiferente a tantas coisas e como você consegue ignorar seus sentimentos tão bem… E, sei lá… Eu gosto do seu irmão, mas ele é um babaca. Eu não quero mais gostar dele, Lawrence. Eu quero aprender como ignorar e esconder dentro de um lugar fundo do meu coração esse sentimento. Eu quero aprender com você. Me ajude, por favor. Se eu continuar gostando dele, eu serei uma fraca. - falou tudo rapidamente e depois mordeu o lábio inferior, esperando uma resposta - E eu também quero aprender mágicas curativas para a guerra. - deu um sorrisinho envergonhado, e estremeceu ao ver que a Potter estava séria.

Lawren suspirou e mexeu distraidamente no colar que ganhara de natal dos seus melhores amigos, e pensou em como seria estranho “ensinar” coisas a uma Gryffindor. Ainda séria, olhou para Gina e bufou.

– Tudo bem.

– Ah, bem, eu sabia que sua resposta seria não, mas eu queria tentar porque… Espera. Você disse sim? - perguntou atônita, recebendo um sinal positivo da Potter, que a encarava sem interesse - Ótimo! E quando começamos? - perguntou animada.

– Tenha paciência… Ser paciente é uma virtude que poucos têm o prazer de desfrutar. Para começar, você já é muito parecida comigo, não se preocupe. Não estou aqui para mudar as pessoas, Gina. E quem vai aprender a parar de gostar do Harry é você. Não posso fazer isso, porque seria tentar fazer a mesma coisa que Hermione está tentando fazer com você. Mas posso te ajudar nas mágicas curativas.

– Fechado! - sorriu animada, com os olhos brilhando - Então eu te vejo…

– Gina Weasley! Para casa agora! - exclamou alguém atrás de Gina, e a menina fez uma expressão de dor e olhou para trás lentamente, onde uma Sra. Weasley se parava, furiosa - Olá, pequena Lawren! Como vai? Espero que bem! Eu vou levar a Gina, certo? - falou amável, pegando a menina pelo braço - E espero que você nunca mais minta para mim como seus irmãos mentiram! Tchau, Lawrence. - deu um sorriso amável, puxando Gina para fora.

A Potter sorriu gentilmente, e deu um aceno para as duas, enquanto dava uma risadinha calma. Suspirou, assim que ficou sozinha, e olhou para fora, ouvindo alguns trovões. Decidiu que era hora de voltar para casa, e pegou a bolsa com calma, enquanto colocava o dinheiro em cima da mesa.

O caminho de volta para o beco foi silencioso, com os pensamentos de Lawren pairando no ar. Ela cantarolava uma música, enquanto andava de cabeça baixa, com a mão tampando sua cicatriz.

Entre todas as escalas de cinza, o beco era o cinza mais escuro. A loja do Fred e do Jorge era o cinza mais claro e feliz. E Lawrence era o que chamavam de meio-termo. O beco parecia uma cidade de giz. Suja e sem cor. Poeira. Tão frágil quanto papel, e estava a ponto de desmoronar. Viver ali seria uma tortura. Não pela casa pequena ou por estar com o padrinho. Mas todo dia que acordasse iria se lembrsr do que o beco era antes e o que virara agora.

E foi pensando nisso que tudo aconteceu, rápido e cinzento. Os vultos pretos apareceram tão rápido quanto foram embora. As poucas pessoas da rua que ainda estava andando, começaram a gritar. Os comensais começaram a rir eentraram no Olivaras. Quebraram as vidraças, arrombaram a porta. Fizeram a bagunça dentro da loja, e saíram com o velhinho em mãos. Mataram uma ou duas pessoas na rua, enquanto Lawrence encarava tudo estática. Não conseguia se mover. O olhar de piedade do Sr. Olivaras era tudo que conseguia ver em seus olhos, que começaram a ficar úmidos. A voz não saía, e os gritos era tudo que ouvia.

Eles desapareceram no mesmo momento que conseguiu gritar.

– Não! - foi o que conseguiu dizer depois do grito agonizante e doloroso, e ao cair no chão, chorando, sem se importar com cicatriz, sem se importar com cabelo.

A chuva passara a cair assim que isso acontecera, e logo a tempestade caiu sobre si. Se toda a dor que a guerra traria se convertesse em chuva, a tempestade que caía era somente o começo de toda a chuva. Dois cadáveres em menos de trinta segundos. Era isso uma guerra?

Sentiu alguém atrás de si, a levantando do chão e amparando seu corpo cansado. A pessoa tinha cheiro de proteção. Não vira quem era, e nem tinha forças para revidar. Confiou todas as suas apostas de que aquela pessoa a levaria para longe dali, e foi assim que ouviu um estalo e seu corpo girando, enquanto alguém afagava seus cabelos.

Entre todas as escalas de cinza, Lawrence virara o cinza mais escuro. O beco já não era cinza. Sua cor se convertera a preto, e no fundo, antes de desmaiar, tudo que ela desejava era que a chuva limpasse toda sujeira que aquele preto estava causando.


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Notas finais do capítulo

Beijos!



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