Terra das Estrelas escrita por Anninha Batatinha Queiroz


Capítulo 2
Terra de Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Finalmente eu consegui termina de escrever esse capítulo. Eu teria terminado antes, se não estivesse muito ocupada na escola e talz.
Tentarei escrever o próximo capítulo o mais rápido possível.
Espero que gostem.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/564220/chapter/2

– Então... Foi mesmo real... – Murmurei enquanto tomava banho.

Terminei meu banho rapidamente, me apoiando nas barras do banheiro me enxuguei.

Coloquei o macacão azul com uma blusa branca por baixo, a temperatura estava boa, uns vinte graus...

Sai do banheiro e encontrei vovó colocando algumas coisas dentro de sua bolsa.

– Eva, eu estou indo para cidade comprar algumas coisas que estão faltando e seus remédios. – Peguei a chave e entreguei para ela. – Você quer alguma coisa?

– Hmmm... – Passei a mão nos meus cabelos que estavam solto. – Poderia me trazer alguns livros novos? E talvez uns doces...

– Claro. – Ela procurou dentro da bolsa. – Onde está a lista dos livros que você quer?

– Pera. – Mexi na gaveta do móvel que ficava perto do telefone. – Ta aqui. – A entreguei.

– Estou indo agora. – Suspirou. –Tome o remédio. Tenha cuidado.

– Eu sei vovó. – Respondi.

– Eu te amo, ta?

– Eu também te amo. – A abracei e ela saiu. Fui à janela vê-la saindo. Ela me viu na janela e acenei, ela acenou de volta, entrou no carro e deu partida.

Vi o carro se afastar e logo depois sumir.

– Eu tenho que tomar os remédios... – Olhei para cozinha. – Eca!

Entre na cozinha e abri a porta do armário onde ficavam os meus remédios.

– São dez horas. – Sim, eu costumo conversa sozinha. – Esse, esse, esse, esse, esse... Ta faltando... Ah, ta aqui! – Coloquei os frascos em cima da mesa e comecei a separar. – Três desse, cinco desse, apenas um desse, dois desse e desse e também só um desse. – Engoli todas as quatorze pílulas na seca, a água tornava o gosto ainda pior. – É melhor eu ir pro meu quarto, eu não sei qual, mas um desses que eu tomei causa queda na pressão... – Subi a escada bem devagar e segurando com muita força o corrimão, o efeito do remédio é rápido.

Abro a porta do meu quarto e me deito sobre a cocha de bruços. No meu limitado campo de visão, eu só conseguia ver a parede verde que eu e vovó havíamos pintado no verão passado.

– Ainda não começou a desbotar... – Foi a ultima coisa que eu pensei antes de ser tragada para a inconsciência dos sonhos...

Sentada no balanço, alguém me empurrava.

Indo e voltando...

Indo e voltando...

Indo e voltando...

– Garoto, é você? – Perguntei sem me virar para ver quem me balançava.

– Sim Eva, sou eu. – O balanço foi parando aos poucos.

Quando o balanço parou, ele veio para minha frente estendendo a mão para me ajudar a descer.

– Achei que demoraria mais para você voltar a nos visitar. – Sorrio.

Segurando a minha mão, ele me levou até um banco branco, parecido com os de praça. Sentamos e ele me olhou.

– Você vê as mudanças? – Perguntou.

Olhei para o céu, e diferente de ontem, o céu não estava roxo e sim azul escuro.

– Está ainda mais lindo... – Ele pareceu satisfeito.

– Você tem que ver no inverno! É quase tudo branco. – Falou pulando do branco como se quisesse mostrar o que ele via.

– Mas já é tudo tão lindo, é impossível que consiga melhorar! – Falei tentando parecer cética.

– Você verá! Cada dia, a cada instante esse mundo se transforma para ficar ainda mais belo e acolhedor para você. – Ele me olhou de forma estranha e disse. – Você pensou em uma forma de me chamar? É estranho você me chamando de garoto o tempo todo.

– Hm... – “Achei que tínhamos o tempo todo para escolher.” Olhei para o céu, tentando pensar em algo. – Pervyy...

– Oi?

– Eu sou péssima com nomes! – Falei resmungando.

– Apenas tente! – Falou, quase implorando. - Aposto que irei gostar de algo que você pensar.

Voltei a pensar, olhando para imensidão a minha frente... Primeiro... Primeiro...

– Vejo que pensou em algo. – Falou feliz.

– Você gosta de Pervyy? – Perguntei receosa.

– O que significa? – Perguntou interessado.

– Na língua do meu país, significa primeiro.

– E eu seria o primeiro em que?

– A primeira pessoa da minha idade que conheço. Primeira pessoa que eu conheci nesse mundo novo. – “Primeiro amigo, talvez”.

– Eu gosto de ser o primeiro na sua vida. – As palavras fizeram a menina abaixar o rosto com vergonha. – Eu gosto de Pervyy! A parti de hoje, pode me chamar de Pervyy, Eva. – Falou sorridente. – Agora, que tal darmos uma volta?

Novamente Pervyy pegou minha mão de maneira gentil e me levou para conhecer esse mundo tão lindo e fascinante.

– Sabe Eva, eu nunca tive um nome. – Falou quando chegamos a uma estufa toda de vidro. – É tão emocionante ter um nome. Um nome só meu, um nome que me torne diferente das outras pessoas e coisas.

– Eu nunca tinha parado para pensar que um nome pode ser tão importante para alguém... – Falei quando novamente nos sentamos.

– É porque você sempre teve um nome e porque sempre gostou do nome que te foi dado. – Falou parecendo ainda mais relaxado. - ... Melhor ainda, é porque você nunca se deu conta.

– Conta de quê?

– Que mesmo você gostando de seu nome, não se sentia cem por cento feliz com ele, afinal, você sempre se apresenta como Eva e não como Evangeline.

– Normalmente sim...

– Então...

– Ah... – “Ele está certo...”.

– Eu nunca pensei nesse lado.

– É claro que não.

Ficamos ainda algum tempo observando as flores. Lindas, por sinal. Eu nunca tinha visto flores daquelas, de cores tão brilhantes e perfumes tão maravilhosos.

– Eu achava que toda flor tinha aquele cheiro estranho, e que os adultos ficavam dizendo que era bom por puro marketing. Pois eu nunca tinha visto, ou melhor, sentido uma flor que tivesse um cheiro bom, todas as que haviam chegado a minhas mãos tinha um cheiro bolorento que eu sentia sempre em enterros.

– Serio?

– Sim. Sabe... Os amigos da minha avó, em sua maioria eram mais velhos que ela, então eu já fui para o enterro de muitos deles...

– Onde eu vivi muitas pessoas também morriam, só que diferente da Terra, os nossos mortos eram despachados como lixo inútil.

– Que horrível!

– É... – Falou olhando para os próprios pés. - Ta na hora de irmos para outro lugar. – Mais uma vez, Pervyy pegou minha mão, saímos da estufa e fomos em direção ao que me lembrava uma costa.Quando chegamos mais perto ele me avisou. – Segure firme a minha mão, ou você pode acabar se machucando.

– Machucando com o que? – Quando paramos de andar, estávamos na parte de cima de um vale. – Pera lá! Não estávamos perto da costa?

– Eu já te disse Eva. Esse mundo está sempre mudando, como o seu, só que aqui é de uma forma mais rápida.

– ...

– Agora venha aqui. – Ele me fez sentar em algo que lembrava uma prancha, sentou-se em minha frente. – Dobre as suas pernas e segure firme. – Fiz o que ele mandou. – Aqui vamos nós.

– O que? – Descendo em alta velocidade e sem parar, estávamos no topo do vale e continuávamos a descer. Mas por incrível que pareça, eu não estava com medo, estava muito feliz e animada, acho que é isso que chamam de adrenalina.

– Não é maravilhoso? – Falou quando já estávamos na metade da montanha.

– É mais que maravilhoso...! – Nos aproximávamos cada vez mais da água, o que me deixou um pouco apreensiva, o que ele notou.

– Não se preocupe. É só você continuar segurando firme. – Falou enquanto tentava me conforta.

– E-Eu sei.

Chegando à base do vale – o que fizemos em um tempo surpreendentemente rápido. – a prancha parou. Levantamos-nos, e eu percebi que era ainda mais belo de perto.

– É neve? – Perguntei surpresa, pois não estava frio.

– Não, é que a areia é tão limpa que ficou dessa cor. – Falou pegando um punhado com a mão e estendendo em minha direção. – Vê?

– Nunca imaginei que a areia pudesse ser tão branquinha. – Sentei-me no chão e peguei um punhado com as mãos.

– O Mundo é uma caixa com infinitas descobertas. E elas estão por todo lado, apenas esperando que prestemos um pouco mais de atenção. – Falou também se abaixando.

– Pervyy, você é muito sábio. Como você sabe tanto dessas coisas? – Perguntei um pouco chateada por não ter a metade da sabedoria que ele emana.

– Eu não sou um sábio, eu só vi muitas coisas, errei um bocado, perdi muitas coisas e pessoas... – Falou como se estivesse relembrando um passado que ainda o atormentava. – Eu vivi muito, por isso sou quem sou hoje.

– Você não parece ser muito mais velho que eu... – Falei mexendo com um graveto na areia.

– As aparências enganam, mas não se preocupe, eu sou tão criança quando você. – Então ele voltou ao seu estado de felicidade radiante. – Que tal construirmos um castelo?

– E ele vai conseguir ficar em pé? – A areia branquinha não parece conseguir se solidificar o suficiente para se construir algo.

– Não se preocupe com isso. – Levantou-se e foi em direção a uma cabana que eu não havia visto antes, entrou e pouco tempo depois saiu com varias coisas nos braços. Chegou mais próximo e colocou tudo no chão.

– Quanta coisa de praia! – Fiquei surpresa com tantas coisas que ele havia trazido. Baldes e regadores de plástico, pazinhas e seus derivados, forminhas e bandeiras, muitas bandeiras.

– Mãos a obra, senhorita. – Sorriu sentando ao meu lado.

Um bom tempo se passou enquanto construímos o nosso super castelo de areia, por incrível que pareça, aquela areia que parecia tão frágil, se mostrou tão forte quanto aço.

– Você ta toda suja de areia. – Falou rindo. Olhei para o meu macacão e, infelizmente, ele estava mesmo muito sujo.

– A vovó vai me matar. – Choraminguei.

– Não se preocupe. – Colocou as mãos em meu ombro. – Que tal tomarmos um banho na praia? – Falou apontando para as águas calmas que estavam atrás dele.

– Não tenho roupa de banho.

– Tem sim. – Apontou para a cabana. – Pode ir se trocar.

Corri em direção à cabana, abri a porta e pendurada na mesma, estava um maiô rosa, que parecia mais um vestidinho de babados.

– Um cavalheiro... – Sussurrei sorrindo para mim mesma.

Troquei rapidamente de roupa, sem saber bem onde colocar minhas roupas. Vi uma placa bem sugestiva. “COLOQUE SUAS ROUPAS AQUI.”

Sai da cabana e ele estava em cima de uma bóia, já dentro da água, enquanto eu me aproximava ele notou minha presença e acenou.

Peguei uma bóia verde igual à dele.

– Sente nela quando estiver no raso. – Avisou. Fiz o que ele mandou e a correnteza, que eu não havia notado, me levou em sua direção. – Não é ótimo?

– Sim... Tem algum bicho perigozo nessas águas?

– Não, é só um rio. Não tem nada vivendo nele, é apenas água.

Desci da bóia. A água estava em uma temperatura maravilhosa.

– Achei que você tivesse medo de água. – Falou como se estivesse quase dormindo.

– Não tenho mais... A vida é muito curta para ficarmos com medo de tudo... – Não deixei transparecer a surpresa por ele saber que já tive medo de água.

– Mesmo assim, você não precisa ter medo, não irá afundar.

– Como no Mar Morto? – Perguntei.

– Sim.

Encostei a cabeça na bóia e fiquei observando as montanhas que nos rodeavam. Um grande vale que nos rodeada. A única saída que parecia ter era a parti desse rio. Também observei o céu, como da ultima vez que havia estado ali, era magnífico, talvez a parte mais bela desse lugar.

Uma estrela estava muito próxima, me fazendo lembra o sol. Estendida no céu azul escuro. As nuvens eram finas, pareciam que estavam correndo pelo céu, lembrando-me de estrelas cadentes, só que elas não caiam. Na parte mais distante do céu, havia uma grande esfera, como outro planeta, muito próximo.

– Eu poderia passar o resto da minha vida aqui... – Sussurrei caindo no sono.

Antes de cair na inconsciência total consegui ouvir algo, um breve sussurro, tão baixo que meus ouvidos quase o perderam. Algo como “É isso que eu espero.”. Mas antes que eu pudesse formula qualquer coisa, fui puxada totalmente para a inconsciência. E quando eu acordei, eu não me lembrava de mais nada...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Até o próximo capítulo.